MEU ANTiGO HOBBY: LIVROS DIDÁTICOS
Por Cunha e Silva Filho Em: 22/01/2025, às 07H32
MEU ANTIGO HOBBY: : LIVROS PERDIDOS
Cunha e Silva Filho
Quem é meu leitor de há tempos talvez se recorde de que, após a minha chegada ao Rio de Janeiro, anos mais tarde, nessa cidade de delícias e de tristezas (veja o recente desabamento, com vítimas fatais, da pista de ciclista na Avenida Niemayer, para não relembra outra tragédias ocorridas ao longo da história dessa cidade paradisíaca por natureza), procurar recuperar meu livros perdidos na adolescência em Teresina e nos restos de juventude de vida carioca.
Tenho uma boa notícia: estou dando que por encerrado esse velho hobby. Fiz as contas, considerei algumas perdas talvez sem volta, como aquele livrinho de expressões idiomática da língua inglesa, de Neif Antonio Alem, publicado pela Melhoramentos, São Paulo; a 3 ª série de La grammaire par la langue, (Editora Globo), do famoso professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, o filólogo Julio de Matos Ibiapina (1890-1947); um volume da 1ª série colegial (científico) de um autor com nome difícil de que não me lembro (acho que da Editora do Brasil, não estou bem certo); uma coleção ginasial do King’s English, de Harold Howard Binns (Companhia Editora Nacional), assim como outro livro do ensinando inglês comercial, da mesma editora; uma gramática latina de Mendes de Aguiar.
A gramática de Mendes de Aguiar propriamente não perdi, mas havia ofertado meu exemplar trazido comigo de Teresina a um amigo no Rio de Janeiro, um colega da CESB (Casa do Estudante Secundário Do Brasil).
Aquela gramática latina, aliás, era de meu pai, uma lamentável perda pela qual assumo toda a culpa. Havia ainda uma autora francesa de um bom livro ginasiano. Infelizmente, não me recordo do seu nome Se, por acaso o ler, decerto me vou lembrar do livro.
Também perdi um pequeno volume de idiomatismos do inglês em forma de diálogos, Humorous dialogues, do velho e conhecido autor de uma obra para o ensino do inglês, vendida em todo o país nos velhos tempos, que é The English gymnasium grammmar, de Hubert Coventry Bethell. Assim jamais encontrei à venda a chave de exercícios da citada gramática desse autor, que escreveu ainda outras obras para o ensino do inglês.
Outro livro que não consegui encontrar foi a chave da excelente gramática inglesa, A new practical English course for students, da autora portuguesa Maria Manuela Teixeira de Oliveira. Minha edição é a 6, ª da editora Gomes e Rodrigues LTDA, s.d., Lisboa. A autora publicou vários outros livros para o ensino da língua inglesa. Ainda tenho a gramática daquela excelente autora didática portuguesa. Meu livro de espanhol do curso científico, cujo autor não me vem à lembrança, ainda estou procurando.Uma boa antologia de espanhol ainda vou adquirir, pois sei que existem no sebo virtual. Outros livros da Coleção da antiga F.T.D. de língua inglesa, francesa ando procurando. Contudo, é provável que os encontre no sebo virtual.
Quando nessa crônica falo de livros perdidos aí igualmente incluo outras obras didáticas escritas pelos meus autores lidos no Piauí no ginásio e científico.
Há tempos tinha pensado em escrever a história dos autores de língua inglesa no Brasil. Seria algo em formato de um dicionário, com dados pessoais do autor, sua formação intelectual e sua bibliografia. Seria escrito em forma bilíngue. Pensei numa obra dessa natureza tendo em vista que sempre me chamou a atenção o fato de os autores didáticos serem tão cedo esquecidos tanto por estudantes quanto por professores.
Sempre tive um especial carinho pelos autores didáticos de vez que neles vejo a importância que tiveram na minha formação intelectual (e seguramente de muita gente através das gerações) em consideração às bases em que se estribou essa formação.
Por outro lado, tive sempre em conta a importância de livros que tivessem a chave dos exercícios propostos, expediente didático que primeiro observei na velha coleção da F.T.D, de resto, já citada aqui. Muitos professores eram contra essas chaves, para mim de grande valia. Até na universidade, não se viam com bons olhos as chaves, mas logo percebi o quanto são decisivas, sobretudo aos alunos que gostam de concluir independentemente (fui um deles) seus estudos, tanto no ensino fundamental e médio quanto, em alguns casos, no ensino superior.
No meu curso de Letras (UFRJ), uma ilustre e competente professora de língua inglesa, a Klara Wirz, já falecida, elaborou uma excelente apostila sobre versão inglesa, disciplina que lecionava magnificamente. Era suíça, ou, no mínimo, uma descendente de suíços. Com o tempo, organizou outras apostilas, todas mimeografadas. Iam do nível intermediário até ao nível avançado. Durante algum tempo, prometi a mim mesmo que ia publicá-las e, se fosse possível, em livro, prepararia uma chave para cada volume. Suponho, em relação à apostila da Klara Wirz, que ela não chegou a editá-las comercialmente, o que é umapena.
As duas apostilas, cuidadosamente organizadas pela citada professora da Faculdade de Letras da UFRJ eram, inicialmente, folhas esparsas, grampeadas e distribuídas em sabias aulas aos alunos. A matéria abrangia frase do inglês coloquial, algumas curiosas e cheias de humor, como se fossem diálogos vivos, mas eram frases nas quais, de propósito, punha situações vividas na conversação diária. Muitas frases ela criava durante as aulas. Anotava, certamente visando ao aperfeiçoamento das apostilas. Da ilustre professora Klara Wirz, tenho ainda comigo três apostilas, com o mesmo título, Exercises for translation into English, correspondentes aos anos de 1971, 1972 e 1973 e editadas pela Faculdade de Letras da UFRJ.
Tenho uma forte vocação aos estudos independentes e não tenho pejo de expressar a minha admiração pelos estudos autodidáticos e pelos autodidatas de carteirinha. Já dizia um romancista e crítico brasileiro, Adonias Filhos (1915-1990) que, a uma certa altura de nossa vida intelectual, o caminho seguro são os estudos autônomos, sem receio de ser tachado de anacrônico.
Hoje em dia, no Brasil, tornou-se, cumpre reiterar esse ponto da questão, uma regra áurea as outrora criticadas chaves de exercícios de livros didáticos, as quais tanto têm auxiliado, a meu ver, os professores brasileiros. Livros para o ensino de línguas estrangeiras, pensando nos estudantes ou aprendizes que têm vocação a serem independentes em seus estudos, apresentam geralmente as chaves dos exercícios, até no caso de gramáticas de autores brasileiros e estrangeiros, além de utilizarem outro material de grande alcance pedagógico nos estudos de línguas, os chamados CDs com os diálogos gravados na língua estrangeira. Ultimamente, temos os DVDs, vídeos, filmes etc com mais realia em favor dos educandos. a fim de tornarem o ensino de idiomas bem mais preciso e eficaz.Ora, esse é um passo de alta pertinência aos estudos de idiomas. Na minha época havia professores de língua estrangeira que, poucas vezes, tiveram a oportunidade de ouvir a língua que lecionavam.
Oh, como são felizardos os estudantes de hoje! E muitos nem se dão conta desse desenvolvimento no ensino, nem sabem aproveitá-lo em tempo certo.Não sabem o que estão perdendo, desperdiçando o tempo útil e a idade que têm. Oxalá consiga atingir meus objetivos de dar por encerrado o meu antigo hobby. ´É hora de escolher outro hobby que me venha trazer tanto prazer quanto me deram os meus amados livros didáticos.