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[Flávio Bittencourt]

Apresentação de um haicai

O que é Satori: Rogel Samuel apresenta um poema de Luiz Bacellar.

 

 

 

BARULHO D'ÁGUA NUM VELHO TANQUE

(Foto que ilutra o artigo "O belíssimo jardim japonês em Buenos Aires" [aqui, a legenda 

da fotografia "é nossa", a partir do célebre haicai de Matsuô Bashô],

http://euqueroeviajar.blogspot.com.br/2011/07/o-belissimo-jardim-japones-em-buenos.html)

 

 

 

 

 

"(...) Se saber é sabor, a questão “o que é satori” fica sem resposta. Primeiramente, porque poucos o experimentam. É falar do que não se sabe. No Budismo se diz: quem fala não sabe, quem sabe não fala. Só é possível a transmissão de uma experiência através da poesia, do Haicai. Sendo uma experiência, o satori é a apreensão, a percepção do lago velho num céu sem nuvens de Bashô, onde uma rã salta. O satori é a espada do silêncio que tudo penetra. Por isso tudo, mesmo os deuses não têm existência inerente, o Budismo é cheio de deuses, mas todos são vazios, criados por minha própria mente na hora de praticá-los. Vazios de existência inerente, mas cremos que verdadeiros. Pois o Despertar é uma coisa Súbita, Abrupta. Ser, sem objetivo nem proveito, é Despertar. (...)"

(ROGEL SAMUEL)

 

 

 

 

 

Tarde de sol 

o armador da rede

range devagar

 

LUIZ BACELLAR

 

 

 

 

 

Origem do Hai Kai,

Youtube:

"Enviado por em 07/12/2008

Reportagem falando sobre o Hai Kai. Haikai (Haiku ou Haicai) é um forma poética de origem japonesa, que valoriza a concisão e a objetividade.
Os poemas consistem em três versos de cinco, sete e cinco [SÍLABAS].
"

 

 

 

 

 

 

30.11.2012 - Colunista deste Entretextos apresenta um poema de Luiz Bacellar - "O que é Satori?", por Rogel Samuel.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

"O que é Satori?

 

(Prefácio do livro de Luiz Bacellar,

por Rogel Samuel)

 

As aves aquáticas

vagam aqui e acolá

sem deixar pegadas

mas suas veredas nunca as esquecem.

 

DOGEN (1200-1253)

 

 

Há uma expressão de Zen que diz: “um espelho de boas qualidades é tão puro como a água que deixou de correr”. Isto, diz Takuzo Igarashi, representa o estado de mente em que se encontra o espírito do Zen, quando toca as coisas se refletem na “sabedoria que é como o espelho”, tão simples e tão claras, que é quando aparecem na água pura de um céu sem nuvens. O céu não está na água, nem a água está coberta de céu. A água pode estar correndo lentamente, de acordo com outra expressão do Zen: “um movimento em tranqüilidade”. Pode-se dizer que o Haicai é espelho da mente do poeta.

2.      A iluminação de Buddha se fez em três etapas. Na primeira parte da noite ele tomou conheci­mento da existência do antes, antes dos estados de consciência. Na segunda parte da noite ele adquiriu o conhecimento de como os seres passam dum estado de consciência (existência) a outro. Neste ponto ele percebeu a lei de dukkha (a lei do Sofrimento) e a lei da Causa do Sofrimento, a primeira e a segunda Nobres Verdades. Enfim, na ultima parte da noite, ele penetrou no conhecimento das causas subjacentes à existência, no processo das origens explicadoras da existência, na origem de tudo, inclusive do Universo. No Dhammapada, v. 153-154, Ele declara solenemente: “Na última vigília da noite, cheio de compaixão pelos seres vivos, fixando meu espírito nas origens interdependentes e meditando acerca da ordem do devir e de sua cessação, ao sol nascente alcancei a iluminação suprema”.

