[Flávio Bittencourt]

Cordel: O gavião e a coruja

Loracy Sant’Anna, poeta, é o autor.

 

 

 

 

 

 

 


(http://poetacordelista.blogspot.com.br/2008/05/o-gavio-e-coruja.html)

 

 

 

 

"(Loracy Sant’Anna) Reside atualmente na Periferia da Zona Leste de São Paulo. Sociólogo, formado na Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Formado também em Língua Espanhola. Estudioso de Literatura, Poeta, cordelista e escreve também em prosa, principalmente contos. É membro do grupo "Amorosos do Cordel". Apreciador e leitor assíduo da boa literatura. Admirador da arte em geral, com destaque para o teatro. Publicou quatro livros de poesia, sendo um de temática agrária, participa de um grupo de poetas que elaboram uma coletânea de poesia que foi publicado em março/2008. Loracy Sant’Anna é apaixonado pela literatura Cordelista e vem através desse blog divulgar essa literatura e seus textos de cordel."

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23.3.2013 -   F.

 

 

"Quinta-feira, 15 de maio de 2008

O GAVIÃO E A CORUJA

 

O GAVIÃO E A CORUJA

Contavam que antigamente
Em tempos dos ancestrais
Eram estórias que ouviram
Bisavós dos nossos pais
Para nós o pai contava
Que todo bicho falava
O que não acontece mais.

Nesse tempo uma coruja
Os seus ovinhos chocou
Cheia de muita alegria
Os filhotinhos olhou
Estava muito cansada
Mas por ser mãe dedicada
Ela dos filhos cuidou.

Um belo dia então saiu
Para buscar alimento
Os bichinhos não podiam
Prover o próprio sustento
Ali por perto um gavião
De maldoso coração
Espreitava muito atento.

Quando avistou o gavião
Ela ficou preocupada
Aquela ave de rapina
Poderia armar cilada
E para o mal evitar
Resolveu então falar
Pediu toda consternada:

__Gavião meu bom amigo
Atenção por um momento
Quero que você prometa
Sem precisar juramento
Peço pelo amor de Deus
Protejer os filhos meus
Enquanto busco alimento.

O gavião traiçoeiro
Começou arquitetar
Algum plano bem sinistro
Pra coruja enganar
Perguntou fazendo festa:
__Como posso na floresta
Seus filhos localizar?

A resposta da coruja
Foi dita com muito amor
__Para encontrar meus filhos
Precisa olhar com ardor
Todos os três são amarelos
Da floresta são mais belos
Cuide deles por favor.

Gavião bicho matreiro
Falou sem muito pensar
__Se são assim tão bonitos
Vai ser fácil encontrar
Eu sou bicho perigoso
Mas filhote assim formoso
Não costumo devorar.

Cada um foi pro seu lado
Tranqüilos e sem anseios
Em busca do que comer
De pressa estavam cheios
O gavião atento olhava
Encontrou o que procurava
Os três filhotinhos feios.

Pensou: __Vou aproveitar
A palavra empenhada
Vou devorar esses bichos
São feios não valem nada
E os três filhotes coitados
Foram assim devorados
Dentro da mata fechada.

Devagar muito tranqüilo
Afastou-se o gavião
Pela floresta imensa
Sem nenhuma compaixão
A coruja procurava
Por onde ela passava
Achar alimentação.

Voltou com muita comida
Pro ninho toda ansiosa
Ela voava com cuidado
Pela mata perigosa
Quando chegou ao destino
Ficou muda perdeu o tino
Chorou muito lastimosa.

Ela saiu revoltada
O gavião procurando
Não demorou encontrar
O malandro descansando
Antes que o bicho ela visse
Soluçando então lhe disse
Devagar e gaguejando:

__Ah seu gavião malvado
Que palavra nunca tem
Carniceiro e assassino
Nunca sabe fazer o bem
Não pratica uma bondade
Só sabe fazer maldade
Pra isso é que no mundo vem.

O gavião respondeu:
__Não pode assim me culpar
Eram de filhotes lindos
Que me pediu pra cuidar
Pena que seu peito arde
Mas confesso é muito tarde
Precisei me alimentar.

Ouviu-se uma triste estória
Mas não fiquem tão aflitos
Desde que o mundo existe
Assim nos contam os mitos
Verdade que cala fundo
Para todas mães do mundo
Seus filhos são mais bonitos.

F I M"

(http://poetacordelista.blogspot.com.br/2008/05/o-gavio-e-coruja.html)