NELSON, UM DIA

                              [José Ribamar Garcia - da Academia Piauiense de Letras]

 

                                                                  “A tarefa literária é tarefa estética. A estética

                                                                    vincula-se à sensibilidade e busca a perfeição.

                                                                    É uma atividade espiritual. Suprema.”                              

                                                                                                 (Nelson Hoffmann)

 

 

      Conheci Nelson Hoffmann no começo de 2000, através de uma crônica que ele publicara no nº 35, do Jornal  Igaçaba-RS,  na qual mencionava meu nome.  A partir daí iniciou nossa correspondência, que culminou  numa amizade sólida e incondicional.   

         Nessa crônica, intitulada “Um Dia, Ao Piauí”, ele falava sobre o Estado do Piauí. De sua geografia, história, economia, política e, sobretudo, dos seus escritores e finalizava dizendo: “Reconheço que preciso conhecê-lo melhor. O jeito é ir lá, não vejo outro. Preciso ir. Irei um dia”.

       Mas, a vida lhe negou esse “um dia” e, o Piauí ficou  sem a  presença dele.   Aos intelectuais piauienses,  que o admiravam e o aguardavam,   frustração, e, agora, inconsolados e saudosos.  Mas, o que a vida lhe negou, a mim concedeu. A oportunidade de conhecê-lo, pessoalmente, na sua Roque Gonzales.  Onde fui recebido e tratado como um príncipe  por ele e seus familiares  (Inês, a filha;  os netos, Ariel e Toni). E me levaram  a assistir a uma  “Tertúlia  Nativista”, no CGT Sentinelas da Cascata , e  a conhecer os   históricos “Cerro do Inhacurutum”  e   “ Assunção do Ijuí.  Visita que ele registrou  no nº 41, do “O Nheçuano”.      

       Nelson Hoffman era um homem  simples, transparente, acessível, cordial  e, altamente humano.  Um agregador de gente. Incentivador do jovem escritor, do iniciante.  No “ O Nheçuano” deu espaço a todos, indistintamente.  Escritor e crítico literário dos melhores do País.  Como professor, despertou nos seus alunos o gosto pela leitura. Sua vasta e profunda obra ( mais de 30 títulos) pulou os muros de Roque Gonzales , ganhou  o Brasil, ultrapassou suas fronteiras e passeia  pelo mundo ( Uruguai, Portugal, Espanha, Itália, França, Estados Unidos, sendo destacadas  na Coréia do Sul, Japão e Austrália).

         Sua ausência foi uma perda irreparável para a Literatura brasileira. E aos familiares, amigos, admiradores e leitores; saudade que dói sem piedade.