3.      Satori é a experiência do Nirvana, a percepção de um instante. Nirvana significa a cessação do processo de vir-a-ser. É a paz, a tranqüilidade do céu sem nuvens e da água sossegada, mesmo em movimento. A absoluta realização na realidade do instante, na eternidade que o instante porta. Mesmo em um segundo de percepção podemos ver o Eterno. O Nirvana, o estado da mente de um Buddha, não é nem de aniquilação, nem de não-aniquilação, nem outra coisa: só inteligência viva e suprema da Atenção, porque o Buddha disse só haver um caminho para o Nirvana, que é o da Atenção (Sattipatana Suttra), e esta é a Quarta Nobre Verdade, ou Óctuplo Caminho.

 

A libertação repousa na existência da água em tranqüilidade refletindo um céu sem nuvens, ou seja, na Segunda Nobre Verdade, a verdade da Causa do Sofrimeiro, que é explicada por este vira-ser, por esta lei de causa e efeito chamada carma.

O Buddha definiu o carma: “Isto tendo sido, aquilo vem a ser”. Ou seja, não existe um eu substancial, nem alma, pois o processo de vir-a-ser está em completa mutação, e um sujeito não pode ser e estar mudando sempre em cada ponto. O “Eu” é um vir-a-ser, que é carma. O Carma é o que aparece, mesmo o Universo. Sem Carma, não é, portanto nada sofre mudança (ou lei do Sofrimento). O carma cria a roda do Sansara. “Nem Deus ou Brahma podem ser criadores da roda do Sansara; um fenômeno vazio segue seu curso sujeito a causas e condições”, disse o Buddha. Por isto se diz que o Budismo é ateu.

 

4.      Se saber é sabor, a questão “o que é satori” fica sem resposta. Primeiramente, porque poucos o experimentam. É falar do que não se sabe. No Budismo se diz: quem fala não sabe, quem sabe não fala. Só é possível a transmissão de uma experiência através da poesia, do Haicai. Sendo uma experiência, o satori é a apreensão, a percepção do lago velho num céu sem nuvens de Bashô, onde uma rã salta. O satori é a espada do silêncio que tudo penetra. Por isso tudo, mesmo os deuses não têm existência inerente, o Budismo é cheio de deuses, mas todos são vazios, criados por minha própria mente na hora de praticá-los. Vazios de existência inerente, mas cremos que verdadeiros. Pois o Despertar é uma coisa Súbita, Abrupta. Ser, sem objetivo nem proveito, é Despertar.

 

Quando o Buddha vinha de sua Iluminação encontrou um homem que lhe perguntou quem era e quem tinha sido seu mestre. O Buddha não teve mestres. “Sou Aquele que compreendeu o que devia ser compreendido, e abandonou o que devia ser abandonado. Eu sou o Buddha, o Desperto”. Satori significa “despertar para a verdade côsmíca”. Significa “a mente concentrada além do pensamento”, como diria Kapleau. E experimentar a dignidade da realidade e tornar cada atividade um fim em si mesmo.

5.      Budismo é religião? Zen é religião? Podemos dizer que sim e que não. Não como compreendemos as outras religiões, baseadas na fé. Se você tem de ter fé, no Budismo, será fé em si mesmo, e fé no Guru, um homem de carne e osso. E assim mesmo, é dito que você tem de observar o Guru vários anos até se decidir em considerá-lo mestre, Guru é o Buddha. Budismo é ciência, embora mista. Um interessante ensaio de Hannah Arendt, “Religião e política” nos parece muito esclarecedor a respeito. Não a respeito da crítica que ela faz do comunismo, chamando-o de “religião”. Mas do que ela diz acerca da ciência, a “crença no saber”.

 

6.     Na visão impura, há sofrimento e libertação do sofrimento, há céu e inferno. Na visão pura, não há nem sofrimento, nem libertação do sofrimento, nem céu, nem inferno, ou melhor há sofrimento, mas não há sofredor. Na visão pura não há nada que seja certo ou errado. Não há mesmo libertação, porque não há prisioneiro, nem o de que se libertar Não há dualidade.

