Rogel Samuel, Lourenço Mello e o Lago do Ayapuá
Por Flávio Bittencourt Em: 04/06/2010, às 08H08
Rogel Samuel, Lourenço Mello e o Lago do Ayapuá
No romance Teatro Amazonas, Lourenço Mello, o então proprietário das terras da região do Lago do Ayapuá, surge no Hotel Brasil, em Paris, como personagem do consagrado teórico da literatura, poeta e romancista Rogel Samuel.
KLAUS KINSKI E CLAUDIA CARDINALE, ATORES DO FILME FITZCARRALDO,
RODADO EM 1981 EM IQUITOS (PERU), MANAUS (BRASIL) E NO INTERIOR
DA AMAZÔNIA PERUANA: de acordo com Agnello Bittencourt, em seu opúsculo
Reminiscências do Ayapuá (Rio de Janeiro: A. Bittencourt, 1966), um dos
irmãos do deputado Lourenço Mello, o Coronel Leopoldino, era um visionário que
todos os anos organizava dispendiosas expedições (fracassadas) à margem direita
do Rio Purus [o Lago do Ayapuá fica na margem esquerda, entre Beruri-AM e Tapauá-AM],
em busca de fabulosos castanhais e seringais que não existiam: FITZCARRALDO PURUENSE
(Só a foto, sem a legenda acida lida:
http://buchinsky.files.wordpress.com/2009/05/kinski_et_cardinale.jpg)
(http://129.171.53.1/ep/Paris/html/paris_1900.html)
CASTANHA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa),
também conhecida como 'castanha-do-Pará' ou 'castanha-da-Amazônia'
(http://www.bicodocorvo.com.br/meio-ambiente/desenvolvimento-sustentavel-no-brasil)
(http://129.171.53.1/ep/Paris/html/paris_1900.html, onde se pode ler: Looking through the Eiffel Tower to the Trocadero and Colonial Section, Paris Exposition, 1900, Library of Congress) |
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(http://literaturarogelsamuel.blogspot.com/2008_08_01_archive.html,
onde se pode ler:
"O romance foi inspirado por fotografias (que estão no livro) tiradas pelo autor, na década de 60, das ruínas do navio "Adamastor", na praia de São Raimundo, nos arredores de Manaus. O navio pertenceu a Maurice Samuel, comerciante de borracha falecido em 1942, avô de Rogel Samuel, que não o conheceu. Maurice nasceu em Estrasburgo, trabalhou numa companhia de navegação inglesa e um dia veio a Manaus e ali se estabeleceu. Ainda existe a bela mansão onde Maurice morou em Manaus. A partir daí, o autor passou a ler todos os autores daquela época para levantar como seria a vida na Amazônia de 1850 até a década de 1950. Cerca de 100 livros. Todo o enredo gira em torno de um Palácio, construído no meio da selva, o Palácio Manixi, e da misteriosa origem da fortuna do protagonista. Uma obra notável para quem gosta do entrelaçamento de ficção e realidade, da História constituída por histórias. (...)" )
"Amazonas é o maior Estado do Brasil, tendo como Capital Manaus, principal Portão de Entrada para a Região Norte.
O Estado do Amazonas teve sua época áurea no tempo dos Barões da Borracha. O produto, trabalhado em meio à floresta amazônica, movimentava todos os portos do Estado, em vultuoso comércio de exportação através do Porto de Manaus, construído em 1907, com docas flutuantes que facilitam o transbordo das cargas dos navios de menor calado que percorrem os rios (...)".
(http://www.cidades.com.br/estado/amazonas/am.html)
"(...) Caráter cinematográfico de uma obra rogeliana
O romance de Rogel Samuel Teatro Amazonas (2008) [10] é considerado cinematográfico (roteirizável), uma vez que, como na trama de Fitzcarraldo (filme de longa-metragem realizado em 1981 sob a direção de Werner Herzog, com os atores Klaus Kinski e Claudia Cardinale interpretando os papéis principais [11]), personagens históricos movimentam-se, sob a lavra do escritor, numa espécie de criativa fusão entre "ficção" - criada não sem o apoio de fatos verídicos - e "realidade" (que não exatamente teve lugar no "mundo", dito concreto, "da experiência"). Trata-se, como se diz comumente, de enredo inspirado em fatos reais [no caso de (1) Teatro Amazonas: Eduardo Ribeiro[12], Fileto Pires Ferreira[13], Adelelmo do Nascimento[14], Lourenço Mello[15], Gentil Bittencourt, Lourival Muniz e outros que igualmente transitavam com desenvoltura pelo financeiramente abastado contexto da Amazônia do final do século XIX; no caso de (2) Fitzcarraldo: o personagem excêntrico que dá nome à película foi pessoa "de carne e osso", tanto quanto o citado - pelo ficcional D. Aquilino (José Lewgoy) - o barão peruano da borracha D. Julio César Arana del Ávila[16], que "foi", "possivelmente", mais rico e poderoso do que o próprio "barão" arrogante que ator brasileiro José Lewgoy interpretou em Fitzcarraldo. De outra forma, D. Aquilino, personagem ficcional, não teria mostrado, no mapa da República Peruana, as terras do Rio Putumayo ou Içá onde D. Julio soberano reinava, como aparece, de forma documental, no filme de Werner Herzog. No Brasil, como mostrou Samuel Benchimol, o correspondente ao "barão da borracha" - no referido caso, peruano - era a figura do coronel de barranco (Cf. BENCHIMOL, 1994), sobre quem escreveu também (literariamente, agora) Cláudio de Araujo Lima [17] (Cf. ARAUJO LIMA, 1970, 2ª ed., 2002)]. (...)".
(VERBETE 'Rogel Samuel' (Wikipédia),
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rogel_Samuel)
Em memória de meu tio-bisavô Leopoldino Nicolau de Mello e para
Werner Herzog,
Klaus Kinski (in memoriam),
Claudia Cardinale,
George Sluizer,
Saverio Roppa,
Robério Braga,
Rogel Samuel e para a luminosa memória de
Fred Confalonieri, que dirigiu, em julho de 1981, a sequência com
Kinski e Cardinale no Teatro Amazonas [Herzog filmava no Peru],
na qual tive a alegria de servir como modesto figurante, com calça blue jeans e
smoking (só da cintura pra cima)
4.6.2010 (Manaus) - Um dos barões da castanha-do-Brasil, o deputado por Manacapuru à Assembléia Amazonense Cel. Lourenço Nicolau de Mello, é personagem do romance Teatro Amazonas, de Rogel Samuel - Os outros personagens da mesma sequência literário-ficcional também existiram. E frequentavam Lisboa, Paris, Bruxelas, Madri, Barcelona, Roma, Londres e outras capitais (e não-capitais, uma vez que Barcelona citada foi) européias -, como convinha a amazonenses cultos, alguns deles considerados "coronéis de barranco", que, contudo, não eram broncos, nem desinformados. Muito pelo contrário: afinal, naquele tempo, como nos dias de hoje, pessoas abastadas são objeto de inveja, em razão do dinheiro que conseguiram acumular, de sua inteligência privilegiada e, em alguns casos, de sua refinada cultura. F. A. L. Bittencourt ([email protected])
CAPÍTULO 15 DO ROMANCE Teatro Amazonas
"(...)
15. HOTEL BRASIL, PARIS
O professor Carlos Augusto estava em Paris para observar a metodologia de ensino nas escolas de S. Gil, de Bruxelas. Na época era Secretário da Educação do Amazonas.
Na manhã do dia seguinte aproveitou para dar uma caminhada no Jardim de Luxemburgo, ali perto. Depois foi pelo Bulevar Saint-Michel até a rua da Sorbonne, voltou pela Saint-Jacques, dobrou a direita até a rue le Golf, onde ficava seu hotel.
Depois da caminhada, sentou-se na sala de recepções, lendo os jornais.
