Ministro do Meio Ambiente do próximo governo deverá ser respeitado e até temido

O assim chamado fator Marina Silva deverá garantir o novo quadro, que se mostra promissor, no Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

 

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NOTÍCIA DA ÚLTIMA HORA

[A MATÉRIA A SEGUIR APRESENTADA

FOI ELABORADA ANTES DA DIVULGAÇÃO

DESTA NOTÍCIA (parte da manhã). A IDÉIA DE QUE O PRÓXIMO

MINISTRO DO MEIO AMBIENTE DEVERÁ SER

MUITO RESPEITADO PERMANECE, CONTUDO.]

 

 

O ESTADO DE SÃO PAULO, agora há pouco:

 
 

"Marina anuncia posição de independência no 2º turno

Posição contribui com o equilíbrio do processo eleitoral, segundo ela

17 de outubro de 2010 | 14h 27
 
Daiene Cardoso, da Agência Estado

Em sintonia com os dirigentes do PV, a ex-candidata Marina Silva anunciou hoje a sua posição de independência no segundo turno em convenção com militantes e não militantes do partido em São Paulo. A posição contribui com o equilíbrio do processo eleitoral, segundo ela.

José Patrício/ AE
José Patrício/ AE
Marina criticou o velho pragmatismo que dominou a disputa

"No meu entendimento, expressa o que deve ser a nossa posição no segundo turno", disse.

Em rápida votação, os mais de 160 membros com direito a voto do partido votaram em sua maioria pela independência.

Em seu discurso, Marina criticou o velho pragmatismo que dominou a disputa política entre PT e PSDB. A senadora leu uma carta, que será encaminhada aos candidatos José Serra e Dilma Rousseff, em que chama os dois partidos de fiadores "do conservadorismo". "A escolha se estende agora à atitude de vocês", disse Marina.

Votação

A votação que definiu hoje a posição de independência do PV para o segundo turno teve apenas quatro votos, de um total de 92, a favor do apoio a um dos presidenciáveis, sem especificar qual. Em três horas de convenção, realizada hoje em São Paulo, nenhum partidário do PV defendeu abertamente a posição de apoio a um dos dois candidatos do PT ou PSDB. Os quatro votos favoráveis foram o do secretário municipal do Verde da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge, da presidente estadual do PV no Espírito Santos, Sidnéia Fontana, o secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida da Prefeitura de São Paulo, Marcos Belizário, e um militante do partido que não identificado.

O candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, Fernando Gabeira, votou pela independência. "É a sociedade que vai dar o tom e apontar o caminho", disse Gabeira.

Com a decisão de hoje, os militantes que decidirem manifestar apoio à petista Dilma Rousseff ou ao tucano José Serra não poderão utilizar símbolos do PV ou falar em nome do partido. Dirigentes e diretórios nacionais e estaduais do PV estão proibidos de declarar seu voto nessas eleições ou se manifestar a favor ou contra algum candidato. Gabeira, no entanto, que já declarou seu apoio a José Serra, pode fazê-lo porque não é dirigente do partido, assim como outros membros que não ocupem posição de liderança - Gilberto Gil e Zequinha Sarney, por exemplo.

Entre os destaques do PV que participaram da convenção neste domingo, estava o deputado federal eleito pelo Maranhão e filho do presidente do Senado, Zequinha Sarney. Ele também defendeu a posição de não dar apoio oficial a nenhum presidenciável. "A melhor decisão é a independência."

Durante os discursos, o vice-presidente nacional do PV, Alfredo Sirkys, deu um parecer sobre o acolhimento das propostas do PV pelo PSDB e pelo PT. Segundo ele, o PT foi o partido que sinalizou maior interesse nos pontos sugeridos pela plataforma de Marina Silva. "O pessoal da Dilma foi mais completo (na avaliação das propostas do PV)", afirmou. Sirkys criticou a carta encaminhada pelos tucanos e assinada pelo presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra, e disse que enquanto o texto assinado por Dilma foi mais programático, a carta do PSDB teve um tom mais político e deu "a impressão de ter sido feita às pressas".

O vice-presidente do PV reforçou que o fato das candidaturas terem se comprometido com alguns dos 10 itens propostos pelo PV não significam que esses compromissos serão efetivamente cumpridos. "É um compromisso que eles estão assumindo perante os eleitores", ressaltou.

Aborto

 

Em seu discurso na convenção, Fernando Gabeira criticou o debate em torno da questão da legalização do aborto e propôs que o PV prepare uma pauta de sugestões sobre o tema e as encaminhe aos partidos que seguem na disputa ao segundo turno das eleições presidenciais. "No nosso caso, não é uma questão de salvar nossas almas, é salvar as adolescentes e os mais pobres", disse. Segundo ele, essa pauta de sugestões deve ser voltada para campanha de conscientização e melhora da assistência pré-natal.

Outro tema que teve destaque na convenção do PV foi a reforma política, defendida pelo ex-candidato ao Senado por São Paulo Ricardo Young. "Temos que nos debruçar agora sobre a reforma política", sugeriu.


 

 

(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,marina-anuncia-posicao-de-independencia-no-2o-turno,625979,0.htm)

 

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FOTO QUE ILUSTRA O ARTIGO O besouro é nosso,

CUJA AUTORA É A SENADORA MARINA SILVA,

adiante transcrito, na íntegra

 (SEM A LEGENDA ACIMA APRESENTADA:

http://mercadoetico.terra.com.br/website/wp-content/uploads/2009/07/besouro250.jpg)

 

 

 

 

DILMA ROUSSEFF, estadista que poderá se tornar, brevemente, presidente do Brasil, de acordo com a vontade soberana do povo

 (SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA QUE LOGO ACIMA SE LÊ:

http://betowblog.wordpress.com/2010/01/10/2010-politica/)

 

 

 

 

 

JOSÉ SERRA, estadista que poderá se tornar, brevemente, presidente do Brasil, de acordo com a vontade soberana do povo

 (SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA QUE LOGO ACIMA SE LÊ:

http://brazilianstudies.wordpress.com/page/2/)

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A SENADORA MARINA SILVA, QUE RECEBEU, NAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS,

MENOS VOTOS DO QUE A DRA. ROUSSEFF E DE QUE O DR. SERRA, MAS QUE,

POSSIVELMENTE, DECIDIRÁ QUEM SERÁ O PRÓXIMO PRESIDENTE DO BRASIL,

UMA VEZ QUE A DRA. ROUSSEFF E O DR. SERRA ESTÃO QUASE EMPATADOS,

aguardando a urgente decisão da nobre Senadora

(SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA ACIMA ENGENDRADA:

http://blogdofigueira.blogspot.com/2009_11_01_archive.html)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CHICO MENDES com aqueles que o substituirão

(SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA ACIMA APRESENTADA:

http://www.oarquivo.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=463:chico-mendes-parte-1&catid=77:nacionais&Itemid=432)

 

 

 

 

 

 

 

                                Homenageando o Prof. Theodoro Botinelly,

                                da Universidade do Amazonas, e

                                o seringueiro, líder sindical-florestal e ambientalista Chico Mendes

                                (IN MEMORIAM)

 

 

 

 

17.10.2010 - Finalmente a questão ambiental será tratada como deve acontecer, no Brasil - Há um mérito do governo que sairá brevemente: o presidente Lula elevou Marina Silva à titularidade da pasta do Meio Ambiente, para a felicidade do Brasil e dos brasileiros. Foi um grande acerto do político pernambucano-paulista Luís Inácio Lula da Silva, considera-se aqui.  Não importa se com Dilma Rousseff ou se com José Serra na presidência, qualquer um deles DEVERÁ PRESTIGIAR, DE FORMA A QUE O(A) FUTURO(A) MNISTRO(A) DO MEIO AMBIENTE POSSA ENFRENTAR OS INTERESSES CONTRÁRIOS À VIDA NO PLANETA, ESPECIALMENTE AQUELES ORIUNDOS DA INDÚSTRIA MADEIREIRA E DO agrobusiness, QUE QUEREM TRANSFORMAR A AMAZÔNIA EM GRANDES PASTOS PARA CRIAÇÃO DE GADO E PLANTAÇÕES.  Por assim dizer, algumas pessoas vieram ao mundo para lutar, diuturnamente, pela defesa da FLORESTA MANTIDA EM PÉ e, tambem, seguindo as considerações exaradas na pág. 116 do livro do saudoso Prof. Theodoro Botinelly, intitulado AMAZÔNIA: UMA UTOPIA POSSÍVEL (Manaus: Editora da Universidade do Amazonas, 1991), contra as estradas que cortam ou cortarão a floresta, uma vez que a vocação dos transportes na AMAZÔNIA, de acordo com A. BITTENCOURT (citado por T. Botinelly) e vários outros autores, é FLUVIAL.  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

MATÉRIA DO JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO,

ELABORADA PELO JORNALISTA HERTON ESCOBAR

 

 

"Por Herton Escobar, de O Estado de S.Paulo, estadao.com.br, Atualizado: 16/10/2010 15:44

Em busca do apoio do PV, candidatos assumem compromissos ambientais

 

SÃO PAULO - Marina Silva não passou para o segundo turno das eleições presidenciais, mas conseguiu fazer aquilo que muitos esperavam de sua candidatura: inscrever a sustentabilidade na agenda política nacional.

