1946: Dutra fecha os cassinos e 53.200 pessoas ficam desempregadas
Por Flávio Bittencourt Em: 20/02/2010, às 09H08
1946: Dutra fecha os cassinos e 53.200 pessoas ficam desempregadas
O então ministro da Justiça do Brasil, Dr. Carlos Luz, contribuiu para que essa grande infelicidade efetivamente acontecesse.
CARLOS LUZ
(http://www.duplipensar.net/dossies/historia-das-eleicoes/presidente-carlos-luz.html)
COMO CARMEN MIRANDA, OSCARITO E GRANDE OTELO
COMEÇARAM A MOSTRAR SEUS RESPECTIVOS
TALENTOS NO CASSINO DA URCA (Rio, Brasil)
(Só a reprodução de gibi "Oscarito e Grande Otelo" (*):
http://www.rsraridades.com.br/sebo/gibis-la-selva-c-22_39.html)
(*) - O RESPONSÁVEL POR ESTE ESPAÇO DE CRÍTICA
E DISCUSSÃO PRETENDE IR A SÃO PAULO PARA ENTREVISTAR
OS DESCENDENTES DOS PROPRIETÁRIOS DA EDITORA
em cujo contexto de patriotismo e abnegação - CONSIDERADA
A ORIGEM ESTRANGEIRA (italiana) DOS ASCENDENTES
DAQUELES EDITORES - FORAM PUBLICADAS FÁBULAS,
CONTOS INFANTIS ILUSTRADOS E ESTÓRIAS EM QUADRINHOS,
NA REVISTA Cômico Colegial / Contos de Fadas; refiro-me à Editora
LA SELVA, de São Paulo, sobre a qual muitas informações serão aqui
publicadas, futuramente, se Deus assim permitir
POR INCRÍVEL QUE PAREÇA, QUATRO ANOS DEPOIS DA INDESCRITÍVEL
DESGRAÇA DE 1946 - O FECHAMENTO DOS CASSINOS PELO PRESIDENTE
DUTRA - UM OUTRO FATO [ao Brasil] TERRÍVEL VIRIA A ABALAR (MAS NÃO PARA
SEMPRE, É BOM QUE SEMPRE SE LEMBRE!) AINDA MAIS A JÁ UM TANTO COMBALIDA
AUTOESTIMA DOS BRASILEIROS: A SELEÇÃO URUGUAIA DE FUTEBOL VENCEU A
COPA DO MUNDO DE 1950, NO RECÉM-INAUGURADO ESTÁDIO DO MARACANÃ (O MAIOR
DO MUNDO), DERROTANDO, POR 2 A 1, A FAVORITA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL:
NEM SÓ ESTÓRIAS MARAVILHOSAS SÃO RECONTADAS AQUI, PORQUE, SE POR
UM LADO, A VIDA É MARAVILHOSA, POR OUTRO, INFELIZMENTE, DEVEMOS ESTAR
PREPARADOS PARA BAQUES MEDONHOS, QUE PRODUZEM A SENSAÇÃO, ÀS
VEZES, DE QUE HABITAMOS UM PESADELO pior do que algumas das estórias
genialmente escritas por Franz Kafka (PORQUE AS KAFKIANAS ESTÓRIAS FORAM
INVENTADAS, ENQUANTO OS CITADOS GOLPES SÃO VERDADEIROS)
(A legenda é apenas da Coluna "Recontando...", mas a foto do famoso gol de
Gigghia - QUE DIARIAMENTE É ATUALIZADO NARRATIVAMENTE NO MARACANÃ,
AOS TURISTAS QUE TÊM A CHANCE DE VISITAR O ESTÁDIO JORNALISTA
MÁRIO FILHO - está, na Web, em:
http://fazendavirtual.wordpress.com/2009/06/10/devolvemos-o-maracanazzo-por-favor-sem-exageros/
"O Bope desfilando na Parada de 7 de Setembro
Pela primeira vez aplaudido pelo povão"
PADILHA RECEBE O URSO DE OURO: quem compra maconha e
cocaína TAMBÉM É CULPADO - e o cinema brasileiro é um dos
melhores do mundo
(Sem a legenda lida acima, imagem com a alegria do beijo
no troféu, pela atriz Maria Ribeiro, a Rosane em TROPA DE ELITE:
http://blog-mariaribeiro.blogspot.com/2008/02/tropa-de-elite-ganha-urso-de-ouro-em.html)
FESTIVAL DE BERLIM / URSO DE OURO: Vitória espetacular da indústria cultural do Brasil na Alemanha, em 2008
http://blog-mariaribeiro.blogspot.com/2008/02/tropa-de-elite-ganha-urso-de-ouro-em.html)
A sessão que teve inicio um pouco antes da 10 horas, prolongou-se até às 12,45. Á saida do ministro da Justiça, dr. Carlos Luz, abordado pelos jornalistas presentes declarou que um dos principais assuntos tratados foi o concernente à medidas de combate ao comunismo.