 

7..     Mas satori é libertação. Libertação de quê? Talvez do próprio questionamento sobre o que satori seja. Libertação do questionador, do sujeito que põe a questão. Portanto, da dúvida e da certeza. Só há dúvida quando pensamos que as coisas podem ser de outro modo. Quando elas não são o que são. Quando as deixamos em paz, sem perguntas, elas não são certas ou erradas, culpadas ou inocentes de serem como tais. Aliás nada há o que perguntar, tudo é prazer e paz absoluta no satori, tudo é ação sem resultado no satori, tudo é. O horizonte da sabedoria e do concreto. Nada mais concreto do que o satori. Hegel, que na Fenomenologia do Espírito falou da “ascensão ao concreto”, sabia. O espírito absoluto é concreto, as pedras são abstratas, na sua indefinição, ignorância e surdez. O concreto é o que se encontra em consonância com o saber.

 

8.      Satori é liberdade. Nega Foucault que haja algo que seja por natureza libertador, já que a liberdade é uma prática. Não existe, diz ele, um espaço apropriado para a prática da liberdade, tal que esta prática possa ser exercida neste ou naquele lugar Mesmo quando um certo espaço é arquitetonicamente projetado para o agir libertário, como o Familistêre (1859) a que ele se refere, o fato de ninguém poder entrar ou sair sem ser visto por todos significava que ninguém era livre, pois todos fiscalizavam a todos, e a investigação representava um fenômeno policialesco (“a vontade de saber”) no campo complexo das relações de poder da distribuição espacial (The Foucault reader).

A liberdade pressupõe a felicidade, e é precisa­mente isto que a sociedade não pode tolerar. Ela até aceita a ilegalidade (a fim de que o poder policial seja possível e justificável). A liberdade é a espera de nada, é um conceito muito próximo do de “libertino”. Dizem que só o imperador era livre. As mais íntimas forças humanas são nega­das pela realidade e tudo contribui para o cerceamento. A liberdade: uma revolução, a irrupção violenta da subjetividade rebelde. Nada a impede. Ninguém pode prender um homem livre, dizia Krishnamurti; podem acorrentá-lo na fossa de uma masmorra, podem arrancar-lhes os olhos, mas interiormente ele permanecerá livre.

 

9.      Liberdade de quê? A liberdade não é um absoluto. A liberdade aqui significa espaço. Pequenas se fazem ás coisas, e amplos, incomensuráveis se dão os espaços da liberdade. Não se pode aprisionar a liberdade de pensamento, além do pequeno ego, aberto a um desconhecido devir, novo, significa ultrapassar esse limite. Não significa fazer o que bem se entende, mas assinar em baixo de suas próprias responsabilidades. Por isso, não existe liberdade sem amor, sem a prática dos símbolos de humanidade, dos vazios sem obstáculos da imaginação concreta de um mundo humano.

 

10.    Mestre Dogen escreveu uma frase enigmática que diz: “o tempo precisa estar comigo”. Se o tempo têm a característica de passar de hoje para amanhã, de ontem para hoje, ser é tempo. O haicai significa isso: “o tempo está comigo”. É uma apreensão do tempo. “Tarde de sol / o armador da rede / range devagar”. O que há de comum entre a tarde de sol, o armador de rede, o som de ranger e os três incluídos e o tempo presente, o tempo devagar; o amazônico é a rede, a tarde. O universo amazônico, a vida amazônica inteira pode estar contida nestes três pequenos versos de Luiz Bacellar. Do sol à terra, da tarde à rede, num golpe, devagar. Toda preguiça do tempo range nos seus gonzos, numa oposição lúcida entre o todo (a tarde) e o uno (rede), numa relação do homem com seu universo. A rede range, sob o sol que está fora. Significa isso, range sob o forte calor, não há corpo sobre a rede que não seja o do poeta que talvez durma, sonhe. O “ar” de “tarde” ressoa no “ar” de “armador” e de “devagar”. Mas é sempre “ar”. O universo encapsulado num grupo de nove palavras se liberta para sempre. Por isso o leitor de um haicai não deve esperar ler muito, o haicai melhor se dá num quadro na parede do que no feixe de páginas de um livro, O haicai é uma janela aberta para o caminho, para a música do Universo.

