O professor inesquecível de Paulo Henrique Amorim

Comovido, o jornalista Paulo Henrique Amorim escreveu sobre o historiador Manoel Maurício de Albuquerque, seu professor inesquecível.

 

 

 

 

 

 

  

 

Capa de livro publicado em homenagem à memória do Prof.  Manoel Maurício

ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de (coletânea póstuma organizada por Eulália Maria Lahmeyer Lobo). Mestre escola bem-amado. Historiador maldito. Obra Póstuma. Rio de Janeiro: Zahar, 1987

(http://www.planetanews.com/produtos/102720)

 

MARAVILHOSA VIAGEM DE TREM, COM VAGÕES REFORMADOS PARA PASSEIOS TURÍSTICOS, DO TRECHO DO LITORAL (Paranaguá) ATÉ A CAPITAL DO PARANÁ (Curitiba). Dalmo Vieira Filho, um dos diretores do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Cultura brasileiro, participa de produtivas reuniões interministeriais, além estar presente, representando o Governo Federal, em tratativas com administradores públicos de Unidades da Federação (estados), Municípios e com a iniciativa privada, com o objetivo de produzir avanços na proteção dos bens ferroviários: a tarefa não é pequena e a descentralização da gerência de tão rico patrimônio do povo do Brasil está sendo feita de forma compartilhada, como se pode constatar na matéria jornalística contida, na Web, em

http://www.cultura.gov.br/site/2007/02/06/patrimonio-ferroviario/

(3 fotos da reformada linha férrea paranaense: http://1.bp.blogspot.com/_STMEfocjkw4/SjeRvsvdJkI/AAAAAAAAAHg/Spt1MH64fJI/s1600/Ponte%2BS%C3%A3o%2BJo%C3%A3o%2Be%2BCondutor%2Bdo%2BTrem.jpg)

 

                                             À memória do querido amigo Mário Ypiranga Monteiro e

                                             para Arthur Reis (co-autor, com Manuel Maurício e outros historiadores,

                                             de um Atlas Histórico do Brasil), erudito amazonense que escreveu

                                             o livro denominado A AMAZÔNIA E A COBIÇA INTERNACIONAL,

                                             com muita saudade.

                                             Para Dª Anita Monteiro, viúva do Prof. Mário Ypiranga, em

                                             reconhecimento ao apoio que sempre deu, indiretamente, 

                                             na construção da obra monumental de seu esposo, cujo

                                             hobby era um lúdico e infinitamente prazeroso ferreomodelismo,

                                             respeitosamente.                     

21.11.2009 - O direito de visitar os grandes lugares turísticos brasileiros, dentre os quais, em destaque, estão as cidades históricas de Minas Gerais, deveria ser garantido a todos os pequenos brasileiros e brasileiras. Lugares de sonho, com alojamento garantido, transporte e alimentação. O "guia turístico" - pedagógico, aliás - da turma de Paulo Henrique Amorim (Colégio de Aplicação) foi um grande historiador brasileiro, infelizmente já falecido, o Prof. Manoel Maurício de Albuquerque [http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_Maur%C3%ADcio_de_Albuquerque]. No texto adiante transcrito, a visita às cidades históricas de Minas Gerais pelo hoje tarimbado jornalista - na época, um garoto na fase escolar - e seus colegas é descrita como uma farra monumental. Lazer, muita alegria e intenso aprendizado artístico, histórico, geográfico, sociológico e cultural. Paulo Henrique Amorim, ainda menino, mereceu o privilégio. Ele e seus colegas. Todavia, ainda que sem o raríssimo pivilégio de contar com Manoel Maurício para ensinar história do Brasil e história da arte em meio a grandes descobertas, todas as crianças do Brasil merecem conhecer, na incompletíssima lista que se segue:

