[Flávio Bittencourt]

Vanessa Candia disseca a revista Realidade

Lembrou V. Candia que o jornalista Bernardo Kucinski definira o conteúdo da Realidade como reportagem social.

                                                             

     

   

  

 

 

http://www.blogdacomunicacao.com.br/wp-content/uploads/2010/01/Ultima-Hora.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O JORNAL ÚLTIMA HORA (RIO, BRASIL) ERA PRÓ-GOVERNO,

EM 1954

(SEM A LEGENDA LIDA LOGO ACIMA:

http://www.blogdacomunicacao.com.br/wp-content/uploads/2010/01/Ultima-Hora.jpg)

  

 

 

 http://3.bp.blogspot.com/_sQ00yEv9tpk/TJi-fTZLHbI/AAAAAAAAMHA/HABP5YoM3aU/s1600/tribuna+imprensa+lacerda.png

O JORNALTRIBUNA DA IMPRENSA VIOLENTAMENTE COMBATIA O GOVERNO,

QUANDO VARGAS SE MATOU E, POSTERIORMENTE, PERMANECEU CONTRA O

ANTIGO PTB, DOS DRS. JOÃO GOULART E LEONEL BRIZOLA (LÍDERES DO

TRABALHISMO BRASILEIRO, CONTINUADORES DAS DIRETRIZES DE GETÚLIO VARGAS),

ATÉ QUE ECLODISSE O GOLPE MILITAR DE 64 [CARLOS LACERDA TAMBÉM SERIA CASSADO

PELOS GENERAIS QUE ACABARAM COM A DEMOCRACIA, NO BRASIL, NO golpe de

primeiro de abril (de 1964), QUE, ALIÁS, ERA COMEMORADO EM 31 DE MARÇO,

UMA VEZ QUE PRIMEIRO DE ABRIL É O "dia da mentira"]

(SÓ A REPRODUÇÃO DA PRIMEIRA PÁGINA DO JORNAL TRIBUNA DA IMPRENSA:

http://gilsonsampaio.blogspot.com/2010/09/o-contra-golpe-de-11-de-novembro.html)

 

  

 

 

http://a2009.kiosko.net/12/20/br/br_estado_spaulo.750.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

O ESTADO DE SÃO PAULO,

PRIMEIRA PÁGINA DE EDIÇÃO

DE 20 DE DEZEMBRO DE 2009,

sendo Arruda um ex-governador desonesto

que, por ter praticado atos de corrupção passiva

e ativa [concussão, tentando acobertar seus crimes],

foi preso pela Justiça Brasileira, apesar de estar exercendo,

na época, o cargo de governador do Distrito Federal (Brasil),

na nacionalmente redimidora quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

 

(SÓ A REPRODUÇÃO DA PRIMEIRA PÁGINA DO ESTADÃO,

SEM A LEGENDA DA COLUNA "RECONTANDO...",

http://es.kiosko.net/br/2009-12-20/np/br_estado_spaulo.html)

 

 

 

 

 

 

"O GOVERNO BRASILEIRO DA ÉPOCA ESFORÇOU-SE NO SENTIDO DE QUE A REVISTA FOSSE FECHADA PORQUE REALIDADE ERA PERIÓDICO IMPRESSO DE EXCELENTE QUALIDADE VISUAL E TEXTUAL-JORNALÍSTICA."

 