Foi quando viu entrar pela porta o seu amigo Lourival Muniz.
Muniz tinha sido seu colega de escola. Ambos foram alunos do maestro Adelelmo.
Lourival Muniz estava acompanhado de Lourenço Mello, que desde jovem já falava muito bem francês, e era um pequeno gênio, um pequeno caboclo amazonense genial.
Mello nasceu no rio Purus, no famoso Ayapuá, em 1854, trabalhou no comércio, na catequese dos índios “muras”, foi Diretor de Índios e Delegado de Polícia.
Muniz tornou-se violinista, como seu mestre Adelelmo. Estava na Europa aperfeiçoando sua técnica com vários professores. Lourival Muniz foi talvez o melhor aluno do maestro, capaz de escrever uma transposição de tom de improviso.
Logo se reuniram os três na mesma mesa.
- Felix Weingartner vai reger a orquestra de Viena amanhã, disse Muniz. Eu consigo ingressos.
- Excelente! exclamou Augusto.
- Como vai nosso Teatro Amazonas? Perguntou Lourenço Mello.
- Este ano tivemos “La Boêmia” em janeiro. Em janeiro, acrescentou Bittencourt, teremos a “Cavalaria Rusticana”, “I Pagliacci” e outras.
- Não diga! Fez Muniz, batendo as mãos com expressão animada.
- Sim, continuou Augusto. Em “I Pagliacci” o cantor fez sucesso com o “Vesti la giubba e la faccia infarina”.
- Sim? E o maestro?
- Foi o mestre Carvalho Franco. Estava com a Companhia Tomba, com oitenta figuras, dirigida por Gennaro Pesce.
E tirou um jornal da pasta, que abriu sobre a mesa:
- Aqui está no jornal italiano “Almanacco”.
- Mas não diga! Exclamou o aluno de Adelelmo. Estamos no circuito internacional!
- Sim, sim, disse Carlos Augusto. E teremos “Salvador Rosa” de Carlos Gomes, duas de Puccini...
- Bohême e Manon Lescaut...
- Sim. E mais Verdi e Rossini.
- O maestro Franco está-se desgastando na corrida empresarial. Ele é mau negociante, atrapalhado, distraído. Por isso ganhou fama de mau pagador.
- O quê?
- Sim, tem muitos inimigos...
- Invejosos...
- E como é um artista, está todo atrapalhado. Os músicos da orquestra estão debandando... Por isso, para saldar os pagamentos, fez uma récita dedicada a Sebastiana Nery, esposa do governador. A alta sociedade compareceu, pagando muito. As entradas foram muito caras, mas todas vendidas.
- Mas ocorreu um desastre... e que pode prejudicar a vida cultural no Amazonas, disse Augusto.
- Que foi? Perguntaram os outros dois ao mesmo tempo.
- A atriz Giannina Barone faleceu, vítima de malária, a bordo do vapor “Rio-mar”.
- Céus!
- Sim foi, disse Augusto.
- E houve outra morte, não foi?
- Sim, amigos. A cantora Anita Occhiolini, da Companhia Tomba, morreu em Belém, dizem que também vítima da malária.
- Isso?
- A “Folha do norte”, do dia 12, disse que ela morreu de febre amarela na Casa de Saúde São Francisco, de madrugada. Tinha 33 anos. Nem chegou a cantar em Belém, pois só apareceria em “ Pallacci”. (ROGEL SAMUEL)
(http://teatroamazonas.blogspot.com/2009/01/teatro-amazonas-de-rogel-samuel.html)
CLAUDIA CARDINALE
(http://ipsislitteris.opsblog.org/2009/09/16/cinemusas-17-claudia-cardinale/)
A SEGUIR, ATENDENDO A PEDIDOS, MAIS CARDINALE:
porque o leitor desta Coluna assim exige!
(http://ipsislitteris.opsblog.org/2009/09/16/cinemusas-17-claudia-cardinale/)
(http://ipsislitteris.opsblog.org/2009/09/16/cinemusas-17-claudia-cardinale/)