Os bens de Pessoa
Por Maria do Rosário Pedreira Em: 22/05/2020, às 20H18
[Maria do Rosário Pedreira]
Um dia estive com um senhor brasileiro que me disseram ser riquíssimo (falha-me o seu nome, desculpem, mas lembro-me de que era grande e gordo) e que tinha comprado numerosos objectos pertencentes a Fernando Pessoa. Nunca percebo muito bem o interesse de ter os óculos de Freud, uns jeans de John Lennon, o buço de Frida Kahlo ou o colar de pérolas da princesa Diana... Mas vejo que algumas pessoas com dinheiro gostam de possuir objectos que crêem preciosos (já eu acho mais graça ficar num hotel por onde passou Hemingway ou Lord Byron e tentar entender o que os apaixonou nesse lugar). Em todo o caso, entrou recentemente em leilão o espólio de um sobrinho de Pessoa, Luís Miguel Rosa Dias, e muitos se devem ter abalançado a comprar a «quiquilharia»... Mas a Casa Fernando Pessoa aproveitou para adquirir alguns dos bens que haviam pertencido ao tio Fernando (mormente livros) e que, ao contrário das jóias da princesa, ajudarão certamente a um estudo mais aprofundado da obra do escritor (poeta e não só) que foi talvez dos mais prolixos de Portugal (arcas e arcas de manuscritos). No site da Casa, a sua directora, Clara Riso, explica as razões destas aquisições, o que é francamente interessante para sabermos o que pesou na decisão. Deixo-vos o link abaixo.
Hoje recomendo Pessoa, já que dele falei. O meu heterónimo preferido é Álvaro de Campos e até já gravei um vídeo a ler um poema seu (Soneto já antigo) no Dia da Poesia. Nunca deixem de ler o mais internacional dos nossos poetas. Nem que sejam as quadrinhas que escreveu e têm servido a tantos fadistas.