Thales Andrade foi um dos nossos maiores autores da literatura infanto-juvenil e precisa ser reeditado.
Thales Andrade foi um dos nossos maiores autores da literatura infanto-juvenil e precisa ser reeditado.

O SAPO REI

Miguel Carqueija

 

Resenha do livro infanto-juvenil “El-Rei Dom Sapo”, de Tales C. De Andrade. Edições Melhoramentos, São Paulo-SP, 9ª edição, sem data. Ilustrações de Oswaldo Storni. Série Encanto e Verdade nº 2.

 

            Na minha infância minha mãe comprou-me tantos livros de Tales Andrade (às vezes aparece grafado Thales Andrade), livrinhos da Série Encanto e Verdade, encantadores já pelas capas, e realmente encantavam ensinando. Nunca será demais lembrar Tales Andrade, o mais esquecido de nossos grandes escritores.

            A fábula que reli após tantos anos — um dos poucos volumes que me sobraram — fala de um sítio onde morava um casal idoso e sem filhos — haviam morrido cedo os que tiveram — o sítio Campestre, situado “a meia légua do povoado” — única informação geográfica.

            Eram eles “Nhô” Fidélis e “Nhá” Vicência. Um belo dia, ao retornarem de uma festa, encontram em sua porta um bebê abandonado. O casal adota o menino desconhecido e ele é batizado com o nome de Agapito.

            Paralelamente, no charco situado no meio do sítio, “perto do Capoeirão, pegado à Barroca Funda”, ficava o Sétimo Reino dos Bons Animais, onde reinava o sábio El-Rei Dom Sapo.

            O temperamento problemático desenvolvido pelo menino, em seu crescimento, irá se chocar com os animais úteis do sítio, até provocar a sua retirada. A ausência de bichos úteis será preenchida pelos nocivos — até surgir uma solução, quando o menino começar a aprender na escola. Assim, a questão do equilíbrio ecológico é demonstrada em palavras simples. E isso, numa época em que nem se falava em ecologia.

            Uma obra-prima da literatura infanto-juvenil.

 

Rio de Janeiro, 15 de junho de 2021.