Os paiés frente ao jaguar
 

O antropólogo José Guilherme Cantor Magnani estudou o xamanismo nos grandes centros urbanos, na atualidade.

Flávio Bittencourt ([email protected])

 

"Os perfumes Ariramba e Tuxaua [1] trazem proteção a quem os usa"

Cacilda Mello de Araujo Lima (esposa do teatrólogo Benjamin Lima, http://www.bv.am.gov.br/portal/conteudo/serie_memoria/11_benjamimLima.php), astróloga amazonense que produzia perfumes com essências da floresta, ao mesmo tempo em que se debruçava sobre a  Doutrina Secreta de Mme. Blavatsky.

 

Fotograma de Rituaes e Festas Borôro (Brasil, 1916), documentário cinematográfico fotografado e dirigido por Luiz Thomaz Reis (http://www.cinemateca.gov.br/jornada/filmes_amazonia.php)

 

Brasília, 2.11.2009 - O antropólogo J. G. C.Magnani, no importante artigo "Xamãs na cidade" [Revista USP, São Paulo, nº 67, pp. 218-227, set./nov. 2005, reproduzido na Web em http://www.usp.br/revistausp/67/16-magnani.pdf] transmite-nos a impressão [o cientista é rigoroso, o impressionismo é meu, que sou leigo] de que hoje há, nas grandes metrópoles, uma espécie de "retorno ao xamanismo" (a expressão não é dele, que prefere falar de "neo-esoterismo" [2]).

Como opto por adotar uma percepção literária - e lúdica, todavia absolutamente respeitosa - do fenômeno (não sou antropólogo, nem praticante de formas urbanas de xamanismo, ainda que nele muito confie), para não trair a posição do Prof. Magnani, devo transcrever um trecho de sua lavra, contido no artigo publicado na Revista USP:

"(...) o xamanismo é entendido como uma espécie de patrimônio universal da humanidade, sabedoria ancestral cultivada ao longo das gerações, só que mais bem preservada em comunidades que ainda mantêm (segundo outra idéia mestra da Nova Era) vínculos mais estreitos com a natureza, suas energia, seus guardiões, seus espíritos protetores, seus 'animais de poder'. A propósito, vale como ilustração a resenha feita no folheto de uma livraria do circuito neo-esotérico, Zipak [3], em São Paulo, do livro Tarô dos Animais - Arutam Wakani, o Oráculo Sagrado dos Xamãs: 'Houve um tempo onde estivemos receptivos aos ensinamentos transmitidos pelos animais, mas isso foi-se distanciando e, aparentemente, deixou de existir. Na verdade, o elo de ligação dos humanos com a sabedoria dos animais não desapareceu, apenas foi mantido em segredo pelos guardiões espirituais das tribos, que são os Xamãs, Pajés, Curandeiros... Este livro é uma poderosa ferramenta para a retomada de contato com as energias primais; é uma forma moderna de transitar em tradições tão antigas quanto o Xamanismo e trazer todo o seu conhecimento para o nosso dia-a-dia, para a nossa busca constante de felicidade e de autocompreensão' ". (Resenha, sob responsabilidade do Circuito Zipak, do livro citado, apud  MAGNANI, 2005: 222 - 223).

Já o portal "Café Tarot" contém a seção "Os animais de poder nas cartas de tarô", onde se pode ler:

"Eles estão por toda parte. Nas artes, nas histórias, nas religiões e, sobretudo, dentro de nós mesmos. Como arquétipos, representam as camadas profundas do inconsciente e do instinto. Forças cósmicas, materiais e espirituais. O termo 'animal', do latim anima, tem o sentido de fôlego vital, conjunto de energias profundas que nos dão a vida.

O tarô, enquanto sistema vivo de energia derivado do acervo coletivo da humanidade, agrega seres de todos os tempos em suas antigas e eternas imagens. Se o considerarmos uma teia de relações biológicas, sociais e até mesmo espirituais, podemos perceber que nele está inserida até mesmo a interação entre nós e os animais. É um instrumento de socialização, uma verdadeira ferramenta de religação com a Terra por meio de infindáveis associações simbólicas com a biodiversidade, com Gaia
". (http://www.cafetarot.com.br/2007/10/os-animais-de-poder-nas-cartas-de-tar.html)

Franco e direto foi, entretanto, A. Villoldo, citado por Magnani: (...) Alberto Villoldo, por sua vez, na vivência que conduziu em São Paulo em dezembro de 1997, foi mais enfático para ressaltar a rapidez na obtenção de resultados: 'O que o budista zen busca encontrar durante trinta anos de meditação no mosteiro, o xamã consegue, em seis segundos, frente ao jaguar' [ou seja, frente ao grande felino conhecido como onça; MAGNANI, 2005: 223].

