O fascínio dos nomes
Por Maria do Rosário Pedreira Em: 24/04/2017, às 09H25
[M. T. Piacentini]
Há uns anos, mandaram um fotógrafo do jornal Público para me fotografar (já nem me recordo bem a que propósito) e, quando lhe perguntei como se chamava, respondeu-me: Miguel Manso. Pensei logo que fosse o poeta Miguel Manso, mas ele explicou-me que os confundiam constantemente, mas que não eram sequer parentes. Um dia destes, no suplemento «Ípsilon», havia um grande artigo sobre o poeta e o seu último livro (Rosto, Clareira e Desmaio, publicado pela Douda Correria) e a fotografia que o acompanhava era do outro Miguel Manso; um Miguel Manso a fotografar um Miguel Manso tem a sua graça... Também já me aconteceu na Feira do Livro de Lisboa uma jovem chamada Rosário Pedreira vir pedir um autógrafo a esta Maria do Rosário Pedreira e eu pensar que era uma brincadeira… Há uma história deliciosa que Manuela Goucha Soares publicou recentemente no Expresso e se prende com o cantor Olavo Bilac, que tem este nome porque o herdou do seu pai, um senhor que viveu em Macau e foi depois bancário em Moçambique. Este segundo Olavo Bilac foi assim baptizado por causa do príncipe dos poetas brasileiros, o Olavo Bilac original, que terá passado por Cabo Verde em 1916, terra onde vivia Cristina Maria, avó do cantor. Não só, na altura, o poeta tinha uma grande popularidade em Portugal e era referido com parangonas por toda a imprensa, como se sabia que combatia o racismo, e talvez tenha sido essa a razão que fez com que Cristina Maria desse o seu nome ao filho que viria a ter. A única coisa estranha é que o cantor Olavo Bilac, apesar desta história, confessou ao jornal nunca ter lido o poeta que está na origem do seu nome. O fascinante artigo pode ser lido aqui: