[Flávio Bittencourt]

Estória de Dona Helena: Juca e Chico de Barra Mansa

Um escondeu provisoriamente os lindos sapatinhos da menina e o outro colocou Pervitin nos cafezinhos dos vizinhos.

 

 

 

 

  

 

 

 

 

Juca e Chico de William Busch - Divulgação

"(...) Primeiro Livro
Nunca a literatura tinha conhecido duas figuras tão rebeldes. Max und Moritz são dois meninos que, numa pequena aldeia, infernizam a vida de seus principais moradores. Numa sucessão de sete travessuras, conhecem um final que seria trágico, não fosse dedicado ao humor e ao cruel modo germânico de apresentar lições de moral. "Com o título de Juca e Chico – história de dois meninos em sete travessuras, foi traduzido no Brasil pelo poeta Olavo Bilac", esclarece Meyer.

"William Busch enriqueceu a narrativa com hilárias figuras, o que servia para cativar a atenção das crianças. Publicada originalmente em 1865, a obra é considerada como precursora dos quadrinhos", diz. (...)

 

(http://www.conjur.com.br/2010-ago-11/livro-aberto-livros-vida-advogado-antonio-correa-meyer)

 

 

 

 

Max und Moritz [JUCA E CHICO], 1.Streich,

em alemão,

Youtube:

http://www.youtube.com/watch?v=8YmxBY36imE&feature=related

[CONTINUAÇÃO:

http://www.youtube.com/watch?v=llLE9ZRjQ2o&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=PBvSKaEQOUA&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=SKjZgqn25ds&feature=related 

http://www.youtube.com/watch?v=CMCw6Qxw4Qk&feature=related  ]

 

 

 

JUCA E CHICO em português:

Em

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/gansos-famintos-devoram-dois-meninos-travessos,236,2388.html

há uma transcrição da sugestão de leitura - da tradução de Juca e Chico, feita por Olavo Bilac - do portal da UNICAMP), feita por Paulo Ramos (ABR. / 2009):

http://www.unicamp.br/iel/memoria/Ensaios/LiteraturaInfantil/jucaechico/jcindice.htm

 

 

 

 

 

[Criança+e+Velho.jpg] 

 

 (http://theologizando.blogspot.com/2008_07_01_archive.html)

 

 

 

 

 

 (http://www.dkbebe.com.br/sapatinho-bailarina-bichos-pink-gatinho-babo-uabo,p,0034681067,174.aspx)

 

 

 

 

 

(http://timswickedlemons.blogspot.com/2010/10/pervitin.html)

 

 

 

 

Embalagem de café pilão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=23947)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://misael.abreu.zip.net/)

 

 

 

 

 

 

Juca e Chico: pioneiros dos quadrinhos

 

 

 

 

 

(http://galeriaphotomaton.blogspot.com/2009_03_01_archive.html)

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"JAMAIS TOME REBITE, PERVITIN, CAFEZINHO OU GUARANÁ NATURAL

PARA FICAR ACORDADO:

a agressão ao corpo que precisa repousar quando o seu dono dorme

resulta em graves danos à saúde"

 

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

12.3.2011 - Dona Helena é uma grande contadora de estórias - Quem a conhece e já ouviu algum relato por ela proferido, sofre um pouco por não poder anotar todas as narrativas (sempre verdadeiras) que ela desprendidamente reconta.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 

 

Juca e Chico de Barra Mansa

                          Dona Helena

 

No mesmo bairro de fatos anteriomente relatados, mais essa.

Dois vizinhos, de idades muito diferentes, eram mestres nas aprontações. O mais novo, uma pessoa de excelente aparência - mas inculta -, motorista da empresa familiar de transporte por caminhões, fazia as linhas Rio - São Paulo e Rio - Bahia.

Por isso, dado o número de viagens, era comum entre os motoristas o uso do Pervitin, que os deixava acordados durante a madrugada de trabalho. Por conta desse hábito, aquele que passo a chamar de "Juca" resolveu fazer certas malandragens, como socar o Pervitin [COMPRIMIDO MEDICAMENTOSO QUE MANTÉM O PACIENTE ALERTA], sabe-se lá em que quantidade, e colocar numas cafeteiras, deixando todo mundo, na estrada por onde ele passava, ARREBITADO (termo deles). Aí, quando ele retornava, na manhã seguinte, ainda encontrava o povo insone, às gargalhadas. "Juca" somava-se a eles, na folia.

O pior foi que ele passou a fazer isso na casa dos vizinhos, porque tornou-se uma grande diversão: não conseguia mais se conter: divertia-se demais, ao ver todo mundo esfusiante.

Aí, em cada visita que ele fazia - ele era muito comunicativo e alegre -, ele pedia logo o café. Depois de tirar o dele, tacava o pó [PERVITIN SOCADO] nos bules. "Juca" não respeitava ninguém, nem as condições das pessoas. Ele quase matou um velho.

Ele não foi lá na casa de um cardíaco e tacou o pó [PERVITIN SOCADO] no bule - e quase despachou o homem para o outro mundo. Tantas fez, até que se casou e o primeiro filho saiu direto do ventre para a sonoterapia - e não cresceu dentro os padrões normais. Fica a dúvida: teria sido coincidência ou o consumo que ele próprio fazia do medicamento resultou na alteração genética?

O segundo personagem chegou ao Bairro ainda novo, mas já aprontava, desde sempre. Casado, "Chico" - como aqui será chamado -, faltava às suas responsabilidades familiares e caía nas gandaias em Penedo [NA ÉPOCA, POVOADO, TINHA SIDO FUNDADO POR FINLANDESES QUE SE ESTABELECERAM AO LONGO DE UM BRAÇO DO RIO, NO EXTREMO SUL DO ESTADO RIO].

Nisso, ele sumia, por temporadas. Quando reaparecia, era muito solicitado, apreciado em seu humor. Contador de casas (matava todo mundo de rir), era muito querido. Só que ninguém sabia que ele era capaz de fazer maldades. "Chico" era dissimuladíssimo, capaz de agir até contra os próprios amigos, sem deixar a mínima pista, e, inclusiva, contra as próprias crianças, sendo que minha irmã foi vítima de uma das suas maldades, certa vez.

Em dias de chuva, Rosa, minha irmã (que tinha uns 6 ou 7 anos de idade), deixava os sapatinhos à porta da casa. "Chico", com seus maus instintos, passou a mão no sapato e escondeu na caixa do relógio [DE LUZ, QUE TEM UMA PORTINHOLA]. Minha mãe, por conta disso, deu uma surra na minha irmã, achando que houve um descuido dela.

Muito tempo depois, o sapato foi encontrado e ele maliciosamente perguntava pelo modelo do sapato, que ele descrevia: o sapato tinha uma aparência de olhinho de gato (um detalhes do sapato), provando que ele tinha sido o autor da "façanha".

Viemos para Brasília e nos tornamos vizinhos, na mesma rua, lá em Taguatinga.

"Chico" continuou com seus eternos casos - matava meu pai de rir - e, com certeza, com as mesmas malignidades.

Bom, a certa altura, ele se tornou vítima possivelmente de um derrame. Vaidosíssimo, temia perdas físicas e a sua finitude. Costumava dizer, "Prefiro morrer, a perder qualquer parte de meu corpo".

Papai se preocupava muito com isso e temia por ele. Mal sabia Papai que estava correndo mais risco do que ele, tanto assim que saiu, com um amigo, para uma viagem, tendo de pernoitar em sua casa, onde veio a falecer, vitimado por enfarte. O amigo de Taguatinga - "Chico" - tinha vindo pescar no Lago Paranoá (coisa que nunca tinha feito). Quando retornou, meu pai já havia sido enterrado, sem que ele soubesse.

"Chico" disse que nunca sofreu pela perda de um irmão como sofreu com a do Papai. Desde essa data, entrou em declínio, tendo três dedos dos pés decepados, entrando em depressão progressiva, vindo a falecer.

Hoje, ambos estão no Campo da Esperança [CEMITÉRIO DE BRASÍLIA]. Os da família nunca imaginamos vê-los um dia enterrados juntos, nessa distância, no final da estória. (12.3.2001)