O nosso redator indagou se havia sido deliberado o fechamento do Partido Comunista, tendo S. Excia respondido negativamente, declarando, ainda, que apenas se traçara um plano geral sobre a questão.
A seguir entregou aos jornalistas uma cópia do seguinte decreto-lei que manda extinguir o jogo em todo o território nacional, que hoje foi assinado e que foi o outro assunto importante ventilado na reunião:
- O presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição e considerando que a repressão aos jogos de azar é um imperativo da consciência universal; considerando que a legislação penal de todos os povos cultos contem preceitos tendentes a esse fim; considerando que a tradição moral, jurídica e religiosa do povo brasileiro é contrária à prática e a exploração dos jogos de azar; considerando que das exceções abertas à lei geral decorreram abrigos nocivos à moral e aos bons costumes; considerando que as licenças e Concessões para prática e exploração dos jogos de azar na Capital Federal e nas estancias hidroterapicas balnearias ou climáticas, foram dados à titulo precário, podendo ser cassadas em qualquer momento; Decreta:
Artigo 1o - Fica restaurada em todo o territorio nacional a vigência do artigo 50 e seus parágrafos da lei de Contravenções penais, decreto-lei 3.688 de 2 de outubro de 1941.
Artigo 2o - Esta lei revoga os decretos-leis nos 241 de 4 de fevereiro de 1938, no 5089 de 15 de dezembro de 1942 e no 5192 de 14 de janeiro de 1943 e disposições em contrário.
Artigo 3o - Ficam declaradas nulas e sem efeito todas as licenças, concessões ou autorizações dadas pelas autoridades Federai, Estaduais e Municipais, com fundamento nas leis ora revogadas ou que de qualquer forma contenham autorização em contrário ao disposto do arigo 50 e seus parágrafos das leis das contravenções penais.
Artigo 4o - Esta lei entra en vigor na data de sua publicação.
O titular da Justiça continuando a palestra com os representantes da imprensa informou que na próxima reunião ministerial prosseguiria o assunto relativo ao combate ao Comunismo e que seriam tratados outros assuntos de relevância, pois, hoje não houvera tempo para isso. O general Góis, cercado pelos jornalistas fazendo blague, disse apenas: - Nada houve hoje do meu jogo." Correio da Noite, 30 de abril de 1946
Em memória de Franz Kafka,
Jorge Eduardo Guinle (Jorginho Guinle),
Oscar Lorenzo Jacinto de la
Imaculada Concepcíón Teresa Diaz (Oscarito),
Sebastião Bernardes de Souza Prata (Grande Otelo),
Maria do Carmo Miranda da Cunha (Carmen Miranda),
Walter Elias Disney (Walt Disney),
Mário Rodrigues Filho (Mário Filho),
Moacir Barbosa Nascimento (o ex-goleiro Barbosa, do Vasco
da Gama e titular da Seleção de Futebol do Brasil),
e, desejando a ele muita saúde e vida ainda mais longa,
Alcides Edgardo Ghiggia, que está com 83 anos idade!
