Está cada vez mais interessante reeditar o livro “A Amazônia e a cobiça internacional” (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1982), de Arthur Cézar Ferreira Reis. A primeira edição deve ser de 1960. Está esgotado, há muitos anos e foi pioneiro no assunto. No nosso blog publiquei um capítulo. Lá, Arthur Cézar também denuncia a destruição dos animais da Amazônia. Citando Silva Coutinho, diz que “só no ano de 1719, para as 192.000 libras de manteiga de tartaruga exportada pela Capitania de São José do Rio Negro, hoje Estado do Amazonas, foi necessário exterminar 24 milhões de tartarugas”. Arthur Cézar escreveu: “A ocupação da terra foi feita pelo homem desordenadamente. Sem considerar o futuro e na ignorância de que estava trabalhando contra as gerações de amanhã, destruiu florestas, secou rios, removeu dificuldades criando problemas para amanhã. Em todos os continentes ocorreu esta maneira de agir desastrada e imprevidente. O pior, porém, é que, sem querer aprender a lição da experiência, prosseguiu na tarefa condenável, desatento a tudo e a todas as previsões dos que se alarmavam com a conduta criminosa, destruindo, com a sua teimosia, as esperanças e as possibilidades dos que deviam sucedê-lo”.
No seu último pronunciamento, o senador Jefferson Péres ridicularizou o jornal The New York Times que publicou uma matéria, com o título: “Amazônia, de quem é afinal?” O texto põe em dúvida a soberania do Brasil sobre a Amazônia. “Não se pode levar a sério, disse o Senador. Por quem seria feita a internacionalização? Pela ONU? A Carta da ONU não dá poderes a essa organização para retirar território de nenhum país. Isso não encontra amparo jurídico. A ONU não pode fazer isso. Quem faria a internacionalização? Uma intervenção americana? Não seria internacionalização, seria uma invasão, seria um ato imperialista impensável... Isso não vai acontecer. Não tenho tanto medo da cobiça internacional sobre a Amazônia. Tenho medo da cobiça nacional sobre a Amazônia, da ação de madeireiros, de pecuaristas e de outros que podem provocar, repito, o holocausto ecológico naquela região.”
Seja como for, é bom que sempre estejamos nós levantando o assunto. Dia virá que talvez tenhamos de defender nossa soberania na região com paus e pedras.