O "AZARÃO" E ALGUMAS OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Por Cunha e Silva Filho Em: 28/08/2021, às 14H25
O “AZARÃO” E ALGUMAS OUTRAS CONSIDERAÇÕES
CUNHA E SILVA FILHO
A Justiça é cega assim como também é habilidosa na cegueira que lhe é inerente. Ela tem lá seus modos de fazer justiça justa ou injusta. Dou um exemplo. Na “ciranda da malandragem” da política tupiniquim instala-se a CPI da Covid-19 contra um alvo certo e líquido: a perversidade do atual presidente da República a quem costumo chamar de Azarão, visto que ele assumiu o mandato e, logo em seguida, veio a tragédia da pandemia, além das trapalhadas fascistoides e ao mesmo tempo hilariantes lembrando, muito de perto, as bufonarias ou “bagunça,” conforme um comentarista na TV referiu-se há poucos dias, indignado com a atual presidência da República, do malogrado clown, campeão de fake news, o Sr. Donald Trump, espécie de guru do presidente tupiniquim.
O Sr. Jair Bolsonaro logo mostrou a que veio: desorientar, tumultuar, confundir e anunciar mudanças inócuas e assaz nocivas a uma relativa estabilidade que o país já havia conquistado desde a retomada da democracia em 1985 após o fim da Ditadura Militar iniciada em 1964.
Hoje mesmo ouço, na TV, a fala do presidente conclamando e incentivando todos a se armarem com fuzis (sic!) Uma estupidez inominável proferida, irresponsavelmente, pelo atual mandatário do país. Quem, no Brasil, pode comprar armas de fogo, que são caras e, ademais, para usá-las, devem ser registradas, só para uso em casa, além de ter que passar por exames psicológicos, enquanto a bandidagem, fortemente armada e municiada, “assola” o país de forma pantagruélica.
Milicianos andam armados, traficantes de drogas andam armados, menores delinquentes andam armados, criminosos de alta periculosidade, a torto e a direito, assaltam pessoas de bem a qualquer hora e em qualquer lugar do país – provando, assim, que, quem manda, são eles, os celerados impunes. E o que fazem, diante desse quadro sombrio e aterrador aos direitos humanos e aos crimes contra a vida dos compatriotas brasileiros?
A marginalidade no país jamais se tornou tão audaciosa, fazendo uma sociedade refém da mais alta violência a que o país chegou dando, desta maneira, um atestado de acefalia de governança e inoperância diante da coletividade, seja no campo, nas pequenas cidades, seja no eixo Rio- São Paulo, para o qual os serviços de segurança nacional, até hoje, não deram uma resposta dura e um combate sem trégua. Estamos abandonados num país que se diz um Estado organizado.
Onde fica a Justiça? Onde ficam as Forças Armadas? Onde ficam as polícias militares e civis? Onde ficam os deveres do Leviatã para com os cidadãos brasileiros que pagam seus impostos? Quem pode comprar armas pesadas e caras são alguns proprietários milionários de terras para massacrarem índios e pessoas humildes.
Para ser mais exato, o governo do presidente Bolsonaro – urge salientar -, não foi o único que levou a esse extremo do nível de violência a que assistimos impotentes. Tem pouco feito para drasticamente debelar a nossa gigantesca violência.
Eu mesmo venho escrevendo há muitos anos sobre a questão da violência sem medidas em nosso país. Contudo, governo sai, governo entra e os magnos problemas continuam insolúveis. Direi por quê.
Enquanto houver facilidades e flexibilidades para bandidos aqui na terra dos bruzundangas limabarretianos, criminosos de colarinho branco tanto quanto marginais de outros ambientes espúrios, em toda a pirâmide social, e sobejamente identificados, não sofrerão a punição da Dura lex sed lex.
A mim me parece que a criminalidade nacional só atenuará com leis fortes e dissuasivas, sem brechas nem leniência da Justiça para soltar das prisões praticantes de crimes de toda espécie, tanto quanto um outro componente de destaque para aprimorar a luta contra a criminalidade deverá ser propiciado pela via de uma educação de qualidade nas escolas públicas, do fundamental ao ensino médio.
Um povo qualificado, educado, instruído jamais será um povo alienado, acrítico e sem consciência de seus direitos e deveres diante da Constituição Brasileira. Quando seremos esse Brasil que não seja mais ironicamente rotulado de “País do Futuro?” desde a retomada da democracia em 1985 após o fim da Ditadura Militar que se iniciara em 1964?
A chamada redemocratização, embora tivesse sido, em alguns setores, uma democracia muito longe ainda de alcançar um nível de amadurecimento das instituições do Estado Brasileiro, foi uma inegável vitória da liberdade tanto política quanto de expressão coletiva ou individual, i.e., uma melhoria exemplar de um retomada de providências inadiáveis a fim de solucionarem vários gravíssimos e crônicos problemas que o país sempre precisou colimar e, desta forma, se tornar uma Nação menos atrasada e e com menos injustiça social.
O presidente Jair Bolsonaro, por ser inatamente autoritário e incompetente, logo no início de seu malogrado mandato evidenciou procedimentos anormais para o alto cargo que o voto do povo lhe deu. Eleição vitoriosa, mas já se mostrando inoperante e confusa, remando contra a corrente de determinações cabíveis de um verdadeiro mandatário, não de um administrador imprudente e, para agravar mais ainda o seu chulo desempenho, um presidente refratário à ciência e a um avanço de compromissos democráticos.
Seu lado pior se lhe tornou a marca registrada de um governo contraditório navegando entre verdades e fake news midiáticas logo nos primeiros meses no cargo: um adepto de ideias retrógradas, grosseiramente anti-humanísticas, um modo de governar que mais seria um simulacro canhestro de religião (sic!) e política de “baixa voltagem,” com clara evidência de linha política de estofo de extrema-direita e, o que é pior, com um certo viés de ameaça às instituições estribadas na independência dos três Poderes republicanos felizmente ainda solidamente estruturados.