O “AZARÃO” E ALGUMAS OUTRAS  CONSIDERAÇÕES

                          CUNHA E SILVA FILHO

    

        A Justiça é cega assim como também é habilidosa na cegueira que lhe é inerente. Ela tem lá seus modos de fazer justiça justa ou injusta. Dou um exemplo. Na “ciranda da malandragem” da política tupiniquim instala-se a CPI da Covid-19 contra um alvo certo e líquido: a perversidade do atual presidente da República a quem costumo chamar de Azarão, visto que  ele assumiu o mandato e, logo em seguida, veio a tragédia da pandemia, além das trapalhadas     fascistoides e ao mesmo tempo hilariantes  lembrando,   muito de perto, as bufonarias   ou “bagunça,”  conforme um comentarista  na TV  referiu-se  há poucos dias,  indignado  com a  atual  presidência da República,    do  malogrado  clown,   campeão de fake news, o Sr.   Donald Trump, espécie de guru do  presidente tupiniquim.  

      O Sr. Jair Bolsonaro logo mostrou a que veio: desorientar, tumultuar,    confundir  e anunciar mudanças  inócuas  e assaz  nocivas a uma relativa estabilidade  que o país já  havia  conquistado   desde a  retomada da democracia  em  1985 após o fim da Ditadura Militar    iniciada  em 1964.

     Hoje mesmo  ouço, na TV,  a fala do presidente  conclamando e  incentivando    todos a se armarem com fuzis (sic!)  Uma estupidez inominável proferida,    irresponsavelmente,  pelo  atual    mandatário do país. Quem, no Brasil,  pode comprar  armas de  fogo,   que são caras  e,  ademais,  para usá-las,   devem ser registradas, só para uso  em casa, além de ter que    passar por exames  psicológicos,    enquanto  a bandidagem,  fortemente  armada e municiada,  “assola” o país  de  forma  pantagruélica.

       Milicianos  andam armados, traficantes  de drogas  andam armados, menores  delinquentes  andam armados,  criminosos de alta periculosidade,   a  torto e a direito, assaltam   pessoas de bem   a qualquer hora e em qualquer lugar do país – provando,    assim,   que,   quem manda,  são eles, os celerados impunes. E o que fazem,  diante  desse quadro   sombrio e aterrador aos direitos humanos e aos crimes contra a vida  dos compatriotas  brasileiros? 

      A marginalidade no país   jamais se  tornou tão   audaciosa, fazendo     uma sociedade   refém   da mais  alta violência a que o  país chegou   dando,   desta maneira,   um atestado   de  acefalia   de governança e inoperância  diante da  coletividade, seja no  campo, nas pequenas cidades,  seja   no  eixo Rio- São Paulo,    para o qual  os serviços de segurança  nacional,      até hoje,    não deram  uma resposta    dura   e    um  combate sem  trégua. Estamos abandonados  num país que se diz um    Estado  organizado.

       Onde fica a Justiça? Onde ficam as Forças Armadas? Onde ficam  as polícias militares e civis?  Onde ficam os deveres do Leviatã  para com  os cidadãos brasileiros  que  pagam seus impostos?   Quem pode comprar armas pesadas e  caras  são    alguns proprietários milionários  de terras  para  massacrarem   índios e  pessoas  humildes.     

     Para ser mais exato, o  governo do presidente Bolsonaro  – urge    salientar -,   não foi  o único  que levou a  esse extremo  do  nível  de violência a que assistimos  impotentes. Tem pouco feito para drasticamente   debelar  a nossa  gigantesca   violência.

      Eu mesmo  venho    escrevendo  há muitos anos   sobre a questão da violência  sem medidas  em nosso  país.  Contudo,   governo  sai,  governo  entra e os magnos  problemas   continuam    insolúveis.   Direi   por quê.   

       Enquanto   houver   facilidades  e flexibilidades  para   bandidos   aqui na terra dos bruzundangas limabarretianos,   criminosos de colarinho  branco  tanto  quanto marginais   de outros   ambientes  espúrios, em toda a pirâmide social,   e sobejamente  identificados,    não sofrerão   a punição  da Dura lex sed lex.

      A mim me parece que a criminalidade nacional   só atenuará   com  leis   fortes  e dissuasivas, sem brechas  nem  leniência da Justiça para  soltar  das  prisões     praticantes  de crimes de toda espécie,   tanto quanto  um outro componente de destaque  para  aprimorar  a luta contra a criminalidade  deverá ser propiciado  pela via de uma educação de  qualidade   nas escolas  públicas,  do  fundamental  ao ensino médio.

    Um  povo  qualificado,    educado,   instruído  jamais  será   um povo   alienado, acrítico     e sem     consciência  de seus direitos e deveres  diante  da Constituição Brasileira.  Quando seremos  esse Brasil  que não seja mais ironicamente     rotulado  de “País do Futuro?”   desde a  retomada da democracia  em  1985 após o fim da Ditadura Militar   que se iniciara  em 1964?

     A   chamada redemocratização,   embora tivesse sido, em alguns setores,   uma democracia  muito longe ainda de alcançar  um  nível  de amadurecimento   das instituições  do Estado Brasileiro,  foi  uma inegável vitória da liberdade   tanto política quanto   de expressão  coletiva  ou individual,  i.e.,  uma melhoria   exemplar de um retomada de providências inadiáveis a fim de  solucionarem    vários      gravíssimos  e crônicos  problemas  que o   país  sempre  precisou colimar e, desta forma,   se  tornar uma Nação  menos atrasada e   e com  menos injustiça  social.

   O presidente  Jair Bolsonaro, por ser  inatamente  autoritário  e  incompetente,  logo  no início de seu  malogrado  mandato evidenciou  procedimentos anormais  para o alto cargo que o voto do povo lhe deu. Eleição vitoriosa,  mas já se mostrando inoperante e confusa, remando contra a corrente  de determinações   cabíveis de um verdadeiro mandatário, não  de um administrador imprudente e, para agravar mais ainda o seu  chulo desempenho,  um presidente refratário à ciência e a um avanço de compromissos democráticos.

    Seu lado pior se lhe tornou a marca registrada de um governo contraditório navegando entre verdades e fake news midiáticas logo nos primeiros meses no cargo:  um adepto de ideias  retrógradas,  grosseiramente   anti-humanísticas,  um  modo de governar   que mais seria  um simulacro canhestro   de religião (sic!) e política  de “baixa voltagem,”  com clara evidência de linha política de estofo de  extrema-direita  e,  o que é pior, com um certo viés   de  ameaça às instituições    estribadas na independência dos três Poderes republicanos  felizmente ainda solidamente estruturados.