Pressionados pelos 20 milhões de votos obtidos pela candidata do Partido Verde (PV) no primeiro turno, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) não podem mais se dar ao luxo de ignorar questões ambientais consideradas prioritárias pelo eleitorado 'marineiro', como o combate ao desmatamento e a proteção ao Código Florestal.

O Estado enviou aos dois candidatos uma série de perguntas relacionadas a alguns do principais debates ambientais do Brasil. Todas elas, também, abordadas na lista de 42 compromissos essenciais apresentada pelo PV como base para definição de um eventual apoio do partido a uma - ou nenhuma - das candidaturas. A decisão será votada hoje em assembleia do partido.

Um dos temas considerados mais críticos é a reforma do Código Florestal, que estipula regras e limites para a ocupação de áreas de vegetação nativa. Em resposta ao Estado, ambos se disseram contrários à anistia a desmatadores, prevista no relatório de Aldo Rebelo (PC do B), aprovado por uma Comissão Especial da Câmara em julho.

A assessoria da campanha tucana afirmou que Serra considera a anistia 'inaceitável'. 'Mas também não se pode imaginar que áreas de agricultura consolidadas há décadas tenham que ser abandonadas, pois isso vai afetar a produção e o emprego rural', completou. Serra se coloca contra a redução das áreas de preservação obrigatória previstas no código. Propõe o pagamento por serviços ambientais.

O candidato se compromete a resolver o impasse no primeiro semestre de seu governo. 'Ambos os lados, ambientalistas e ruralistas, precisam compor uma posição de consenso que equacione os principais problemas dessa agenda no campo', disse.

'Sou a favor do veto a propostas que reduzam áreas de reserva legal e preservação permanente, embora seja necessário inovar em relação à legislação. Sou favorável ao veto à anistia para desmatadores', afirmou Dilma.

Posições assumidas pelos candidatos:

Desmatamento

Os candidatos expuseram suas estratégias para reduzir o desmatamento, não apenas na Amazônia, mas em todos os biomas - incluindo o Cerrado, principal área de expansão agrícola do País.

Serra defende uma moratória de cinco anos sobre o desmatamento de todos os biomas - tempo que considera 'suficiente para traçar as novas bases que deverão reger o desenvolvimento da agricultura sustentável para o futuro'. 'O setor produtivo aceita essa pausa, necessária para redefinir os marcos legais da relação entre a biodiversidade e o progresso no campo', diz sua assessoria.

Dilma disse que pretende 'continuar e avançar nos programas em curso', como as Operações Arco de Fogo e Arco Verde, voltadas para o combate ao desmatamento e a criação de alternativas econômicas sustentáveis na Amazônia. 'No Cerrado a situação é mais complexa', diz a candidata do PT, lembrando que área de reserva legal, que precisa ser obrigatoriamente preservada com vegetação nativa, no bioma é bem menor do que na Amazônia (20%, comparado a 80%). 'Aqui vale mais atuar na modernização e no uso sustentável do solo e adotar políticas para fazer uso de áreas degradadas para a expansão da agropecuária.'

Ela não faz menção à meta de desmatamento zero para todos os biomas, que é um dos compromissos essenciais listados pelo PV na Agenda por um Brasil Justo e Sustentável.

Energia

Os candidatos opinaram se concordam com o projeto aprovado para a construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, e se acham que há espaço para outras grandes hidrelétricas na Amazônia.

'Existem boas possibilidades de aproveitamento do potencial energético da Amazônia, mas será preciso realizar uma avaliação ambiental estratégica da região, para não se ficar apenas na discussão dos licenciamentos isolados de cada hidrelétrica', diz a campanha de Serra. 'Energia renovável é bem melhor do que termoelétricas com fontes fósseis, mas não dá para enfiar goela abaixo das populações locais os efeitos danosos das obras.'

Sobre o licenciamento ambiental de Belo Monte, a campanha afirma que 'num governo Serra o processo teria sido bem mais transparente e participativo', e agora só resta 'exigir o cumprimento das exigências socioambientais do licenciamento do Ibama'.

'Para manter nossa matriz energética como uma das mais limpas do planeta não podemos abrir mão de hidrelétricas', afirma Dilma. Segundo ela, o projeto de Belo Monte - que é uma das peças principais do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) - inclui 40 condicionantes ambientais, que custarão aos investidores R$ 3 bilhões para atendê-las. 'Queremos energia hidrelétrica, mas também preservar nosso patrimônio natural.'

Clima

No combate às mudanças climáticas, os dois candidatos admitem o princípio de reduzir as emissões de gases-estufa, mas demonstram não ter um plano detalhado para colocar em prática.

Dilma considera adequada a meta voluntária estabelecida pelo governo atual e incluída na Lei 12.187 de 2009, que instituiu a Política Nacional sobre Mudança do Clima de reduzir entre 36% e 39% o crescimento projetado das emissões brasileiras de gases do efeito estufa até 2020. 'Trata-se de um compromisso nacional', diz a candidata. 'Para efetivar essas metas estão em elaboração vários planos setoriais.'

'Tenho convicção de que temos um conjunto de propostas que nos permitirão alcançar bons resultados e manter o protagonismo brasileiro nesta área', completa Dilma.

Já Serra, quando governador de São Paulo, aprovou a Lei Paulista de Mudanças Climáticas, estabelecendo uma meta compulsória de redução de 20% das emissões de gases do efeito estufa no Estado até 2020, tomando como base as emissões de 2005. 'Serra sempre trabalhou com a ideia de que não se deve temer a agenda ambiental, mas sim fazer dela uma oportunidade de transformar a economia, do atual caráter predatório, para uma economia verde, traçando nova relação da sociedade com a natureza. Avançando, o Brasil pode se tornar uma potência ambiental', diz sua campanha".

(HERTON ESCOBAR,

http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/artigo.aspx?cp-documentid=25978858)

 

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O ARTIGO DA SENADORA 

 

28/07/2009 17:40:15

"O besouro é nosso

 

Por Marina Silva*

 

 

Titanus gigantus, o maior inseto do mundo, conhecido como besouro gigante da Amazônia

Li, na semana passada, duas notícias que contam como nossas riquezas naturais continuam sendo ignoradas por nós e apropriadas por outras nações. A primeira dizia que em março o Museu de História Natural de Genebra divulgou sua nova aquisição: o Titanus gigantus, o maior inseto do mundo, conhecido como besouro gigante da Amazônia.
.

 

Seu tamanho impressiona -é maior que a mão de um adulto- e certamente fará sucesso entre os visitantes. De acordo com o museu, acredite-se ou não, o besouro teria “viajado por engano na mala de um turista suíço”. Assustado, ele teria chamado uma empresa de dedetização, que encaminhou o espécime ao museu.

Outro besouro brasileiro também vem fazendo sucesso, nos Estados Unidos. Pesquisadores da Universidade de Utah acreditam ter encontrado o cristal fotônico ideal na carapaça do besouro Lamprocyphus augustus. Esse cristal é essencial para a construção de circuitos eletrônicos que manipulem dados por meio de luz (fótons), em vez de cargas elétricas (elétrons).

E o curioso é que os cientistas americanos não tiveram trabalho para conseguir o inseto brasileiro. Encomendaram-no a um vendedor da Bélgica, pela internet. Não duvido que, apenas com a tecnologia decorrente das pesquisas com este único besouro, os americanos produzam mais riqueza do que todo o valor anual da exploração ilegal de madeira, da soja e do gado na Amazônia.

Temos a maior porção da maior floresta tropical do planeta. É um tesouro em biodiversidade que precisa ser cuidado e explorado pelo Brasil. Em 2006, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou a falta de controle nas fronteiras como razão da perda anual de US$ 2,4 bilhões, com a saída de animais e plantas que acabam por gerar produtos patenteados no exterior. São muitas as ameaças à biodiversidade brasileira: biopirataria, aquecimento global, desmatamento, tráfico de animais, superexploração de espécies. E a mais terrível parece ser a nossa inoperância diante disso tudo.

Em 1994, o Brasil ratificou a Convenção da Biodiversidade Biológica. Em 1995, apresentei proposta no Senado para disciplinar o acesso aos recursos genéticos no país. O projeto (PL 4.842) foi à Camara dos Deputados em 1998 e lá está até hoje. Outra tentativa foi feita em 2003, por meio do Ministério do Meio Ambiente.

