O leque da balconista
Em: 03/11/2008, às 15H03
Por Rogel Samuel
No início do primeiro capítulo, "Chão em ardores", do livro de Dílson Lages Monteiro vemos dois tipos de deslocamentos: um aparente, outro coreográfico.
O primeiro é topológico - o Rio Marataoã aparentemente se desloca. O segundo é nervoso, feminino e excita o ar com suas coreografias: o leque da balconista.
Ainda que não sabemos o que vai acontecer depois, aí está um "deslocamento". Será que o livro vai contar uma ação transformadora, de mudança social, de ação verbal, de revolução social?
O leque da balconista está inquieto, erótico, sedutor.
A seguir, diz o texto:
"O rio já baixava o curso d’água. Dali nem se necessitava atravessar as figueiras, nem descer rua abaixo até a margem... Dali se via a bola de luzes queimar os olhos e deitar o fogo do céu sob a lâmina d’água. O mesmo fogo que ruborizava os corpos e confundia a visão da manhã".
Descreve o quadro, o fato, mas já com ações de baixar, atravessar, descer, sob o sol abrasador.
Depois continuo.