Retomo, leitor, o Pessoa em inglês, na minha tradução:


Fernando Pessoa: “Sonnet V
 

Cunha e Silva Filho


Sonnet VII

THY WORDS are torture to me, that scarce grieve thee –
That entire death shall null my entire thought:
And I feel torture, not that I believe thee,
But that I cannot disbelieve thee not.
Shall that of me that now contains the stars
Be by the very contained stars survived?
Thus were Fate all unjust. Yet what truth bars
An all unjust Fate’s truth from being believed?
Conjecture cannot fit to the seen world
A garment of its thought untorn or covering,
Or with its stuffed garb forge an otherworld
Without itself its dead deceit discovering;
So, all being possible, an idle thought may
Less idle thoughts, self-known no truer, dismay.


Soneto VII

TUAS PALAVRAS, que mal te afligem, me torturam –
Todos os meus pensamentos a morte há de apagar;
Não porque não creia em ti, o que me atormenta,
Mas porque de ti não posso descrer não.
Será que aquela parte de mim que, agora, as estrelas abriga,
Há de sobreviver com as estrelas que ali se encontram?
Se assim o fosse, o Destino seria muito injusto. O que, porém, impede
De se crer na verdade de um Destino muito injusto?
Hipóteses não combinam com o mundo visível
Um traje ou uma coberta unidos ao pensamento
Ou com seu traje completo inventam um mundo estranho
Sem revelar, em si, sua falsidade morta;
Tudo, pois, é possível, um pensamento inútil pode desanimar
Outros ainda menos inúteis, não mais autênticos do que os seus próprios.