 

11.    O satori é, pois, aquilo de que não podemos falar, “aquilo de que se deve calar”, aquilo, aquele conceito para o qual só nos podemos aproximar cautelosamente. O satori é negativo, ou seja, sei o que ele não é. O satori é a verdade da poesia.

A poesia não fala de algo, ela é. Só a poesia faz falar o que é, a saber, a linguagem desperta. Por isso, sua luz é a linguagem, que é aquilo que sempre pode mais: revela a profunda agudez das coisas, ilumina o profundo mundo da realidade, a nudez das coisas, acionando o seu vigor, sua liberdade é da ordem da linguagem, que é anterior ao pensar. Só há pensamento quando há um pensador, portanto o aprisionamento do sujeito se dá quando o sujeito se recria ao pensar, ele não pode sair de sua prisão porque ele é a própria prisão, e com o “eu” não há espaço, não há nada além do centro, do núcleo do “eu”. Quando o “eu” some, há o satori. Ou seja, não havendo dualidade sujeito-objeto, há dissolução do sujeito na imensidão onde tudo é alegria, totalidade, tudo é poder da atenção, júbilo. O 'eu' é sempre triste, o 'não-eu' é sempre glória."

 

(http://www.portalentretextos.com.br/especiais/o-que-e-satori,136.html)

 

 

  

 

 

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O aproveitamento artesanal da balata


O aproveitamento artesanal da balata consiste em confeccionar, com o assim chamado leite da balateira, após o cozimento de seu látex, vários bichinhos ou figuras humanas, utensílios e tudo o que se relaciona com a vida do caboclo da Amazônia.

 

 

 

"CASA DO CABOCLO NO RIO PURUS",

BAIXO RIO PURUS, MARGEM  ESQUERDA,  MUNICÍPIO DE

BERURI, ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL

 

FOTO: Jair Jacqmont

(Sábado, 29.5.2010, a bordo do motor Alberto Guedes, de Manaus,

especialmente para o portal  ENTRETEXTOS; reprodução autorizada,

deste que citada a autoria e a fonte)

 

"Caboclo's House at the Rio Purus (Saturday, May 29th, 2010)",

State of Amazonas (Brazil) - Jair Jacqmont  Photograph Collection,

Manaus; photo illustrating the article "O aproveitamento

artesanal da balata" [Sunday, June 20th, 2010; author (text):

Bittencourt, Flávio A. L., Website ENTRETEXTOS / Recontando

estórias do domínio público, http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico/o-aproveitamento-artesanal-da-balata,236,4258.html]
 

 

 

 

 

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"O CABOCLO DA AMAZÔNIA

A HABITAÇÃO DO CABOCLO

por Joaquim Ribeiro

A casa do caboclo lembra as pallafitti, mas, ao contrário destas, que são conglomerados de habitações, a chaumière amazônica está sempre isolada, entre a floresta e o rio. Houve quem chamasse essas habitações rústicas de "casas de perna de pau", pois nunca são construídas diretamente sobre o chão por amor das cheias.
O telhado é de palha de buçu, que é uma palmeira, cujas folhas semelham às da bananeira.

As paredes, quando não são de tábuas de paxiúba, fazem-se também de buçu.

As tábuas de paxiúba servem, igualmente, para o assoalho.

A paxiúba existe em abundância no vale amazônico.

Já o mesmo não acontece com o buçu, que é numeroso apenas no Baixo Amazonas; a sua palha, entretanto, é vendida nas povoações da planície.

No recesso da mata, na caa-eté, os caçadores costumam levantar pequenos abrigos, cobertos de palmas, a que dão nome de paperi, nome, aliás, que os nordestinos, domiciliados na Amazônia, corrompem em taperi.

A iluminação das casas de caboclo ainda é feita com candeias e lamparinas, alimentadas com azeite de andiroba.

A andiroba é, pois, uma das árvores mais úteis da Amazônia.

Quase sempre ao lado das casas de caboclo erguem-se palanques, onde se fazem hortas, a fim de livrá-las das enchentes. A esses palanques chamam comumente jiraus e, quando são grandes, podendo conter além de hortas pequenos currais de gado, denominam-se marombas.