(Coluna "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

"A REVISTA  REALIDADE E VÁRIOS JORNAIS SEMANAIS ASSIM CHAMADOS ALTERNATIVOS LUTARAM BRAVAMENTE CONTRA A DITADURA DE 64, TODAVIA GRANDES ÓRGÃOS DE IMPRENSA SADIAMENTE LIBERAIS - ou seja, pró-sistema-capitalista-de-produção -  COMO O GLOBO, DO RIO, E O ESTADO DE SÃO PAULO, DA CAPITAL PAULISTA, TINHAM PARTICIPADO DE UMA PACÍFICA-MAS-NÃO-FROUXA RESISTÊNCIA À DITADURA FASCISTA DO ESTADO NOVO, CUJO CHEFE FOI O TRUCULENTO PRESIDENTE GETÚLIO DORNELES VARGAS [O JORNALISTA E FUTURO GOVERNADOR DA GUANABARA CARLOS LACERDA, DONO DO JORNAL TRIBUNA DA IMPRENSA, CONTRIBUIU PARA O FIM TRÁGICO DESSE ESTADISTA (SUICÍDIO, COM UM TIRO DESFERIDO PELO PRESIDENTE BRASILEIRO NO PRÓPRIO CORAÇÃO), COM OS ATAQUES TRIBUNÍCIOS DEVASTADORAMENTE VIOLENTOS QUE FAZIA AO GOVERNO, ENQUANTO SAMUEL WAINER, EDITOR DO JORNAL ÚLTIMA HORA, CONSTRUIU UMA VERDADEIRA banda de música VARGUISTA, NUM CONTEXTO DE PRODUÇÃO JORNALÍSTICA TAMBÉM DE EXCELENTE QUALIDADE FORMAL]"

 

(Idem)

 

 

 

 

 

"(...) A primeira [FASE DA REVISTA REALIDADE, DA EDITORA ABRIL, DE SÃO PAULO-SP, BRASIL] (de 1966 a 1968) e mais notável fase trazia grandes temas do momento com matérias totalmente esmiuçadas sobre temas que geravam polêmica, e uma forma de escrita surgida nos Estados Unidos que combinava eficientemente clareza e objetividade em uma estrutura com foco narrativo, o Jornalismo Literário (*). Nesse novo estilo os jornalistas tinham total liberdade para escrever os textos em primeira pessoa, inserir diálogos com travessões, fazer descrições minuciosas de lugares, feições, objetos, além disso era possível alternar o foco da narrativa de observador onipresente para testemunha ou participante dos acontecimentos (...)". [O GRIFO É DESTA COLUNA E ESSE TRECHO FAZ PARTE DO VERBETE 'REVISTA REALIDADE', DA WIKIPÉDIA, ADIANTE TRANSCRITO NA ÍNTEGRA.]

 

(*) - UM DOS GRANDES MESTRES DO JORNALISMO LITERÁRIO - ou literatura jornalística - FOI TRUMAN CAPOTE, TENDO VIDA E OBRA DESSE GRANDE ESCRITOR (e jornalista) SIDO ENFOCADAS, COMO É DO CONHECIMENTO GERAL, EM DOIS MAGNÍFICOS FILMES ESTADUNIDENSES, RECENTES

 

 

 

"(...) Ainda este ano [2005] ela [a atriz Sandra Bullock] vai representar a escritora Harper Lee, autora de To Kill a Mockingbird (transposto para o cinema em 1962 como O Sol É Para Todos, com Gregory Peck), em Every Word is True. O filme será baseado na pesquisa feita pelo escritor Truman Capote para seu inovador romance de não ficção A Sangue Frio, sobre o assassinato de uma família no Kansas em 1959.

'É um papel duro, totalmente diferente', disse Bullock. Uma foto da atriz sexy e esbelta usando figurino simples e nada glamouroso para o filme chamou a atenção na mídia no início do mês. Amiga de infância de Truman Capote, Harper Lee o ajudou a pesquisar os fatos que resultaram em A Sangue Frio. (...)"

(http://correiodobrasil.com.br/sandra-bullock-faz-filme-sobre-truman-capote/83156/

 

 

 

 

                          Philip Seymour Hoffman as Truman Capote in Sony Pictures Classics'
Capote 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ATOR PHILIP HOFFMAN INTERPRETA

TRUMAN CAPOTE NO FILME CAPOTE (EUA, 2005)

http://movies.yahoo.com/movie/1808628306/photo/554943,

com a seguinte legenda original:

"Philip Seymour Hoffman as Truman Capote in Sony Pictures Classics' Capote - 2005"     

(http://movies.yahoo.com/movie/1808628306/photo/554943)

 

  

 

 

Toby Jones as Truman Capote

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ATOR TOBY JONES É CAPOTE

EM FILME DE 2007 (Infamous)

INSPIRADO NO LIVRO DE GEORGE PLIMPTON, 

Capote: In Which Various Friends, Enemies, Acquaintances and Detractors Recall His Turbulent Career.