- as ruínas da antiga redução jesuítico-guarani de São Miguel Arcanjo, no município hoje chamado São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul [de acordo com o pensador francês Voltaire, o que ali aconteceu foi o triunfo da civilização], as esculturas do Museu de São Miguel e a fonte do período missioneiro descoberta por arqueólogos gaúchos, o espetáculo de som e luz, à noite (vozes de Fernanda Montenegro e outros atores de não menor competência dramatúrgica);

- o Pão de Açucar, a Estátua do Cristo Redontor, a praias de Ipanema, Copacabana, Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca, o parque de diversões Terra Encantada, o Aterro do Flamengo, o Monumento aos Mortos na II Guerra Mundial, o Museu de Arte Moderna, a Igreja do Outeiro da Glória, o alto da Boa Vista e o bairro de Santa Teresa (indo-se para lá de bonde), o estádio Mário Filho (Maracanã), o Jardim Zoológico, a Catedral da Candelária, o grande templo da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), o Paço Imperial, o Forte de Copacabana, o Centro Cultural do Banco do Brasil e o Museu da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, o Jardim Botânico, o Parque Lage, entre muitos outros lugares de interesse internacional;

- o passeio transguanabarino de balsa - ou catamarã - do Rio a Niterói, a Fortaleza de Santa Cruz (Bairro de Jurujuba, Niterói), a praia de Icaraí, o campus da UFF, o Museu de Arte Contemporânea e o Museu do Ingá, em Niterói; 

- a Avenida Paulista (com visita ao MASP - Museu de Arte de São Paulo), a Praça da Sé (com visita à Catedral Metropolitana de São Paulo (Catedral da Sé), o Jardim Zoológico, O Play Center, o Parque Hopi Hari, o Parque da Mõnica, o Zôo Safari (antigo Simba Safari), o Parque do Ibirapuera (com visita a museus, da Aeronáutica e de Arte Moderna, em seu interior), com visita de um dia inteiro, pernoitando-se naquela cidade onde o presidente Lula da Silva morava antes de se mudar para Brasília, ao parque Cidade das Crianças, em São Bernardo do Campo;

- o parque temático Beto Carrero World, em Penha, Santa Catarina, com dia livre para banho de mar, nas praias de Penha;

- percurso ferroviário do litoral do Paraná (Paranaguá) até Curitiba;

- as piscinas de águas quentes e o Jardim Japonês em Caldas Novas (estado de Goiás) e - apenas durante o dia, em razão de custos elevados - o Hot Park, da Pousada do Rio Quente, em Rio Quente (a 30 km de Caldas Novas), além parque aquático Hot Wave, do Hotel Di Roma (Caldas Novas), com várias piscinas pequenas e médias, com uma piscina grande, de ondas artificiais;

- o Teatro Amazonas, a "Cidade de Santa Anita", próxima ao Teatro (cidade em miniatura, com trenzinhos de ferreomodelismo, que foi construída pelo historiador Mário Ypiranga Monteiro), a praia (de rio) da Ponta Negra (Rio Negro), o jardim zoológico do Hotel Tropical, a onça-mascote do CIGS (Centro de Instrução de Guerra da Selva, do Exército Brasileiro), o Centro de Artesanato Branco Silva, a casa do escultor José Alcântara (bairro de Petrópolis), o Centro Cultural Povos da Amazônia, a reconstituição do Serigal Paraíso (do romance de Ferreira de castro A selva, com atores representado personagens), o Distrito Industrial (hoje chamado Pólo Industrial), o Mercado Municipal Adolpho Lisboa, com visita - não é preciso pernoitar lá (custos elevados) - a pelo menos um hotel de selva, especialmente o Ariaú, em Iranduba (município vizinho a Manaus);

- Salvador, Belém do Pará, Gramado e Canela, cidades das águas minerais de Minas Gerais (São Lourenço, Caxambu e Cambuquira), Petrópolis (Museu Imperial, Casa de Santos Dumont, passeio de charrete pela cidade e espetáculo de som e luz, à noite, no Museu Imperial), Fortaleza, Brasília (com visita, em Formosa, a aprox. 100 km da Capital do Brasil, ao indescritível Saldo de Itiquira, em Formosa-GO), Recife, Olinda, Anchieta, Guarapari, São Luís, o grande parque com pintura rupestres em São Raimundo Nonato (Piauí), o Vale dos Dinossauros em Sousa (Paraíba), Belo Horizonte, a Região dos Lagos, no Estado do Rio, Aracaju, Maceió, João Pessoa, Natal, Araxá, Nova Friburgo etc. etc.

