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Maria do Rosário Pedreir[ ]

As novas tecnologias são hoje um dado adquirido e, apesar de já não conseguirmos viver sem elas, muitas vezes penso que as máquinas inteligentes e a informatização de um sem-número de serviços simplificaram enormemente os processos, mas, ao mesmo tempo, mandaram bastante gente para o desemprego. Para o desemprego irão também, um dia destes, os funcionários dos Correios alemães (embora lá, aposto, o subsídio de desemprego seja melhor do que a maioria dos ordenados por cá), porque a Deutsche Post se prepara para os substituir na entrega de encomendas por drones, uma espécie de mosquitos gigantes telecomandados, até agora usados apenas com fins militares e, uma vez ou outra, no cinema (no filme O Aviador, eram drones que filmavam os voos de Howard Hughes). A utilização é polémica, não só porque a tecnologia avançou mas a legislação sobre a matéria não acompanhou, pelos vistos, o avanço, mas também porque se multiplicam histórias que acabam mal sobre estes «bichos», entre as quais a de um drone com uma câmara de filmar de alta resolução que foi lançado de um arranha-céus nova-iorquino e, certamente por aselhice do dono, andou a dar tombos em janelas de mais de dez edifícios circundantes antes de iniciar uma queda vertiginosa e de acabar partido aos pés de um transeunte que só por milagre não levou com o dito na cabeça. A Polícia, que confiscou os restos do aparelho, sabia que devia ser uma coisa importante, mas não sabia o que era exactamente... Ora, na imagem que anunciava o recurso a drones pelos Correios alemães num futuro próximo (mas será tão próximo assim?), vejo um pacote (que podia conter um dicionário) seguir caminho nas garras do mosquito electrónico e temo que venha a cair cima da cabeça de alguém. Encomendas de livros online vão ter os dias contados para muita gente quando as entregas passarem a ser feitas por drones. E queira Deus que isso não signifique mais gente no desemprego.