O PIAUIENSE - Poema de Diego Mendes Sousa
Por Diego Mendes Sousa Em: 17/10/2023, às 23H06
O PIAUIENSE
Andarilho das percepções do tempo
o meu ser piauiense tem rosto
e sangue de Capivara
os Tremembé, os Tabajara, os Potiguara
todas as etnias extintas
transpuseram léguas de Caatinga
a roçar no Cerrado das Serras
Confusões, Pradarias, Sete Cidades
até alcançarem o oceânico
Poti, Canindé, Longá
do mar do Piauí
que se desmemoria
no Delta do Rio Parnaíba
em ilhas, dunas, guarás...
Igaraçu
paisagem barrenta
alma de lama
dos caranguejos
e exílio da noite
dos siris...
O Rio Parnaíba
em seu curso
de peregrino
caminha em estirão
por dentro
da Mata de Cocais
e suas águas sibilinas
com braços fecundos
de espanto
são outros retratos
Atalaia, Arrombado, Peito de Moça
Coqueiro, Macapá, Maramar,
Barra Grande, Barrinha
espelhados
no olhar abismado
e celestial das xananas
Oeiras, Teresina,
Parnaíba...
cajuína
cajueiros e cajus
os bodes as éguas
os vaqueiros
os horizontes
de carnaúbas
e os carnaubais
no assobio
desse vento Nordeste
que atravessa também
a existência das cousas
campos verdes, chapadas,
lagos e lagoas
terra dos piaus
terra dos piagas
Piauí... meia
geográfica brasileira
que calça
o meu sentido
de pertencimento
e não peço novo nome
para a minha origem,
sou daqui!
Poema de Diego Mendes Sousa
Inscrições rupestres na Serra da Capivara, São Raimundo Nonato, no Estado do Piauí
Reduto de Niède Guidon