Taís Curi, a nova presidenta da Academia Santista de Letras

[Carlos Martins, O Zen do Haicai - especial para Entretextos]

Brisa de outono
Taís Curi presidenta
da Casa Martins Fontes
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Em um sábado de céu azul profundo, os acadêmicos da Academia Santista de Letras, também chamada de Casa de Martins Fontes, entidade literária da cidade de Santos-SP fundada em 23 de junho de 1956, elegeram por unanimidade a nossa dileta confreira Taís Curi, como principal mandatária da instituição.
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A cidade de Santos e seu porto, fazem parte da história do haicai brasileiro, pois foi nele que o haicai tradicional chegou ao Brasil, com a primeira leva de imigrantes japoneses no navio Kasato Maru. Entre eles estava Shuhei Uetsuka (1876-1935), que compôs o primeiro haiku (ainda em japonês) em nossa terra:
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A nau imigrante
chegando: vê-se lá no alto
a cascata seca.

(Tradução H. Masuda Goga)
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A Academia Santista de Letras também tem uma ligação estreita com essa forma de poesia mínima. Entre seus fundadores está ninguém menos que o conhecido poeta e haicaísta Monsenhor Primo Vieira, haijin de poemas iluminados:
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Pelas mãos do vento
Deus colhe flores no campo.
Que festa há no céu?
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Atualmente, duas poetas do seu quadro, têm o pé no haicai: Regina Alonso e Taís Curi. Regina dispensa apresentação, por seu talento e fecunda produção editorial em poesia e haicai, podendo mesmo ser considerada como uma das maiores haicaístas hoje em atividade no País:
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Vagueia nas ruas
em busca de acolhida
filhote de gato
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Mas é a acadêmica Taís Assunção Curi Pereira, a nossa Taís Curi, que se levanta da cadeira nº 36, cujo patrono é Alberto Leal, para assumir a presidência da casa, eleita por todas as suas confreiras e confrades, em clara mensagem de união em favor da promoção da literatura em solo santista.
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Taís é jornalista de escol, professora universitária, assessora de imprensa, coordenadora de projetos editoriais, escritora e haicaísta. Chegou à Casa Martins Fontes com os seguintes livros: as obras de peso “Theatro Guarany – O Renascer de um Palco Centenário (2008) e “Patrimônio Histórico, Cultural e Natural - Região Metropolitana da Baixada Santista” (2010), obras ricamente ilustradas; e “Mídia & Cultura – Discursos que Constroem Memória (2007), este uma adaptação de tese apresentada na ECA-USP. E, este mês, lançando a obra a “seis mãos”, na companhia de Regina Alonso e Maria Cristina Chinen Robertson, outra haicaísta santista: “Três Poetas em Santos Cidade Portuária”, o primeiro livro com haicais encadeados de autores nacionais. Nada mais oportuno: uma felicidade para a confreira, na esteira do não menos especial acontecimento de hoje.
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Taís é um orgulho para o nosso pequeno sítio de internet - O Zen do Haicai - não só por tal conquista, mas pela amizade e estímulo para seus colegas haicaístas, especialmente aqueles que chegam diariamente ao nosso convívio, não apenas por palavras, mas pelo exemplo inspirado de seus haicais:
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Manhã de verão ―
De camiseta regata
o menino e o cão
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Chão atapetado
no caminho até a igreja ―
Flores de ipê-roxo
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Manhã de outono
Só o vento Noroeste
e o cheiro de café
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Mercado de peixes ―
O alvoroço dos turistas
e também das garças
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Chega o Ano-Novo ―
A família comemora
ficando mais velha
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Parabéns cantado
sob o chapéu-de-sol
Vivas a Santos!
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E vivas também à talentosa confreira!