O LÍDER VALDECI CAVALCANTE - Discurso proferido por Diego Mendes Sousa
Em: 27/04/2023, às 13H15
Excelentíssimo Senhor Presidente da Academia Parnaibana de Letras, jornalista José Luiz de Carvalho;
Excelentíssimo Senhor Presidente de Honra da Academia Parnaibana de Direito (APD), Casa de Evandro Lins e Silva, Doutor Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante;
Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal da Parnaíba, Doutor Francisco de Assis de Moraes Sousa (Mão Santa);
Excelentíssimo Senhor Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Piauí, Antônio José de Moraes Souza Filho (Zé Filho); cumprimentos extensivos a sua Senhora, Maryanne Martins de Moraes Souza;
Excelentíssimo Senhor Vereador Municipal da Parnaíba, Doutor David de Sousa Soares;
Excelentíssimo Senhor Membro da Academia Mundial de Letras da Humanidade e da Academia Parnaibana de Direito, Doutor Marcelo Barbosa de Morais;
Excelentíssima Senhora Deputada Estadual pela Assembleia Legislativa do Piauí, Maria das Graças de Moraes Souza Nunes;
Excelentíssimo Senhor Doutor Inácio Albuquerque, do Centro Espírita “Caridade e Fé”;
Excelentíssima Senhora Primeira Dama da cidade da Parnaíba, Adalgisa Carvalho de Moraes Souza;
Excelentíssima Senhora Professora Maria de Lourdes Gomes Lima;
Na qualidade de Presidente da Academia Parnaibana de Direito, quero enaltecer as presenças ilustres dos meus nobres confrades, Maria Fernanda Brito do Amaral, Altair Maria Sousa Marinho, Roberto Cajubá da Costa Britto, Rômulo Paulo Cordão, Antônio Cajubá de Britto Neto, Rômulo Silva Santos, Tarciso Rodrigues Teles de Souza Neto, David de Sousa Soares e Jaylson Fabianh Lopes Campelo, todos aqui reunidos para celebrarem a digna existência de Valdeci Cavalcante.
Quero saudar a distinta plateia, na pessoa da influente educadora parnaibana, Miriam Castelo Branco de Moraes, mulher inteligente, culta e viajada, que engrandece o seu tempo.
Quero pedir uma salva de palmas para a Senhora Cavalcante, Dona Rosângela Brandão Oliveira Cavalcante, pois só uma mulher sábia edifica o lar.
Senhoras e Senhores,
Belas damas e nobres cavalheiros,
Duzentos e cinquenta anos nos afastam do nascimento daquele que preconizou uma das existências mais dignas em solo parnaibano, egrégio filho deste terrão, nato da Vila de São João da Parnaíba, da Província do Piauí, nascido no dia 02 de março de 1773, que atende pelo nome de Simplício Dias da Silva, da prole constituída pelo comerciante português, Domingos Dias da Silva, no berço do Rio Igaraçu.
Na Parnaíba de Nossa Senhora Mãe da Divina Graça, Simplício Dias da Silva aprendeu as primeiras letras, em uma trajetória de alto refinamento intelectual, político e educacional, que foi alicerçada no chão da Europa, com estudos aprimorados na França, na Inglaterra e em Portugal.
Aos vinte anos de idade, órfão de pai, Simplício Dias da Silva amealhou grande fortuna constituída por barras de ouro, peças e mobílias de ouro e de prata, joias, milhares de negros escravos, terras agricultáveis, fazendas ativas com gado e diversas charqueadas produtivas.
Simplício Dias da Silva era uma espécie de Valdeci Cavalcante, à época, fins do Século XVIII e alvorecer do Século XIX.
Reconhecido pela Rainha Dona Maria I, Simplício Dias da Silva tornou-se Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, para além da Carta Régia que concedeu a Simplício Dias da Silva o hábito da Ordem de Cristo e o Brasão de Armas da nobreza portuguesa, bem como Alferes de Cavalaria de Ordenança da Parnaíba, promovido a Capitão.
