0

 A VOLTA DOS DINOSSAUROS

 

Miguel Carqueija

 

 

         Quando o astro intruso para a Terra orientou,

         caiu flamejante, partiu-se e no Ceará desceu.

         Desfeito pelos mísseis, no solo crestado afundou

         e em forte terremoto a antiga crosta rompeu.

 

 

         E aí eles surgiram. Oh! Então há vida no abismo:

         e o horror do Triássico pelo mundo se espalhou.

         E a raça humana, angustiada pela força do sismo,

         Redobrou de angústia quando a Raça do Passado olhou.

 

 

         E lá vieram. O Tiranossauro, o Diplodoco, o Iguanodonte,

         o Plessiossauro, o Brontossauro, os Filhos do Cataclismo.

         Os dentes imensos, as garras gigantes, as patas de mastodonte:

         e os povos em fuga, presas de pânico e histerismo.

 

 

         Os monstros avançaram. Estúpidos, lerdos, esfomeados,

         em toda parte estavam: na cidade, no vale, no deserto, no monte.

         Uns se arrastavam, outros corriam, outros eram alados:

         Que armas empregar? O Homem, aflito, esfregava a fronte.

 

 

         E foi assim que todo o conflito entre os povos morreu,

         e hoje os que antes se matavam, agora apaziguados,

         conduzem a paz entre as nações ao seu apogeu:

         e na guerra ao dinossauro, judeus e árabes são aliados.

 

 

         E segue o desafio da Natureza em revolta,

         que ao implume bípede apostrofa: a ti descarto! 

         E aos canhões opõe o sáurio em ominosa volta.

         Enfim quem vencerá? O Homem ou o Lagarto?

        

 

(imagem do google)