Em junho, a região do Algarve, no sul de Portugal, costuma receber pessoas de toda a Europa, que viajam até a Península Ibérica em busca de um lugar ao sol do verão português. É esse clima que vai servir como pano de fundo para o Amazônia Festival, iniciativa que vai promover o intercâmbio artístico entre as produções regionais e de além-mar.
Convidados para participar do evento, os produtores audiovisuais Heraldo Moraes e Abrahim Baze Jr. pretendem aproveitar a ida a Portugal para dar o start a um projeto que vai recontar a trajetória do cineasta português Silvino Santos (1886-1970), pioneiro do cinema documental na Amazônia e autor do clássico “No Paiz das Amazonas” (1921).
“Esse projeto estava na gaveta há cerca de dois anos e a oportunidade de participar do festival caiu como uma luva, até porque o Silvino será um dos homenageados da programação, que vai dedicar espaço à exibição de alguns dos seus filmes”, explicou Moraes. Segundo eles, a ideia é iniciar as filmagens na cidade natal do português, Cernache do Bonjardim.
“Estávamos viabilizando maneiras de captar recursos quando surgiu a chance de irmos a Portugal para o evento. A partir daí, iniciamos conversas para chegarmos a um plano de redução de custos e esperamos contar com o apoio de pessoas e instituições daqui e de lá”, complementou Abrahim.
Segundo ele, o projeto deve ser executado em três etapas, a começar pelas filmagens em Cernache, que vão dar origem a um curta-piloto de cinco minutos. Em seguida, a equipe de 4 pessoas volta para o Brasil, onde fará registros no Pará, Amazonas e Roraima.
ESQUECIDOAinda de acordo com Abrahim, a intenção do projeto é mostrar as locações de “No Paiz das Amazonas”, para que o público tenha uma ideia de como era filmar esses lugares no início do século 20. Além do registro histórico, o documentário vai trazer depoimentos de outros produtores ligados ao cinema e que foram influenciados, de certa forma, pelos trabalhos de Silvino.
“Ele retratou muito bem a Amazônia da época e conseguiu levar essas imagens para o Brasil, que adotou como segunda pátria, e para o mundo. Infelizmente, em Manaus quase ninguém conhece a importância dele e o acesso aos seus filmes é difícil. O documentário vai resgatar a figura dessa pessoa, com detalhes biográficos e histórias curiosas”, finalizou Abrahim."