O guerreiro sincero
Por Maria do Rosário Pedreira Em: 28/10/2020, às 10H59
[Maria do Rosário Pedreira]
Tiago Salazar, jornalista hoje arredado dos jornais, tem-se dedicado especialmente à literatura de viagens (foi também autor de um programa de TV nesta área) e aos livros de crónicas, mas já escreveu um romance sobre os Rotschild do Oriente (A Escada de Istambul) e acaba de reincidir na ficção com um pequeno volume maravilhoso do género histórico. Chama-se O Magriço e conta a história de D. Álvaro Gonçalves Coutinho, celebrizado numa passagem d’Os Lusíadas como um dos Doze de Inglaterra, cavaleiros portugueses que, no reinado de D. João I, participaram num combate que visava lavar a honra de doze damas e do qual saíram vencedores.Tratando-se de um cavaleiro de linhagem na Corte do Mestre de Avis, o Magriço não aceitou, porém, que o seu monarca lhe negasse casamento com a mulher que amava e partiu para a Borgonha, onde lutou por mais de uma década entre os pares de João Sem Medo, que o considerou um dos mais destemidos guerreiros que alguma vez o serviram. Tiago Salazar instala-se de armas e bagagens na Idade Média e, vestindo a pele desta personagem controversa, dá-nos um testemunho das suas andanças e tribulações num relato em forma de autobiografia romanceada, ao jeito dos melhores livros de cavalaria, a que nunca falta uma pitada de colorido e humor.