O fim do mundo em 2012
Por Bráulio Tavares Em: 24/09/2009, às 07H57
Por Bráulio Tavares
Falam que o mundo vai acabar em 2012 porque assim está previsto no calendário dos maias ou em algum outro códice obscuro. Não precisavam ir tão longe. Cientistas da NASA acham que esse apocalipse é possível, não por causa da ira dos deuses comedores-de-corações da Centroamérica, mas porque a estrutura elétrica que montamos para nosso planeta é extremamente vulnerável ao que eles chamam de erupções solares, provocando tempestades geomagnéticas. Quem diz, numa matéria da revista “Wired”, é John Kappenman, da empresa Meta Tech: “Temos uma grade de redes elétrica que cobre o país inteiro. Ao longo dos anos, voltagens cada vez mais altas têm sido aplicadas a ela. Isto aumentou nossa vulnerabilidade a tempestades geomagnéticas. Essas tempestades sempre existiram, mas involuntariamente nós criamos uma infraestrutura que serve como uma gigantesca antena para atraí-las”.
Segundo os cientistas, no estado de sobrecarga em que estão as redes elétricas dos EUA, uma dessas tempestades pode ser “fritar” toda a rede. O que causaria uma espécie de blecaute total em numerosas áreas... Bem, não sou engenheiro elétrico e não posso avaliar exatamente o que aconteceria. Mas Kappenman diz: “Grande correntes elétricas circulam em nossa rede, vindo da Terra através de conexões-terra em grandes transformadores. Precisamos disso por razões de segurança, mas as conexões-terra proporcionam entradas para cargas que podem danificar a rede”. Ou seja: é como se, tivéssemos construído algo que pudesse funcionar como um colossal para-raios. No dia em que cair um raio ali em cima, qual será o resultado?
Lawrence Joseph, autor de “Apocalypse 2012:a Scientific Investigation into Civilization’s End”, diz: “Transformadores de ultra-alta voltagem tornam-se mais delicados à medida que a demanda de energia cresce. Metade dos que temos hoje não podem mais suportar a corrente para a qual foram planejados. Um pouquinho mais de corrente pode “estourar” sua capacidade. Os de 500 e de 700 mil kilovolt são particularmente vulneráveis, e os EUA têm mais destes do que qualquer outro país”.
Transformadores desse tipo, segundo Kappenman, não podem ser consertados no local, geralmente há um período de um a três anos para que um deles seja substituído. Os cientistas acham que um grande curto-circuito custaria aos EUA de um a dois trilhões de dólares de prejuízo no primeiro ano, mas, mais do que isto, seriam necessários uns dez anos para recompor a rede do modo que era antes.
Pensamos muito no fim do mundo como sendo uma guerra nuclear ou o choque de um meteoro gigante. O fim do mundo, entretanto, pode ocorrer de uma maneira mais indireta, sem custar uma vida humana sequer. Pode ser apenas uma catástrofe tecnológica que faça nossas comunicações entrarem em colapso. E a economia. E a governabilidade das nações. E a produção de alimentos, que, ao fim e ao cabo, é quem define o limite entre a vida e a morte para bilhões de pessoas.