(http://www.smh.com.au/news/film-reviews/infamous/2007/05/18/1178995384938.html)

  

 

 

 

 Marilyn
Monroe e Truman Capote
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marilyn Monroe e Truman Capote

(http://www.artesdoispontos.com/foco.php?tb=foco&id=26)

 

 

 

 

Truman
Capote
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Truman Capote

(http://www.artesdoispontos.com/foco.php?tb=foco&id=26)

 

 

 


 

 (http://antigo.miltonneves.com.br/QFL/Conteudo.aspx?ID=69791)

VERBETE 'REVISTA REALIDADE', WIKIPÉDIA

 

"Realidade (revista)

 

Realidade foi uma revista brasileira lançada em 1966[1]. pela Editora Abril. Era caracterizada por uma abordagem mais criativa e ousada, com matérias em primeira pessoa, fotos que deixavam perceber a existência do fotógrafo e design gráfico pouco tradicional. Circulou até Janeiro de 1976 e se destacava por deixar o repórter viver a matéria por um mês ou mais até a publicação.

A Revista teve três fases distintas:

A primeira (de 1966 a 1968) e mais notável fase trazia grandes temas do momento com matérias totalmente esmiuçadas sobre temas que geravam polêmica, e uma forma de escrita surgida nos Estados Unidos que combinava eficientemente clareza e objetividade em uma estrutura com foco narrativo, o Jornalismo Literário. Nesse novo estilo os jornalistas tinham total liberdade para escrever os textos em primeira pessoa, inserir diálogos com travessões, fazer descrições minuciosas de lugares, feições, objetos, além disso era possível alternar o foco da narrativa de observador onipresente para testemunha ou participante dos acontecimentos. Realidade era uma revista que trabalhava com a Emoção, investia-se muito no jornalista para que ele conseguisse transmitir em suas reportagens uma idéia real do fato onde se penetrava na mente do jornalista para se recriar seu pensamento e/ou seus sentimentos e emoções através de entrevistas interativas, com o auxilio de novas técnicas de design e fotografias ousadas.

Mesmo com um curto período de vida, Realidade foi um divisor de águas na imprensa brasileira, rompeu com todos os padrões estruturais, aboliu o jornalismo tradicional questionando o que não era questionado, dizendo o que não era dito de maneira sutil capaz de fazer o publico ler entre as entrelinhas e raciocinar por si próprio. Fazendo o oposto da imprensa tradicional que apenas publicava noticias baseados em senso comum, enquanto em Realidade eram publicadas denuncias que geravam mobilização social.
 

Ligações externas

Notas

 

                    Homenageando Vanessa Candia,

                    o Prof. Nilson Lage,

                    todas as pessoas que contribuíram na elaboração de Realidade (1966  - 1976) e

                    nos filmes Capote (EUA, 2005) e

                    Infamous (EUA, 2006) e

                    Truman Capote (Truman Streckfus Persons, 1924 - 1984), em memória

 

 

 

 

9.10.2010 -  De acordo com Vanessa Candia, a revista Realidade marcou um período de uma dura realidade - Sob o ponto de vista estilístico, o fecho de seu artigo "Antropocentrismo literário" é um primor. A realidade era durissima e a revista Realidade era excelente, mas, no ótimo artigo de V. Candia, não há referência a uma hipótese que aqui é arriscada (com propriedade, Candia refere-se à importância da censura no fim da Realidade). Senão vejamos. Forças não-ocultas (o governo militar) trabalharam com competência (antipublicitária) para esse fechamento. Teria tido a Realidade - além de ter sido uma sistemática veiculadora de princípios, idéias, reportagens, notas e notícias de um reduto tipicamente oposicionista-midiático - uma qualidade que fazia uma grande parcela de leitores (menos intelectual e politicamente refinados) dela se afastar? Só sobrevivem jornais e revistas "que apelam" [para o sensacionalismo]? Talvez uma feroz perseguição do stablishment governamental, aliada à sua alta qualidade jornalística, pode ter contribuído para o seu fechamento. MAS ELA, A REVISTA REALIDADE, EXISTIU e isso - assim aqui se considera - foi bom para o Brasil. (O que teria acontecido com Realidade se não tivesse existido a censura? Só Deus pode saber...)  F. A. L. Bittencourt ([email protected]