O Capitão Simplício Dias da Silva depois seria comandante militar e Coronel do Regimento da Cavalaria Miliciana da Vila de São João da Parnaíba.
O Coronel Simplício Dias da Silva proclamou o brado da Independência do Brasil em pavimento piauiense, aos 19 de outubro de 1822, no Paço da Câmara, diante da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça, ao badalar dos sinos da Parnaíba, ao lado de outros insignes patriotas como o Doutor João Cândido de Deus e Silva, Juiz-de-Fora, sem esquecer as lutas que seriam empreendidas meses depois, pelo poeta Leonardo de Carvalho Castello Branco, que seria noticiado pelos jornais alinhados com os portugueses como “o mais rebelado faccioso do Piauí”, por acreditar (pasmem) na liberdade.
Esta cidade da Parnaíba de bem mais de trezentos anos, solo da Independência do Brasil, “Metrópole das Províncias do Norte”, como quis Dom Pedro I, Parnaíba – Norte do Brasil, como registrou a correspondência internacional e intercontinental, Parnaíba, terral de Valdeci Cavalcante, eleva-se em sua própria história, marcada pela grandeza da sua sociologia do passado e do presente, que gestou homens públicos da mais robusta reserva moral como, Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, Jonas da Silva, Berilo Neves, Fernando Pires Ferreira, Evandro Cavalcanti Lins e Silva, Frederico de Castello Branco Clark, Oscar Clark, João Osório Porfírio da Mota, Darcy Fontenele de Araújo, José de Moraes Correia, Ozias de Moraes Correia, Nestor Gomes Veras, Mirocles Campos Veras, Ademar Gonçalves Neves, João Orlando de Moraes Correia, Alberto Tavares Silva, João Tavares Silva Filho, Assis Brasil, Renato Castelo Branco, Everaldo Moreira Véras, Chagas Rodrigues, José Alexandre Caldas Rodrigues, José Pinheiro Machado, Maria da Penha Fonte e Silva, Jeanete de Moraes Souza, Antônio José de Moraes Souza, João Paulo dos Reis Velloso, Raul Velloso, Francisco de Assis de Moraes Souza, Renato Araribóia de Britto Bacellar, Humberto Teles Machado de Sousa, Carlos Araken Correia Rodrigues, Lauro Andrade Correia, Benjamim Santos, Reginaldo Santos Furtado, José James Gomes Pereira, Francisco Cláudio de Almeida Santos, Gerson Castelo Branco, José de Maria Carvalho e Silva (Zé de Maria), Maria Christina de Moraes Souza Oliveira, Alcenor Candeira Filho, Roberto Cajubá da Costa Britto, Antônio Cajubá de Britto Neto, Miriam Castelo Branco de Moraes, denominações de personalidades peagabês facilmente encontradas em nossos prédios, repartições, logradouros, bairros, ruas e avenidas.
Belas damas e nobres cavalheiros,
A rememorável educadora Aldenora Mendes Moreira, em seu livro intitulado “Personalidades atuantes da história de Parnaíba – Ontem e Hoje”, registrou o perfil biográfico de Valdeci Cavalcante, com a plenitude peculiar das suas palavras e movida, ardorosamente, por uma profunda admiração pessoal pela sua melhor personagem: (...) “A vida de Valdeci Cavalcante é um exemplo dignificante de trabalho, de honradez, de justiça e, sobretudo, de amor e de respeito à sua terra natal; um exemplo vivo a seguir, pelos jovens de nossa cidade; como um estímulo para a vida pública e privada; o seu dinamismo e sua operosidade não têm limites. (...)”.
Meu caro Valdeci Cavalcante, sinto-me orgulhoso por ocupar esta tribuna e poder louvar a parnaibanidade que emana do seu coração e atinge certeiro e com voragem, o meu pertencimento geográfico.
É quando as chuvas
começam
nesta tarde
de outra geografia
citadina
que sinto as dormentes
saudades
da minha terra:
Parnaíba,
para onde o rio corre
- sonoramente?
silente e calmo.