Nova proposta foi negociada por mais de cinco anos, com todos os setores interessados. Novamente deu em nada. Continuamos sem regras. E todo o conhecimento gerado pela biodiversidade continuará sendo apropriado por quem chegar primeiro, sem gerar dividendos para o país.

* Marina Silva é senadora (PT-AC) e ex-ministra do meio ambiente. [email protected]

(http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/o-besouro-e-nosso/))

 

 

 

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CHICO MENDES - PARTE 1

 

 

                                 "chicomendes2Francisco Alves Mendes Filho (1944-22/12/1988) nasce na cidade de Porto Rico. Entra para a política sindical nos anos 60 e, na década de 70, cria os "empates", estratégia não violenta de defesa contra o desmatamento na Amazônia. Em 1977 ajuda a fundar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, do qual é presidente de 1982 até sua morte. Elege-se vereador pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em 1978. Quatro anos depois se candidata a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mas é derrotado. Torna-se mundialmente conhecido por suas denúncias de destruição da floresta Amazônica. Em 1985 participa da fundação do Conselho Nacional dos Seringueiros. Ganha o Prêmio Global 500, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), em 1987. Depois de receber várias ameaças de morte, em 1988 é assassinado em sua casa por pistoleiros a mando do ...

fazendeiro Darli Alves da Silva. Em 1990, Darli e seu filho Darci Alves Pereira são condenados a 19 anos de prisão pelo crime.

Foragidos do presídio de Rio Branco três anos depois, voltam a ser presos em 1996. Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, (Xapuri, 15 de dezembro de 1944 — Xapuri, 22 de dezembro de 1988) foi um seringueiro, sindicalista e ativista ambiental brasileiro. Sua intensa luta pela preservação da Amazônia o tornou conhecido internacionalmente e foi a causa de seu assassinato.

Ainda criança começou seu aprendizado do ofício de seringueiro, acompanhando o pai em excursões pela mata. Só aprendeu a ler aos 20 anos de idade, já que na maioria dos seringais não havia escolas, nem os proprietários de terras tinham intenção de criá-las em suas propriedades.


Iniciou a vida de líder sindical em 1975, como secretário geral do recém-fundado Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. A partir de 1976 participa ativamente das lutas dos seringueiros para impedir o desmatamento através dos "empates" - manifestações pacíficas em que os seringueiros protegem as árvores com seus próprios corpos. Organiza também várias ações em defesa da posse da terra pelos habitantes nativos.


Em 1977 participa da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, e é eleito vereador pelo MDB local. Recebe então as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros, e começa a ter problemas com seu próprio partido, que não se identificava com suas lutas.


Em 1979 Chico Mendes reúne lideranças sindicais, populares e religiosas na Câmara Municipal, transformando-a em um grande foro de debates. Acusado de subversão, é submetido a duros interrogatórios. Sem apoio, não consegue registrar a denúncia de tortura que sofrera em dezembro daquele ano.
Chico Mendes foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores e um dos seus dirigentes no Acre, tendo participado de comícios com Lula na região. Em 1980 foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que procuraram envolvê-lo no assassinato de um capataz de fazenda, possivelmente relacionado ao assassinato do presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia, Wilson Sousa Pinheiro.


Em 1981 Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até sua morte. Candidato a deputado estadual pelo PT nas eleições de 1982, não consegue se eleger.
Acusado de incitar posseiros à violência, foi julgado pelo Tribunal Militar de Manaus, e absolvido por falta de provas, em 1984.


Liderou o 1º. Encontro Nacional dos Seringueiros, em outubro de 1985, durante o qual foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), que se tornou a principal referência da categoria. Sob sua liderança a luta dos seringueiros pela preservação do seu modo de vida adquiriu grande repercussão nacional e internacional. A proposta da "União dos Povos da Floresta" em defesa da Floresta Amazônica busca unir os interesses dos indígenas, seringueiros, castanheiros, pequenos pescadores, quebradeiras de coco babaçu e populações ribeirinhas, através da criação de reservas extrativistas. Essas reservas preservam as áreas indígenas e a floresta,além de ser um instrumento da reforma agrária desejada pelos seringueiros.


Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, que puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois leva estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Os financiamentos a esses projetos são logo suspensos. Na ocasião, Chico Mendes é acusado por fazendeiros e políticos locais de "prejudicar o progresso", o que aparentemente não convence a opinião pública internacional. Alguns meses depois, Mendes recebe vários prêmios internacionais, destacando-se o Global 500, oferecido pela ONU, por sua luta em defesa do meio ambiente.


Ao longo de 1988 participa da implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre. Ameaçado e perseguido por ações organizadas após a instalação da UDR no Estado, Mendes percorre o Brasil, participando de seminários, palestras e congressos onde denuncia a ação predatória contra a floresta e as violências dos fazendeiros contra os trabalhadores da região.


Após a desapropriação do Seringal Cachoeira, em Xapuri, propriedade de Darly Alves da Silva, agravam-se as ameaças de morte contra Chico Mendes que por várias vezes denuncia publicamente os nomes de seus prováveis responsáveis. Deixa claro às autoridades policiais e governamentais que corre risco de vida e que necessita de garantias. No 3º Congresso Nacional da CUT, volta a denunciar sua situação, similar à de vários outros líderes de trabalhadores rurais em todo o país. Atribui a responsabilidade pela violência à UDR. A tese que apresenta em nome do Sindicato de Xapuri, Em Defesa dos Povos da Floresta, é aprovada por aclamação pelos quase seis mil delegados presentes. Ao término do Congresso, Mendes é eleito suplente da direção nacional da CUT. Assumiria também a presidência do Conselho Nacional dos Seringueiros a partir do 2º Encontro Nacional da categoria, marcado para março de 1989, porém não sobreviveu até aquela data.

 

O assassinato de Chico Mendes


Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa por sua intensa luta pela preservaçao da amozonia. Casado com Ilzamar Mendes, deixou dois filhos, Sandino e Elenira, na época com dois e quatro anos de idade, respectivamente.
A justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves da Silva, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão, em dezembro de 1990. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do Incra, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia, sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e oito meses de prisão

 

Pena branda


A pena dos assassinos de Chico Mendes foi, no entanto, bem menor do que a aplicada em caso semelhante - o assassinato da missionária Dorothy Stang, morta no dia 12 de fevereiro de 2005, em Anapu, no oeste do Pará. O fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, mandante do crime, foi condenado a 30 anos de prisão pelo Tribunal do Júri de Belém. Com base no caso Chico Mendes, a defesa de Bida vai pedir redução de sua pena em novo julgamento. "Pena máxima é só em filme americano", acredita o advogado de Bida, Ércio Quaresma, embora seu cliente tenha demonstrado personalidade violenta, inadaptada ao convívio social, e seja culpado de crime hediondo com propósito de exterminar a vítima covardemente, segundo o Conselho de Sentença, que lhe negou o direito de recorrer da sentença em liberdade.

 

Benefício para o mandante do crime


Em dezembro de 2007, na mesma semana em que o assassinato de Chico Mendes completava 19 anos, uma decisão da juíza Maha Kouzi Manasfi e Manasfi beneficiou o fazendeiro Darly Alves da Silva com a prisão domiciliar até março de 2008, no conforto na casa-sede da Fazenda Paraná, em Xapuri, local onde a morte de Chico Mendes foi tramada e onde o fazendeiro poderá cuidar de uma gastrite crônica. Darly havia sido recolhido ao cárcere de Rio Branco em agosto de 2006, depois de ter sido julgado e condenado em júri popular como mandante do crime.

 

O HOMEM DA FLORESTA


Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, tinha completado 44 anos no dia 15 de dezembro de 1988, uma semana antes de ter sido assassinado. Acreano, nascido no seringal Porto Rico, em Xapurí, se tornou seringueiro ainda criança, acompanhando seu pai.


Sua vida de líder sindical inicia com a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, em 1975, quando é escolhido para ser secretário geral. Em 1976, participa ativamente das lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos através dos "empates". Organiza também várias ações em defesa da posse da terra. Em 1977, participa da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, além de ter sido eleito vereador pelo MDB à Câmara Municipal local. Neste mesmo ano, Chico Mendes sofre as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros, ao mesmo tempo que começa a enfrentar vários problemas cem seu próprio partido, o MDB, que não era solidário às suas lutas.


Em 1979, Chico Mendes transforma a Câmara Municipal num grande foro de debates entre lideranças sindicais, populares e religiosas, sendo por isso acusado de subversão e submetido a duros interrogatórios. Em dezembro, do mesmo ano Chico é torturado secretamente. Sem ter apoio, não tem condições de denunciar o fato.