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Notas

[1] - Cfe. a autobiografia - ainda inédita - de Carlos de Araujo Lima (filho de Dª. Cacilda) Um advogado depõe. De acordo com esse autor, no Rio de Janeiro, nas décadas de 1940 e 1950, destacadas famílias, assim como autoridades do Governo Federal, recorriam aos horóscopos (hoje denominados mapas astrais) elaborados pela astróloga amazonense - nascida em Ayapuá (Rio Purus) [http://historiadosamantes.blogspot.com/search/label/AGNELLO%20BITTENCOURT]  -, assim como aos perfumes de sua indústria doméstica.

[2] - "[Corresponde à primeira nota de rodapé do artigo do Prof. Magnani] Escolhi o termo 'esotérico' para compor a expressão 'neo-esotérico', destinada a englobar de forma mais direta todas essas práticas, serviços e espaços, em virtude de sua difusão e imediato reconhecimento no meio em que circula. Esse termo, contudo, apresenta também um sentido técnico: no campo do estudo das religiões e sistemas iniciáticos, esotérico refere-se àqueles ritos ou elementos doutrinários reservados a membros admitidos a um círculo mais restrito, opondo-se, assim, a exotérico, a parte pública do cerimonial. Para evitar ambiguidades, uso então o prefixo 'neo' com o propósito de estabelecer e marcar a diferença com relação a esse sentido". (MAGNANI, 2005: 220)

[3] - No Curriculum Vitae do Prof. Olavo de Carvalho, organizado por R. A. Souza e E. Pinheiro, consta:

"OLAVO DE CARVALHO, nascido em 1947, tem sido saudado pela crítica como um dos mais originais e audaciosos pensadores brasileiros. Homens de orientações intelectuais tão diferentes quanto Jorge Amado, Roberto Campos, J. O. de Meira Penna, Bruno Tolentino, Herberto Sales, Josué Montello e o ex-presidente da República José Sarney já expressaram sua admiração pela sua pessoa e pelo seu trabalho. A tônica de sua obra é a defesa da interioridade humana contra a tirania da autoridade coletiva, sobretudo quando escorada numa ideologia "científica". Para Olavo de Carvalho, existe um vínculo indissolúvel entre a objetividade do conhecimento e a autonomia da consciência individual, vínculo este que se perde de vista quando o critério de validade do saber é reduzido a um formulário impessoal e uniforme para uso da classe acadêmica. Acreditando que o mais sólido abrigo da consciência individual contra a alienação e a coisificação se encontra nas antigas tradições espirituais ~ taoísmo, judaísmo, cristianismo, islamismo ~, Olavo de Carvalho procura dar uma nova interpretação aos símbolos e ritos dessas tradições, fazendo deles as matrizes de uma estratégia filosófica e científica para a resolução de problemas da cultura atual. Um exemplo dessa estratégia é seu breve ensaio Os Gêneros Literários: Seus Fundamentos Metafísicos, onde se utiliza do simbolismo dos tempos verbais nas línguas sacras (árabe, hebraico, sânscrito e grego) para refundamentar as distinções entre os gêneros literários. Outro exemplo é sua reinterpretação dos escritos lógicos de Aristóteles, onde descobre, entre a Poética, a Retórica, a Dialética e a Lógica, princípios comuns que subentendem uma ciência unificada do discurso na qual se encontram respostas a muitas questões atualíssimas de interdisciplinaridade (Aristóteles em Nova Perspectiva ~ Introdução à Teoria dos Quatro Discursos). Na mesma linha está o ensaio Símbolos e Mitos no Filme "O Silêncio dos Inocentes" ("análise fascinante e ~ ouso dizer ~ definitiva", segundo afirma no prefácio o prof. José Carlos Monteiro, da Escola de Cinema da Universidade Federal do Rio de Janeiro) que aplica a uma disciplina tão moderna como a crítica de cinema os critérios da antiga hermenêutica simbólica. Sua obra publicada até o momento culmina em O Jardim das Aflições (1985), onde alguns símbolos primordiais como o Leviatã e o Beemoth bíblicos, a cruz, o khien e o khouen da tradição chinesa, etc., servem de moldes estruturais para uma filosofia da História, que, partindo de um evento aparentemente menor e tomando-o como ocasião para mostrar os elos entre o pequeno e o grande, vai se alargando em giros concêntricos até abarcar o horizonte inteiro da cultura Ocidental. A sutileza da construção faz de O Jardim das Aflições também uma obra de arte.

