Um global no metrô
Por Chagas Botelho Em: 21/09/2024, às 10H54
[Chagas Botelho]
Viram? Ouviram? Por esses dias, o ator Guilherme Fontes foi flagrado andando de metrô, no Rio de Janeiro. O descolamento do “global” causou rebuliço na internet. Todo mundo virtual comentou. Por aqui, em terras áridas e de escassa condução, o assunto também repercutiu.
Falou-se na repartição, pelos corredores, no cafezinho, até no boteco que frequento, pós-expediente, os etílicos de plantão comentaram. A fofoca reverberou geral: “Nossa, como pode um ator da Globo pegar metrô?!”. Foi o que mais ouvi, inclusive dentro do ônibus lotado.
Ver o Alexandre, não aquele das leis, e sim aquele da novela A Viagem, ali, de carne e osso, sentadinho no metrô, tamborilando no celular, parecia inacreditável. Se contasse, ninguém acreditaria. Por isso, tiraram fotos do artista. Várias. Os registros, meus senhores, logo viralizaram.
O brasileiro ficou impactado com a presença inusitada, de bunda no assento, do diretor do filme Chatô - O Rei do Brasil. O mesmo brasileiro que pega transporte coletivo todos os dias. Supõe-se que o metrô seja somente para a massa e não para um escriba da televisão, não é isso? Claro que não.
Mas entendo o espanto. Entendo a grande indagação, “como é que pode?!”. Se a mobilidade urbana fosse tratada com seriedade, prioridade e investimentos louváveis, a cultura de nosso país tropical seria outra. Aposto que até o presidente da república andaria de metrô (nos buracos de tatu, diria o cantor Fagner), economizaria os cofres públicos, não economizaria?
Sou defensor ferrenho do transporte público, mas um transporte de qualidade e inclusivo. Em alguns países europeus isso já é realidade. Por lá, faxineiras, diplomatas, garçons, autoridades e atores compartilham o mesmo vagão. Misturam-se. Espero que no Brasil, um dia, seja possível, sobretudo em Teresina. Sem haver estupefação com quem anda, é claro. Agora deixem-me ir, meu “busão” via shopping está vindo. Tchau!