Para a atriz Maria Ribeiro e seus colegas do
filme Tropa de Elite e
ao diretor de José Padilha, um benfeitor do Brasil
hodierno, que reagiu, dentro de suas possibilidades,
contra o banditismo que grandemente nos infelicita
20.2.2010 - Desgraça ainda maior aconteceria no Maracanã, pouco mais de quatro anos depois, quando a seleção de futebol do Uruguai derrotou o Brasil por 2 a 1 na partida final da Copa do Mundo de 1950, com um lendário gol do atacante Ghiggia - No âmbito desta Coluna desconfia-se que, além do na época ministro da justiça Carlos Luz, do cardeal arcebispo da Guanabara, D. Jayme Câmara, e de Dona Santinha, a esposa do infeliz presidente Dutra, poderosas forças estrangeiras da indústria do turismo contribuíram para que a calamidade se concretizasse. Se essas mesmas forças pudessem - o exagero é meramente metafórico/ilustrativo -, seriam carregados, para bem longe DA GUANABARA, o Corcovado, o Pão de Açúcar, o Maracanã e as praias de Copacabana, Ipanema e Leblon. Adiante, material informativo sobre o ato do presidente Dutra que envergonhou o Brasil no concerto internacional das nações: 53.200 pessoas ficaram desempregadas na mesma hora, com a "penada" do extraordinariamente bronco Dutra (isso sem contar com os empregos indiretos e os informais que foram instantaneamente eliminados). Compreende-se a ascenção posterior de Zé Pequeno [o grande bandido-personagem, do filme CIDADE DE DEUS], Baiano [o traficante-chefe no filme vencedor do Festival de Berlim (2008) TROPA DE ELITE] e outros personagens que infelizmente não são de ficção, mas pertencem ao permanente "pesadelo acordado" de que quem ama A GUANABARA, até porque nela nasceu - e gostaria muito de que aquilo que se denomina DESFUSÃO (a separação GUANABARA / ESTADO DO RIO) um dia viesse, alvissareiramente, a acontecer. FECHAMENTO DOS CASSINOS NO BRASIL, PELO PRESIDENTE DUTRA, EM 1946: essa é uma das mais tristes estórias que já caíram no domínio público - e que insistentemente são contadas e recontadas no nosso nobre, um tanto absurdo e muito sofrido país. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
"Cassino
ESPECIAL: 60 anos sem cassino no Brasil
30/4/2006
Dia 30 de abril, completam 60 anos do Decreto-Lei 9.215 de 30.04.1946, do presidente Marechal Eurico Gaspar Dutra, que fechava os cassinos no Brasil. Comenta-se que o Presidente Dutra foi ‘induzido’ pelo ministro da Justiça, Carlos Luz, pelo Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Jayme de Barros Câmara e pela esposa, Dona Carmela ‘Santinha’ Dutra. Para marcar a passagem da data, o BNL e o site BNLData produziram um Especial sobre o assunto com informações inéditas, curiosidades e artigos para lembrar da infeliz data para o setor de entretenimento no Brasil.
D. Pedro II jogava
O historiador Milton Teixeira conta que os cassinos chegaram ao Brasil durante o Império e eram freqüentados até pelo imperador D. Pedro II. Passaram para a clandestinidade em 1917, depois de consolidada a República.
"O presidente Getúlio Vargas liberou os cassinos em 1934. Segundo o que se comentava à época, o empresário Joaquim Rolla, dono dos cassinos da Urca, Atlântico, Icaraí (Niterói), Quitandinha (Petrópolis), seria o testa-de-ferro de Benjamin Vargas (irmão de Getúlio), o que nunca foi provado. Dizia-se que os cassinos funcionavam como caixa dois de Getúlio”, lembra Milton.
Ainda segundo Teixeira, os cassinos eram fábricas de sucessos, pois todos os grandes artistas das décadas de 30, 40 e 50 surgiram em seus palcos.
“Eles foram fechados porque houve uma reação conservadora da sociedade e da Igreja. Apesar do lobby da bancada do jogo e de alguns empresários, os cassinos nunca mais voltaram à legalidade”, conclui Teixeira.
Algumas curiosidades sobre o fechamento dos cassinos
O badalar dos sinos
No dia 30 de abril, os sinos das igrejas do Rio de Janeiro badalaram por mais de oito minutos, um recorde, enquanto o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, apoiando a medida, concedia entrevistas para os jornais.
Desemprego
Nos 71 cassinos do Brasil, o clima era de velório. Os rostos estampavam o sentimento de cerca de 53.200 desempregados, dos salões de jogos e Grill-room.
A última rodada
Às 23h do dia 30 de abril, José Caribé da Rocha, diretor do Cassino Copacabana Palace, com a voz embargada e em tom solene, dirigiu-se à mesa de roleta, cercada de apostadores, amigos e funcionários e disse: ‘Senhoras e Senhores, façam suas apostas para a ultima rodada de roleta no Brasil! Gira o cilindro, solta a bolinha de marfim e com lágrimas e voz embargada pela emoção, canta: preto, 31!
Dona Santinha
Dutra conheceu sua mulher, Santinha, em 1914, na casa do avô de Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ajudante-de-ordem. Ela já era viúva e tinha uma filha. Muitos atribuem à ela a decisão de proibir o jogo no Brasil. Ela foi também a primeira mulher de presidente a forçar a nomeação de parentes para cargos públicos. Dona Santinha morreu em 1949 no Palácio Guanabara.
