Deve-se  distinguir a sociedade americana  do seu governo e de suas instituições  políticas, ou seja,  não se deve nunca  pôr a culpa no povo por quaisquer que sejam  as  ações tomadas  pelo seu governo.

Difícil  é ver alguma  relação  lógica entre um Presidente de uma grande nação  construída  pelo brilho de  seus  pais fundadores e pelo menos  os três últimos  presidentes que a governaram, sendo que o atual é um detentor de um Prêmio Nobel da Paz.Só que  a  simples condição de Barack Obama como  ganhador de uma Nobel da Paz é suficiente para lamentarmos  o que seu  governo  anda fazendo no que  respeita à sua política externa.

A despeito de ser o comandante-em-chefe do seu  país, não se pode aceitar absolutamente  que seu  governo  permita suprir  Israel de uma  grande quantidade  de  poderosos  armamentos mortíferos  a ser empregado contra os palestinos da Faixa de Gaza. Essa atitude está  inteiramente  em  desacordo com  a função  que lhe  é  atribuída  ao cargo.

Se na realidade  ele  quiser  dar demonstrações   de que é merecedor  do status de um verdadeiro estadista,  ele jamais  deveria   consentir que seu país  enviasse  armas, mesmo a uma nação  aliada, que viesse  provocar  a morte de centenas  de inocentes no território de Gaza. Além disso,  esta atitude não é digna de um  ganhador de  um  Nobel da Paz. Pelo contrário,  o  Presidente americano  nos ´da a impressão de que avaliza  todas as atrocidades  perpetradas pelas Forças Armadas  israelenses no conflito com os  palestinos.

Desta forma,  o governo de Obama não  está  agindo  certo, mas muito ao contrário,  está  contribuindo  para a posição  de declínio de um país que, no passado,  já contou  com  homens  brilhantes como  Lincoln, Washington, Thomas Jefferson, Benjamin Franklin,  Franklin    Delano  Roosevelt, Martin Luther King, entre outros. Obama não  desejaria  macular a velha e boa imagem  do passado  americano. Portanto,  a ele caberá  mostrar às nações do mundo que seu país  não irá  ser co-responsável pelos altos índices de mortes  de crianças na Faixa de Gaza. A ele  cabe  formular um plano de paz a fim de  mudar as estratégias que vem  empregando. Em outras palavras,   antes deveria   esforçar-se para tomar medidas  em direção  a uma  trégua  duradoura no conflito. Somente alterando  suas  estratégias ele estaria  colaborando com os dois lados.

A Comunidade  Internacional não suporta mais  assistir a tanto derramamento de sangue,  algo  indigno  para os  tempos  atuais e para a nossa condição  de seres  humanos  instruídos e civilizados. Várias instituições mundiais  não-lucrativas têm por    finalidade   procurar meios  de evitar  guerras e,  tanto quanto possível,  envidar  esforços na direção  da paz. Obviamente,  as Nações Unidas e outras  instâncias mundiais do poder têm  trabalhado de modo a  solucionar  o conflito através de meios pacíficos, i.e., através de  conversações e reuniões   programadas  conduzidas  por representantes  de ambos os lados  da guerra.

Todavia, até agora nenhuma medida decisiva  de organismos  mundiais de segurança foi tomada com vistas a solucionar  o conflito  palestino-israelense. Creio  que nem tudo está perdido: deve haver uma saída  para se chegar a um acordo satisfatório  a ambos  os lados e,  para  consegui-lo, não é certamente  através dos expedientes  utilizados  pelo governo de Obama: vendendo ou  enviando armas  a Israel. Na realidade,  este é um modo  equivocado de  enfrentar  esta  questão  relevante.

Se os EUA desejarem paz entre os dois  povos, cumpriria  a Obama parar de  enviar  sucessivas  quantidades de armas letais a fim de fortalecer os  israelenses militarmente. Por sinal, o papel  desempenhado  pela  Anistia Internacional, inclusive sua  representação no  Brasil, e o de denunciar os malfeitos  praticados  por quaiquer nações  e ajudar  pessoas  desprotegidas no mundo todo.

No caso de os EUA prosseguirem  nessa linha  diplomática, a influente  nação  de Abe Lincoln com certeza tornar-se-á ainda mais  impopular e será  vítima do ódio de várias nações do mundo.Por conseguinte,  Obama tem consciência de que sua  posição política para assuntos   estrangeiros deixa muito a desejar já que segue uma  direção  errônea que apenas  o prejudicará como  Presidente tanto no EUA quanto no  exterior.

Que fique claro   ser a posição  deste colunista a de não defender apenas o lado palestino. Posso entender que  as estratégias belicosas  do grupo Hamas devem ser  modificadas  igualmente, e isso somente  poderia  ser  concretizado caso  este grupo armado colocasse de lado seu  traço  terrorista pelo qual ficou  conhecido. Esta  postura belicista  deve ser alterada  para  posições  políticas em lidar com os israelenses. Em outras palavras,  O Hamas deveria esforçar-se para  conquistar seus direitos e território através de diálogos  francos com os seus opositores de tal sorte que suas reivindicações  sejam  aceitas  pelo governo de Israel. Por outro lado,  Israel  deve  deixar de  assassinar  inocentes de Gaza. Se contássemos as vítimas  fatais  do lado de Gaza,  facilmente  veríamos  que a estatística é  muito desproporcional em  relação às vítimas de Gaza, sobretudo em número de crianças e civis. Se da mesma forma  levarmos em conta as baixas militares, as vítimas  de Gaza são muitíssimo  superiores às de Israel. O mesmo  raciocínio  serviria para o número de feridos.

Países que  mantêm  relações diplomáticas  com  os EUA deveriam  procurar  persuadir  o governo americano, em  reuniões  das Nações Unidas, a desistirem  de armar cada vez mais  Israel. Ninguém  diria que  o conflito é fácil de ser  contornado, mas é bem razoável  entender que  há  possibilidades  concretas para ambos os lados  chegarem  a acordos  exequíveis. Tudo depende de maior sensibilidade a fim de pavimentar  um caminho em direção  à paz ansiada. Veja-se o  o bom exemplo no Brasil onde imigrantes árabes e judeus convivem em harmonia, sem  quaisquer conflitos entre si. Esse exemplo deveria ser   imitado no Oriente Médio. Afinal de contas,  somos  humanos, seres  dotados de inteligência e razão, por conseguinte,   pessoas capazes  de viver em  harmonia   e independência, apagando para sempre  o ódio  étnico.

A continuarem se  digladiando, ambas as partes somente  terão prejuízos e devastações: cidades arrasadas,  alto custo  financeiro devido  a uma  combate  duradouro, mortes, gente mutilada,  patrimônio histórico  perdido, e, acima de tudo,   a ausência de uma  existência  em paz.

      Uma pergunta final:é  possível atingir os objetivos que conduzem  à paz? Sim, é bem possível. Se   colocássemos  as prioridades nos motivos humanitários, isso  sem dúvida seria o primeiro  grande  passo dado.No entanto,  na hipótese de  descartarmos   esta recomendação,  tenho  certeza de que estes povos  em    conflito não há de  merecer  uma paz  definitiva.

    Se tivesse que me dirigir de coração aberto ao  Presidente dos  Estados Unidos, não hesitaria em dar-lhe um  conselho:  elimine a remessa  de armas  pesadas e mortais a Israel se desejar  fazer jus  ao Prêmio Nobel da Paz que lhe foi  concedido, juntamente  com  Thorbjon Jagland, em 2009.

.