Passo ao texto do jornalista Paulo Henrique Amorim, para quem o professor Manoel Maurício foi o professor inesquecível

Paulo Henrique Amorim em Meu professor Inesquecível


"O meu professor inesquecível foi um professor de História chamado Manuel Maurício de Albuquerque, também conhecido como 'China'. O professor Manuel Maurício tinha evidentemente, para merecer o apelido, os olhos meio puxados, embora fosse pernambucano. Não tinha nada de chinês. Ele fumava ininterruptamente, dava aula fumando e equilibrava o giz e o apagador com a mesma mão com que administrava o cigarro. Me lembro dele com uma profunda emoção, me sensibilizo até hoje.

Eu fui aluno dele no curso ginasial, no curso clássico e depois na faculdade. Eu comecei a estudar com ele História das Américas e me lembro muito bem que ele nos ajudou a colocar o Brasil em perspectiva, dentro da visão do mundo ibérico, com os vizinhos de língua espanhola, nos mostrou a história fantástica de
Bolívar e nos falava de Thomas Jefferson. Isso foi no segundo ano ginasial. Depois, no curso clássico, ele dava aula de História do Brasil, e me lembro dele nos falando de história colonial e nos fazendo ler Capistrano de Abreu.

Mas o meu melhor momento de convivência com o professor Manuel Maurício foi quando entrei na universidade, na PUC, para estudar Sociologia. Ele nos deu aula de história e nos levou a ler
Gilberto Freyre. Fizemos uma leitura monitorada por ele, guiada por ele, de Casa-Grande e Senzala. Acho que é um patrimônio que carrego comigo até hoje.

Além disso, o professor Maurício nos orientou. Eu estudava no Colégio Aplicação, no Rio de Janeiro, onde fiz o ginásio e o clássico. O professor Manuel Maurício foi o nosso guia numa excursão que fizemos a Ouro Preto e a todo o barroco de Minas. Fomos a Congonhas, Mariana, Tiradentes, Ouro Preto, passamos duas semanas inesquecíveis. Eram 40 garotos e garotas de ginásio e foi uma farra monumental. Visitávamos aquelas igrejas, acompanhávamos o
Aleijadinho
, Congonhas do Campo e tudo aquilo sob os olhos quase que cúmplices do professor Manuel Maurício, que também era um profundo conhecedor da história do barroco mineiro. Além de outras virtudes, conhecia a história do barroco mineiro muito bem e isso também é um patrimônio cultural que eu carrego comigo e devo a esse grande professor, Manuel Maurício de Albuquerque." (Paulo Henrique Amorim, http://www.educacional.com.br/professor_inesquecivel/pi034_texto.asp)

 

Barroco mineiro: a UNESCO reconheceu a arte de Aleijadinho como patrimônio da humanidade

(http://www.starnews2001.com.br/aleijadinho/cristosdealeijadinho.htm)

 

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A INCRÍVEL CIDADE EM MINIATURA DO PROFESSOR MÁRIO YPIRANGA MONTEIRO

OBS. - ESSA FORMIDÁVEL MAQUETE, COM TRENZINHO (ferreomodelismo) POR ELA PASSANDO, PODE SER VISITADA NO CENTRO DE MANAUS, EM ESPAÇO CULTURAL SITUADO NAS PROXIMIDADES DO TEATRO AMAZONAS (PRAÇA SÃO SEBASTIÃO, CENTRO)

"Exposição

Cidade em miniatura que pertenceu a Mário Ypiranga está na Galeria do Largo 

12 de agosto de 2006 

 