 

  

 

 

 

O ARTIGO DE VANESSA CANDIA

 

 

"Antropocentrismo literário

Vanessa Candia

"Reportagem social". Assim define o jornalista, Bernardo Kucinski, o conteúdo da revista Realidade. Criada em abril de 1966, em plena ditadura militar, a revista abordava assuntos questões sociais que, até então, eram ignorados por outros veículos e pela própria sociedade. Kucinski acrescenta que era um "jornalismo com ambições estéticas, inspirados no new journalism norte-americano, numa técnica narrativa baseada na vivência direta do jornalista com a realidade que se propunha a retratar".

Mas outra marca relacionada à revista era o "jornalismo texto". Terezinha Fernandes menciona em sua tese que com a criação da revista, o "repórter podia finalmente criar modos de representação verbal diferentes dos modelos importados". Ela ressalta também que o trabalho do jornalista era participar da vida do personagem, de maneira que o próprio repórter se transformava num personagem. Isso explicava a riqueza dos detalhes na narrativa. Em outras palavras, o trabalho da Realidade era transformar em texto acontecimentos sociais. 

O que pode parecer uma conclusão óbvia, não é, se analisada a época em que a revista foi lançada. O preconceito e o moralismo eram muito fortes. Os militares censuravam tudo e todos. As pessoas não podiam deixar transparecer um pensamento que, suspeitava-se, ser esquerdista ou qualquer coisa que pudesse perturbar a "ordem e os bons costumes" da sociedade no contexto em que o Brasil vivia. 

Roberto Civita, editor da revista - o primeiro foi seu pai Victor Civita - tinha um lema: priorizar o lado positivo do Brasil. Victor Civita, no editorial do primeiro exemplar, disse que queria comunicar a "fé inabalável no Brasil e seu povo". Isso nem sempre era possível, mas sempre procuravam fazer. Roberto era um editor autoritário. O repórter José Hamilton Ribeiro, um dos pioneiros da revista, relembra o apelido dado ao editor: 51%, porque no final era sempre sua opinião que predominava. Salvo esse autoritarismo, que na maioria relevavam, os repórteres tinham autonomia em suas reportagens. 

Humanizando a reportagem 

"O homem era o centro dos fatos" em Realidade. É possível observar isso em praticamente todas as reportagens. Ao descrever uma floresta, uma cidade, o espaço, enfim, isso somente ganhava vida quando os pés descalços do seu Sebastião, ou aquela pobre e desmazelada criança entrava em cena. A paisagem, por mais bela e detalhada que fosse pelo jornalista, na maioria, era apenas o palco, o cenário para o personagem principal: a realidade.

Victor Civita, no primeiro editorial, informou aos leitores qual seria o objetivo e a linha editorial do veiculo: "O Brasil vai crescendo em todas as direções. Voltado para o trabalho e confiante no futuro, prepara-se para olhar de frente os seus muitos problemas a fim de analisá-los e procurar solucioná-los." Victor continuou delimitando que a revista fora criada para "homens e mulheres inteligentes que desejam saber mais a respeito de tudo". 