Com o surgimento do Partido dos Trabalhadores, Chico transforma-se num de seus fundadores e dirigentes no Acre, participando de comícios na região juntamente com Lula. Ainda em 1980, Chico Mendes é enquadrado na Lei de Segurança Nacional, a pedido dos fazendeiros da região que procuravam envolvê-lo com o assassinato de um capataz de fazenda que poderia estar envolvido no assassinato de Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia.


No ano seguinte, Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até o momento de sua morte. Nesse mesmo ano, Chico é acusado de incitar posseiros à violência. Sendo julgado no Tribunal Militar de Manaus, consegue livrar-se da prisão preventiva.


Nas eleições de novembro de 1982, Chico Mendes candidata-se a deputado estadual pelo PT não conseguindo eleger-se. Dois anos mais tarde é levado novamente a julgamento, sendo absolvido por falta de provas.


Em outubro de 1985, lidera o 1o Encontro Nacional dos Seringueiros, quando é criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), do qual torna-se a principal referência. A partir de então, a luta dos seringueiros, sob a liderança de Chico Mendes, começa a ganhar repercussão nacional e internacional, principalmente com o surgimento da proposta de "União dos Povos da Floresta", que busca unir os interesses de índios e seringueiros em defesa da floresta amazônica propondo ainda a criação de reservas extrativistas que preservam as áreas indígenas, a própria floresta, ao mesmo tempo em que garantem a reforma agrária desejada pelos seringueiros. A partir do 2o Encontro Nacional dos Seringueiros, marcado para março de 1989, Chico deveria assumir a presidência do CNS.


Em 1987, Chico Mendes recebe a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, onde puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois, Chico Mendes levava estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID.


Trinta dias depois, os financiamentos aos projetos devastadores são suspensos e Chico é acusado por fazendeiros e políticos de prejudicar o "progresso" do Estado do Acre. Meses depois, Chico Mendes começa a receber vários prêmios e reconhecimentos, nacionais e internacionais, como uma das pessoas que mais se destacaram naquele ano em defesa da ecologia, como por exemplo o prêmio "Global 500", oferecido pela própria ONU.


chicomendes1Durante o ano de 1988, Chico Mendes, cada vez mais ameaçado e perseguido, principalmente por ações organizadas após a instalação da UDR no Acre, continua sua luta percorrendo várias regiões do Brasil, participando de seminários, palestras e congressos, com o objetivo de denunciar a ação predatória contra a floresta e as ações violentas dos fazendeiros da região contra os trabalhadores de Xapuri. Por outro lado, Chico participa da realização de um grande sonho: a implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre, além de conseguir a desapropriação do Seringal Cachoeira, de Darly Alves da Silva, em Xapuri.


A partir daí, agravam-se as ameaças de morte, como o próprio Chico chegou a denunciar várias vezes, ao mesmo tempo em que deixava claro para as autoridades policiais e governamentais que corria risco de vida e que necessitava de garantias, chegando inclusive a apontar os nomes de seus prováveis assassinos.


No 3o Congresso Nacional da CUT, Chico Mendes volta a denunciar esta situação, juntamente com a de vários outros trabalhadores rurais de todas a partes do país. A situação é a mesma, a violência criminosa tem a mão da UDR de norte a sul do Brasil. No mesmo Concut, Chico Mendes defende a tese apresentada pelo Sindicato de Xapuri, "Em Defesa dos Povos da Floresta", aprovada por aclamação por cerca de 6 mil delegados presentes. Ao final do Congresso, ele é eleito suplente da direção nacional da CUT.


Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes é assassinado na porta de sua casa. Chico era casado com lIzamar Mendes e deixa dois filhos, Sandino, de 2 anos, e Elenira, 4.

CURRICULUM VITAE


DADOS PESSOAIS


Nome: FRANCISCO ALVES MENDES FILHO


Nacionalidade: Brasileiro


Naturalidade: Xapuri - Acre


Data de nascimento: 15/12/1944


Filiação: Francisco Alves Mendes e Iraci Lopes Mendes


DADOS DE IDENTIFICAÇÃO


Carteira de identidade: 068588 SSP - Acre


Cadastro de Pessoas Físicas: 051493472-72


Título de eleitor: 10729524-10 - 2a Zona Eleitoral Xapuri - Acre


Passaporte: CC 208934 - SR/DPF/AC Policia Marítima Aérea de Fronteira - Rio Branco- Acre


III. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL


1955 - Inicia seu trabalho como extrativista seringueiro que se estende ate 1976.


1969 - Inicia sua luta pela autonomia dos seringueiros de sua região de uma forma muito isolada até 1974, quando enfrentou as primeiras pressões dos seringalistas.


1975 - Ingressa no movimento sindical rural, no momento em que centenas de seringueiros eram expulsos pelos jagunços, a mando dos fazendeiros


Fundador e secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia - Acre (dezembro).


1976 - Participa ativamente, como Diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, dos empates (resistência pacifica dos seringueiros, que tentando impedir a derrubada das árvores, colocam-se na frente dos tratores e moto-serras).


Retorna a Xapuri e reinicia a luta em defesa da posse da terra.


1977 - Eleito Vereador pelo MDB, inicia 2 frentes de luta: na Câmara Municipal e no recém fundado Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri.


É um dos fundadores do STR de Xapuri.


- No final de 1977 sofre as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros, ao mesmo tempo que enfrenta a reação de seus companheiros de bancada na Câmara Municipal.


1978 - Sem o apoio do MDB, é ameaçado de cassação de mandato, enfrentando ao mesmo tempo duros momentos nos empates, que também são apoiados pela Igreja Católica local.


No final de 78, aproveitando uma crise entre os dois partidos existentes, MDB e ARENA, é eleito Vice-presidente da Câmara Municipal de Xapuri


1979 - Assume a presidência da Câmara, com a destituição do prefeito.


Em junho, promove um grande debate com lideranças sindicais e religiosas, transformando a Câmara num foro de debates. E acusado de subversão e sofre os primeiros e duros interrogatórios.


Em outubro, em meio a uma forte pressão liderada pelas duas bancadas na Câmara, renuncia a presidência da mesma.


Em dezembro, é torturado secretamente, sem ter como denunciar publicamente o fato, pois a imprensa estava ao lado dos fazendeiros. Porem, não desiste e continua enfrentando ao lado dos seringueiros a luta nos empates.


1980 - Ingressa no Partido dos Trabalhadores, sendo um de seus fundadores e dirigentes no Acre.


• Julho: é assassinado Wilson Pinheiro, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasileia - Acre. Revoltados com a morte do líder sindical, 40 posseiros emboscam e matam um fazendeiro.


Mesmo não tendo participado do justiçamento do fazendeiro, Chico Mendes foi seguido durante 60 dias por pistoleiros da região.


• Agosto: fazendeiros da região entram com requerimento na policia Federal, pedindo o enquadramento de Chico Mendes na Lei de Segurança Nacional (LSN).É acatado o pedido dos fazendeiros e em setembro Chico Mendes é submetido a duros interrogatórios nas dependências da Polícia Federal.


• Outubro: após os últimos interrogatórios, confirma-se seu indiciamento e posterior enquadramento na LSN.


1981- Assume a direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri do qual é Presidente até a presente data.


• Passa a exercer o cargo de Presidente do S.T.R. de Xapuri, ate a presente data.


• Abril: acusado de incitar posseiros à violência, vai a julgamento no Tribunal Militar de Manaus. Apesar da falta de recursos, consegue uma forte defesa com a solidariedade de diversas entidades e após 8 horas de julgamento, livra-se da prisão preventiva. Continua sua luta em liberdade condicional, voltando novamente ao banco dos réus em março/84, quando é absolvido por falta de provas, após 10 horas de julgamento.


1985 - Outubro: lidera o I Encontro Nacional de Seringueiros em Brasília, onde é criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CSN), do qual é membro. Começa então a ser reconhecida a resistência dos seringueiros de Xapuri e a partir daí, Chico Mendes começaa ter repercussão dentro e fora do país.


1987 - Janeiro: entidades ambientalistas dos Estados Unidos e membros da UNEP (órgão do meio ambiente ligado a ONU) visitam Chico Mendes em Xapuri, conhecendo sua luta.


• Março: chega a Miami para participar da conferencia anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a convite de ambientalistas.Em 27 de março tem uma audiência com o chefe da Comissão de Verbas do Senado Americano.Em 28 de março denuncia ao Congresso Americano as políticas de desenvolvimento financiadas pelos bancos internacionais, como o caso do POLO NOROESTE em Rondônia e o projeto de asfaltamento da Rodovia 364, trecho Porto - Velho Rio Branco, financiado pelo BID, uma ameaça aos habitantes da floresta (Índios e seringueiros).


• Em sua volta ao Brasil, e torpedeado por acusações de fazendeiros e políticos no rádio, imprensa e televisão, acusado de prejudicar o progresso e o desenvolvimento do Estado.