 

A cidade Santa Anita, cidade de brinquedo em miniatura que pertenceu ao historiador amazonense, Mário Ypiranga Monteiro, que publicou mais de duzentos livros, está em exposição na Galeria do Largo São Sebastião em Manaus. Com peças importadas da Europa, a cidadezinha demorou mais de 45 anos para ficar pronta e é uma mini metrópole amazônica, com estilo europeu. A exposição é permanente e pode ser visitada de terça a sexta-feira, de 9 às 21 horas, sábado e domingo de 16 às 21 horas. A entrada é gratuita. Vídeo Para confeir um pouco da exposição, assista ao vídeo: clique aqui ".

(http://portalamazonia.globo.com/pscript/entretenimento/agenda/evento.php?idEventoCultural=1650)

 

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RIO ARTIFICIAL DE ÁGUAS QUENTES CORRENTES (Lazy River), NO

HOT PARK DA POUSADA DO RIO QUENTE, COM SEUS TOBOÁGUAS

QUE DESCEM MORROS, EM RIO QUENTE (GO), A 27 KM DE CALDAS NOVAS

(http://www.rio.quente.tur.br/pousada_do_rio_quente/parque_aquatico/parque_aquatico_hot_park_lazy_river_01.htm)

 

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ACIMA, NA TERCEIRA FOTOGRAFIA DA ESQUERDA PARA A  DIREITA,

UM MUITO SATISFEITO CURUMIM TAMBÉM PARTICIPA DOS JOGOS

INDÍGENAS, QUE CONTAM COM O APOIO DA FUNAI (Fundação Nacional

o Índio, do Min. da Justiça do Brasil,

http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1353)

 

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A ALEGRIA DE ALIMENTAR UM BOTO EM

IRANDUBA, AMAZONAS

(http://comentandocomentado.blogspot.com/2008_11_01_archive.html)

 

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Em seu blog, no meio de um poema de Carlos Gutierrez, podem ser lidos seguintes versos: "

(...) Quando se viaja de trem / esquecemos de nossas verdadeiras idades / e somos todos / maravilhosamente / Piuiiiiii......Piuiiiiii.....Piuiiiiii...... / meninos outra vez! (...)". Em Manaus, O professor Mário Ypiranga Monteiro, todos os dias, em sua residência, em grande sala destinada à arte e à fruição do ferreomodelismo, tinha a alegria de brincar de trenzinho.

 
"QUINTA-FEIRA, 6 DE MARÇO DE 2008 

Madeira-MamorÉ

 

Eu andei de trem em Porto Velho, Rondônia em 1996, "puxado" por esta maravilhosa locomotiva!
[Carlos Gutierrez]

 

"Sob os escombros

da estrada de ferro

Madeira-Mamoré

resiste uma locomotiva a vapor

e alguns coadjuvantes vagões

que ainda conservam

resquícios de uma existência

dourada.

Sobre os trilhos castigados

por tantas jornadas

a locomotiva e os vagões

mesmo parados

abandonados

conservam o seu encanto

mescla de brinquedo

e austeridade.

Quando se viaja de trem

esquecemos de nossas verdadeiras idades

e somos todos

maravilhosamente

Piuiiiiii......Piuiiiiii.....Piuiiiiii......

meninos outra vez!

Eu olho a locomotiva

e tenho vontade de ser

o condutor

ou até mesmo o foguista

alimentar de lenha

e dar vida a todas estas pesadas engrenagens

Faíscas!

Eu olho a locomotiva

e tenho a vontade de ser seu eterno passageiro

sentar sobre a macia poltrona

contemplando as paisagens

sentindo o vento

tocando o meu rosto

rondando Rondônia

em seus recônditos

encantos e recantos.

Terra de Ninguém!

O céu é para todos!