(poema “Amor à terra natal”, de Diego Mendes Sousa)
Parnaíba, a nossa cidade, é uma extensão do Belo. Nosso Deus escolheu este lugar para operar as suas verdadeiras maravilhas.
Aqui somos banhados pelas águas do Parnaíba, sua amplidão a derivar os rios Igaraçu e Portinho, o espetáculo natural do Delta do Parnaíba, suas ilhas e dunas, suas praias e mangues, suas lagoas, o vento Nordeste que assalta o espaço, ou nas modulações arrebatadas e mágicas do poeta R. Petit, “ao sopro forte do Nordeste a vida canta, nessa oficina de labor que nos encanta.”.
Eu vivo como o mar, bebendo os rios,
rios da Dor que crescem, com certeza,
em meu ser, quando o inverno da Tristeza
chega e vence ao cair dos tempos frios.
Eu vivo como os pássaros sombrios,
dos quais a tempestade em luta acesa
roubou dos ninhos frágeis e macios,
isolando-os da própria natureza.
Eu vivo como as águas das cascatas
que a força eterna de um tremendo fado
desfia em prantos no painel das matas.
Eu vivo sem viver, esta é a verdade,
pois não pode viver um torturado
que se alimenta apenas da saudade!...
(poema “Saudade”, de R. Petit)
“Eu vivo sem viver, esta é a verdade, pois não pode viver um torturado, que se alimenta apenas de saudade”.
O livro “A cidade e sua arquitetura”, de Valdeci Cavalcante, chegou na velocidade feliz das dádivas, sob o império luxuoso do olhar... Fotografias, palavras e ações concretas de amor. Entrega anatômica, sentimento orgânico. Amor filial, o mais legítimo de dação.
Disse Valdeci Cavalcante, “reconheço que por Parnaíba dou a vida, ela é minha fonte de saudades, energia, inspiração e sempre minha guarida.”.
Em outra passagem Valdeci Cavalcante esclareceu “é preciso ressaltar o povo parnaibano, mesmo o contemporâneo, como vaidoso e visionário, sobretudo no quesito residencial.”.
E segue fluvial (eu vivo como o mar, bebendo os rios) e timoneiro “sou parnaibano e saudosista. Canto minha terra por onde quer que eu vá e sempre me pego emocionado quando penso ou falo sobre minha cidade. Essa paixão vem desde a mais tenra idade.”.
Essa saudade o cigarro, a luz acesa
E a noite posta sobre a mesa
Em cada canto da casa
Asa partida e dor
Gemido morto, amor
Tão longe vai, tão longe vou
Nuvem sem rumo é assim mesmo
Eu não queria a vida desse jeito
Meu olho armando
o bote
sem futuro
Fumaça
E continua o teu sorriso no meu peito
Essa saudade, o cigarro, a luz acesa
E essa noite posta sobre a mesa
Em cada canto da casa
Asa partida e dor
Gemido morto, amor
Tão longe vai
Tão longe vou
(poema de “Asa Partida”, de Raimundo Fagner)
“Essa terra, na qual nasci e finquei raízes fortes – pois aonde quer que eu vá (Tão longe vai / Tão longe vou), jamais deixo de pensar e trabalhar por ela – é berço de uma arquitetura exuberante e secular, estendida por seu conjunto histórico e paisagístico rico em belezas que chamam a atenção do país e do mundo.”. Essa passagem é mais uma joia de declaração de amor telúrico da pena sincera de Valdeci Cavalcante.
Belas damas e nobres cavalheiros,
Em “A cidade e sua arquitetura”, de Valdeci Cavalcante, está registrada a vitalidade urbanística e arquitetônica da Parnaíba, desde a Alfândega, localizada no Porto das Barcas, a peregrinar pelo Parnaíba Palace Hotel, pela Escola Técnica de Comércio União Caixeiral, pelo Ginásio Parnaibano e pelo Casarão Empresário Doca Machado, todos esses são patrimônios históricos encravados na Rua Grande, a seguir pelo Castelo do Tó - Castelo do Maracujá, na Praça Mandu Ladino, pelo Casarão Professora Maria Penha, na rua Ademar Neves, pelo Casarão da Praça Santo Antônio, residência de Ozias e Vicente Correia, no centro da Parnaíba.
