[Flávio Bittencourt]

Lugares perigosos do Rio (1): a Invernada de Olaria

Na mente de muitos cariocas, esse nome próprio era sinônimo de extrema violência, mas não se sabe bem se de forças da desordem, da "ordem", do crime organizado ou do crime desorganizado.

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

MARCA REGISTRADA DE TEATRO AUSTRALIANO

(NÃO É O LOGOTIPO DO JORNAL QUE

MANDOU CORRESPONDENTE

INTERNACIONAL AO BRASIL PARA

ENTREVISTAR O JOGADOR BRITO

E SEUS EX-COLEGAS DE PROFISSÃO

E VITÓRIA EM 1970):

independent logo


The Independent Theatre
Home of the Australian Elizabethan Theatre Trust

 

 

 

 

 

 


 

(http://madonnalicious.typepad.com/madonnalicious_news/newspapers/

 

 

 

 

Videorresumo de Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia - Copa do Mundo 1970,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=Q4lfpwx5AMs

(Brito é o segundo jogador brasileiro que aparece quando a câmara percorre os jogadores que, perfilados, cantam o Hino Nacional; aparece Carlos Alberto, logo em seguida aparece Brito)

 

 

 

NO VASCO DA GAMA, BRITO (que jogou no time

da Invernada de Olaria) SUBSTITUIU BELLINI,

CAPITÃO DA SELEÇÃO DE 1958, GRANDE

JOGADOR BRASILEIRO QUE, NA FOTOGRAFIA A SEGUIR

REPRODUZIDA, SEGURA A TAÇA JULES RIMET

 

"Final: da Copa do Mundo de 1958

 

(http://fichadojogo.wordpress.com/category/finais-copa-do-mundo/,

onde se pode ler:

Os Campeões do Mundo de 1958. Em pé: Vicente Feola (Tec), Djalma Santos, Zito, Bellini (Cap), Nilton Santos, Orlando and Gilmar; Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá, Zagallo e Paulo Amaral (Prep.Físco). (Imagem: http://www.v-brazil.com/)"

 

 

 

 

 

 

THE INDEPENDENT, Londres (Inglaterra):

The boys from Brazil: On the trail of football's dream team

 [OS GAROTOS DO BRASIL: NO RASTRO DO TIME DE FUTEBOL DOS SONHOS]

 

 

BRITO AUTOGRAFA FOTOGRAFIA DA

SELEÇÃO BRASILEIRA DE 1970 PARA

JORNAL BRITÂNICO THE INDEPENDENT

(veja, no final desta matéria,

a nota completa de The Independent Online,

com informação, em inglês, de que

Brito hoje mora na Ilha do Governador,

"located 20km outside of Rio de Janeiro")

[O JORNAL INGLÊS REFERE-SE À

DISTÃNCIA DA ILHA DO GOVERNADOR

ATÉ O CENTRO DA CIDADE, POSSIVELMENTE]

(SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA ACIMA DIGITADA:

http://www.independent.co.uk/sport/football/international/the-boys-from-brazil-on-the-trail-of-footballs-dream-team-806939.html?action=Gallery&ino=3)

 

 

 

 

 

O GRANDE EX-JOGADOR BRITO,

CUJO NOME NÃO SE CONFUNDE

COM AS VIOLÊNCIAS DA INVERNADA DE OLARIA,

MAS QUE EFETIVAMENTE JOGOU NA EQUIPE DA INVERNADA:

Brito

"Faz parte do grupo dos grandes zagueiros que estiveram no Vasco. Após a saída de Bellini, o então menino Hércules Brito Ruas, que acabara de sair das categorias de base, recebeu sua chance na equipe profissional. Na década de 60, quando o time cruzmaltino se encontrava sem grandes nomes, Brito assumiu esse papel de destaque, sendo capitão do time. Ótimo na marcação e com um vigor físico fora do comum, o xerife da zaga vascaína foi convocado para a seleção do Brasil em 1964. Em sua primeira oportunidade defendendo os brasileiros, Brito disputou a Taça das Nações. Após isso, continuou a ser peça habitual na lista de relacionados para o time brasileiro. O prata da casa, que encerrou seu ciclo no Vasco em 69, permaneceu com vaga praticamente certa na equipe brasileira até 1972. Vale lembrar que o defensor foi titular absoluto na seleção brasileira tricampeã do mundo em 1970, meses após deixar o clube que o projetou".

(http://www.crvascodagama.com/index.php/clube/idolos)

 

 

 

 

 

[A FOTO A SEGUIR REPRODUZIDA

NÃO GUARDA CORRELAÇÃO COM A

FOTO ACIMA, DO GRANDE BRITO,

A NÃO SER PELO FATO DE QUE

BRITO JOGAVA FUTEBOL JUNTO COM

CÉLEBRES POLICIAIS - e trabalhadores

de outras áreas de atividades profissionais -

QUE COMBATIAM O CRIME NO ANTIGO

DISTRITO FEDERAL

(Estado da Guanabara)]

 

REPRODUÇÃO DA CAPA DO DVD

DO FILME ASSALTO AO TREM PAGADOR

(apresentada no blog BAÚ DO LEZINHO):

 





Tião Medonho, um dos criminosos
mais perigosos
do Rio de Janeiro
lidera uma gangue que organiza
e realiza assaltos ao trem
de pagamentos do Banco
do Brasil. Eles decidem
só gastar dez por cento
do produto roubado
para não criar suspeitas
mas
nem tudo corre
tão bem quanto
o planejado.
Baseado
em fatos reais.

 





 

Título: o Assalto Ao Trem Pagador
Gênero: Policial/Nacional
(...)
Ano: 1962

(...)"