O amor é um privilégio!

parece...

que tu estás ao meu lado

sinto as tuas suaves mãos

afagando as minhas trêmulas de emoção:

sinto a tua cabeça

encostada em meu ombro:

sinto a emoção

de encontrar um tesouro

sob os escombros

da estrada de ferro

Madeira-Mamoré" (CARLOS GUTIERREZ) 

(http://poema-gutipoetry.blogspot.com/2008_03_01_archive.html

 

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POR ORFEU/SPAM ("jornal eletrônico de poesias, músicas e artes em geral") /  Pasta de Apostilas de Lilteratura Brasileira a Portuguesa, RESENHA DE MAD MARIAROMANCE DE MÁRCIO SOUZA (ESCRITOR NASCIDO EM MANAUS, EM 1946) E A RESPECTIVA MINISSÉRIE DA TV GLOBO, EXIBIDA EM 2005 (http://pt.wikipedia.org/wiki/Mad_Maria), APOSTILA Nº 28 DE LITERATURA BRASILEIRA, ADAPTAÇÃO PARA ALUNOS PRÉ-VESTIBULANDOS DE TEXTO DE RODRIGO CUNHA

 

"ORFEU SPAM APOSTILAS

 

Mad Maria - Márcio Souza - resumo

Adaptado de Rodrigo Cunha

No final do século XIX e início do século XX, os trilhos de ferro que começavam a cortar o continental território brasileiro e a fumaça das locomotivas que passavam por eles - carinhosamente chamadas de Marias - simbolizavam de certa forma a chegada do progresso ao país. A louca Maria do título desse romance do amazonense Márcio Souza sintetiza a insanidade de um malogrado projeto ferroviário que estendia essa idéia de progresso para uma desconhecida e imprevisível região da floresta amazônica.

Após os conflitos entre brasileiros e bolivianos pela ocupação de uma região que corresponde ao atual estado do Acre, o governo brasileiro se comprometeu através do Tratado de Petrópolis, assinado por Brasil e Bolívia em 1903, a construir uma ferrovia desde o porto de Santo Antônio, no rio Madeira, em Mato Grosso, até Guajará-Mirim, no rio Mamoré, com um ramal que chegasse à Vila Bela, na Bolívia. O edital de concorrência pública para construção da ferrovia foi publicado em 1905 e vencido pelo engenheiro Joaquim Catrambi, mero testa-de-ferro do grupo norte-americano que se encarregou de construir a estrada de ferro Madeira-Mamoré entre 1906 e 1912.

Em Mad Maria, o romancista Márcio Souza - que também fez filmes e peças de teatro sobre a região amazônica - conta, em forma de ficção, as desventuras dos homens que trabalharam na etapa final da construção da ferrovia. O ponto de partida da narrativa é o verão de 1911, quando o jovem médico de origem irlandesa Richard Finnegan, começa a trabalhar na enfermaria do acampamento onde vivem os trabalhadores da Madeira-Mamoré Railway Company. O calor infernal e sua luta com os escorpiões que apareciam após as rápidas chuvas de verão eram apenas o prenúncio do que ele viveria a partir de então e o levaria, senão à loucura sintetizada na locomotiva que reina sobre os trilhos que ligam o nada a parte alguma - segundo o colérico engenheiro inglês Stephan Collier, que chefia as obras - à dureza de caráter, passando a encarar como rotina os óbitos de trabalhadores que ele atestava e registrava metodicamente em seus relatórios, e a lidar, ao final da narrativa, com os mesmos métodos de intimidação bélica que Collier adotava diante das insanas e freqüentes brigas entre os trabalhadores de diferentes nacionalidades.

 

Obras em trecho da via férrea com betoneiras movidas a vapor em primeiro plano.
Foto: Dana Merrill

 

Dentre os episódios que vão endurecendo o caráter do jovem Finnegan e que ilustram a crua violência que permeia grande parte da narrativa estão as mortes por malária de trabalhadores que vendiam a sua dose de medicamento preventivo para ganhar um pouco mais do que o salário miserável que recebiam da companhia, e o seqüestro do médico por trabalhadores alemães que, após uma tentativa de greve frustrada, resolvem fugir do acampamento e o levam como refém, amarrado dentro de um tonel de gordura carregado por uma mula.