As considerações
Essas foram as “considerações”do Decreto-Lei presidencial, que fechou os cassinos: “Considerando que a repressão aos jogos de azar é um imperativo da consciência universal; Considerando que a legislação penal de todos os povos cultos contém preceitos tendentes a asse fim; Considerando que a tradição moral jurídica e religiosa do povo brasileiro e contrária à prática e à exploração de jogos de azar; Considerando que, das exceções abertas à lei geral, decorreram abusos nocivos à moral e aos bons costumes; Considerando que as licenças e concessões para a prática e exploração de jogos de azar na Capital Federal e nas estâncias hidroterápicas, balneárias ou climáticas foram dadas a título precário, podendo ser cassadas a qualquer momento”.
Troca de letras
Dutra tinha um problema de pronúncia. Costumava trocar o "c" e o "s" pelo "x".
As manchetes dos jornais daquela época no dia seguinte ao Decreto-Lei
Jornal do Brasil: A repercussão na Assembléia Constituinte do Decreto-Lei que extinguiu o jogo
Correio da Noite: Extinção do jogo e combate ao Comunismo
O Radical: O General-Presidente resgata a palavra dada à nação - Revestiu-se de aspecto sensacional a providencia do governo extinguindo a jogatina em todo o pais - O boatejar dos exploradores do jogo estava comprometendo a honra de respeitáveis autoridades públicas - O decreto restabelece o respeito ao código penal - O povo sempre confiou no Presidente Dutra
A Manhã: Todos contra o jogo - "A Manhã" ouve representantes de todas as classes sociais, acerca do sensacional Decreto do Govêrno - Três religiões, por seus intérpretes, opinam na "enquête" - Também os homens do povo
Resistência: Duro golpe no futuro artístico do país!
Diário de Notícias: Extingue-se uma praga social que a Ditadura havia instituído no Brasil. Não houve tempo para despedidas... Ontem mesmo deixou de funcionar a batota - Os cassinos não abriram os salões dos "Grills" - Decepção e satisfação - Opina um empregado - Insulto à imprensa - As que não se conformam com a extinção do jogo
Projetos de lei de legalização dos cassinos
Desde abril de 1946 até hoje, 90 projetos de lei tramitaram pelo Congresso para legalizar e regulamentar os cassinos e todos foram arquivados". (http://www.magocom.com.br/bnl/ver_not.asp?noticia=1232)
"Gigghia, o sobrevivente de 1950, colocou os pés na calçada da fama, do Maracanã "
(http://blogdorobertoporto.blogspot.com/2009/12/gigghia-o-ultimo-vivo-da-facanha-de-50.html)
(http://valdirappel.blogspot.com/2009/03/16-de-marco-de-1969-revista-veja-26-de.html)
O EX-JOGADOR DE FUTEBOL E EX-SECRETÁRIO DOS ESPORTES
DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ZICO ORGANIZOU UMA
GRANDE REUNIÃO COM OS JOGADORES BRASILEIROS QUE
DEFENDERAM A CAMISA DA seleção canarinho EM COPAS DO MUNDO;
NA OCASIÃO, ESSE GRANDE ÍDOLO DO FUTEBOL RECEBEU O EX-GOLEIRO
BARBOSA, QUE JÁ ESTAVA IDOSO, COM ENORME ATENÇÃO E CARINHO,
MOSTRANDO GRANDEZA HUMANA E RECONHECIMENTO PROFISSIONAL
DIGNOS DE, PELO MENOS, UMA PLACA NO ESTÁDIO MÁRIO FILHO
(MARACANÃ)
Obs. - PLACA só por esse fato, considera a Coluna "Recontando...", já que,
como se percebe na foto, ESTÁTUA DE ZICO (merecidamente) JÁ EXISTE!
ESTÁTUA DE ROMÁRIO: como Pelé, ele marcou mais de mil gols!
(http://oglobo.globo.com/esportes/brasileiro2007/mat/2007/08/18/297326039.asp)
(http://oglobo.globo.com/esportes/brasileiro2007/mat/2007/08/18/297326039.asp)
HERMA DE MANÉ GARRINCHA NO MARACANÃ: dá muita sorte tocar na testa
de um dos quatro patronos da Coluna "Recontando estórias do domínio público"
(os outros três são Abelardo Chacrinha Barbosa, Chico Anysio e José Mojica
Marins)!