Paulo Patarra era o redator-chefe, apoiado por Sérgio de Souza, Narciso Kalili, Luiz Fernando Mercadante, Woile Guimarães, Alessandro Porto e os fotógrafos Roger Bester e Walter Firmo. Os repórteres José Hamilton Ribeiro, Carlos Azevedo, Eurico Andrade, Audálio Dantas, Múcio Borges da Fonseca, Roberto Freire, Roberto Pereira, entre outros, reforçavam o time. As edições ainda contava com personalidades como Carlos Drummond de Andrade, Nélson Rodrigues, Adoniran Barbosa, Carlos Lacerda, Paulo Francis e Plínio Marcos. Até Frank Sinatra cedeu uma contribuição a revista fotografando uma luta ímpar de Muhammad Ali, acompanhado do repórter, ator e político Norman Mailer. 

Falando em fotografias, esse era um ponto forte de Realidade. Fotos grandes, algumas ocupavam duas páginas, reforçavam ainda mais o assunto. Muitas vezes elas chocavam. Como no caso de uma reportagem sobre a mulher brasileira, em que um parto foi fotografado - de um "angulo ginecológico". Essa edição foi apreendida dois dias depois de ir às bancas a pedido de dois juizes de Menores. Outro fator que impediu a circulação foi o conteúdo da reportagem. Nela, muitas mulheres quebraram tabus e falaram sobre infidelidade, sexo, virgindade, casamento e aborto. Os juizes julgaram o "conteúdo indigesto". Foi uma das edições mais polêmicas da revista. O caso se arrastou por 20 meses, até que a edição foi liberada.

Uma inovação da medicina foi mostrada na matéria de abril de 1966, intitulada "Os dias da criação". O fotógrafo sueco, num trabalho que demorou sete anos, fotografou um feto de quatro meses e meio dentro do útero. Uma imagem realmente fascinante para a época.

Comparando com as revistas atuais, e guardada as devidas proporções históricas, nenhuma chocou tanto quanto Realidade. Se levada em consideração à época, o choque é maior ainda. Mas esse era o objetivo da revista, mostrar a realidade, nua e crua. Algumas vezes ela vinha nua, como numa reportagem sobre seios da edição de junho de 1972, "Normalmente há sempre 1 de cada lado", em que mostrava muitos seios. Aquilo para a sociedade era um escândalo. Outra vezes era crua. A reportagem sobre a Amazônia mostrava imagens de uma onça totalmente sem a pele e ensangüentada, em carne viva. 

Exercendo a função de reportagem social, muitos assuntos como fome, miséria, guerras, religião e política sempre eram pautados. A edição de outubro de 1969 trouxe um ensaio fotográfico mostrando o sofrimento da população, maior vítima da guerra na África. 

Mas nenhuma experiência foi tão vivenciada pelo jornalista como na edição de maio de 1968, "Estive na Guerra". O repórter José Hamilton Ribeiro participou da cobertura da guerra do Vietnã, e acabou fatalmente pisando numa mina terrestre perdendo parte da perna esquerda. O repórter descreve todo o sofrimento e recuperação. A matéria mostrava uma foto do jornalista ferido. 

Reconhecimento

Em seus 10 anos de existência, oito prêmios Esso foram conquistados: "Brasileiros go home" (1966), "Os meninos do Recife" (1967), "A vida por um rim" (1967), "Eles estão com fome" (1968), "Do que morre o Brasil" (1968), "Marcinha tem salvação: amor" (1969), "Amazônia" (1972) e "Seu corpo pode ser um bom presente" (1973). E ainda ganharam o Prêmio Sudene, pelo especial sobre o Nordeste. Entre esses, três foram conquistadas por José Hamilton Ribeiro.

O repórter José Hamilton Ribeiro lembra outro reconhecimento atribuído ao periódico. "Em Portugal, a revista tinha sido adotada em classe 'como livro de texto de português'." Estava sendo criada uma "geração Realidade".

Falecimento 

Em 1968, veio então o temido AI-5 e, junto com ele, a sentença de morte da revista. Como a Realidade "era então uma forte 'instituição política'" sofreu forte censura. Os assuntos polêmicos que costumavam abordar em cada edição foram proibidos. Nessa época, a tiragem da revista chegava aos 500 mil exemplares. Roberto Civita tinha como objetivo chegar a um milhão de exemplares. Se não fosse o AI-5, provavelmente teria alcançado.