(http://www.baudolezinho.blogspot.com/)

 

 

 

 

 

 

 

"ASSIM COMO A EXPRESSÃO Invernada de Olaria PER SE JÁ METE MEDO, imagine-se uma época em que ainda não tinham sido presos, nem mortos pela polícia, bandidos que eram conhecidos como Tião Medonho, Cara de Cavalo, Mineirinho e assim por diante: NESSA ÉPOCA ASSUSTADORA, BRITO JOGAVA, TRANQUILAMENTE, O SEU SOBERBO FUTEBOL DO TIPO TANQUE-DEFENSIVO, NO TIME DA INVERNADA, PORQUE, MESMO CRESCENDO PROFISSIONALMENTE NO ESPORTE, NÃO DEIXOU DE "dar uma força" A SEUS COMPANHEIROS DE TIME QUE, EM SÃO PAULO, por exemplo, SERIA DENOMINADO 'equipe de várzea', OU SEJA, TIME DE MENOR EXPRESSÃO [mas é de lá que saíram fabulosos futebolistas brasileiros (BRITO TAMBÉM JOGOU NAS DIVISÕES DE BASE DO VASCO DA GAMA, tendo, em certa altura de sua brilhante carreira, substuído, no Vasco, ninguém menos do que BELLINI, o capitão de 1958, que está imortalzado na estátua da entrada do Maracanã (ESTADIO JORNALISTA MÁRIO FILHO), erguendo a taça Jules Rimet)]"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

"PARECE SER UMA INVENÇÃO DE CIDADÃOS MITÔMANOS, MAS É VERDADE: O GRANDE BRITO (zagueiro da seleção brasileira de 1970 - que foi do Vasco e, depois, do Botafogo -, tricampeã no Mèxico) JOGOU NA EQUIPE (no time de futebol) DA INVERNADA"

(IDEM)

 

 

 

 

melhor selecao brasileira 
 

DA ESQUERDA PARA A DIREITA:

CARLOS ALBERTO, BRITO (beque central),

GÉRSON, PIAZZA, EVERALDO, TOSTÃO, CLODOALDO, RIVELINO,

PELÉ, JAIRZINHO E O GOLEIRO FÉLIX

(http://paulo-okuma.blogspot.com/2009/07/acorda-luxemburgo-solucao-esta-dentro.html)

 

 

 

 

 

"BRITO

Nome: Hércules Brito Ruas
Nascimento: 9/8/1939, Rio de Janeiro-RJ
Período: 1960 a 1969
Posição: Zagueiro

Brito e' um legitimo elemento da dinastia de grandes zagueiros do Vasco [QUANDO INTEGROU A SELEÇÃO QUE SE TORNOU TRICAMPEÃ NO MÉXICO, EM 1970, BRITO JÁ ESTAVA NO BOTAFOGO], revelado nas divisoes de base e subindo a equipe titular apos a saida de Bellini. Nos anos 60, quando o Vasco nao teve grandes equipes, Brito era a principal estrela cruzmaltina e capitão do time. Excelente marcador e dotado de um vigor físico impressionante, foi convocado pela primeira vez como titular da seleção em 1964, na Taca das Nações. Depois disso, foi frequentemente convocado até 1972. Foi titular absoluto da seleção tricampeã do mundo em 1970, alguns meses appis deixar o Vasco, tendo sido considerado como o jogador de melhores condições atléticas daquela Copa".

(http://netvasco.org/mauroprais/vasco/idolos2.html)

 

 

 

BOTAFOGO AINDA SEM BRITO:

"Sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Botafogo FR Bicampeão Estadual de 1967 e 1968

 
No dia 09 de Junho de 1968, 141.689 pessoas foram ao Maracanã assistir o Botafogo golear o Vasco da Gama por 4 a 0 e conquistar o bicampeonato estadual.

Na foto estão em pé: Moreira, Cao, Zé Carlos, Leônidas, Carlos Roberto e Valtencir. Agachados: Rogério, Gérson, Roberto, Jairzinho e Paulo César.

O artilheiro foi Roberto (Botafogo) com 13 gols.

 
 
 
 
 
 
 
(http://esporterio.blogspot.com/2008/10/botafogo-bicampeo-estadual-de-1967-e.html)
 
 
 
 
 
 
 
 
BOTAFOGO JÁ COM COM BRITO:
 
 
[1971+outra.jpg] 
 
(http://reliquiasdofutebol.blogspot.com/2009/05/boatafogo-o-clube-da-estrela-solitaria.html;

OBS. - AO IR AO MÉXICO, EM 1970, HÉRCULES BRITO RUAS

JÁ ESTAVA NO BOTAFOGO, VINDO DO VASCO DA GAMA,

onde "nascera para o mundo da bola")

 

 

 

 

 

"(...) Nos fins de semana da década de 60 era obrigatório assistir os jogos de futebol da equipe da Invernada, cujo “homem gol” era Lincoln Monteiro, um dos chamados 'Homens de Ouro'. Na zaga havia um xerife que não figurava nos quadros da polícia, mas viria a ser tricampeão no México, onde foi considerado o atleta de melhor preparo físico da Copa de 1970. Seu nome: Hércules Brito Ruas e fez história na zaga do Vasco, ao lado de Fontana.

Assistíamos às partidas sentados em troncos existentes à volta do campo, onde hoje é uma praça.
Em meio aos policiais de ofício, ouvíamos conversas de pé de ouvido, combinando ações que apareceriam nos jornais, e seriam atribuídas a um tal de 'Esquadrão da Morte'
.

Era época de [INVESTIGADORES DA POLÍCIA CIVIL DA GUANABARA COMO] Le Coq, Mariel Mariscot, e os bandidos, como Cara de Cavalo e o romântico Lucio Flavio Vilar Lírio, tinham medo da Invernada. (...)"
 

(M. A. MENDES,

http://www.mamendex.com/2008/05/saudades-da-invernada-de-olaria.html)

 

 

 

 

 

"Invernada de Olaria, Homens de Ouro, Le Cocq, Mariel Mariscotte, Perpétuo, Lincoln Monteiro, Luiz Mariano, uma turma da pesada".

(COMENTÁRIO DE ALGUÉM CUJO nickname [APELIDO] É Luiz', CITANDO A Invernada de Olaria QUASE COMO SE "ela" FOSSE UMA PESSOA FÍSICA, ou seja, antropomorfizando ("humanizando" a Invernada, mas sem humanismo algum..) UM LUGAR SIMBÓLICO, UM PODEROSO LUGAR DE PRODUÇÃO DE SENTIDOS QUE AMEDROTAM QUALQUER UM,

http://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/90224032/)

 

 

 

"Sim, não sou bandido, mas também tenho medo da INVERNADA DE OLARIA. Muito medo. E assumo isso com o máximo desprendimento e sinceridade porque, apesar do pesares, A VIDA É BELA. É que a INVERNADA (policiais de 'esquadrão da morte') podia (podiam) prender qualquer um e liquidar sumariamente, quando se decidia (decidiam) pela execução-à-margem-da-lei. [O GRANDE EX-JOGADOR BRITO [*] NÃO TEM NADA A VER COM O 'Esquadrão da Morte', ELE APENAS JOGOU NO TIME DA INVERNADA, sendo que vários futebolistas que chegaram a jogar nesse time impressionante não pertenciam aos quadros da polícia, nem ajudaram o Esquadrão da Morte a praticar as ações pelas quais se tornou - tal conjunto de autoproclamados justiceiros (matadores de bandidos) - assustadoramente célebre (Brito era atleta profissonal, não era policial, nem matador de meliantes)]"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público", corajoso-covardemente "antropomorfizando-se" também)

 

[*] - COMO NÃO HA DÚVIDA DE QUE BRITO JOGOU NO TIME DA INVERNADA DE OLARIA, SE POSSÍVEL TENTAREMOS (em junho próximo, se Deus ajudar nesse sentido) ENTREVISTAR ESSA LENDA VIVA, RESPEITÁVEL PESSOA QUE É UMA ESPÉCIE DE estátua que anda e fala.

