ELMAR CARVALHO

O desembargador Lineu Bonora Peinado, do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao falar sobre “A magistratura Brasileira e o Projeto do Novo CPC”, observou que no esboço inicial havia um dispositivo, que facilitava a concessão de liminar. O nobre magistrado posicionou-se contra ele, dizendo que a magistratura nacional não estava à procura de mais poder. Na verdade, o que se deseja é maior simplificação na ritualística processual, maior celeridade, mais praticidade e maior efetividade das decisões judicais, no sentido de que se tenha mais mecanismos para que elas sejam cumpridas, sem delongas, sem protelações. O desembargador mostrou-se simpático e acessível, tanto em sua exposição, como posteriormente, ao conversar com os colegas.

 

Ressaltou, assim como havia feito anteriormente o desembargador Paulo Henrique Moritz da Silva, a contribuição de nosso colega Thiago Brandão, titular da Comarca de Água Branca, que atuou junto à Comissão responsável pela elaboração do Novo Código de Processo Civil, em tramitação no Congresso Nacional, cujo relator é o deputado federal Fábio Trad. Em e-mail que me enviou, o Thiago teve a humildade de consignar que a sua principal atuação na Comissão foi ter sido aluno dessas e de outras eminentes personalidades do mundo jurídico. O desembargador Lineu tem certa semelhança física, e até um pouco no timbre da voz, com o falecido Carlos Teixeira, procurador da Fazenda Nacional, que exerceu o cargo de delegado do Patrimônio da União no Estado do Piauí por vários anos, do qual fui aluno no Campus Ministro Reis Velloso, da UFPI, em Parnaíba, já falecido há mais de duas décadas em desastre automobilístico.

 

Como eu não tivesse em meu carro nenhum de meus livros individuais, mas apenas a antologia de poetas brasileiros contemporâneos, intitulada Vozes na Paisagem, editada em 2005 pelas Edições Galo Branco, tendo como organizador o escritor Waldir Ribeiro do Val, um dos maiores estudiosos do grande poeta parnasiano Raimundo Correia, resolvi presentear o eminente magistrado Lineu Peinado com essa obra. Além de seu assessor e magistrado Marcos, abrilhantavam a mesa de que ele fazia parte no Clube da AMAPI os juízes Thiago Brandão, Leonardo Trigueiro, Rafael Paludo, Luiz Henrique Moreira e outros colegas e amigos. Fazem parte da coletânea, entre outras ilustres personalidades, A. B. Mendes Cadaxa, Anderson Braga Horta, Aglaia Souza, Antonio Miranda, Aricy Curvello, Astrid Cabral, Jorge Tufic, Francisco Miguel de Moura, José Jeronymo Rivera, José Santiago Naud e Lélia Coelho Frota, que estão consagrados como integrantes do mais importante rol da lírica nacional contemporânea.

 

Por essa razão, reconhecendo ser eu um dos mais pálidos bardos da seleta, ao lhe entregar o livro, depois de devidamente autografado, fiz questão de dizer:

- Desembargador, eu sou mesmo um cara metido, um enxerido, e aí estou no meio desses altos nomes, como um penetra!...

O colega Thiago Brandão, com a sua conhecida lhaneza, mas evidentemente em flagrante exagero, disse que eu era um “grande poeta” e um sofrível goleiro. Como eu tenha ficado “carrancudo” com a qualificação “goleirística”, o colega me promoveu a goleiro razoável ou regular; como ainda assim eu fingisse ter ficado chateado, o Thiago, em sua generosidade, em ascendente gradação, terminou me qualificando como um bom goleiro. Aí, escancarei o meu melhor e mais simpático sorriso, e me despedi, não sem antes recomendar que procurassem no Google a crônica “Quem te ensinou a voar?”, que conta a minha saga de guarda-metas, golquíper, guarda-redes, ou ainda goleiro. E mais não disse e nem precisaria dizer. Esse texto falará por mim.