FONTE - POEMA DE DIEGO MENDES SOUSA
Por Diego Mendes Sousa Em: 13/04/2025, às 18H16

FONTE
Vem à boca
o deus mudo
das águas
ou o demônio
que ribomba
em desforra
nas ondas.
A língua fluida inclina
os devaneios do rio
que se aterram
e se arrebatam
na substância
colérica, bela,
e desmoronada
do mar.
Correm
entre as duas
margens imóveis
o homem
e a visível
solidão.
O espaço do fogo
domando o destino
e a folha escura do mangue
a suspirar
(no Parnaíba
ou em algum outro
jorro d'água insaciável)
descendo calmamente
no duelo sangrento
dos elementos
ao sabor do tempo.
Eis aqui o silêncio
em liquidez
e esta dor
sonorizada
em redemoinho
com os olhos
no Atlântico.
O interior infinito?
Tudo não sabido?
Todas as carências
da vida?
O sonho de navegar
no oculto do mundo
onde o abismo da alma
exalta a vertigem
e o chão falta
para a queda
ambígua.
Poema de Diego Mendes Sousa