A violência aparece mais explicitamente em cenas fortes como a do negro de Barbados que decepa um alemão que o acusa de furto e tenta matá-lo, e a do índio que tem suas mãos amputadas após ser descoberto como o verdadeiro responsável pelo desaparecimento de objetos pessoais de irrisório valor material no acampamento, que provocava desavenças entre os trabalhadores. A vida desses estrangeiros recrutados para a construção da Madeira-Mamoré se tornou tão desvalorizada pelo baixo salário e pelas péssimas condições de trabalho e de acomodação que eles chegam facilmente à insanidade de - literalmente - perder a cabeça por causa de uma simples camisa ou de se arriscar a contrair malária, abrindo mão do medicamento diário em troca de algum dinheiro extra.

Além do rastro de mortes deixado pela construção da ferrovia, há contrapontos na narrativa que atenuam o ambiente de insanidade infernal no acampamento. Até o sisudo engenheiro Collier, com seu ácido humor inglês, nos diálogos com o amigo Thomas, o maquinista norte-americano que trabalhou com ele em outras empreitadas, se torna uma pessoa amável. O contraponto mais nítido se personifica em Consuelo, a pianista boliviana que é levada ao acampamento após ser encontrada ferida e desacordada no meio da selva, e que uma vez alojada na enfermaria, mantém uma relação ambígua com o índio de mãos amputadas e com o jovem e metódico doutor Finnegan.

A exemplo do que fizeram grandes nomes da literatura brasileira - como Antonio Callado, em Quarup, Rubem Fonseca, em Agosto, e Érico Veríssimo, em O Tempo e o Vento - o escritor amazonense Márcio Souza narra em Mad Maria um momento histórico do país, alternando a saga de personagens fictícios com a trama vivida por personagens reais, como o mega empresário norte-americano Percival Farqhuar, proprietário da Madeira-Mamoré Railway Company e de diversas concessões públicas no Brasil, entre portos, ferrovias e companhias elétricas. Essa trama envolve, além de Farqhuar, as altas esferas do poder público, incluindo o então ministro de Viações e Obras e futuro governador da Bahia, J. J. Seabra, com quem o empresário norte-americano "compartilha" uma amante. Esse, aliás, é um estereótipo usado por Souza para caracterizar as altas esferas do poder no universo do romance: nem mesmo o célebre jurista Ruy Barbosa, já septuagenário e em decadência política após perder a disputa da presidência para o Marechal Hermes da Fonseca, escapa de ter a sua amante.

 

Autoridades em visita a trecho concluído da ferrovia (1910).

Foto: Dana Marrill

 

 

Tirando alguns exageros, como a queda de árvores de cinco metros de raio (!) sobre os trilhos da ferrovia, e o hino norte-americano sendo tocado ao piano com os pés pelo índio de mãos amputadas, Mad Maria ainda assim é um bom romance que resgata esse trágico episódio envolvendo o capital estrangeiro tentando rasgar a selva com o progresso dos trilhos às custas de milhares de mortes. Entre os legados dessa empreitada norte-americana no Brasil está a cidade de Porto Velho, atual capital de Rondônia, erguida em 1907 durante a construção da Madeira-Mamoré e que substituiu a cidade de Santo Antônio como ponto inicial da ferrovia. Sucateada na década de 70, a estrada de ferro teve seus trechos iniciais recuperados para fins turísticos nos anos 80, mas hoje está totalmente desativada. A louca Maria, abandonada, há muito já não reina sobre os trilhos amazônicos e não joga sua fumaça pela selva desbravada.

 

MAD MARIA - mini-série - Globo

No coração da floresta amazônica é construída a estrada de ferro Madeira-Mamoré, concluída pelo empreendedor americano Percival Farquhar. A ferrovia atende a interesses políticos e comerciais de autoridades nacionais e estrangeiras, porém custa a vida de milhares de trabalhadores.

