Não-esquerda
Por Miguel Carqueija Em: 08/09/2021, às 21H38
NÃO-ESQUERDA
Miguel Carqueija
Vivemos numa época em que muitas pessoas parece que desaprenderam ou nunca souberam raciocinar direito, fazendo as necessárias ligações ou relações. E com isso tornam-se presas fáceis da desinformação e da mentira espalhadas pelos meios de comunicação e diversas formas de doutrinação.
Gustavo Corção, de saudosa memória, no último livro que publicou em vida, o notável ensaio “O século do nada”, analisando os fenômenos do mundo moderno, especialmente nas áreas política e religiosa, observou que “praticamente só a esquerda existe”. Desenvolvendo esse pensamento eu cheguei à conclusão de que todo mundo que conscientemente recusa ser esquerdista e não se deixa levar pela hipnose coletiva, não é necessariamente da direita; é da “não-esquerda”.
É muito ruim ver essa tendência à polarização. Quem perde com isso são a inteligência e o mundo livre, se ainda se pode usar essa expressão. A humanidade não pode se dividir simplesmente em esquerda e direita. Hoje em dia esquecem facilmente o centro. Mas eu mesmo não aprecio que posições políticas, éticas e morais, sejam reduzidas a posições físicas. Por isso, em vez de me declarar da direita ou mesmo do centro (pois é óbvio que eu não sou e jamais serei da esquerda) prefiro me declarar católico, conservador e humanista. Para que mais do que isso?
Em certa época eu até me julgava direitista. Até que a Sra. Alice Távora, eminente líder e escritora católica, me fez ver que direita e esquerda são extremos, e o certo seria a posição do meio, o centro. Mais tarde, desenvolvendo mais a idéia, cheguei à conclusão de que existem posições independentes e até mais abrangentes que a de centro, pois indo além da política incluem princípios morais, religiosos e filosóficos. Daí minha opção final em ser católico (que eu sempre fui), conservador e humanista.
Claro que os extremistas da esquerda, hoje tão gritantes, gostam de colocar os adversários todos no mesmo saco: todos são reacionários, por não aceitarem o socialismo. No entanto, o reacionarismo da esquerda é o próprio “óbvio ululante” de Nelson Rodrigues...
Não posso ser da direita, até porque em diversas ocasiões esbarrei con contestações de pessoas da direita que não aceitam as minhas posturas.
Mesmo assim vejo a esquerda como muito pior. Até mesmo em termos de matanças promovidas no mundo.
Já vi gente dizendo que “só existem esquerda e direita”. Conclusão perfunctória, a maioria das pessoas nem sabe direito o que é isso. Quando se decepcionam com políticos de direita votam na esquerda ou vice-versa.
Bem, de qualquer forma, mesmo sem ser da direita eu sou da não-esquerda, pois entendo que a esquerda é na verdade a maior praga da História. A mentira, a trapaça, a violência, o totalitarismo, o ataque à liberdade religiosa, são marcas registradas da esquerda. Duvidam? Experimentem então ler “Contra toda esperança”, o dramático depoimento de Armando Valadares, que permaneceu preso em condições desumanas nos calabouços cubanos pelo “crime” de recusar colar um adesivo de Fidel Castro em sua mesa de trabalho, e só foi libertado pela intervenção direta do Presidente da França, François Mitterrand.
Eu assisto no Brasil à perversão dos valores que a esquerda promove incessantemente. Admito que há pessoas boas, bem intencionadas, com idéias esquerdistas. Mas, deviam abrir os olhos. Eu, como não-esquerda que sou, tenho nojo da Rede Globo, do PT. Sou contra o ódio e não odeio ninguém porque Jesus Cristo ordenou: “Amai os vossos inimigos”. Por isso eu tenho pelo Lula um profundo desprezo, mas não o odeio, e peço a Deus que toque o coração endurecido desse homem. O mesmo em relação aos donos e jornalistas da Globo. Chega de fazer mal ao Brasil, não é?
Rio de Janeiro, 8 de setembro de 2021.