 

 

 

"Alguém aí (EU NÃO SABIA) sabe - refiro-me ao sentido que não tem a ver com INVERNO - o que significa uma INVERNADA? (E-mails à redação, obrigado.)"

(IDEM)

 

 

 

DE ACORDO COM O DICIONÁRIO PLIBERAM ONLINE,

EIS A DEFINIÇÃO DE invernada:

invernada | s. f.
fem. sing. part. pass. de invernar

 

"invernada
s. f.
1. Inverno rigoroso e prolongado.
2. Bras. Curral de novilhos para engorda.

invernar - Conjugar
v. intr.
1. Passar o inverno!.
2. Fazer mau tempo."
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"Parece que 'INVERNADA', na expressão 'INVERNADA DE OLARIA', tem algo a ver com fazenda de gado e criação e engorda de novilhos e não com TERRÍVEL FRIO EM PROLONGADO INVERNO. Explica-se: lá existiu uma fazenda, como se pode constatar no trecho a seguir reproduzido"
 
(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 === EM EDIÇÃO ===

 

 

"(...) Cavalaria da Invernada da Olaria

Coisas de prefeitura, de governo, não tem nada. Só mesmo o Hospital Getúlio Vargas, lá fora. Quando passei a morar na Penha, a associação (de moradores) estava começando. Ao me casar não tinha associação, não tinha nada.

Havia naquela época a Cavalaria da Invernada de Olaria, prestava socorro urgente. Quando pegava alguém brigando ou jogando baralho amarrava no cavalo e levava. Eles colocavam o cavalo em cima do pessoal que estava jogando e eles saíam correndo. Quando os policiais iam embora, eles voltavam”.
(...)".

(JOANA GABRIEL DA SILVA, 82 anos em 2004, quando concedeu a entrevista adiante transcrita)

 

 

 

 

 

                                    COM SENTIMENTO DE ENORME GRATIDÃO,

                                    DESEJANDO A ELE MUITA SAÚDE E VIDA LONGA,

                                    HOMENAGEIA-SE O FUTEBOLISTA E TREINADOR APOSENTADO

                                    HÉRCULES BRITO RUAS,

                                    QUE NÃO ERA POLICIAL, NEM PARTICIPOU DO ESQUADRÃO DA MORTE,

                                    MAS - o que aumenta muito o halo lengendário de sua biografia -

                                    JOGOU (isso é verdade!) NA ZAGA DA EQUIPE DE FUTEBOL MASCULINO,

                                    ADULTO, DA INVERNADA DE OLARIA, 

                                    O REPÓRTER PAUL JOSEPH, DO THE INDEPENDENT

                                    (Londres, Inglaterra), QUE ENTREVISTOU BRITO NO RIO DE JANEIRO 

                                    E TODOS OS SEUS COLEGAS DE REDAÇÃO E

                                    DE VIAGENS PARA COBERTURAS JORNALÍSTICAS DE

                                    ALTA RELEVÂNCIA INTERNACIONAL, O

                                   POVO POBRE DAS CIDADES E DOS CAMPOS,

                                   quem nem de longe se parece com bandidos assustadores,

                                   porque trabalha duro e ajuda o semelhante mais necessitado,

                                   NA PESSOA DA VENERANDA SENHORA

                                   JOANA GABRIEL DA SILVA, O FOTÓGRAFO

                                  RODRIGUES MOURA, QUE CAPTOU, COM PERFEIÇÃO PROFISSIONAL E

                                  PESSOAL RESPEITO, IMAGENS DE DONA JOANA, UMA DELAS

                                  COM ESSA SRA. E ONZE PESSOAS DE SUA DIGNA FAMÍLIA E,

                                   necessariamente chorando - POR SE TRATAR DE UM

                                   HERÓI DO POVO BRASILEIRO (como foram Tiradentes ou

                                   Alberto Santos Dumont, por ex.) -,

                                   EM MEMÓRIA de EVERALDO, que infaustamente

                                   faleceu em acidente automobilístico

                                   acontecido no Estado do Rio Grande do Sul (Brasil),

                                   no Município de Cachoeira do Sul-RS, em 27.10.1974

 

 

 

 

 

19.2.2011 - Veja-se o que acontece quando é colocado o nome próprio INVERNADA DE OLARIA no campo de edição do sítio de busca Google (ou de outro sítio parecido) - Fotos e textos quase inacreditáveis aparecem, até que se chegue ao THE INDEPENDENT, de Londres, fotogrando Brito a autografar fotografia da lendária seleção brasileira de 1970 para Paul Joseph, JORNALISTA INGLÊS QUE SABE DAS COISAS.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

MENÇÃO À INVERNADA EM COMENTÁRIO DE LEITOR

AO FINAL DE MATÉRIA SOBRE PRISÃO, NO MORRO DA MANGUEIRA,

DE BANDIDO QUE, POR SUA ALTA PERICULOSIDADE, TORNOU-SE FAMOSO

(ANOS 1950)

foto

"PRISÃO DE MAURO GUERRA DE MELLO - Mangueira - 1953

Em tempos que se fala de Fernando Beira Mar, Escadinha, Bem Te Vi, e outros vagabundos, temos hoje a prisão de Mauro Guerra de Mello, bandido que assutou o Rio na decada de 50.

Assassino, traficante, isso mesmo naquela época ja era traficante de drogas (maconha), viciado e cafetão, cometeu seu primeiro assassinato aos 16 anos. matou um poilicial com um tiro de .45 na boca quando esse lhe dava voz de prisão após a tentaiva de roubar um carro. A partir dai não parou mais. Foi internado no antigo SAM (Serviço de Assistencia a Menores). Conseguiu fugir e depois durante um carnaval fez varios assaltos com sua turma de bandidos menores de iadade. Seus crimes não paravam, assaltos, mais assassinatos.