Não raras vezes, quando a cheia é violenta, essas marombas são arrastadas pela correnteza como verdadeiras ilhas flutuantes.

Na Amazônia, na hora do pôr-do-sol, o caboclo costuma fechar a casa e fazer em torno dela a fumaça. É uma prática destinada a afugentar os carapanãs, os terríveis mosquitos da região beira-rio.

Quem se aproxima de uma casa de caboclo tem logo atenção voltada para os xerimbabos.

Os xerimbabos constituem a criação caseira do caboclo. São bichinhos domésticos ou domesticados: papagaios, araras, passarinhos e outras aves, jabotis. Entre eles figuram os macacos, sendo o mais comum o barrigudo, com o qual as crianças gostam de brincar.

Bem estimados são outras castas de macacos: o coatá, apreciado pela carne saborosa; o macaco prego, o macaco inglês de pelo avermelhado, também chamado caiarara, o macaco cabeludo ou parauacu e o macaco de cheiro, bastante catinguento.

Os saguis numerosos, vivem soltos pela habitação.

Entre os xerimbabos costumam ter uma jibóia, cobra escura de pintas negras. Não é venenosa e defende a casa contra os ratos.

Dizem os caboclos que a jibóia, por vezes, alcança cerca de doze metros e, depois de velha, foge para o fundo do rio e nunca mais volta.

Uma nota típica da casa de caboclo é a riqueza de cestaria.

Os cestos são os móveis do homem da Amazônia.

Geralmente fazem os cestos com os talos de arumanduba ou de jacitara.

É pitoresca a variedade desses cestos.

O uru, feitos de talos, com tampa, serve para guardar miudezas: cachimbo, tabaco, fósforo, etc.

Nos paneiros, grandes ou pequenos, guardam farinha d’ água.

Os aturás, da forma dos paneiros, destinam-se a conduzir da roça à casa mandioca e outros produtos da terra.

Para transporte de roupas nas viagens usam-se cestos cônicos, chamados panacus.

Em toda casa há sempre uma arupema ou gurupema, espécie de peneira, onde se coam o açaí, a mandioca, a bacaba, etc.

Persiste ainda, na Amazônia, o uso do tipiti, cilindro feito de talas de palmeira que, esticado nas extremidades, serve para espremer a mandioca brava. É vestígio da prensa ameríndia, utilizada no fabrico da farinha.

Os caboclos dormem, de regra, em redes feitas de tucum ou de algodão. Algumas delas tem varandas, isto é, abas ornamentais, às vezes feitas de chita.

Essas redes apresentam desenhos coloridos que revelam a arte decorativa da tecelagem regional.

Usam também esteiras ou tupés como singelos meios de repouso doméstico.

Embora rústica, a casa do caboclo quase sempre é cheirosa. É que costumam queimar ninho de cunauru, o qual exala um perfume bastante agradável.

O cunauru é um sapo que curiosamente faz ninho de matérias reinosas por ele mesmo segregadas. Tem a forma de uma panelinha. O caboclo utiliza-o mais pelo seu atributo sobrenatural de trazer felicidade do que pela ação odorífera.

A poterie do caboclo , além de rudimentar, não possui nenhuma originalidade. É pobre e contrasta com a riqueza da cerâmica, utilizada pelos ameríndios da planície.

A ECONOMIA ALIMENTAR

O fogão do caboclo, o tacuruá, consiste em três pedras dispostas em triângulo sobre as quais se assenta a panela.

Fica sempre fora de habitação.

A mandioca é a base da alimentação do caboclo. Com ela fazem numerosos recursos alimentícios.

Os beijus feitos de mandioca substituem o pão e apresentam vários tipos: o beiju-açu, o beiju-puquena, o beiju-curuba (feito de massa de castanha-de-caju ralada), o beiju-cica, o beiju-membeca.

Para os doentes, há o caribé, mingau sem sal, de farinha d’água.

Bem conhecidos são o tacacá, o tucupi e o arubé.

Tacacá é goma de tapioca misturada ao tucupi, fervido com alho, sal, camarão, jambu e pimenta de cheiro.

