NÃO AOS POLÍTICOS HIPÓCRITAS
Por Antônio Francisco Sousa Em: 05/01/2010, às 13H12
Nos últimos anos, por mais que muitos não admitam, nossos governos vêm fazendo uma administração populista, eis que voltada, exclusivamente, para a maioria pobre, como se os mais bem aquinhoados não fossem cidadãos. Míseras bolsas e cotas diversas distribuem migalhas e estimulam o ócio e a acomodação, entre e junto às classes menos favorecidas.
Alguns vão discordar, mas ousaríamos declarar que, no mesmo período, apenas a carga tributária tem se voltado para as minorias, aquelas que, detendo um poder aquisitivo maior que as demais, a despeito de toda a corrupção que corroi e desvia grande parte dos tributos recolhidos, ainda assim suprem o erário permitindo que governantes demagogos façam essa politicalha que nos assola. Tanto é fato que são as minorias os maiores referenciais na arrecadação tributária de uma nação pobre, que basta que uma “marolinha” de crise econômica diminua-lhes os ganhos para que as receitas públicas despenquem. Foi isso que aconteceu, recentemente, por aqui. Infelizmente, entre nós, os mais pobres são beneficiários e não financiadores de bolsas, cotas e outros incentivos que governos fisiologistas lhes distribuem a partir dos tributos arrecadados.
Apesar de serem as minorias as principais supridoras do erário, os serviços públicos que lhes deveriam ser oferecidos em contrapartida, não as beneficiam nem alcançam. Faz já muito tempo que o estado deixou de oferecer-lhes a educação de boa qualidade que lhe cabe fazer, constitucionalmente. Mesmo as maiorias necessitadas têm sido vítimas dessa ausência. Garantir a segurança pública é outra obrigação constitucional que o poder público não cumpre.
Estamos entrando num momento em que o financiamento da saúde, também atribuição do estado bancar com parte dos recursos tributários que são direcionados para tal finalidade, passa a ser, não apenas obrigação econômico-financeira do contribuinte, mas um suplemento tributário imoral. Estatísticas recentes dão conta de que os gastos com saúde feitos pelos cidadãos brasileiros já superam os valores orçados ou desembolsados pelo poder público com a mesma rubrica.
Agora, um desrespeito paroquial: o desprezo que os últimos governantes estaduais e municipais vêm atribuindo à nossa principal atração turística, o litoral piauiense. Há pelo menos dois mandatos de governo federal, estadual e municipal - em que as respectivas administrações teimam em afirmar que recursos existem para serem investidos em turismo - aquela região praiana vem sendo símbolo de abandono público. Diríamos que, no Piauí, o turismo, graças ao descaso governamental, se não estagnou, tem andado para trás. Se cada um desses governantes, em vez de bravatas, tivesse cuidado de dois quilômetros de nosso litoral, por ano de governo, nossa pequena orla seria a melhor do Brasil.
Em Luiz Correia, em pleno período das grandes festas e de virada do ano de dois mil e nove, época de altíssima estação, faltaram itens básicos, simplórios, a qualquer local que receba turistas ou, mesmo, que tenha um governo: água, energia elétrica, sistema confiável de telecomunicações. Nem vamos falar sobre esgotamento sanitário, serviço público para o qual, segundo reiterada publicidade, tanto do governo estadual quanto das prefeituras dos municípios litorâneos, existem recursos disponíveis prontos para serem investidos.
Se não estão faltando ao poder público recursos, falta-lhe seriedade, compromisso, respeito, vontade.
Vamos provar que ainda existem homens dotados de espírito público, capazes de nos governar e compor nossos parlamentos. Comecemos por defenestrar os políticos hipócritas, tipo esses que, em nossas maltratadas praias, nossos parques turísticos depredados, dão-se o desplante de, não somente mostrarem as caras deslavadas, mas de nos cumprimentarem e, não raro, estreitarem-nos em falsos abraços. Negando a essa turma nosso voto, um dia eles aprendem a nos respeitar.
Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])