• Setembro: palestra a convite da PUC - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro 1988 - Junho


• Rio de Janeiro: mantém contato com a imprensa e diversas entidades ambientalistas não-governamentais locais. Faz palestras, denunciando a situação dos seringueiros e apresentando a alternativa de criação de reservas extrativistas, a convite das seguintes entidades:


FUNARTE (realizada no Museu do Folclore em 6/6);
CPDA- Curso de Pós Graduação em Desenvolvimento Agrícola (realizada na UERJ em 76.

AGB - Associação dos Geógrafos Brasileiros.
AERJ - Associação dos Engenheiros Agrônomos do Rio de Janeiro.
APSERJ - Associação Profissional dos Sociólogos do Estado do Rio de Janeiro.
CEDI - Centro Ecumênico de Documentação e Informação.
FASE -Federação de órgãos para Assistência Social e Educacional.

FBCN - Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza.
FETAGRI - Federação dos Trabalhadores da Agricultura/RJ.

IBASE - Instituto Brasileiros de Análises Sociais e Econômicas.

NER - Núcleo de Estudos Rurais/Prefeitura de Paracambi.

PT - Partido dos Trabalhadores.

PV - Partido Verde.
(realizada na ABI - Associação Brasileira de Imprensa em 76)
• São Paulo: Palestra na Universidade de São Paulo - USP 9 e 10/6) Palestra no "Seminário sobre Poder Local" no Instituto Cajamar.
• Setembro
Belo Horizonte: Participação no 3o Congresso Nacional da Central
(7 a 11/9) única dos Trabalhadores. De 7 a 11/9.

Curitiba: A convite do I.E.A. - Instituto de Estudos Amazônico (12 a 16/9) cos do seminário "planejamento e Gestão do Processo de Criação de Reservas Extrativistas na Amazônia".
Rio de Janeiro: Palestras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (21 e 22/9) (uma no Centro de Tecnologia e outra no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza) e na Universidade Federal Fluminense (Instituto de Geociencias).


IV. PARTICIPAÇÀO EM SEMINÁRIOS E OUTROS EVENTOS
I. "Seminário do Economista" - Rio Branco - AC - 1982
II. "Seminário de Agronomia" - Rio Branco - AC - 1984
III. "Semana do Meio Ambiente" - Universidade Federal do Acre - 1986
IV. "Semana da Paz" - Goiânia - 1987
V. "Congresso de Campesinos" - Cobija - Bolívia - 1987
VI. Participação do filme "Decade of Destruction" de Adrian Cowell da Central TV de Londres.
VII. Participação em programas gravados pela TV Educativa e TV Globo do Rio de Janeiro.
VIII. Participação do programa "Encontro com a Imprensa" - Rádio Jornal do Brasil - Rio de Janeiro - setembro/88.
IX. Participação do 1o Seminário do projeto "A Desordem Ecológica da Amazônia: em Busca de uma Reciprocidade de Perspectivas na sua Análise e Levantamento" a convite da Faculdade Cândido Mendes - Rio de Janeiro - outubro/88.
PRÊMIOS E HOMENAGENS RECEBIDAS
I. Prêmio Global 500 da ONU - Organização das Nações Unidas - 1987 Londres.
II. Medalha da "Sociedade para um Mundo Melhor" - 1987 Nova York
III. Diploma de Ecologista do Ano - 1987 Rio Branco - AC
IV. Entrega das chaves da cidade do Rio de Janeiro pelo Prefeito Saturnino Braga - 1988 Rio de Janeiro.
V. Entrega do titulo de Cidadão Honorário da cidade do Rio de Janeiro pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro - 1988
Xapuri, 14 de outubro de 1988
QUEM FOI CHICO MENDES
FRANCISCO ALVES MENDES FILHO, O CHICO MENDES, nasceu em 15/12/44 no seringal Porto Rico, em Xapuri. Criou-se nos seringais e aos 11 anos já cortava seringa.

Em 73, CHICO MENDES participou dos conflitos de terra na fazenda Santa Fé. A partir desta data, a participação do CHICO MENDES na luta dos trabalhadores rurais e seringueiros foi uma constante. CHICO MENDES presente na ocupação do seringal Porvir, junto com centenas de trabalhadores sem terra vindos do sul do país. Em 76 CHICO MENDES participava do "empate" da derrubada na fazenda Carmem em Brasiléia. A presença combativa de CHICO MENDES nos embates e "empates" de Xapuri são marcos na história do movimento dos trabalhadores de Xapuri.


O nome de CHICO MENDES está gravado também na história de dois sindicatos dos trabalhadores rurais: fundou e foi secretário geral do STR de Brasiléia (1975); participou da fundação e já exerceu a presidência do STR de Xapuri por dois mandatos. Participou da fundação da Central única dos Trabalhadores do Acre (CUT). A luta do CHICO MENDES não ficou presa apenas aos sindicatos.


Em 78, CHICO MENDES candidatou-se a vereador em seu município e foi eleito. O ano de 81 marca o ingresso de CHICO MENDES NO PARTIDO DOS TRABALHADORES. junto com lideranças nacionais do PT, entre eles o LULA, CHICO MENDES foi indiciado na Lei de Segurança Nacional e, posteriormente, absolvido pela justiça Militar no Am.


O ano de 85 está na memória do eleitorado xapuriense. CHICO MENDES concorreu à prefeitura de Xapuri e obteve 25% dos`votos. Na atual legislatura, correspondente às eleições de 82, CHICO MENDES é suplente de deputado do PT, pois foi o segundo candidato a deputado estadual mais votado pelo Partido dos Trabalhadores.


A HISTÓRIA DE CHICO MENDES É DE LUTA. ESSA VOZ SERÁ IMPORTANTE NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ACRE. VOTE EM CHICO MENDES - VOTE PT
SITUAÇÃO LOCAL E ELEIÇÕES 86


O governo do PMDB assumiu o poder em 83 prometendo acabar com a corrupção, realizar um governo de participação e garantir melhorias de vida para a população do Estado.


Só no final do mandato, a governadora, de plantão, promete grandes realizações sob o slogan: "300 dias que farão história". Na verdade, o que ficará na história não serão apenas estes 300 dias, mas sim 4 anos de corrupção impunes (dando continuidade ao sistema adotado pelos governos do PDS), e autoritarismo e perseguições às lideranças dos trabalhadores, de apoio ao latifúndio e omissão na resolução dos problemas dos projetos de colonização e dos seringueiros, provocando um aumento das populações das periferias dos centros urbanos, principalmente Rio Branco, do desemprego, do subemprego e da miséria que está condenada a grande maioria da população do nosso Estado


O Acre continua liderando o índice de analfabetismo.
A questão, da saúde continua sendo tratada com descaso (prá comprovarmos isso, basta uma rápida visita ao Hospital de Base, à Maternidade Bárbara Heliodora, aos postos de saúde da zona rural dentre aqueles que estiverem em funcionamento.


A política de habitação e transporte continua em segundo plano. Para tudo isso qual a nossa resposta? Não é a CPA.. A CPA (PDS, PFL e PDT) formam a chamada "alternativa" ao governo. São aqueles mesmos que sustentaram o regime militar por 20 anos, cuja prática principal foi a perseguição aos trabalhadores.
Que partido objetivamente falando mudaria a situação acima?


Entendemos que o Partido dos Trabalhadores é o único Partido capaz de realizar as transformações urgentes e imediatas exigidas hoje pelos trabalhadores do nosso Estado.

 

O BRASIL DA NOVA REPUBLICA


A Nova República representa a continuação da política de dominação dos grandes empresários e dos latifundiários sobre a maioria da população do nosso país. Alguns exemplos servem para demostrar essa afirmação nossa:


a. Um grande número de ministros e outras autoridades do atual governo fizeram parte da ditadura militar. O Presidente José Sarney dirigiu o PDS durante o governo do general Figueiredo mesmo que preferia cheiro de cavalo ao cheiro do pó.


b. Nenhum corrupto ou torturador foi preso, julgado ou condenado até hoje pela Nova República.


c. A Lei de Segurança Nacional, A Lei de Greve, a Lei de Imprensa continuam vigentes até hoje e, inclusive, sendo aplicadas contra os trabalhadores.


d. A repressão policial continua tão violenta quanto antes, e matando os trabalhadores (como os casos no Bico de Papagaio - Maranhão - e Leme, Estado, de São Paulo).


e. A Reforma Agrária da Nova República é tão tímida quanto a que a Ditadura Militar dizia realizar. O Plano Nacional de Reforma Agrária não sai do papel, expressando assim o compromisso maior do governo da Nova Republica com os Iatifundiários e empresários rurais organizados na UDR (União Democrática Ruralista).


f. A Divida. Externa continua sendo paga, os acordos com o FMI cumpridos, tudo isso em prejuízo do povo brasileiro. Todo o saldo comercial que o Brasil obtém serve apenas para pagar os juros da divida. Paga-se os juros e se condena os trabalhadores à fome e à miséria.


g. O governo continua usando os decretos-leis e baixando pacotes que confiscam os salários dos trabalhadores. Esse foi o resultado do congelamento dos preços pelo pico e o dos salários por baixo.


h. A corrupção e o empreguismo continua campeando e, para financiar a máquina estatal, o governo criou o empréstimo compulsório.


i. As crianças brasileiras, em sua maioria, continuam sem escolas e condenadas ao analfabetismo. No ensino superior o governo incentiva o ensino pago e com isso exclui os filhos dos trabalhadores de atingirem a Universidade.


j. A saúde em nosso país continua sendo privilégio dos ricos. Milhares de brasileiros morrem sem atendimento médico.


k. Prometendo democracia, a Nova República convocou a sua constituinte: transformou o futuro Congresso em Congresso Constituinte, incluindo, bionicamente, os senadores eleitos em 82. Esta forma favorece exclusivamente os patrões. Esta Constituinte foi planejada para não incluir os direitos dos trabalhadores rurais e urbanos e colocar na Nova Carta apenas as medidas de interesse dos latifundiários, grandes comerciantes, banqueiros e industriais.


l. Por fim, na Nova como na Velha República (a da ditadura militar) não há lugar para defesa da natureza. O pacote ecológico do governo Sarney é mais uma tentativa de ludibriar a população, ao mesmo tempo em que reativa as Usinas nucleares de Angra, apesar do perigo que elas representam e dos acidentes que já aconteceram e, na surdina, constrói-se na Serra do Cachimbo poços para futuros testes com bombas nucleares.


m. É o número do PT. A solução dos 12 problemas acima. VOTE PT

 

PLATAFORMA DE LUTAS


1. Extinção do SNI e de todos os aparatos de repressão.
2. Revogação da Lei de Segurança Nacional e demais leis de excessão, como a de greve e de imprensa.
3. Liberdade e autonomia sindical.
4. Eleições diretas para presidente da república seis meses após a promulgação da Nova Constituição.
5. Rompimento dos acordos com o FMI e não pagamento da dívida externa.
6. Reforma Agrária Radical sob o controle dos trabalhadores respeitando o seringueiro.
7. Igualdade de direitos entre os sexos e raças.
8. Fim da Censura e das discriminações étnicas e/ou sexuais.
9. Proteção ao meio ambiente.
10. Ensino público e gratuito para todos e 'em todos os níveis.
11. Estatização da rede bancária.
12. Estatização do sistema de transporte.
13. Criação de reservas extrativistas na Amazônia (Acre).
14. Pela criação e manutenção de infra-estrutura nos Projetos de Assentamentos Dirigidos já existentes (ramais, armazéns, escolas, postos de saúde, etc.)
15. Melhoria do atendimento nos hospitais e ampliação de postos e hospitais em todo o Estado.

QUEM É MARINA SILVA


Maria Osmarina Silva de Souza, a MARINA, mãe de 2 filhos Shalon e Danilo nasceu a 28 de fevereiro de 1958, no seringal Bagaço, em Rio Branco-Ac. A sua atuaçao inicial no movimento popular está ligada à Paróquia do Cristo Ressuscitado. Nessa fase atuou na luta pela infiraestrutura do bairro da Estação Experimental.


Na Universidade Federal do Acre fez o curso de História, período também que participou ativamente do movimento estudantil. Foi Diretora do Centro Acadêmico Rômulo Garcia do curso de História e se destacou na luta pela criação do Restaurante Universitário, pela melhoria das condições de ensino e, na questão mais da sociedade, sempre defendeu o apoio dos estudantes as lutas dos trabalhadores.


Ao sair da Universidade vinculou-se ao movimento sindical e, em 84, foi indicada e eleita para compor a direção da Central única dos Trabalhadores (CUT). Nessa fase, os colonos, seringueiros e pequenos produtores rurais têm na memória a sua presença e a sua ação em vários momentos como:


• na luta pela anistia do crédito rural e que resultou no fechamento da Agência do Banco do Brasil por vários dias;


• no acampamento dos colonos dos PAD's Pedro Peixoto e Humaitá que reivindicavam a construção dos ramais e se instalaram na sede do INCRA/AC;


• na luta pela desapropriação dos seringais Catuaba e Livramento reivindicada pelos posseiros da área;
• na luta do funcionalismo público pela reposição salarial das perdas que o governo Nabor júnior impôs ao funcionalismo;


• na caminhada pacifica dos seringueiros, o acampamento na Delegacia do IBDF de Xapuri e, a seguir, o acampamento com mais dê 100 (cem) seringueiros no térreo da Assembléia em Rio Branco, contra o desmatamento na Fazenda Bordem.

Votar em Marina para Deputada Federal Constituinte, é a certeza da defesa dos direitos e reivindicações dos Trabalhadores.


Será também a presença e a força da juventude unindo-se a luta do povo para construção do Novo".

(http://www.oarquivo.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=463:chico-mendes-parte-1&catid=77:nacionais&Itemid=432)

 

CHICO MENDES (continuação) - PARTE 2

 

 

chicomendes4"Chico no Exterior - GAZETA DO ACRE 28/03/87 - Chico Mendes se reúne com BID O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Chico Mendes, informou ontem pelo telefone desde Washington - (EUA), que repercutiu muito bem o fato de pela primeira vez um seringueiro participar de uma conferência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para tratar da questão da preservação da floresta, frente ao projeto de pavimentação da BR-364, entre Rio Branco e Porto Velho, que vem sendo realizado com financiamento do Banco. Chico Mendes viajou para Washington na quarta-feira, depois de permanecer cinco dias em Miami acompanhando a conferência anual do BID, que reuniu três mil pessoas, entre banqueiros, governadores e diretores da instituição. Ele disse ter deixado bem claro aos seus interlocutores, que os seringueiros, índios e trabalhadores rurais do Acre não são contra o asfaltamento. “Somos favoráveis, sim, desde que haja uma política de preservação da floresta, que incentive a agricultura e que impeça a concentração da propriedade da terra nas mãos dos latifundiários".

Na capital dos Estados Unidos, Chico Mendes irá entregar uma carta ao presidente do BID, Antonio Ortiz Mena, alertando-o para o fato de que as proposições dos trabalhadores rurais e dos índios para a proteção do meio-ambiente, não estão sendo sequer ouvidas pelos órgãos que coordenam o asfaltamento da BR-364. "Tal situação contraria uma das cláusulas do contrato de financiamento da obra firmado entre o BID e o governo brasileiro”, afirmou.


O Conselho Nacional dos Seringueiros vem defendendo desde o início do asfaltamento da BR-364, a necessidade de serem criadas as reservas extrativistas: áreas onde os seringueiros possam desenvolver a extração da borracha, de forma cooperativa, livre da devastação ambiental, da especulação fundiária e para impedir que os trabalhadores rurais sejam expulsos para a periferia das cidades, conhecidas como “vilas miséria“.


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri também irá encontrar-se com o representante brasileiro junto ao BID em Washington e com parlamentares norte-americanos no Congresso. A viagem do sindicalista está tendo o apoio do Ministério da Cultura, da rede Central de televisão, da Inglaterra e das entidades preservacionistas do EUA, Fundo de Defesa do Meio Ambiente e Fundo Nacional da Vida Silvestre.
 

O RIO BRANCO 29/03/87


Interesse americano destacado por Mendes


WASHINGTON,D.C. (EBN) - O presidente do Sindicato dos trabalhadores Rurais de Xapuri, Chico Mendes, informou ontem pelo telefone desde Washington (EUA), que repercutiu muito bem o fato de pela primeira vez um seringueiro participar de uma conferência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para tratar da questão da preservação da floresta, frente ao projeto de pavimentação da BR-364, entre Rio Branco e Porto Velho, que vem sendo realizado com financiamento do Banco.


Chico Mendes viajou para Washington na quarta-feira, depois de permanecer cinco dias em Miami acompanhando a conferência anual do BID, que reuniu três mil pessoas, entre banqueiros, governadores e diretores da instituição. Ele disse ter deixado bem claro aos seus interlocutores que os seringueiros, índios e trabalhadores rurais do Acre não são contra o asfaltamento. "Somos favoráveis, sim, desde que haja uma política de preservação da floresta, que incentive a agricultura e que impeça a concentração da propriedade da terra nas mãos dos latifundiários".


Na capital dos Estados Unidos, Chico Mendes irá entregar uma carta ao presidente do BID, Antonio Ortiz Mena, alertando-o para o fato de que as proposições dos trabalhadores rurais e dos índios para a proteção do meio-ambiente, não estão sendo sequer ouvidas pelos órgãos que coordenam o asfaltamento da BR364. "Tal, situação contraria uma das cláusulas do contrato de financiamento da obra firmado entre o BID e o governo brasileiro", afirmou.


O Conselho Nacional dos Seringueiros vem defendendo desde o início do asfaltamento da BR-364, a necessidade de serem criadas as reservas extrativistas: áreas onde os seringueiros possam desenvolver a extração da borracha, de forma cooperativa, livre da devastação ambiental, da especulação fundiária e para Impedir que os trabalhadores rurais sejam expulsos para a periferia das cidades, conhecidas como "vilas-miséria".


O presidente d o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri também irá encontrar-se com o representante brasileiro junto ao BID em Washington e com parlamentarem norte-amencano no Congresso. A viagem do sindicalista está tendo o apoio do Ministério da Cultura, da rede Central de televisão, da Inglaterra e das entidades preservacionistas dos EUA, Fundo de Defesa do Meio Ambiente e Fundo Nacional da Vida Silvestre.

A GAZETA 02/04/87


Chico Mendes retorna hoje dizendo ter cumprido missão


O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Chico Mendes, chega hoje a Rio Branco, após ter realizado - junto com organizações preservacionistas dos EUA um trabalho de esclarecimento da opinião pública norte americana sobre o risco de destruição da floresta amazônica devido às obras de asfaltamento da rodovia BR-364, que vem sendo realizada com financiamento do Banco Mundial (BID).


Chico Mendes disse pelo telefone desde Washington, na noite de terça-feira, que considerava ter cumprido bem sua missão de sensibilizar a opinião pública sobre a questão, “ao ponto de alguns diretores do BID em Miami e assessores de parlamentares, em Washington terem se comprometido em visitar o Acre para conhecerem o problema mais de perto".


Ele enfatizou, que outro ponto alto da viagem foi a entrevista de quinze minutos que concedeu ao programa radiofônico Voz da America do governo americano, levado ao ar na terça-feira. “O pessoal do serviço da Voz da América considerou um fato histórico a presença de um seringueiro nos seus estúdios para falar dos problemas dos habitantes da floresta amazônica”.


Questionado sobre como foi possível a Aliança dos Povos da Floresta para a Defesa da Amazônia, integrada por índios e seringueiros, já que durante tantos anos uns foram jogados contra outros, Chico Mendes explicou ao entrevistador da Voz da América, que essa aliança foi o resultado da elevação do nível de organização dos índios, através da União das Nações Indígenas - UNI e dos seringueiros, através do Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS, “unidos em torno de um objetivo comum",


Ele informou ainda que na tarde de terça-feira, esteve reunido em Washington com diversas organizações preservacionistas, como o Fundo de Defesa do Meio-Ambiente, Fundação Pró-Natureza e o Fundo Nacional de Vida Silvestre. "Nesse encontro as entidades decidiram cerrar fileiras na luta pela preservação da Amazônia apontando como alternativa mais racional de ocupação da região sem destruí-la. a efetivação das reservas extrativistas para os seringueiros"


Chico Mendes vai fazer um relato minucioso das sua viagem aos EUA, hoje às19:30 horas, no auditúrio da Catedral. A reunião é aberta ao publico e está sendo promovida pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos. Comissão Pastoral da Terra - CPT, Conselho Indigenista Missionário - CIMI e o Projeto Seringueiro, entre outros.
 

GAZETA DO ACRE 02/07/87


Chico Mendes viaja a Londres para o prêmio


O sindicalista Francisco Mendes viajou ontem para Londres, onde receberá no dia 6 o prêmio Global 500, concedido pela ONU aos que destacam-se na luta pela ecologia.


De Londres, Chico Mendes irá também a Holanda e outros países europeus para manter contatos com entidades ambientalistas e falar sobre os problemas ecológicos da Amazônia.


Chico Mendes afirmou ontem, antes de embarcar, que o prêmio representa o reconhecimento a todos aqueles que vem lutando pela preservação da Amazônia, sobretudo os seringueiros e aos índios. Fez um apelo as lideranças sindicais do Acre para “descruzar os braços" e tomar a luta começada em anos passados contra a devastação da floresta.
 

GAZETA DO ACRE 08/07/87


Chico Mendes em Londres recebe prêmio Global 500


EBN - A ONU Organização das Nações Unidas entregou segunda-feira em Birmingham, Inglaterra, o prêmio Global 500, ao presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Francisco Mendes. em reconhecimento ao seu trabalho pela criação das reservas extrativistas para os índios, seringueiros e castanheiros da Amazônia.


Através de ligação telefônica da Inglaterra, Francisco Mendes informou ter recebido o prêmio das mãos do diretor-executivo da ONU para o meio ambiente, Mustafa Tolba, em solenidade que coincidiu com a abertura do festival de filmes ambientalistas - Ecovisão/87, que se realiza em Birmingham.


Francisco Mendes declarou ter dedicado a homenagem aos habitantes da Amazônia e a todas as pessoas que trabalham pela defesa dos recursos naturais da região amazônica. O prêmio Global 500 é dado anualmente pela ONU às pessoas que se destacam na luta pela preservação do meio-ambiente em todo o mundo.
 

O RIO BRANCO 02/08/87


Chico Mendes destaca Amazônia no Exterior


chicomendes3O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, Chico Mendes, chega hoje nesta capital, após ter realizado - junto com organizações preservacionistas do EUA - um trabalho de esclarecimento da opinião pública norte-americana sobre o risco de destruição da floresta amazônica devido às obras de asfaltamento da rodovia BR-364, que vem sendo realizado com financiamento do Banco Mundial (BID). Chico Mendes disse pelo telefone desde Washington, na noite de terça-feira, que considerava ter cumprido bem sua missão de sensibilizar a opinião pública sobre a questão, "ao ponto de alguns diretores do BID, em Miami e assessores de parlamentares, em Washington terem se comprometido em visitar o Acre para conhecerem o problema mais de perto".


Ele enfatizou que outro ponto alto da viagem foi a entrevista de quinze minutos que concedeu ao programa radiofônico "Voz da América", do governo estadunidense, levado ao ar na terça-feira. "O pessoal do serviço brasileiro da "Voz da América" considerou um fato histórico a presença de um seringueiro nos seus estúdios para falar dos problemas dos habitantes da floresta amazônica'.


Questionado sobre como foi possível a Aliança dos Povos da Floresta para a Defesa da Amazônia, integrada por índios e seringueiros, já que durante tantos anos uns foram jogados contra os outros, Chico Mendes explicou ao entrevistador da "Voz da América", que essa aliança foi o resultado da elevação do nível de organização dos índios, através da União das Nações Indígenas (UNI) e dos seringueiros, através do Conselho Nacional dos Seringueiros - CNS, "unidos em tomo de um objetivo comum".


Ele informou ainda que, na tarde de terça-feira, esteve reunido em Washington com diversas organizações preservacionistas, como o Fundo de Defesa do Meio-Ambiente, Fundção Pró-Natureza e o Fundo Nacional da Vida Silvestre. "Nesse encontro as entidades decidiram cerrar fileiras na luta pela preservação da Amazônia apontando como alternativa mais racional de ocupar a região sem destrui-la , a efetivação das reservas extrativistas para os seringueiros",


Chico Mendes vai fazer um relato minucioso da sua viagem aos EUA hoje, às 19:30min, no teatro da catedral. A reunião é aberta ao público e está sendo promovida pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos, Comissão Pastoral da Terra - CPT, Conselho Indigenista Missionário - CIMI e o Projeto Seringueiro, entre outros.


Principais momentos de sua vida:
- 1975 – É fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia. Chico Mendes aceitou o convite para ser secretário geral da instituição.

- 1976 – Começou a organizar os seringueiros para lutarem em defesa da posse de terra.

- 1977 – Participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri. Neste mesmo ano, foi eleito vereador pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro)

- 1978 – Começou a receber ameaças dos fazendeiros locais, descontentes com sua atuação sindical.

- 1980 – Participou da fundação do Partidos dos Trabalhadores (PT), tornando-se dirigente do partido no estado do Acre. Neste mesmo ano, foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional a pedido de fazendeiros da região, que o acusavam de envolvimento no assassinato de um capataz de uma fazenda. Foi absolvido por falta de provas.

- 1981 – Tornou-se presidente do Sindicato de Xapuri.

- 1982 – Candidatou-se a deputado estadual pelo PT, porém não conseguiu eleger-se.

- 1985 – Organizou o 1º Encontro Nacional de Seringueiros. Participou da fundação do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros). Participou da proposta do “União dos Povos da Floresta”, que previa a união dos interesses dos seringueiros e indígenas na defesa da floresta amazônica.

- 1987 – Recebeu em Xapuri uma comissão da ONU (Organização das Nações Unidas), mostrando a devastação causada na floresta amazônica por empresas financiadas pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Após levar as denúncias ao senado dos Estados Unidos, o BID suspendeu os financiamentos a estas empresas.

- 1987 – Recebeu vários prêmios na área de ecologia e meio ambiente em função de sua luta em defesa da floresta amazônica e de seus povos nativos. O mais importante destes prêmios foi o “Global 500”, entregue pela ONU.

- 1988 – Participou da criação das primeiras reservas extrativistas no Acre. Foi eleito suplente da direção nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) durante o 3º Congresso Nacional da CUT.

- 22 de dezembro de 1988 – Chico Mendes foi assassinado na porta de sua casa. Deixou esposa (Ilzamar Mendes) e dois filhos pequenos (Sandino e Elenira).

Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Mendes
http://www.meusestudos.com/biografias/chico-mendes.html
http://www.chicomendes.org/
http://www.suapesquisa.com/biografias/chico_mendes.htm

(http://www.oarquivo.com.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=464:chico-mendes-parte-2&catid=77:nacionais&Itemid=432)

 

 

 

 

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ENTREVISTA CONCEDIDA PELA SENADORA MARINA SILVA

AO JORNAL VALOR ECONÔMICO

 

"Marina Silva fala sobre Copenhague e sua candidatura

 

Por Raymundo Costa

A entrada da senadora Marina Silva (PV-AC) no páreo presidencial fez com que uma agenda "fadada a passar ao largo de 2010", segundo palavras da própria candidata verde, se transformasse em destaque no discurso de dois dos principais candidatos à eleição: José Serra (PSDB), que aprovou uma lei segundo a qual as emissões de CO2 em São Paulo, a partir de 2011, terão redução de 20%, e Dilma Rousseff (PT), praticamente designada como embaixadora à 15ª Conferência Mundial do Meio Ambiente a ser realizada em Copenhague, capital da Dinamarca.

A pressão da sociedade tirou o governo "da inércia", diz Marina, referindo-se à decisão do Palácio do Planalto de levar uma proposta de redução das emissões de gás carbono à conferência de Copenhague, em dezembro..

Empenhado na eleição de sua sucessora, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestiu o figurino ambiental em Dilma, desde que Marina Silva deixou claro que sairia do PT e se candidataria a presidente pelo Partido Verde. Marina tem clareza de seu papel nesse debate. Sua candidatura, afirma, não é uma mera profissão de fé na questão do desenvolvimento sustentável, como foi a educação, por exemplo, para a candidatura do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) na eleição de 2006 - uma questão monotemática. Trata-se efetivamente, segundo afirma, de uma alternativa de poder.

Marina afirma que a agenda do desenvolvimento sustentável deixou de ser uma questão de ruralistas e ambientalistas, como tem sido simplificadamente tratada no Congresso. "Agora não, a opinião pública começa a cobrar dos partidos que têm responsabilidade política o que eles vão fazer para que possamos sair da agenda apenas da preservação em si para a agenda do uso sustentável", diz ela nesta entrevista, concedida na tarde de terça-feira em seu gabinete no Senado, em Brasília.

Um gabinete mais silencioso que a maioria, mas que, por trás da quietude, encerra uma intensa movimentação da Marina candidata: pedidos de entrevistas, de participação em eventos em todo o país. É nesse ambiente que ela dá a forma final a um projeto que pretende apresentar ao Congresso que pode ser denominado de Consolidação das Leis Ambientais. Marina, assim omo Dilma, José Serra e a senadora ruralista Kátia Abreu (DEM-TO) também estará em Copenhague, em dezembro.

A senadora ícone dos ambientalistas, com origem no PT, não tem preconceitos partidários. Para aprovar seus projetos, não hesitou em conversar com tucanos como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Aliás, defende que PSDB e PT devem se juntar para assegurar "uma cesta básica de governabilidade" que tire os governos das mãos do fisiologismo. Marina defende também que não basta ter a democracia consolidada, o Brasil precisa agora apostar na qualidade política.

Eis a entrevista.

Sua candidatura é uma alternativa real de poder ou uma monotemática profissão de fé?

Tem que ser alternativa real de poder e de ação. Não pode ser uma profissão de fé. Se o Brasil está levando hoje metas para Copenhague foi porque nunca encaramos o desenvolvimento sustentável como uma questão monotemática. Nós já estamos saindo com praticamente 20% do esforço assegurado. Tem o plano de combate ao desmatamento, o plano de mudanças climáticas, o fundo amazônico, tudo coisa que ou já estava em implementação ou estava praticamente pronta para ser lançada, uma semana antes de sair do governo.

Uma semana antes de a senhora sair do governo?

As pessoas têm dificuldades de reconhecer isso. Nem eu estou reivindicando. Só estou dizendo que se as pessoas continuarem encarando as admoestações que os cientistas estão fazendo e adiando decididamente o que precisa ser feito, nós vamos ficar em maus lençóis. Não vamos fazer o dever de casa para chegarmos em 2020 em condições de competir com os países desenvolvidos. Porque eles lá na frente vão dar um jeito, vão fazer o dever de casa. E quem não fizer, dos emergentes, vai pagar caro porque vai ser taxado.

Como assim?

A partir de 2020 o carbono vai ser precificado nos produtos. Para se produzir esse gravador aqui você emitiu muito CO2. Isso será taxado. E como é que nós podemos ser taxados? Nos nossos produtos agrícolas e no nosso minério. Mas o Brasil pode ser no século 21 o que os EUA foram no século passado: capaz de acompanhar os países de cultura milenar e se tornar tão desenvolvido ou mais do que eles.

Não se trata de uma mudança muito brusca para o atual modelo de desenvolvimento?

No caso do Brasil não é. Primeiro porque temos 20, 40, 50 anos para fazer isso. Mas não podemos perder nenhum dia. Segundo, o Brasil já tem 45% da sua matriz energética limpa. A Inglaterra, que está formulando, apresentando propostas, se colocando na vanguarda, tem 4%. Quer comparar 45% com 4%? Você já começa a corrida lá na frente.

Há duas propostas de redução de emissões sobre a Mesa. Uma do governo federal, de cerca de 36,1% a 38,9%, e outra de 20% do governo de São Paulo. Qual a sua avaliação sobre cada uma?

A sociedade brasileira conseguiu, através da pressão de diferentes setores, fazer com que se saísse da inércia. A questão conjuntural, política, mudou nos últimos três meses, fez com que começasse a haver uma competição positiva em torno da agenda ambiental. Uma agenda que estava fadada a passar ao largo da disputa de 2010. É muito interessante verificar o governo de São Paulo, protagonizado pelo governador (José) Serra, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) se colocando de uma forma proativa em relação a essa agenda. Isso é uma demonstração de que foi acertada a decisão do Partido Verde (PV) em colocar a questão do desenvolvimento sustentável como eixo estratégico na disputa de 2010, a fim de gerar um novo acordo social que nos permitirá fazer a transição.

Por quê?

O Brasil não irá perder mais quatro anos nesse debate. Entrou agora no debate e eu espero que fique. Como tenho muita tranquilidade de que essas mudanças não acontecem com o esforço de um partido e de uma pessoa, é uma integralidade de ações que precisam ser articuladas, celebro essa recém valorização do tema no processo político.

E quanto ao mérito?

Do ponto de vista prático o Brasil vai precisar detalhar as propostas do governo federal. O Ministério da Ciência e Tecnologia vai precisar apresentar um novo inventário das emissões de CO2. O que nós temos ainda é de 1994. Vamos precisar institucionalizar a proposta no Congresso Nacional- a de São Paulo é institucionalizada, é uma lei.

Por que essas propostas precisam ser institucionalizadas?

Da mesma forma que o governo está querendo corretamente institucionalizar as políticas sociais (o presidente Lula fala na Consolidação das Leis Sociais), para que quem vier depois não faça tábula rasa das políticas sociais, vamos institucionalizar as políticas na área de redução de emissão e mudanças climáticas. Os projetos sobre a política de mudança climática e sobre o fundo já estão aqui no Senado. Eu pretendo apresentar uma proposta para essa institucionalização. Já estou trabalhando em relação a isso. Mas se fizermos uma emenda, o projeto terá que voltar para a Câmara e nós não vamos para Copenhague com a política aprovada. Talvez a solução seja aprovar como veio e apresentar um projeto paralelo, fazendo a institucionalização da meta brasileira para que se possa aprovar a proposta sem precisar voltar.

Dá tempo?

Dá tempo. Vai precisar de uma força tarefa aqui dentro.

A relação de forças no Congresso não tem sido favorável aos ambientalistas e o PV é um partido pequeno. Como a senhora pretende negociar e aprovar essa agenda sem se aliar a Judas, como definiu o presidente Lula a sua política de alianças?

A legislação ambiental brasileira é considerada uma das melhores do mundo. Nós conseguimos essa legislação como? A partir da Constituição de 1988. