Um novo holocausto?
Em: 11/01/2009, às 13H13
Por Cunha e Silva Filho - especial para Entre-textos
Ao ser interpelado pela imprensa mundial acerca da questão crucial do derramamento de sangue inocente n a Faixa de Gaza, o presidente eleito Barack Obama respondeu que, por enquanto, não poderia opinar sobre o que está acontecendo com os palestinos. Só depois da posse o fará, Aguardemos, pois. Ora, a recusa de Obama não faz sentido algum visto que, desde que se viu vitorioso para a Casa Branca, ele tem repetidas vezes dado satisfação ao povo americano quanto a temas econômicos , tendo à frente a badalada crise financeira arrostada pelos EUA e se alastrando por considerável parte da Terra, até servindo para que países periféricos encontrem álibis para se eximirem de impossibilidades de executarem suas políticas locais, quando não, dando pretexto para que o comércio atualize seus preços para cima pondo culpa na crise do sistema financeiro mundial. Muitas vezes, o ser humano, para entrar na crista da onde, artificializa problemas que ainda não o afligiram só para terem oportunidade de estar se afinando com os povos mais civilizados e mais opulentos embora sofrendo na carne aquilo que plantou pela cupidez do lucro e do enriquecimento sem o suor do rosto.
Barak Obama tem-se mostrado decidido a solucionar, sim, a crise financeira americana que, reconhecemos, é aguda e não foi criada por nós outros mortais desse paraíso brasílico, mas tem-se poupado diplomaticamente a discutir os massacres perpetrados pelos pelos judeus contra os palestinos.
Confesso que a omissão do Chefe de Estado norte-americano me causa estranheza e até me frustra no que concerne às expectativas minhas sobre o papel que deve desempenhar na condição de presidente da nação mais poderosa do mundo.
Não vejo à minha frente nenhum sinal de um presidente determinado e corajoso que esteja decidido a executar mudanças substanciais em todas as questões que o mundo atual exige de uma nação onde os ideais da democracia e da liberdade sejam exercidos em prol dos mais fracos e dos oprimidos. E nesta situação se encontram os palestinos da Faixa de Gaza que veem sua população sendo desrespeitada e hostilizada pelo Estado de Israel sob falaciosos argumentos de que estão se protegendo contra terroristas liderados sobretudo pelo Hamas.
A atitude colonialista de Israel, através do recurso da invasão de um território que não lhe pertence, deve receber total reprovação de todos os povos que defendem a soberania e inviolabilidade de seus territórios. Estão agindo tal como o fazem os EUA, seus protetores, inclusive em vários aspectos.
Armados até aos dentes, os soldados judeus recebem ordens expressas de seus superiores hieráquicos que, por seu turno, cumprem deteminações do atual Ministro da Defesas israelense, Ehud Barak, um líder do Partido Trabalhista, cuja carreira política está em franca ascensão graças às suas posições belicistas contra os palestinos.
Fico a pensar na roda da História e uma pergunta me faço: depois da era do Holocausto, será possível que um povo historicamente sofrido e perseguido desde os tempos bíblicos de Moisés, se esqueceu do genocídio que sofreru na Segunda Guerra Mundial, quando milhares de judeus, por razões étnicas, ideológicase econômicas, foram vítimas dos horrores dos fornos crematórios e dos infernais campos de concentração, nos quais morreram milhares e milhares de patrícios deles ou sofreram outras mortes e perseguições nefandas do regime nazista?
Não é possível, em sã consciência, que os judeus esqueceram essas páginas apocalípticas de que foram vítimas. Não é imaginável que o terror do nazismo hitlerista seja mimetizado pelos judeus de hoje.
Os sionistas estão cometendo agora dois erros imperdoáveis e de consequências imprevisíveis: o da invasão da Faixa de Gaza e o do massacre indiscriminado de civis inocentes. O crime é mais grave, porque atentatório contra a humanidade.: a matança de crianças. Não é preciso afirmar que crianças são seres inocentes, puros e devem receber total apoio e segurança dos organismos internacionais, a começar da ONU. Entretanto, esta longe está dos princípios que a nortearam quando da sua fundação em 1944, em substituição à antiga organização que a precedeu, a Sociedade das Nações. Sucede, porém, que a ONU fica localizada no coração dos EUA, em Nova Iorque. Isso diz já muito de sua implicações político-idelológicas, ainda que tenha ramificação na Europa.
Passando hoje rapidamente pela Cinelândia, centro do Rio de Janeiro,vejo, armado, um palanque com alto-falante, servindo de fórum para a defesa dos palestinos. Em várias partes do mundo idênticas manifestações e protestos estão sendo, felizmente, acontecendo. Bandeiras israelenses e americanas estão sendo queimadas, cartazes, em várias línguas, se exibem para as TVs no mundo inteiro com legendas de protestos antiamericanists e antissionistas. Voltando à Cinelândia, panfletos são distribuídos entre os transeuntes que por aí passam. Os panfletos informam à população sobre o que está na realidade ocorrendo na Faixa de Gaza. Não importa que um partido político nosso esteja encampando as manifestações de indignação e revolta contra um povo que, tendo sido mortalmente sacrificado pelo Holocausto – cumpre salientar -, esteja usando dos mesmos ominosos artifícios de extermínio e de pusilanimidade contra uma população indefesa ( ceifando até agora 600 palestinos e ferindo 2.900, entre velhos, adultos, jovens , militares, civis e crinaças) que está clamando pelo apoio e solidariedade de todas as nações amigas da democracia e execrando qualquer tipo de racismo. O mundo consciente do gravíssimo problema palestino não pode se curvar às potências que gravitam em torno dos EUA em sinal de pura demonstração de subserviência ao tacão do Tio Sam.
Vox populi. Vox Dei não confirma na prática a realidade dos fatos. Se assim o fosse, Hitler não teria chegado à culminância de seu desejo de dominação da Terra. O fato de os judeus darem agora quase pleno apoio ao seu Ministro de Defesa é algo que me deixa preocupado com os destinos de nosso pobre planeta.
Finalmente, urge que o Conselho de Segurança da ONU não tergirverse no que tange a imediato cessar-fogo entre os palestinos e israelenses. Já deu prova de apoio à população palestina um importante cardeal italiano. O próprio Papa concita os dois povos a uma paz sem demora. No meio de toda essa sangrenta luta, o fato mais deplorável foi o exemplo de falta de humanidade e de compaixão de soldados israelenses que, diante de crianças famintas que estavam junto às suas mães mortas, não puderam ter acesso a alimentos que vinham em carros com a ajuda da Cruz Vermelha. Os veículos forma barrados e não puderam entrar em solo palestino. Será que o ser humano chegou ao mais baixo nível de inclemência e de irracionalidade e estupidez diante da tragédia alheia?