O PAPA E A MÍDIA

Miguel Carqueija


“Uma mentira pode dar a volta ao mundo, enquanto a verdade ainda está ponto os sapatos.”

(MARK TWAIN)


    No fim das contas, a mídia pervertida que noticia em manchetes os “acontecimentos” dos repulsivos shows realistas e das novelas, como se fossem remotamente importantes, tem moral para falar mal do Papa e da Igreja Católica?
    Ninguém precisa ser mal informado sobre Bento XVI (Cardeal Joseph Ratzinger). É possível, por exemplo, assisti-lo diariamente no canal 20, TV Canção Nova. E, em seus pronunciamentos e audiências públicas, vemos sempre aquela figura carismática, nobre e edificante. Dá gosto assistir Bento XVI, ele transmite paz e serenidade, e seu pensamento é lúcido, sua argumentação é suave e coerente. Estamos diante de um sábio e um santo, que merece o maior respeito.
    É fato, porém, que existe uma campanha orquestrada contra o Papa e a Igreja. Veja-se p.ex. o que fizeram no Brasil, tempos atrás, quando o Pontífice mencionou a segunda família como uma “piaga” (ferida) e a nossa mídia traduziu por “praga”, o que deve ter soado a muitos como insulto; e mesmo após a correção, ainda espalharam a mentira (tem mesmo a nossa mídia possibilidade de se enganar ao traduzir o italiano?). Ora, sem negar os casos dolorosos em que a separação é necessária (para citar um caso extremo: se o marido se revela um pedófilo e quer abusar da filha de cinco anos), e sem esquecer que muitas separações ocorrem por razões frívolas e poderiam ser evitadas, todos podem entender que uma união não se desfaz (condição “sine qua non” para que surja a segunda família) sem dor, sem sofrimento (principalmente quando existem filhos menores). Assim, sem condenar ou ofender ninguém, Bento XVI só disse o que é sabido, que essa dor existe, como qualquer especialista em relações matrimoniais pode atestar.
     Agora está essa celeuma em torno da pedofilia no clero. Esse crime é, em si, nojento e abjeto, e deve ser punido com o maior rigor pelas autoridades constituídas. Se cometido no seio da Igreja, não cabe a esta prender ninguém, mas deve haver a expulsão, a punição canônica.
    Antes de prosseguir, convém observar que a incidência de pedofilia pelo mundo, a nível às vezes de extermínio das vítimas, está sendo alarmante, como se fosse a maldição do século. E por mais repulsivos que sejam os padres pedófilos, os casos piores, que chegam ao assassinato, estão ocorrendo fora do clero. Um exame rigoroso mostrará que existem esses pervertidos em todas as categorias, não faltando inclusive na mídia, essa mesma mídia que elegeu a Igreja Católica como alvo favorito para suas acusações e campanhas. E mais, proporcionalmente o número de religiosos pedófilos ou tarados é muito baixo, embora, é claro, devesse ser igual a zero.
    Ontem mesmo (escrevo este parágrafo em 28/4/2010) não consegui ficar assistindo Albert Dines em seu “Observatório da Imprensa”, de tal modo me foi insuportável o aspecto tendencioso do programa, com o velho jornalista estertorando contra o escândalo da pedofilia e se referindo apenas à Igreja Católica! E se eu lhe perguntasse pelos jornalistas pedófilos? Meu Deus, a pedofilia está pipocando na mídia, a toda hora surgem notícias terríveis. São pais e padrastos molestando filhas e enteadas; são parentes ou amigos das famílias. São redes pedofílicas na internet; tempos atrás noticiou-se que, nos EUA, existiam até publicações especializadas, aproveitando-se de um distorcido conceito de liberdade. É o “turismo sexual”, a prostituição infantil. E já se diz que esses tarados possuem “sinais de reconhecimento”. Ora, por mais infame e nojenta que seja a pedofilia dos padres (que também é uma traição aos princípios cristãos), ela é isolada, sem tais requintes ou veleidades de “dominar o mundo”; os padres tarados praticam sua nojeira a nível doméstico, por assim dizer, e com certeza precisam ser punidos e afastados; mas outros pedófilos estão por aí, na pedofilia organizada, muito mais virulentos.
    E se observarmos de maneira mais abrangente veremos os casos intermináveis de tortura, espancamentos e assassinatos de criancinhas, como a atestar que a humanidade está se tornando a cada dia mais perversa, violenta e covarde!
         Outro dia era o Professor Felipe Aquino, em seu magnífico programa “Escola de Fé” na Canção Nova, perguntando perplexo por que esse ódio contra a Igreja Católica, “a instituição que mais fez caridade em todos os tempos”? No dia 3 de abril deste ano, “O Globo” mostrou como a grande imprensa é facciosa, ao noticiar “sinais trocados” porque “o pregador oficial do Vaticano colocou a Igreja na posição de vítima”, o que, por sinal, sem dúvida ela é, de toda essa mendacidade.
    Ora, bem. A mesma notícia traz, por exemplo,o pronunciamento do Cardeal Karl Lehman, arcebispo de Mainz (Alemanha), referindo-se a religiosos abusadores: “Eles enfraquecem e traem o Evangelho de Jesus Cristo, que pôs uma ênfase especial nas crianças”.
         Que ajudem então a Igreja a depurar os seus quadros desses renegados, mas depurem também o resto da sociedade! O exemplo que Bento XVI deu ao mundo, recebendo em audiência particular várias vítimas desses abusos perpetrados por membros do clero, encontra paralelo em algum chefe de estado — presidente da república, primeiro-ministro, rei, ou mesmo governador e prefeito — que tenha recebido e prestado solidariedade pessoal a vítimas de seus funcionários públicos pedófilos e tarados? Só mesmo um Papa para gesto de tal grandeza!
 

(este artigo foi redigido entre os dias 26 e 30 de abril de 2010)