SESSÃO NOSTALGIA:

 

NOTA AO LEITOR:

 

O ARTIGO ABAIXO FARÁ PARTE DO MEU LIVRO 

                O ESPELHO DE CARROL

           (Resenhas e ensaios de autores  piauienses)                            

 

 

 WILSON  BRANDÃO  E  O   PREFÁCIO

                   CUNHA E sILVA  FILHO

Situaria como uma das minhas frustrações de ordem intelectual (e para o intelectual nunca faltam frustrações, que o diga Lima Barreto) um pequeno incidente que se deu durante a publicação no Piauí, do meu estudo de Mestrado sobre Da Costa e Silva. Agora, já posso confessá-lo ao leitor.

O incidente deveu-se ao prefacio para o referido livro de título Da Costa e Silva: uma leitura da saudade (Teresina: Academia Piauiense de Letras – APL/EDUFPI, 1996, 108 p.).  Ou seja, quem seria o prefaciador, já  que eu havia me decidido aqui no Rio de Janeiro a pedir à saudosa professora  carioca de literatura brasileira da UFRJ, Gilda Salem Szklo, que me fizesse tal prefácio?

Havia, porém, um problema no meio do caminho. Saindo o livro editado por uma universidade do Piauí, a federal, seria mais do que natural ou de direito que o prefaciador fosse um intelectual do Piauí e, sobretudo, saísse dos quadros da Academia Piauiense de Letras, visto que  a publicação era através de um convênio entre a Universidade Federal do Piauí e a Academia Piauiense de Letras. Que sufoco pra mim?

Mais: ainda: era natural que o prefácio ficasse a cargo do então Presidente da Casa de Lucídio Freitas, o saudoso jurista e professor Wilson de Andrade Brandão, admirador, leitor e também  autor de trabalhos sobre Da Costa e Silva. Piorou a minha situação porque o incidente, ipso facto, já havia gerado um constrangimento. E como  constrangimento ficou, infelizmente.

No entanto, o fato me incomodou profundamente, porquanto o livro, por assim dizer,  já saíra do Rio de Janeiro com prefácio da mencionada professora carioca e ao mesmo tempo me parecia uma traição ou um desapreço aos intelectuais do meu querido estado.

Engoli em   seco o meu próprio  desapontamento, sobretudo porque tivera conhecimento  de que Wilson Brandão, um intelectual de altíssimo valor, já tinha escrito o prefácio ao meu livro, me privando, assim,  de poder saber com mais profundidade o que aquele eminente escritor escrevera sobre o meu estudo, principalmente porque me disseram que aquele jurista, como  crítico, não era inclinado ao elogio fácil.

O único consolo que ainda pude ter  foi  a  apresentação do meu livro, em lançamento memorável,  numa das manhãs teresinenses mais comoventes da minha vida, feita pelo ilustre jurista e professor de literatura francesa. De certa maneira,  a generosidade dos elogios de Wilson Brandão me confortou um pouco,  mas confesso, leitor, não me livrou do constrangimento.

Não renego a prefaciadora carioca, porém confesso agora  que a minha alegria  teria sido mais completa e plena  se aquele prefácio tivesse sido mesmo assinado  por Wilson Brandão. Só não pude contornar a situação embaraçosa porque já tinha assumido compromisso com a ensaísta Gilda Salem. No fundo, porém, ficou a decepção por mim causada, ainda que sem a mínima intenção de subestimar meus conterrâneos piauienses.

Todavia,  para me redimir desse acidente de percurso, em homenagem à memória de Wilson Brandão, para concluir, registro aqui o testemunho neutro de um leitor carioca de assuntos jurídicos e da obra de Wilson Bran dão, o meu filho, Francisco da Cunha e Silva  Neto. Para ele, o texto do jurista piauiense nada fica a dever aos grandes autores brasileiros da área de Direito, haja  vista, me recorda meu filho, o ensaio introdutório de Wilson Brandão a uma obra  de Antonio Coelho Rodrigues. Nada mais justo e oportuno do que esse depoimento de um jovem advogado carioca.