(...)

V. PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS [seleção]  

  • V Congresso Brasileiro de Filosofia, Faculdade de Direito USP, 5 de setembro de 1995.

  • Colóquio do Instituto de Tropicologia da Fundação Joaquim Nabuco, Recife, PE, 13 de maio de 1997 (sessão especial de debates sobre a obra de Olavo de Carvalho).

  • Forms and Dynamics of Exclusion, congresso da Maison des Sciences de l’Homme, Unesco, Paris, 22-25 de maio de 1997.

  • Liberalismo no Brasil, colóquio do Liberty Fund, Gramado, RS, 2 de fevereiro de 1997.

  • Liberdade, democracia, progresso e História no pensamento de José Guilherme Merquior, Colóquio do Liberty Fund, Teresópolis, 3 a 6 de setembro de 1997.

  • Reforma do Estado, Colóquio do Instituto Liberal, Brasília, 8 e 9 de maio de 1998.

  • Latinité et Nouvel Ordre Mondial, Cluj-Napocca, Romênia, julho 1998.

  • United Nations Intellectual Leaders Striving for the Stable Development of Mankind, ONU Conference Room I, New York, 5 de janeiro de 2001.

  • Planetary Articulation:The Life, Thought, and Influence of Eugen Rosenstock-Huessy, Allerton Park Conference Center, Monticello, Illinois, USA, 2002.

  • Seminario Internacional “Forjando Liderazgo”, Universidad del Salvador, Red Interamericana para la Prevención del Uso de Drogas e Drug Free America Foundation, Buenos Aires, 2003.  

VI. OUTRAS ATIVIDADES PEDAGÓGICAS E CULTURAIS  

  • Fundou e dirigiu, com Luiz Pellegrini, a Livraria Zipak, em São Paulo.

  • Foi membro-fundador da Sociedade Brasileira de Szondi, sociedade científica destinada a estudar e difundir a obra do psiquiatra húngaro L. Szondi (1893-1988)

  • É consultor da Enciclopédia Barsa e do Almanaque Abril para assuntos de Filosofia, Simbolismo e Religiões Comparadas.

  • Fundou e dirigiu, com Ênio Squeff e Olga Kanashiro, o Cineclube do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.

  • Organizou e dirigiu o estande da Faculdade da Cidade Editora e da Topbooks Editora e Distribuidora de Livros Ltda. na Bienal do Livro do Rio de Janeiro de 1997.

  • Dirigiu a Faculdade da Cidade Editora, Rio de Janeiro, onde promoveu a edção de obras importantes como O Espírito das Revoluções, de J. O de Meira Penna, A Filosofia de Maurice Blondel, de João de Scantimburgo, Teatro Oficina: Onde a Arte não Dormia, de Ítala Nandi, e Senso Incomum, de Alan Cromer.

  • Dirigiu o Seminário de Filosofia da Faculdade da Cidade, Rio de Janeiro.

  • Dirige a coleção Biblioteca de Filosofia da Editora Record S/A. (...)" (o grifo - a linha sublinhada - é nosso). (http://dennymarquesani.sites.uol.com.br/semana/olavcrvl.htm)

 

 

O novo logo do fabuloso automóvel Jaguar, em seu formato metalizado

(http://www.flickr.com/photos/jurvetson/2764141550/)

 

 

A marca antiga do carrão Jaguar

(http://datafortress2020.110mb.com/miraclemile/imports.html)

 

 

 

O soldado do CIGS (Exército Brasileiro) e o mascote do Centro de Instrução de Guerra na Selva, uma onça pintada (Panthera onca). Selva!

(http://www.exercito.gov.br/06OMs/centros/cigs/indice.htm)

 

 

 

 

(http://www.itnet.com.br/imagens/onca_pintada.jpg