0

 (imagem: Tsunemori Akane; atrás o Inspetor Ginoza (de óculos) e o justiceiro Kogami Shinya)

Psycho Pass 3: O Japão sob isolamento

PSYCHO PASS 3 O JAPÃO SOB ISOLAMENTO
Miguel Carqueija


Com o Japão isolado do mundo, estabeleceu-se naquele país uma distopia sob o controle do implacável Sistema Sybila, onde a população é constantemente monitorada por drones e aparelhos de alta precisão que medem os seus matizes (cores espectrais reveladoras das tendências criminais) e o seu coeficiente criminal podendo ser presas e confinadas para tratamento sem ter cometido crime algum, ou mesmo sentenciadas à morte imediata em plena rua se o seu “Psycho Pass” apresentar uma disposição homicida pronunciada. Os drones que circulam pelas ruas cuidam da maior parte dos crimes em potencial, mas brigadas especiais de detetives tratam dos casos de assassinato. Essas brigadas comandadas por inspetores utilizam os serviços dos chamadas coatores ou justiceiros. Indivíduos capazes de matar, mas que por um acordo especial servem na polícia e continuam livres, são eles os “cães de caça”, que fazem o serviço sujo.
Não existem mais juízes, advogados e tribunais no Japão; os julgamentos são feitos pelo Sistema Sybila através dos drones e, no caso dos assassinos reais ou em potencial, pelas “dominators”, poderosas armas falantes utilizadas por inspetores e justiceiros e conectadas com o sistema; elas julgam as pessoas para quem apontam e, identificando potencial criminoso apreciável, liberam o disparo no modo paralisia ou até no modo fatal, nos casos mais graves. É o julgamento das máquinas, cibernético e sem possibilidade de apelação. Elas também “decidem” se a pessoa que as porta está credenciada para tal.
Neste mundo de pesadelo do futuro surge Tsunemori Akane, uma jovem e recém-empossada inspetora de polícia que, movida por excepcional senso de justiça, vai além da burocracia e da impiedade do sistema. Akane está ciente de suas limitações como peça de um sistema imenso e poderoso mas, não podendo fazer tudo, ela fará tudo o que pode...


Resenha do episódio 3 – Convenção de criação – do animê “Psycho Pass”, produzido por Koji Yamamoto e outros, e dirigido por Katsuyuki Motohiro – Production I.G., Japão, 2012-2013.


“Ele disse que queria ser detetive ao invés de cão de caça mas aquele olhar, sem dúvida, era de um carnívoro que encurralou a presa.”
(Tsunemori Akane)


No terceiro episódio do extraordinário animê de ficção científica “Psycho Pass” a jovem Inspetora Tsunemori Akane, da Secretaria de Segurança do Japão, acompanha o Inspetor Ginoza e sua equipe de justiceiros (Kagari, Kunizuka, Kogami e Masaoka) a uma importante fábrica de drones, onde trabalham centenas de operários. Em pouco tempo ocorreram três mortes misteriosas, homens que foram mortos aparentemente de forma acidental pelos drones, máquinas que são por vezes uma espécie de veículos e do tamanho de tanques de guerra. Ginoza considera aquilo suspeito, mas o bonachão presidente da empresa procura dissuadi-los: acidentes acontecem e as matizes dos trabalhadores são sempre verificadas. Entretanto uma coisa intriga a equipe policial: o local está isolado de comunicação com o mundo exterior e o Sistema Sybila não funciona ali dentro; nem mesmo as dominators. Assim, o coeficiente criminal não pode ser medido a não ser pelas matizes que não dão uma certeza absoluta.
Quando o sexteto pode conversar a sós os justiceiros apontam o fato altamente suspeito de que, há coisa de um ano, pratica-se o “bullyng” contra um único funcionário e que o histórico de sua matiz indica que a mesma estava ficando carregada antes de cada morte e depois clareara — como se, matando, aliviasse seu coeficiente criminal. Akane espanta-se com esse detalhe, e o caçador Masaoka expõe seu ponto de vista, apoiado por Kogami. Por alguma razão, porém, o mal-humorado Ginoza dirige palavras ásperas a Masaoka e não parece disposto a enfrentar o presidente da empresa relacionada com um ministério. Ginoza não vê, ou não quer ver, evidência de crime no que ele chama simples suposições.
Akane resolve tomar uma atitude e chamando Ginoza à parte, bate de frente com ele. Para ela, os justiceiros têm razão. Tudo indica que os “acidentes” são na verdade homicídios por alguém que se utiliza dos drones como armas. Sentindo no fundo que ela está com a razão mas não querendo se comprometer, Ginoza sai temporariamente de cena deixando campo livre para sua colega agir junto com os coatores.

Assim Ginoza tirou a sua da reta, e se alguma coisa der errada a responsabilidade será totalmente de Akane.

Esta vai em frente para provar o que o seu senso de detetive indica... mas a sua audácia a colocará em seríssimo risco de vida, no clímax eletrizante do episódio.
Aos poucos Akane, superando sua timidez, vai se impondo na trama com sua nobreza e seu caráter irrepreensível


Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2015