(FOTO, com João Marcelo, de 4 anos, seu pai, Paulo Marcelo Sampaio e mãos
de outras duas pessoas, SEM A LEGENDA ACIMA LIDA:
http://arquibabotafogo.zip.net/arch2007-11-04_2007-11-10.html,
onde se pode ler, apaixonadamente:
===
"Cassino da Urca
Com Carmen Miranda no palco e Walt Disney na platéia, o local atraía a elite
O prédio imponente e decadente, localizado em um recôncavo no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, esconde um passado rico. As paredes descascadas e as janelas quebradas não fazem justiça ao lugar que já abrigou o Cassino da Urca. Entre 1936 e 1946, desfilou por ali toda a elite brasileira, além de visitantes ilustres como Walt Disney (1901-1966). Além dos salões de jogos, o local tinha um teatro onde Carmen Miranda (1909-1955) se apresentava semanalmente entre 1936 e 1940.
“Os homens levavam as amantes de carteirinha”, afima Mario Rolla, sobrinho do dono do cassino, Joaquim Rolla (1899-1972). Em 1946, depois que, a pedido da esposa, dona Carmela, o presidente Eurico Gaspar Dutra (1883-1974) proibiu os jogos no país, o cassino encerrou as atividades.
O lugar ficou vazio até 1950, quando foi comprado pela TV Tupi. Em 1980, voltou a ser fechado. E assim permaneceu até 2006, quando o Istituto Europeo di Design começou a restaurá-lo para instalar ali sua sede no Brasil.
COMPLEXO DE LAZER
Carteado e roleta eram apenas uma parte da diversão no famoso clube noturno
Culinária francesa
No cardápio, destaque para pratos franceses. As mesas tinham pratos de porcelana e talheres de prata pesada. Na disputa pelos agrados dos garçons, os clientes, sempre de paletó e gravata, exageravam nas gorjetas.
Como na Brodway
O palco tinha plataformas e elevadores, para que uma orquestra saísse enquanto a outra entrava. O teatro comportava 50 pessoas, mas podia ser ampliado para os grandes bailes.
Jogatina à beira-mar
O prédio da frente tinha três grandes salões com vista para a praia. Os freqüentadores dessa área chegavam de bonde, desciam na avenida Pasteur e caminhavam cerca de 1 quilômetro.
Show na laje
Os freqüentadores do prédio da frente não eram bobos. Mesmo sem ingresso para o teatro, eles davam um jeito de curtir os shows. A passarela dava acesso a uma galeria, onde bastava esticar o pescoço para ver as apresentações.
Área Vip
O cassino era formado por duas estruturas, unidas por uma passarela. As apostas pesadas aconteciam em uma sala reservada. Para os jogadores azarados, sempre havia agiotas dispostos a comprar relógios e anéis.
Linha direta
Os grandes apostadores eram bem tratados. Além de estacionar seus carros na porta, eles tinham direito a uma conexão com o Cassino de Icaraí, em Niterói. Bastava pegar um barco no píer em frente ao local.
BASTIDORES DO GLAMOUR
Três histórias curiosas sobre a casa de jogos
Um dia, o ator Grande Otelo (1915-1983), que fazia shows no cassino, levou o amigo Patrício Teixeira (1893-1972), negro como ele. Sabendo que pessoas de cor não eram bem vistas ali, Patrício se escondeu assim que entrou.Até que ouviu um grito: “Preto, dois!”. “Dançamos, já nos viram”, ele disse. Nada disso. Era só um crupiê anunciando o lance da roleta.
Em 1933, quando o cenógrafo Luiz de Barros (1893-1982) foi contratado, o cassino não era lá essas coisas. “Eles tinham feito o teatro (...) no pequeno hall de entrada. Nele mantinham uma única e pequenina orquestra”, ele escreveu em suas memórias. Com a reforma feita por Barros, a partir de 1936 o lugar ganhou outro status.
Dono do lugar e empresário de sucesso, com a fortuna estimada como a quinta maior do país, Joaquim Rolla patrocinou a transmissão radiofônica da Copa do Mundo de futebol de 1938. O torneio aconteceu na França, e os clientes ouviam os jogos em caixas acústicas espalhadas na casa. A Urca não deu sorte: perdemos a partida semifinal para a Itália". (http://historia.abril.com.br/cotidiano/cassino-urca-474552.shtml)
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A EQUIPE DE PRIMEIRA reconta a TRAGÉDIA DE 1950
"Relembrando 1950
por Equipe De Primeira 17h48
Neste final de semana a Folha de S. Paulo publicou um especial sobre histórias da Copa de 50, disputada no Brasil. O diferencial foi colher histórias esquecidas nas cidades-sede daquela Copa, como Curitiba, Recife, BH e Porto Alegre, além, é claro, de São Paulo e Rio. Abaixo, como complemento, segue o texto de Cahuê Xavier de Miranda, repórter da Tribuna no Paraná, publicado no antigo De Primeira, no dia 22 de maio de 2004.