Passou a se esconder em diversas favelas, como a Mangueira, Favela do Esqueleto (atual local da UERJ), Morro da Caixa D' Água e ouros locais.

A policia do Distrito Federal (Rio de Janeiro à época) começou a desbaratar a gangue de Mauro em agosto, chegando à sua prisão em 28 de setembro de 1953. Foi preso no Morro da Mangueira após ser vigiado pelo Detetive Perpétuo e sua turma durante cinco dias. No ato de sua prisão Mauro ainda tentou sacar de sua pistola calibre 45 mas Perpétuo (que era muito mais forte que o franzino Mauro) conseguiu evitar. O comparsa de Mauro, Manoel Augusto da Silva, o Gazinho, foi baleado na operação.

Mauro foi pra cadeia com apenas 19 anos de idade.

Amanha falo do detetive Perpetuo e sua brutal morte.

Comentários e favoritas

  1.  

    Rafael Netto (62 meses atrás | resposta)

    Bons tempos em que os bandidos eram apenas bandidos, não senhores feudais...

  2.  

    antolog (62 meses atrás | resposta)

    E os policiais saindo calmamente da favela, sem a necessidade do "Caveirão"...

  3.  

    Mauro_AZ (62 meses atrás | resposta)

    Esse meu xara' era bandidao na epoca, mas hoje seria apenas um aprendiz. Aos 19 anos hoje em dia, bandido "de responsa" ja' fez muito mais que so' isso ai! Ate' porque, se chegar vivo aos 19 anos pode ser considerado um sobrevivente de muito sucesso.

  4.  

    Andre Decourt (62 meses atrás | resposta)

    Peço prá que repararem na favela, nada de barracos amontoados como hoje, havia espaço muito espaço, e na época a Mangueira era um dos maiores morros da cidade

  5.  

    Ana Castro (62 meses atrás | resposta)

    Puxa, Roberto! Será que o cara ainda tá vivo e preso?
    Um abraço e boa noite.

  6.  

    A.Ga (62 meses atrás | resposta)

    Sr. Tutusíssimo,
    não é em homenagem ao Detetive Perpétuo que se fez o E.M. - Esquadrão da Morte ?

  7.  

    LGP1 (62 meses atrás | resposta)

    Hoje em dia, ele tem 72 anos de idade! Ele esta ainda na cadeia ou solto?
    Abraço

  8.  

    Mauro_AZ (62 meses atrás | resposta)

    AG, eu achava que o E.M. tinha sido feito para vingar o Detetive LeCocq. Tambem me recordo de um plastico que alguns donos de carro colocavam no vidro do seu veiculo, sem o menor pudor, que tinha uma caveira e os dizeres E.M. - Scuderie LeCocq.

  9.  

    A.Ga (62 meses atrás | resposta)

    Graaaaande Mauro (saudações cruzmaltinas) é verdade; o E.M. foi em homenagem ao detetive Le Cocq. Errei de "mocinho" mas acertei os "bandidos".

    Mudando de assunto:
    e aquele nosso goleirinho, heim ?
    E aquele nossa defesa, heim ?

    Do jeito que o time da Cobal do Leblon está, acho melhor dar logo a taça ao clube das laranjadas.

  10.  

    Luiz D´ (62 meses atrás | resposta)

    Invernada de Olaria, Homens de Ouro, Le Cocq, Mariel Mariscotte, Perpétuo, Lincoln Monteiro, Luiz Mariano, uma turma da pesada.

    Os policiais se impunham, entravam nas favelas, nada de feudos como atualmente.

    PS: voltei a ter acesso ao Flickr...

  11.  

    Mauro_AZ (62 meses atrás | resposta)

    Ilustre AG, me deu muita pena do Reimario, dando aquela verdadeira aula de finalizacao enquanto a defesa e o goleiro estragavam tudo, dando uma aula de incompetencia. O script era para ele ter uma reaparicao antologica no Maracana, e de certa maneira ate' que foi mesmo.

    Mas nao nos desesperemos, porque o futebol e' uma caixinha de surpresas. Ja' vi muito time mortinho ressucitar e ganhar o campeonato quando ninguem mais acreditava. A tampa do nosso caixao pode estar encostada, mas ainda nao foi pregada.

  12.  

    eduardo bertoni (62 meses atrás | resposta)

    Naquela época os bandidos também não davam mole.
    Mineirinho, Tião medonho, cara de cavalo, etc. aterrorizavam a cidade.

  13.  

    Ano 1961 (62 meses atrás | resposta)

    Ele era perigoso, assustador, ameaçador, arrogante, insensível e frio, muito frio. Mas diante dos chefes do tráfico de hoje, ele seria uma versão romântica e ingênua, diante do "profissionalismo" dos criminosos atuais, que operam até com armamento de última geração, que só não é de primeira mão porque os exércitos do Oriente Médio já o utilizavam.

    Em 1961 outro bandido de alta periculosidade (mas também "romântico" diante dos atuais), Mineirinho, foi notícia nas páginas policiais e morreu baleado pela polícia.

  14.  

    adv_kmflores (61 meses atrás | resposta)

    Boa noite, Roberto!

    Infelizmente estou longe.
    Agora se estivesse perto aceitaria o convite com toda certeza, adoro os frequentadores do bar, até o "velho" Rafael, rsrs.
    apesar de não nos conhecermos, e muito menos mantermos contato, vc é uma pessoa extremamente carismatica.
    Acho q depois daquela foto do gato em pedaços, q me enviou o link, não esqueço de vc tão cedo.. rsrs

    Quanto a foto.. prestou atenção no detalhe da calça do homem de termo ao lado do polícia..? olha a barra da calça.. (acho q se chama italiana.. espeo não estar pagando mico.. rs). Hoje uns acham chique, outros fora da moda.. na época penso q era o "normal".

    Imagina se mulher não tinha que falar no figurino!kkkk

    abraços, karen

  15.  

    adv_kmflores (61 meses atrás | resposta)

    te mandei um e-mail.. mandei para o e-mail q tem no carioca da gema, ok?!

    abrços, karen

  16.  

    A.Ga (61 meses atrás | resposta)

    Sr, Tutu,
    eita polícia incompetente !
    Os caras estão andando com o meliante aí, desde 23 de janeiro, e ainda não o engaiolaram ?!?!
    Será que é por isso que o cara chamava Perpétuo ? Ficava perpetuamente andando com os presos pela cidade ?

