O livro digital
Por Bráulio Tavares Em: 07/06/2013, às 09H32
[Bráulio Tavares]
Não vou voltar à lenga-lenga costumeira sobre a luta darwinista entre o livro digital e o livro de papel. Como gosto dos dois, tento me adaptar aos dois, mas também exijo que os dois se adaptem a mim, ou seja, ao leitor. Cada leitor tem suas manias e suas conveniências. Imagino que as minhas sejam suficientemente coletivas para que a indústria as considere. O que eu espero, então, do livro digital? (Não entendo como livro digital a simples obra literária, embora, por extensão, ele possa ser chamado assim. Entendo como o “leitor eletrônico”, seja Kindle, iPad, ebook, qualquer formato.)
1) Portabilidade. A possibilidade de levar na mochila três enciclopédias, as obras completas de 20 autores, dicionários, bancos de imagens, de músicas. O leitor eletrônico deveria poder armazenar todas essas coisas numa estrutura leve, prática. A portabilidade, aliás, inclui uma bateria que dure muitas horas. Ficar preso umbilicalmente a uma parede deve ser a exceção, não a regra. 2) Resistência. Me lembro da propaganda dos livros de bolso da TecnoPrint, lá por 1960, que dizia: “Você pode ler na cama, levar no bolso, jogar no chão: são resistentes e belos...”. O livro eletrônico está longe desse grau de resiliência. Não que eu vá jogar no chão, mas livro é algo que de vez em quando cai sozinho.
3) Busca. Seria bom termos não apenas a busca por palavra ou frase no livro que está aberto na tela, mas, se necessário, no material armazenado no próprio leitor eletrônico, ou no pendraive que estamos acessando. Já tem? Que bom. 4) Aparência visual. Alguns amigos meus discordam, mas eu gosto que o texto eletrônico reproduza (se quisermos) a aparência visual da folha de papel de um livro, levemente amarelecida, com uma mancha gráfica semelhante, diagramação, pequenos detalhes (posição do número de página, etc.). Não acho que seja pedir muito. 5) Mudança de visual. Uma das maiores conquistas do texto eletrônico é a possibilidade de mudar a letra (a fonte) de tamanho, de cor, etc.; de explorar o contraste entre a cor da fonte e a cor da página; etc. Isso descansa a vista (pelo menos pra mim) e renova o interesse.
6) Acesso à Web. Eu gostaria de, no meio da leitura de um livro, poder acessar um Google ou Wikipédia para conferir um detalhe. Alguns leitores eletrônicos já proporcionam isto. Para mim, é um ponto importantíssimo. 7) Interatividade. O direito de sublinhar, anotar, fazer vínculos entre algo que há na página 25 com outro trecho da página 310. Para quem lê estudando, isto é essencial. O livro deveria ter um caderno de notas superposto, meio invisível, revelado e pronto apenas quando nos convenha.