É muito comum em Belém do Pará.

Tucupi ou tucupi de sol é um molho picante, feito com caldo de mandioca fervido. Usa-se como acompanhamento de diversos pratos. É muito apreciado: tartaruga no tucupi, paca no tucupi, etc.

Arubé é massa de mandioca com sal e pimenta. Faz às vezes de mostardas.

Para os caboclos da Amazônia , grande fonte de sua economia alimentar está na pesca.

Entre outros peixes mais apreciados pelos caboclos figuram o pacu e o pirarucu.

O pacu no tucupi constitui um prato excelente.

O pirarucu, igualmente, é saboroso. Com as suas vértebras dorsais e as suas tripas fazem ainda um guisado muito gostoso: o querequê.

Da língua do pirarucu fazem ralador.

Apreciam também o piraíba, que é o maior peixe da Amazônia.

O prato predileto do caboclo, entretanto, é a tartaruga. Com ela, fazem-se várias formas de comida: o guisado, o sarapatel, o paxicá, o picado no peito, a farofa no caco.

Cunhamuçu é a tartaruga que se come assada inteira.

Há uma pequena tartaruga, a muçuã, também muito saborosa.

Dizem os caboclos que o macho da tartaruga – capitari – possui carne mais gostosa que a fêmea.

Apreciam , sobretudo, os ovos de tracajá certa casta de tartaruga.

Não há dúvida que o prato mais saboroso da tartaruga é a farofa no casco. Retirado as vísceras, o casco da tartaruga é temperado com sal e limão. Em seguida, levam-no ao forno, produzindo–se farta gordura. Ajunta-se farinha d’água e faz-se a farofa. Durante vários dias o casco dá gordura.

Afirmam os caboclos que o fígado do jaboti fica mais gostoso se jogar o jaboti três vezes para o ar.

Comem jacaré; sobretudo o rabo, que é mais gostoso. E das três espécies: o jacaré-açu, o jacaré-coroa, e o jacaré-tinga, preferem o último.

Aves não faltam no menu do caboclo. As mais apreciadas são o jacu e o macucava. Há várias espécies de jacu: jacu-pema, o jacu-vermelho e o jacu-pintado. Tem o gosto de faisão.

O macucava é considerado a perdiz das Amazônia.

Apreciam, igualmente, os filhotes de jaburu salgados.

Caças não são raras: a paca, o caetetu, etc.

Até a içá, formiga tanajura, serve de alimento. Comem-lhe o traseiros e dizem que tem um bom sabor.

Um prato típico de gente ribeirinha é a panelada de maniçoba.

Entra mocotó, língua salgada, tripa, cabeça de porco e outros ingredientes. A panelada geralmente é feita por ocasião de festas.

(RIBEIRO, Joaquim. Os Brasileiros.)"

[http://www.jangadabrasil.com.br/abril20/pa20040c.htm]
 
 

 

 

 

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"(...) A borracha natural é um produto da coagulação do látex, líquido branco e viscoso extraído da várias árvores, tais como a balata, a maniçoba e a seringueira, também conhecida no Brasil como 'árvore da borracha' (Hevea brasilienses). (...)"

(http://www.scribd.com/doc/2974917/Quimica-CETES-Organica-A-Compostos-Organicos)
 

 

 

 

 

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Band Cidade [TELEJORNAL] 10.09.12 - 2º Bloco [MANAUS - 1ª MATÉRIA: LIXO EXPOSTO E ATAQUES DE ABELHAS AFRICANAS; 2ª: REPRESENTANTES DO B.I.D. CHEGAM À CIDADE; 3ª: SEPULTAMENTO DO CORPO DO POETA LUIS BACELLAR NO CEMITÉRIO SÃO JOÃO BAPTISTA]

Youtube:

 

"Publicado em 10/09/2012 por

• Calor e lixo aumentam incidência de abelhas africanas, mais perigosas que as comuns
• Representantes do BID se reuniram com SEAS para avaliar investimentos em projetos sociais
• Luiz Bacellar é enterrado em Manaus e intelectuais lamentam morte do poeta

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