  17.  

    mamendes (33 meses atrás | resposta)

    Senhores, para os interessados no assunto, gostaria de divulgar texto sobre a Invernada de Olaria, que reflete sobre o abandono de nossa cidade nos últimos anos:

    www.mamendex.com/2008/05/saudades-da-invernad a-de-olaria....

  18. mamendes, titoh2 e M J 1 adicionaram esta foto a suas favoritas.

  19.  

    guto3838 (16 meses atrás | resposta)

    Pela foto se percebe que a favela não era o amontoado que é hoje, Mas, daqueles anos 50/60 para cá as favelas não apenas incharam como se tornaram feudos de marginais sofisticados, alem de funcionarem tambem como currais eleitorais! Uma lástima! ".

    (http://www.flickr.com/photos/carioca_da_gema/90224032/

     

     

     

     

     

    ===

     

     

     

    "Quarta-feira, 21 de maio de 2008



     

    Saudades da Invernada de Olaria

     

    Nos fins de semana da década de 60 era obrigatório assistir os jogos de futebol da equipe da Invernada, cujo “homem gol” era Lincoln Monteiro, um dos chamados “Homens de Ouro”. Na zaga havia um xerife que não figurava nos quadros da polícia, mas viria a ser tricampeão no México, onde foi considerado o atleta de melhor preparo físico da Copa de 1970. Seu nome: Hércules Brito Ruas e fez história na zaga do Vasco, ao lado de Fontana.

    Assistíamos às partidas sentados em troncos existentes à volta do campo, onde hoje é uma praça.
    Em meio aos policiais de ofício, ouvíamos conversas de pé de ouvido, combinando ações que apareceriam nos jornais, e seriam atribuídas a um tal de “Esquadrão da Morte”.

    Era época de Le Coq, Mariel Mariscot, e os bandidos, como Cara de Cavalo e o romântico Lucio Flavio Vilar Lírio, tinham medo da Invernada.
     

    Com Humberto de Mattos, o respeito pela Invernada continuou. Polícia era polícia e bandido era bandido. Simples assim.

    Agora, tantos anos depois, é a polícia que nos tira o sossego. Não de forma proposital mas, por se tornarem alvos. E, quando os alvos ficam em nossas portas, também nos tornamos alvos, além de surgirem pequenos atritos. Com o cerco aos acessos ao morro do Cruzeiro, ruas tão pacatas como a Gomensoro, Bernardino Gustavino e Pinto Júnior entre outras, passaram a ter presença constante da polícia (inclusive BOPE, CORE e RONAC), por se tratar de um excelente ponto de observação. Os moradores, que há mais de três décadas não tinham qualquer problema relacionado com violência, nos últimos 90 dias não podem sequer sair de casa, sem correr risco de vida.
    Pelos rádios da polícia são ouvidas provocações. A resposta é uma rajada de balas, não importa em que direção, com o rádio ligado. O importante é o recado para os provocadores: “ouçam a música”.
    As luminárias que tão bem iluminavam o local, foram destruídas pelos próprios policiais e a Rio Luz se recusa a trocá-las alegando que é perda de tempo, já que elas seriam destruídas novamente.

    O clímax ocorreu no domingo, 18 de maio de 2008, às 22:50h, quando um policial desceu de uma viatura do 16o batalhão e efetuou vários disparos contra uma residência. No local mora um casal de 80 anos desde 1964. Um dos projéteis ficou alojado num dos veículos que estavam na garagem, podendo ser usado para determinar de que arma foi disparado, desde que haja interesse das autoridades.
    Fica a dúvida: vale a pena reclamar no batalhão? Será que não estaremos reclamando diretamente com o autor dos disparos?
    Fica a sugestão ao nosso governador para tentar identificar este policial, pois é de homens com esta coragem que precisamos para combater a criminalidade, deixando que as pessoas de 80 anos ainda possam morrer de velhice.

    Que saudade do tempo em que bandido não vestia farda com tanta facilidade.
    Que saudade do tempo em que o Vasquinho driblava vários adversários e, após driblar o goleiro, deixava o patrão Lincoln Monteiro mandar a bola para as redes. Apesar do uniforme ser do Bangu, e doado pelo sr. Castor de Andrade, tudo terminava em churrasco e podíamos andar à vontade pela região a qualquer hora do dia ou da noite, com a proteção da INVERNADA DE OLARIA.


    CAMC – Morador de Olaria há 44 anos".

    (M. A. MENDES,

    http://www.mamendex.com/2008/05/saudades-da-invernada-de-olaria.html)

     

     

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    FAVELA TEM MEMÓRIA:

     

    Madrugada sem medo

    24/11/2004 - Bete Silva

     

      

     

    Joana não acredita que o homem já foi à Lua
    Joana não acredita que o homem já foi à Lua

    A mineira Joana Gabriel da Silva, 82 anos, é uma senhora de fisionomia marcante, estatura baixa e tranças nos cabelos. Dona Joana não acredita que o homem foi à Lua. Ex-lavadeira, seu lazer é pregar botão. Ela lembra do tempo em que o Alemão era puro mato e ainda havia “a horta dos portugueses”.

    Nossa entrevista aconteceu na sala da humilde casa de tijolo e com obras ainda por fazer. No chão de cimento, um tapete. À frente de uma das duas janelas, uma estante com uma televisão ligada o tempo todo. Sempre sentada no sofá, Dona Joana recordou os tempos remotos dando boas gargalhadas.

    Também lembrou das filas de moradores pedindo água de casa em casa para moradores da Penha, bairro vizinho ao morro. “As mulheres e meninas carregavam as latas na cabeça, os homens e meninos nas balanças (instrumento de madeira com recipientes na ponta).

    Mineira, Dona Joana mudou-se para o Rio de Janeiro em busca de emprego. Quando queria trabalho, costumava bater nas casas das madames. Sempre conseguia alguma coisa. “Hoje não se pode nem bater nas portas”, diz ela, saudosa. "Se tivesse poder para mudar alguma coisa, eu mudaria esse negócio desses tiroteios, tinha que acabar com isso".

    Durante a entrevista, os netos e bisnetos transitavam pela sala entrando e saindo da casa. Por vezes, as crianças sentavam e prestavam atenção nas histórias da avó. Mas quando se excediam na barulheira, Dona Joana as mandava brincar no quintal. Toda a família ficou feliz ao saber que a matriarca estava dando uma entrevista para ser veiculada na internet.

