Elmar Carvalho

 

 

Dedo em riste,

muito feroz e muito triste,

o homem, grosso e imundo, falou:

Lembra-te, tu já lambeste meu cu!

A mulher, com gestos abstratos

feitos do mais singelo recato,

elegante e delicada, retrucou:

Lambi, mas não lambo mais ...

O homem quedou-se transformado

em pesada estátua de pedra e dor.

A mulher se foi

                     – leve e evanescente –

anjo que se libertou.