Com a decadência e a censura controlando as pautas e os textos, os jornalistas foram se demitindo, até que toda a equipe se desmanchou. Aproximava-se o fim.

Uma última tentativa foi feita para reerguer a revista. Conseguiram reunir alguns integrantes da antiga equipe. Na nova fase, era dirigida por Luís Fernando Mercadante, Luís Carta e José Hamilton Ribeiro. Entretanto, ela não tinha o mesmo brilho. Era apenas "uma revista a mais. Não era mais importante. E não era útil, nem necessária. Por que, então, haveria o leitor de procurá-la?", indaga Woile Guimarães.

Woile Guimarães, um dos editores da "segunda fase" da revista, comenta que os leitores pararam de comprar porque "a revista os traiu, porque eles já não encontravam nela as leituras de antes".

Ribeiro achava que a "editora devia ter fechado Realidade que, apesar de tudo, ainda tinha imagem e uma sensação de carisma. E fechado dignamente, explicando exatamente porque o fazia, que engrandeceria a Editora". Fazendo isso, "Realidade morreria com dignidade".

O exemplar de janeiro de 1976, "1976, Excepcional", teve uma tiragem de apenas 120 mil exemplares. Dois meses depois, a revista seria fechada. Como explicação, a Abril disse que faria o lançamento de outra revista. Mas esse lançamento nada teria em comum com, a partir daquele momento, extinta Realidade. Era o fim de uma revista que marcaria um período da história. Um período de uma dura realidade. 

* A articulista usou como principal fonte o livro Revista Realidade, 1966-1968. Tempo da Reportagem Brasileira, de J.S. Faro.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

  

 

 

 

"Pelé, capa da revista Realidade, em 1966"

 

(http://antigo.miltonneves.com.br/QFL/Conteudo.aspx?ID=69791)

 

 

 

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RESENHA ESCRITA POR VANESSA CANDIA

(OBRA RESENHADA: Linguagem Jornalística,

de Nilson Lage)

 

 

"Simples e objetiva

Vanessa Candia

Linguagem jornalística, de Nilson Lage. (Editora Ática; 78 páginas; R$ 11,90)

Ao folhear uma revista, assistir um telejornal ou escutar uma notícia via rádio, o receptor não analisa a forma estética, a linguagem ou a produção de um canal de informações. O que realmente interessa é receber a notícia de forma clara e objetiva.

É disso que trata o professor e jornalista Nilson Lage no livro Linguagem Jornalística. Ele descreve as formas de uma linguagem jornalística correta e compreensível a todas as classes. Relaciona a importância da integração da linguagem digital - textos -, e não digitais - fotografias, imagens. Essa relação é notável em todos as mídias. Uma imagem mostrada sem nenhum texto anexado causa interpretações variadas.

Para uma melhor compreensão, tomemos como referencial a descrição de um acidente.Obviamente uma imagem que permite a visualização do fato ocorrido causará maior impacto do que uma narrativa pura e simples. Lage também argumenta que tipo de letra usada, cores, formato, diagramação e narração são de vital importância para que o leitor possa ter maior absorção e compreensão do assunto.

O autor ressalta que a prioridade de todo canal informativo deve ser a credibilidade e simplicidade. Não interessa ao repórter ou editor o recebimento de elogios do tipo "que notícia bem escrita" ou "que ótimo ângulo". Basta o público se motivar, entender e ser capaz de formar opinião, e o objetivo será alcançado.

Além de direcionado aos jornalistas, Linguagem Jornalística aborda conceitos fundamentais de semiologia, teoria da comunicação e lingüística. Lage ressalta que a informação deve ser transmitida de maneira direta, interessante e ágil, pois até o fim do dia, ela se torna como um papel em branco, condenado a ser um reles maço de papéis".

 

(http://www.canaldaimprensa.com.br/canalant/cultura/quartedi%C3%A7%C3%A3o/cultura2.htm)