    Órfã de mãe aos seis meses

    Uma casa simples, mas com televisão
    Uma casa simples, mas com televisão
    “Nasci em São Lourenço, Minas Gerais. Meus pais trabalhavam na fazenda e lá tiveram três filhos e duas filhas. Todos falecidos hoje em dia, com exceção de mim. Sou a caçula dos irmãos. Não pude conhecer minha mãe que morreu quando eu tinha seis meses de vida. Fui criada por minha irmã. Meus irmãos Epídio, Silveste, Marfia e Antonieta moravam com meu pai. Na época, o fazendeiro separou uma vaca só para me alimentar, fui muito bem criada, muito bem alimentada”.

    A menina Joana adorava brincar de roda. "A gente trabalhava na roça, mas à tarde íamos brincar. Com 7 anos eu já ajudava a plantar milho, feijão e outras coisas. Podíamos brincar à vontade, mas os adultos avisavam que na hora que chamassem a gente tinha que ir. Naquele tempo as crianças obedeciam”.

    “Todos queriam empregada”

    Dona Joana conta que os empregados que tinham a oportunidade de se transferir para o Rio para trabalhar ficavam animados. “Os próprios fazendeiros arrumavam trabalho para as moças da fazenda com madames no Rio. Lá havia comida, mas não tinha dinheiro para comprar roupa. Vim para a Tijuca (na Zona Norte do Rio), na casa do patrão. Trabalhei muito ali”.

    “Fui ganhando experiência com as outras empregadas da casa. Eram três ou quatro: uma cozinheira, uma lavadeira, uma arrumadeira e, quando tinha criança, também a babá. Quem terminasse seu serviço ajudava a outra. No final algumas iam embora. Mas eu e outras que não tínhamos casa ficávamos por lá mesmo.

    Com o tempo fomos ficando espertas e passamos a sair à noite para passear. Íamos muito para a Praça Malvino Reis, em Vila Isabel, onde nos divertíamos. Depois criaram a Quinta da Boa Vista, freqüentei muito.

    Mais tarde arrumei uma colega que trabalhava em Vila Isabel e me ajudou a achar um trabalho na área. Só saí de lá para casar”.

    Dona Joana reclama dos patrões da época. “As casas não eram muito boas e eles só chamavam a gente de criada. Tínhamos o costume também de terminar o serviço e sair para procurar outro sem o patrão saber. Naquela época, todos queriam empregada”.

    “Vim para o Rio de Janeiro aos 11 anos com uma família que é dona do Jóquei Clube da Gávea, Dr. Henrique de Mourão.

    Cantoria deu em casamento

    Família gostou de ver a matriarca dar entrevista
    Família gostou de ver a matriarca dar entrevista

    Dona Joana conta, emocionada, como conheceu seu esposo, hoje falecido. Seu Alberto da Silva freqüentava o bairro onde ela morava para encontrar amigos em cantorias e datas festivas. Eles namoraram, noivaram e casaram em menos de um ano.

    “Ele tinha muitos colegas perto da casa onde morava e sempre cantava nas festas. Um dia foi ver a festa e ele gostou de mim. Falei que não ia ficar namorando à toa porque não tinha mãe nem pai e minha irmã não morava no Rio. Então ele concordou e o casamento saiu rápido. Eu tinha 21 anos e ele também. Casei no cartório de Caxias e fui morar na casa da mãe dele na favela da Penha”, conta.

    Ainda com saudades Dona Joana lembra do casamento. Diz que foi uma festa bonita, muito farta, como era costume na época. “Meu marido era uma pessoa muito bacana, morreu atropelado quando íamos fazer a missa de 25 anos de casados e acabei fazendo a missa da morte dele”, lamenta.

    ‘Perereca’ era meio de transporte

    Tiveram dois filhos. “Morávamos no alto do Morro do Cruzeiro. Continuei trabalhando. Vinha para casa de noite. A patroa era boa, deixava levar os filhos. Elas aceitavam, colocavam até anúncio no jornal dizendo que aceitavam empregadas, mesmos com os filhos. Hoje não pode mais. Minha patroa me dava 10 tostões para pagar a passagem da ‘perereca’ (antigo carro preto e pequeno que servia de meio de transporte comum para os moradores do morro, como alternativa aos bondes).

    Mulheres faziam paneladas de doces
    Mulheres faziam paneladas de doces


    Sem medo e sem água


    “Tenho saudades daquele tempo. A gente ia passear sempre e andávamos sem medo pelas ruas. Eu acho que, naquela época, a gente saía mais tranqüila. Antigamente as coisas eram de um jeito, hoje são de outro totalmente diferente.

    Naquele tempo a gente ainda escolhia emprego. Eu virava para minha cunhada e perguntava: vamos trabalhar amanhã? Combinávamos e saíamos da Penha às 4h da manhã, comprávamos jornal e íamos, pegávamos o bonde até Olaria onde saltávamos para pegar o 474, direto para Copacabana”, conta.

    Depois Dona Joana passou a lavar roupa para fora numa época em que ainda não havia água no morro. “As toalhas que trazia da casa de massagem vinham com tanta goma que davam um trabalho enorme para tirar. Vínhamos com aquelas trouxas na cabeça e tinha que ficar tudo muito bem lavado. Já lutei muito, mas a graças Deus eu venci. Entregava roupa no Flamengo, na Lapa. Muitas vezes não subia nem no prédio. Entregava a roupa ao porteiro, pegava a suja, e também o dinheiro. Tinha freguesa que o apartamento ficava no 10º andar.

    Já enfrentei muito ferro de carvão, que tinha que ficar abanando. Lavei e passei muita roupa. Inclusive para a segunda mulher do Carlos Lacerda (ex-governador), na Praia do Flamengo. Hoje em dia está bom, tem até máquina elétrica para lavar louça!

    Antigamente a gente batia nas portas procurando emprego e perguntando se não havia alguma coisa para gente fazer, uma roupa para passar, um chão para lavar ou uma cozinha para arrumar ou até mesmo panelas para arear.

    Hoje em dia não se pode nem bater nas portas, e as meninas de hoje não são mais assim. Os meninos antigamente eram trabalhadores, faziam carro de madeira para trabalhar fazendo carreto nas feiras, eram engraxates, hoje em dia eles não querem nada”, lamenta Joana.

    Dona Joana lembra que havia várias lavadeiras no morro e todas se juntavam num único grupo de oito mulheres, que andavam uma boa distância até uma fonte d’água na Penha (bairro da Zona Norte onde ficam algumas comunidades do Alemão) a fim de lavar a roupa das madames e também as de casa. Neste dia levavam almoço e banana de sobremesa para agüentar a labuta do dia inteiro.