O governo brasileiro investiu na ferrovia para compensar a Bolívia pelo território do Acre. A ferrovia iria superar 19 cachoeiras dos rios Madeira-Mamoré que dificultavam o transporte de borracha da Bolívia para o Atlântico, via Amazonas. Mas, ao ser concluída, a borracha entrava em decadência.

Indo contra os interesses de Farquhar está o ministro Juvenal de Castro, amigo pessoal do então Presidente da República, o Marechal Hermes da Fonseca. Planejando derrubar o ministro e tirá-lo de seu caminho, Farquhar descobre o romance extra-conjugal de J. de Castro com a jovem Luiza, e não exita em tirar proveito desse segredo.

Enquanto isso, na Amazônia, o engenheiro inglês Stephan Collier comanda com mãos de ferro a construção da ferrovia liderando um grupo de homens tratados como animais no meio de uma floresta selvagem, ameaçados por toda sorte de infortúnio, principalmente doenças.

A mudar este panorama está a chegada de três novos personagens: o índio Joe Caripuna, que roubava o alojamento dos trabalhadores e ao ser descoberto teve as mãos amputadas. O Dr. Finnegan, um jovem médico idealista que bate de frente com a autoridade de Collier. E a bela Consuelo, encontrada na floresta entre a vida e a morte após o naufrágio do barco onde viajava com seu noivo.

 

Elenco:

JUCA DE OLIVEIRA - Stephan Collier

FÁBIO ASSUNÇÃO - Joe Richard Finnegan

ANA PAULA ARÓSIO - Consuelo

TONY RAMOS - Percival Farquhar

ANTÔNIO FAGUNDES - Ministro Juvenal de Castro

PRISCILA FANTIN - Luiza

CÁSSIA KISS - Amália

OTHON BASTOS - Marechal Hermes da Fonseca

CLÁUDIA RAIA - Tereza

EDWIN LUISI - Alexander Mackenzie

WALMOR CHAGAS - Dr. Lovelace

JOSÉ RUBENS CHACHÁ - Coronel Agostinho

RENATO BORGHI - Rui Barbosa

FIDÉLIS BANIWA - Joe Caripuna

DÉBORA OLIVIERI - Harriet

ELIANE GUTTMAN - Dona Inês

LUCIANO CHIROLLI - Addams

MARCELO SERRADO - Jim

ANDRÉ FRATESCHI - Ted

GENÉSIO DE BARROS - Thomas

EVANDRO SOLDATELLI - Harold

ARTHUR KHOL - King John

BUKASSA KABENGELE - Jonathan

CREO KELLAB - Dick

ESTER JABLONSKI - Maria

GILBERT STEIN - Antônio

CAMILO BEVILÁCQUA - Hans

MARCOS SUCHARA - Günther

MILTON ANDRADE - Gustav

EDDIE JANSSEN - Joseph

ALMIR MARTINS - Juan

GABRIEL TACCO - Alonso

RICARDO BLAT

GLÁUCIO GOMES

CREUSA DE CARVALHO

FELIPE KANNENBERG

HSU BUN LUNG

MÁRCIO RICCIARDI

NICOLAS ROHRING

ANDRÉ BANKOFF

LUCIANO QUIRINO - policial

TÁCITO ROCHA - Vice-Ministro

Trilha Sonora

orquestrada e dirigida por Alberto Rosenblit

 

OS HOMENS E A FLORESTA
VALSA DE LUIZA
CONSUELO E JOE
O TREM DE RONDÔNIA
AMÁLIA
DESPEDIDA DE LUIZA
CONSPIRAÇÕES
CONSUELO
FUGAS E REGRESSOS
SEGREDOS DE TEREZA
NOITE EM SANTO ANTÔNIO

 

(Apostila 28 de Lit. brasileira Contemporânea)" (http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Contemporanea/Marcio_Souza_Mad_Maria_resumo.htm)

 

 

(http://cora.blogspot.com/archives/2004_11_01_cora_archive.html