[Flávio Bittencourt]

Uma praga do Padre Cícero

A jornalista Bete Diniz recontou a lenda de um fato que teria acontecido lá pelos idos de 1912.

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/02/14/1926-o-filme-%E2%80%9Cjoaseiro-do-padre-cicero%E2%80%9D-em-recife/)

 

  

 

 

 

(http://colunistas.ig.com.br/monadorf/tag/padre-cicero-poder/)

 

 

 

 

 

(http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/02/14/1926-o-filme-%E2%80%9Cjoaseiro-do-padre-cicero%E2%80%9D-em-recife/)

 

  

 

 

 

(http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/02/14/1926-o-filme-%E2%80%9Cjoaseiro-do-padre-cicero%E2%80%9D-em-recife/)

 

 

 

 

 

 

 

20.8.2011 - Bete Diniz, do jornal online Cariri Noticias, recontou a lenda duma praga que Padre Cícero teria rogado, lá pelos idos de 1912 - Uma praga de Padre Cícero.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

  

  

 

"Uma praga de padre Cícero

 

 

 

 

 

 

 

 

BETE DINIZ

 

 

Lá pelos idos anos
de mil novecentos e doze,
havia em Taperoá um grande comerciante,
um dos homens mais ricos do cariri paraibano...


Certo dia,
uma caravana que ia ao Juazeiro do Norte,
em romaria a pedir a bênção do “padim Ciço”,
parou em frente do comércio daquele rico homem
para abastecer-se de mantimentos para a viagem...


O grande comerciante,
conhecendo um dos romeiros, disse a ele:
“[Seu] Pedro, eu quero que faça um pedido
ao padre Cícero por mim;
diga a ele que me mande dois tostões de raparigas.”


“Seu” Pedro, nervoso, disse:
“Vá lá e diga você mesmo a ele,
porque não vou dar esse recado malcriado ao meu [padim] não.”


A viagem da caravana prosseguiu até seu intento,
e enfim chegou ao que mais se esperava:
havia uma fila imensa de fiéis para conversar com o padre,
mas os taperoaenses não se incomodaram e entraram nela...


Quando chegou a vez do “Seu” Pedro
falar com o “padim Ciço”,
ele, todo feliz, pediu bênçãos e milagres,
e foi atendido de bom grado.
No fim da bênção, o padre Cícero disse a ele:
“Agora me fale do recado lá de Taperoá.”


“Seu” Pedro, gaguejando,
disse que não daria um recado malcriado como aquele.
Padre Cícero disse:
“Então o senhor leve a ele o meu recado;
diga ao grande comerciante
que dois tostões de raparigas é muito;
mandarei dois vinténs,
e uma das raparigas vai na frente,
mas que ele não vai usar.
E diga também que a fortuna dele vai se acabar”.


Uma semana depois daquele recado santo,
grande infortúnio caiu sobre o povo taperoaense:
a cidade foi invadida por mais de quatrocentos cangaceiros,
liderados por um deles, chamado Santa Cruz...


E os cangaceiros fizeram maldade com os ricos de Taperoá:
todos os comerciantes, inclusive o do recado,
tiveram suas riquezas assaltadas e jogadas ao meio da rua.
Santa Cruz disse ao povo:
“Diga ao povo pobre do Bairro do Alto
que venha pegar todas essas mercadorias,
e que nenhum rico depois tente pegar de volta,
porque, se eu sonhar que isso aconteceu,
eu volto aqui e dou fim a toda a família dele.”


Os ricos fazendeiros também tiveram seus bois saqueados,
mortos e distribuídos ao povo pobre;
e assim, por toda a região taperoaense, naquele dia,
houve grande destruição e sofrimento.


O grande comerciante, o do recado ao padrinho,
ficou na miséria, perdeu tudo que tinha;
mais uma semana e o pobre coitado
teve uma isquemia cerebral que o deixou paralítico...


O final da história?
O comerciante, aleijado,
terminou seus dias pedindo esmolas.

Bete Diniz"



(http://caririnoticias.com/bete-diniz/158-uma-praga-de-padre-cicero-.html)