[Maria do Rosário Pedreira]

Nas vésperas de ser imposto o confinamento, os Portugueses já andavam transidos de medo e aconteceram duas coisas: no fim de semana de 14-15 de Março, as ruas ficaram vazias, como em Agosto, e os supermercados foram «assaltados», ficando com muitas prateleiras vazias. Lembro-me de que, quando precisei de legumes para a sopa dois dias depois, os stocks ainda não tinham sido repostos e senti-me em verdadeiro clima de guerra. Mas, embora o vírus seja muito difícil de conter e combater, embora seja um inimigo desconhecido e dissimulado, a verdade é que a situação dos fornecimentos de géneros alimentares se normalizou rapidamente depois desse primeiro susto, enquanto durante as duas maiores guerras que assolaram a Europa isso não aconteceu, e a fome grassou por todo o lado (mesmo em Portugal, que não entrou na Segunda Guerra Mundial, houve racionamento). A LeYa fez uma campanha para mostrar que já houve tempos bem piores do que os que atravessamos, só com livros sobre as duas Guerras Mundiais, e pode encontrar entre eles ficções dos geniais Primo Levi, Italo Calvin ou Gunther Grass, mas também biografias de Hitler ou Leni Riefenstahl, ou mesmo livros para jovens e crianças como O Rapaz do Pijama às Riscas ou O País das Laranjas, bem como obras de autores portugueses que tive o gosto de publicar: Perguntem a Sarah Gross, de João Pinto Coelho, ou Os Olhos de Tirésias, de Cristina Drios. Vão lá espreitar, que vale muito a pena, pois há grandes descontos em livros de fundo e títulos para todos os gostos. Até 10 de Maio.

https://www.leyaonline.com/pt/promocoes/grandes-guerras-ate-50-desconto/

Amanhã é feriado,volto segunda. Vou então recomendar, a propósito desta campanha, O Sistema Periódico, de Primo Levi, que eu própria traduzi com 29 anos; uma autobiografia literária que parte de elementos químicos para nos falar de uma vida muito rica e acidentada, que também passou por Auschwitz. Bom fim-de-semana.