    Outra fonte que utilizavam ficava ao lado do Hospital Getúlio Vargas. Caminhavam até lá cerca de 1km com roupas, bacias, latas e seu farnel. “Por não haver água no morro éramos obrigadas a pedir de casa em casa para os moradores da ruas da Penha como a rua Aimoré, Grotão, Dionísio e outras. Ali formavam imensas filas de latas para carregar água. As mulheres e meninas carregavam na cabeça, os homens e meninos nas balanças (pedaço de pau que era carregado sobre os ombros com um pedaço de vergalhão em cada extremidade onde eram penduradas duas latas para carregar água).

    Velório com pão e café

    "Os velórios eram realizados nas casas com muita oração. Meia-noite era servido café e distribuído pão. Muitos saíam direto do velório para trabalhar. O defunto era levado a pé para o Cemitério de Irajá. Um ou outro ajudava, quando necessário, pois os enterros não eram caros”.

    Amiga de fé

    Dona Joana conta que muitos dos seus amigos já faleceram. Lembra de nomes como os de Dona Edith, Dona Rosa, Glória, Vando, Valdirene, Tânia e mais um ou dois. “Outros eu esqueci”. “A amizade de fé é a Dalva que está viva. Íamos muito ao baile juntas", relata.

    Fogão pago com roupa lavada

    Dona Joana mostra as marcas de queimaduras no corpo adquiridas logo após ter trocado o fogão de querosene pelo fogão a gás. Naquela época entregavam o botijão nas casas, conta, mas quando o gás acabava fora de hora era preciso buscar no local de venda.

    ”Saíamos daqui do Parque Proletário da Penha para buscar o gás na Estrada do Itararé, onde havia dois depósitos de gás. Comprei um fogão sem entrada e sem fiador e paguei com minhas lavagens de roupa. O botijão veio com defeito e acabou pegando fogo. Fiquei toda deformada. Fui parar no Getúlio Vargas. Poderia até ter arrumado um dinheiro, mas naquela época a gente pensava é em trabalhar. Trabalhei muito e não tenho nada, só a graça de Deus”.

    Joana viu início da favela

    “Havia por aqui muito mato. Não tinha nada. Primeiro era a horta dos portugueses, depois é que começou a favela. E no começo era uma casa aqui e outra lá. Quando casei e vim morar no Cruzeiro só havia poucas casas por aqui. Na ocasião do Carlos Lacerda ele vendeu uns terrenos, calçou ruas na Vila Proletário, colocou água. Nessa época também melhoramos nossas casas”.

    Carne comprada por cota

    “Lembrei agora do tempo de quebra-quebra. Muitos pagavam para conseguir uma lata d'água. As coisas eram longe. Não tinha comércio próximo - a gente tinha de ir a Caxias fazer compras. Para tudo tinha fila: fila do arroz, fila do feijão, fila do açúcar, fila da carne.

    A carne era comprada por cota. Como eu não tinha filhos, colocava os sobrinhos na fila. A carne era boa e barata. Naquele tempo não tinha nada de real não, era réis. Às vezes pegávamos o bonde e íamos para o Rocha comprar açúcar. Tinha também a sopa do Zarur. Pegava sopa com couve, mingau. Chegávamos do Rocha bem alimentados e comprávamos dois quilos de cada coisa. Vendiam apenas dois ou três quilos para cada um. A gente tinha animação.

    Usávamos lampião porque não tinha energia elétrica e foi o lampião que fez pegar fogo no botijão”.

    Coleta de lixo

    “Quando chegou, a luz era emprestada. Usávamos só para as lâmpadas. Eletrodoméstico não se usava e a roupa continuava a ser passada no ferro de carvão. Só tinha luz para alumiar, e mais nada"

    “As casas eram de madeira. Depois cada deputado que aparecia fazia um pouco. Se não me engano, a água e a luz foram na época de Carlos Lacerda. Fizeram um negócio comprido onde era o lixo, mas alguns ainda jogavam no mato. Depois o caminhão de lixo é que começou a recolher. Posto de saúde era o Getúlio Vargas, me tratei muito lá”.

    Lazer é pregar botão

    "Emprego era farto", lembra Joana
    "Emprego era farto", lembra Joana


    “Meu lazer? Gosto de consertar roupa, pregar botão", diz Dona Joana, apanhando numa bolsa ao lado do sofá vários riscos de bordado achados pelos netos. "Não deixei jogar fora não, depois é só comprar carbono e fazer", diz ela, mostrando as folhas com os desenhos.

    Seu lugar preferido é a Penha pelo fato de morar há muitos anos lá. Ela conta que uma outra diversão que havia muito na Penha naquela época era o jogo de malhas (parecido com o boliche, só que em lugar de bolas usa-se rodas de ferro para derrubar as garrafas de madeira).

    O jogo era realizado em chão de barro com alguns metros de distância. Ganhava quem conseguisse derrubar o maior número de garrafas de madeira com as rodas de ferro.

    Tudo era motivo para que as mulheres se juntassem e fizessem grandes almoços e muito doces. Em sua fala, Dona Joana revela a saudade desse tempo para ela tão remoto e revelado com tanta satisfação que seus olhos chegam brilhar. “Hoje em dia não tem mais nada disso, tudo ficou ruim. A gente fazia paneladas de doces, depois todos comiam os jogadores do time e a torcida. E um detalhe: fazíamos tudo no fogo de lenha, era a noite toda e não tinha confusão. Tempo bom que não volta mais”,conta.

    Algumas cantigas de carnaval deixaram marcas para ela como “Camélia”, “Jardineira”, “Você pensa que cachaça é água”... Ela canta o refrão de outra que não lembra o nome: “Vai, vai amor, vai que depois eu vou”. Dona Joana guarda seus discos antigos, mesmo sem poder ouvi-los, por não ter onde tocar.

    Igreja invadida

    “Havia muita macumba aqui. Igreja já era bem pouca. Era tudo na Igreja Bom Jesus, que naquele tempo era um barracão. Um dia, eu fui com meu marido para a Missa do Galo, quando bateu um temporal, um vendaval, e o povo que estava do lado de fora invadiu a igreja. Empurraram a porta que só ia abrir à meia-noite. O padre não gostou muito, mas a gente não ia ficar na chuva e no vento. Quando caía chuva era muita lama. O caminho era só trecho, poucas casas. No grotão era pasto”.

