AMOR NUNCA É DEMAIS
Por Antônio Francisco Sousa Em: 04/05/2016, às 10H29
Acreditava que tinha apreço pelo segundo domingo de maio, simplesmente, porque ele homenageia o mais importante de todos os indivíduos que habitam a Terra. Isso me parecia bastante ou suficiente para vê-lo como efeméride, verdadeiramente, inigualável.
Sempre gostei do dia das mães. Se existe um ser humano que mereça uma data especial e diferenciada, essa figura é a mãe. Que me desculpem os pais, os tios, os primos e tantas outras pessoas que, certamente, também possuem datas exclusivas para comemorarem. Parabéns!
Fato é que, no curso da caminhada, eu, que dispensava a pouquíssimas pessoas quase a mesma proporção de um sentimento que julgava haver chegado ao seu limite e que, por conseguinte, tanto tempo mais tivesse ou vivesse, não conseguiria produzi-lo em maior quantidade - como era e é o amor materno dedicado à minha legítima mãe e à minha venerável bisavó - percebi que não há necessidade de buscar uma superação na grandeza ou qualidade de amor em relação ao que se tem pela mãe: a vida é uma sequência de ciclos; outras pessoas surgem no nosso caminho existencial e nos fazem ver que, sem diminuir o dado àquela, os novos agregados vão recebendo, segundo méritos próprios, seu quinhão. Ou seja, estou convicto disto: quanto mais se tem a quem dedicar amor, mais ele cresce e se multiplica; se, reciprocamente, também somos amados, então há sobra desse sentimento, e, nesse caso, somos convidados a redistribuí-lo entre outros companheiros de jornada para que se reproduza cada vez mais abundantemente.
Coincidentemente, no período em que julgava estar a quantidade de amor a mim disponibilizado pelo Criador próxima de sua exaustão, surgiram pessoas na minha vida candidatando-se a serem novos receptores dele: esposa, filhos, sogros; isso me alertou para o fato de que, talvez, ainda faltasse muita gente a quem poderia entregar, compulsoriamente, mas não por obrigação, por não ter como me opor a isso, porção semelhante ou até maior do amor que plantara antes.
Por muito tempo pensei que todos os dias das mães seriam iguais: lindos, sonoros, plenamente felizes e repletos de bons fluidos; hoje sei que, na verdade, o que fiz foi imiscuir querer com desejar. Os sábios estavam certos quando afirmaram que querer nem sempre é poder. Ah se assim fosse! Mas ninguém consegue concatenar nem compatibilizar desejos com pensamentos e certezas. Não é incomum alguém que surge na estrada de nossas vidas lá pelas tantas do percurso, ungido de sabedoria, beleza e humildade, de repente, não poder mais, como talvez desejasse, manifestar seu agradecimento àqueles que viram nele virtudes que o fizeram merecedor de destaque nos melhores e mais felizes momentos vivenciados. A ausência física ou moral de pessoas de esse quilate, infelizmente, pode se constituir em motivo ou razão para que eventos festivos ou comemorativos especiais, no mais das vezes, resultem em grande tristeza. Fazer o quê? Resignar-se.
Ora, se a vida assim quer que seja; se o Criador chega à conclusão de que é preciso uma mãe ser obstada ou limitada em suas vontades e anseios materiais para que seu amor e fortaleza moral unam, aconcheguem, aproximem ou reconciliem todos que a viram sofrer em seus piores momentos, que devemos fazer senão ficar felizes pela decisão divina?
O Todo Poderoso sabe que amor nunca é demais; nós, falíveis filhos, vamos ter que provar isso, tentando amar o mais que pudermos aqueles que durante a vida nos amam mais que a si mesmos. O dia das mães é uma boa data para começarmos a dar mostra do que somos capazes.
Feliz oito de maio do ano bissexto dois mil e dezesseis - dia das Mães – a todas elas.
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])