Valdeci Cavalcante é uma vocacionada linhagem de escol de Simplício Dias da Silva em pleno Século XXI!
Valdeci Cavalcante é herdeiro da coragem e da disposição para tornar a Parnaíba maior e invicta, como quer Alarico José da Cunha!
A invicta Parnaíba, erguendo-se radiosa,
Excelsa, soberana, elegante e formosa,
Abre o sol do Brasil, seu lindo relicário (...)
(Poema “O centenário de Parnaíba”, de Alarico José da Cunha)
Valdeci Cavalcante lidera e financia a cidade da Parnaíba, sendo um patrocinador não somente patrimonial, mas também um mecenas da história, da memória, da cultura, das artes, do teatro, da música, da pintura, do cinema, das Academias, dos livros... preservando e perpetuando valores.
São inúmeras as qualidades pessoais de Valdeci Cavalcante: luminoso advogado, competente professor universitário, bem-sucedido empresário, afortunado escritor... Homem político, cidadão arrojado, com o inconteste espírito do benfeitor do seu tempo e do outro que há de vir.
É acreditando no presente e na posteridade, cujas lacunas emanam do passado, que Valdeci Cavalcante entrega aos parnaibanos a sua obra-prima editorial: “A cidade e sua arquitetura”.
Eis aqui uma peça literária indelével, por sua beleza e pela graça afetiva de consagrar o chão, o terrão de Valdeci Cavalcante, o meu torrão, o nosso terral, a nossa casa de mar oceânico, tão rica tão viva tão bonita!
“A cidade e sua arquitetura”, de Valdeci Cavalcante, é um tratado intimista sobre amar a quem nos dá amor.
Os caminhos
ultrapassam os silêncios...
Os caminhos
ultrapassam os ventos...
Pratico o dia viúvo do passado.
Nada devo ao futuro.
Sou poeta que beija a terra
quando o universo explora
as suas saudades pátrias.
Terra Santa, terra vegetal
Linha de terra, terra de Siena
Parnaíba, seus tons descritivos,
rios, lagoas, mangues e o Mar!
Ah, o mar!
Que apressa os instintos indomáveis
e o chão salgado das tardes infindas...
(...)
Sou Salvaterra,
perfuro o terreno dos abismos,
a minha aurora vaga.
E vou a lavar as mãos e os pés
nessas dores sanguíneas
pé-terra, mais valia, paraíso
Parnaíba, sol a pino,
Minha Inglaterra às avessas.
Irriga banha adultera
terra mar ao mar amar
telúrico malúrico lírico
meus restos meus excessos
os sopros os gestos
o aguar desesperado do mar!
(poema “Malúrico”, de Diego Mendes Sousa)
No último dia 12 de abril de 2023, Valdeci Cavalcante festejou os seus setenta e um anos de vida, que corresponde também, aos seus setenta e um anos como parnaibano, coexistência ímpar e edificante, pois a cidade da Parnaíba e Valdeci Cavalcante se confundem, como outrora, Simplício Dias da Silva e a Vila de São João da Parnaíba eram as mesmas cousas, isto é, unas e indivisíveis.
Do relicário idealista de Valdeci Cavalcante: “Os maiores tesouros não são os que o homem conquista, mas os que ele preserva.”.
“Nasci e vivi admirando essas obras de arte arquitetônica de Parnaíba. Tenho comigo o sentimento de preservação desse patrimônio.”, escaninho do pensamento de Valdeci Cavalcante.
Parnaíba, Norte do Brasil, 14 de abril de 2023.
Obrigado!
Merci beaucoup!
Discurso proferido por Diego Mendes Sousa, Presidente da Academia Parnaibana de Direito (APD), Casa de Evandro Lins e Silva, na cerimônia festiva do lançamento do livro “A cidade e sua arquitetura” (2023), de Valdeci Cavalcante.