    “Sempre fui católica. Ia muito à Igreja Nossa Senhora do Parto, na Praça VX. Lá assistia a missa, levava um buquê de flores... Freqüentava também a Igreja N.S. da Glória, onde paguei uma promessa para meu filho que tinha um mês de nascido. Freqüentei muito a Igreja de São Sebastião e a Igreja da Penha. As festas da igreja da Penha já foram bem melhores, já as festas de São Sebastião estão melhores hoje em dia. Quando completei 70 anos, a missa foi na Igreja de São Sebastião.

    Antes da violência

    “Às vezes eu fico assim pensando, olhando como ficaram as coisas, tudo modificado... Não tinha essa violência, tinha um posto de guarda no Cinema Santa Helena, saíamos de madrugada para comprar carne, o povo vinha dos bailes realizados em Cordovil, Elite do Méier, Presidente Vargas, Clube da Madureira e não havia briga. Todo mundo combinava de usar conjunto igual, os homens e as moças. Roberto Carlos era mais novo, onde diziam que havia baile do Roberto Carlos o pessoal ia. Festa da Penha era uma maravilha: as barracas, a alegria do povo, muito movimento a noite toda”.

    “Íamos para os bailes dos times de futebol. Havia muita torcida aqui na Penha: Unidos da Vila, Ordem e Progresso, Jurema... tudo time de futebol. O Jurema é muito antigo. Se não me engano acho que desde 1950. Dançávamos em todos eles e na noite toda era todo mundo unido”, diz.

    Se tivesse poder para mudar alguma coisa, eu mudaria esse negócio desses tiroteios, tinha que acabar com isso."

    Cavalaria da Invernada da Olaria

    “Coisas de prefeitura, de governo, não tem nada. Só mesmo o Hospital Getúlio Vargas, lá fora. Quando passei a morar na Penha, a associação (de moradores) estava começando. Ao me casar não tinha associação, não tinha nada.

    Havia naquela época a Cavalaria da Invernada de Olaria, prestava socorro urgente. Quando pegava alguém brigando ou jogando baralho amarrava no cavalo e levava. Eles colocavam o cavalo em cima do pessoal que estava jogando e eles saíam correndo. Quando os policiais iam embora, eles voltavam”.

    O que faz seu sentimento pela favela ser diferente é o fato de no Cruzeiro ter sua casa própria. Antes disso, morava só na casa das patroas.

    “O governo não se incomodava com os barracos que surgiam porque o pessoal estava saindo de uma favela lá da cidade. Era o pessoal do Cais do Porto que vinha para o subúrbio. No subúrbio não tinha favela, depois que o governo começou a tirar os barracos da cidade e colocar para o subúrbio, esse pessoal do Cais do Porto, muita gente que não tinha casa foi aproveitando e fazendo seus barracos também.

    Para mim, ser velho na favela não é difícil porque é importante se dar com as pessoas e tendo família que age, que não abandona seus velhos, não fica tão difícil. Tem muitos aí que não tem quem olhe. Eu não tenho do que reclamar.

    Conto com alguns vizinhos também. Tem uma que é muito minha amiga. Ela tem cinco filhos homens e uma mulher. Ela saía e eu ficava olhando as crianças para ela. Eles todos me adoram e o marido dela também”.

    Ao final da entrevista, a família estava ansiosa pelas fotos. Todos queriam ser fotografados: filha, netos, bisnetos e até o genro foi trocar de roupa para sair foto.

    BATE-BOLA

    Aqui Dona Joana diz o que vem à sua cabeça quando a palavra é:

    Getúlio Vargas - Dava cartão para as pessoas pagarem roupas. Tinha a vaca leiteira, mate, leite... Ele distribuía no Maracanã com cartão e ainda tinha banda de música.
    Lacerda - Não lembro bem, sei que arrumava as ruas com calçamento.
    Brizola - Quem lembra dele é esse pessoal que tem criança.
    Pílula - No tempo não tinha nada disso.
    Homem à lua - Não acredito não, não acredito mesmo, acho que eles não têm poder para ir à lua. Nós somos governados por ela. Lembra que tentaram ir e explodiu tudo, eles não conseguem nunca. O sol então piorou.
    Golpe Militar - Não lembro, sei que eles tomaram conta.
    Nazismo - Não sei nem o que significa.
    Guerra Mundial - Eu estava solteira. Foi a mais brava, o sobrinho de minha patroa foi, muita gente ficou sem perna, sem braço, muitos morreram, os ossos enterraram tudo ali nos Pracinhas. As famílias tudo chorando, muitos perderam o emprego, tinham que representar o Brasil, foi uma coisa horrível aquele ano.
    Jerry Adriani - Vi ele na Bandeirantes outro dia. Ele agora é crente e mora lá em Botafogo há muitos anos. Quando falavam que tinha baile dele, o povo ia.
    Papa - "Vi pela televisão".
    Maior enchente - No morro da Caixa d'água, em Petrópolis. Muito barraco caiu. Agora, graças a Deus, não tem mais. Temporal como aquele ano não teve mais".

    (http://www.favelatemmemoria.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=110&sid=2&from_info_index=6)

     

     

     

     

     

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    "The boys from Brazil: On the trail of football's dream team

    To millions of fans around the world, they were, quite simply, the greatest group of players ever assembled. And when Paul Joseph set out to track down every member of Brazil's 1970 World Cup team, it was to become the 40,000-mile adventure of a lifetime

     

    Hercules Brito Ruas hung up his boots in 1979, worked as a coach and trainer in Brazil and the Middle East. Now retired and spends his time at home on Ilha do Governador, located 20km outside of Rio de Janeiro".

     

    (http://www.independent.co.uk/sport/football/international/the-boys-from-brazil-on-the-trail-of-footballs-dream-team-806939.html?action=Gallery&ino=3)

     

     

     

     

     

     

    HÉRCULES BRITO RUAS

    (http://www.footbook.com.br/jogador/962213574,hercules+brito+ruas.html

     

     

    BRITO, ENTREVISTA À TELEVISÃO BRASILEIRA,

    YOUTUBE:

    http://www.youtube.com/watch?v=FlRLXL-pP8E 

    ("Brito, Ex-Zagueiro do Botafogo e da Seleção Brasileira relembra conquista do Tricampeonato Mundial em 1970. Brito fala da preparação física da Seleção Brasileira para o Mundial do México")

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

     

    (http://culturafc.wordpress.com/2010/05/06/album-de-figurinhas-%E2%80%93-copa-do-mundo-do-mexico-1970/