Mallarmé

BRISA MARINHA

Enviado por Amelia Pais (Quadro de Manet)

                             Tradução:  Augusto de Campos

A carne é triste, sim, e eu li todos os livros.
Fugir! Fugir! Sinto que os pássaros são livres,
Ébrios de se entregar à espuma e aos céus imensos.
Nada, nem os jardins dentro do olhar suspensos,
Impede o coração  de submergir no mar
Ó noites! nem a luz deserta a iluminar
Este papel vazio com seu branco anseio,
Nem a jovem mulher que preme o filho ao seio.
Eu partirei! Vapor a balouçar nas vagas,
Ergue a âncora em prol das mais estranhas plagas
!
Um Tédio, desolado por cruéis silêncios,
Ainda crê no derradeiro adeus dos lenços!
E é possível que os mastros, entre ondas más,
Se rompam ao vento sobre os náufragos, sem mastros,
 sem mastros,

[ nem ilhas férteis a vogar...
Mas, ó meu peito, ouve a canção que vem do mar
!