Os protagonistas da tragédia
Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo, Bigode, Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. Ninguém melhor do que eles para contar o que aconteceu no fatídico de 16 de julho de 1950. Essa foi a constatação de Geneton Moraes Neto quando decidiu escrever o livro "Dossiê 50", que eu adquiri pela fortuna de dez reais nas Lojas Americanas.
Além de um capítulo para as versões de cada um dos nossos mais injustiçados craques, declarações de gente como Nelson Rodrigues, Mino Carta, Chico Buarque, Zagallo e Nilton Santos. E histórias como a do ex-favelado que trabalhou na construção do Maracanã e até hoje, todos os dias, vai ao maior do mundo para narrar o gol de Ghiggia.
Para quem não tiver a oportunidade de ler, escolhi uma frase de cada um dos principais personagens da maior tragédia tupiniquim.
Barbosa
Ghiggia diz que só ele, o Papa e Frank Sinatra calaram o Maracanã. Eu também fiz o Brasil calar, fiz o Brasil chorar: não é só ele que tem esse privilégio não.
Augusto
A cena já estava toda pronta, na minha imaginação. O jogo terminava. O Brasil, absoluto, ganhava fácil do Uruguai. A gente se perfilava no gramado, em frente à tribuna de honra do Maracanã. Depois de cantar o Hino, a gente veria chegar o velhinho Jules Rimet com taça na mão. Eu pegaria a da taça das mãos dele. Todo feliz, ergueria a taça lá para o alto.
Juvenal
Eu me sentia um soldado defendendo o país. Não é só numa guerra que se defende o país: é nas disputas esportivas também. Então, perder aquele jogo para o Uruguai foi como perder uma guerra. A gente não falava em dinheiro. Os jogadores não pediram prêmio, nada, nada, nada. Nós, ali, éramos como militares.
Bauer
Vim para o Rio para ser campeão do mundo. Voltei a São Paulo no chão do trem.
Danilo
Como a Copa de 50 marcou a inauguração do Maracanã, a derrota do Brasil ficou gravada para a eternidade. O próprio time do Vasco, base da Seleção Brasileira, derrotou o Peñarol, base da Seleção Uruguaia, em Montevidéu, logo depois. Mas os uruguaios diziam: "A gente não queria ganhar essa aqui em Montevidéu, não. Queríamos ganhar aquela, no Maracanã".
Bigode
Deve ter morrido gente de enfarte. Se o Brasil fosse campeão, morreria muito mais gente. O povo é exagerado. O Maracanã ia vir abaixo. Iam quebrar tudo nos bailes. O futebol é um fenômeno que ninguém explica. Futebol incomoda mais que problema de família...
Friaça
Fiz 1 x 0 na final da Copa. Ali nós já éramos deuses.
Zizinho
Meu sonho era assim: a gente ainda iria jogar contra o Uruguai. Aquilo que aconteceu era mentira.
Ademir
Depois do jogo com a Espanha - que vencemos por 6 x 1 - apareceu um senhor num automóvel gritando: "Quero falar com Ademir". Ele entrou e foi falar direto com Flávio Costa. Daí Flávio me chamou num canto: "Vá ao hospital com o médico da seleção, veja a situação e volte". Quando cheguei ao hospital, vi que era um garoto meu admirador. O menino vei, me beijou e disse: "Doutor, pode operar". De volta à concentração, não consegui dormir. Fiquei pensando: "O que é que eu sou? Um santo? Um deus?".
Jair
Sempre antes de dormir, eu pensava no gol que não fiz, aos 45 do segundo tempo. Eu sonhava assim: o Brasil com um time daqueles não ganhou a Copa do Mundo? A derrota é que tinha sido um sonho. Acordava espantado, olhava ao redor - e o Maracanã estava ali, na minha frente.
Chico
Tive um pressentimento estranho. Quando o Brasil entrou em campo, a derrota já estava escrita".
(http://www.interney.net/blogs/deprimeira/2007/10/29/relembrando_1950/)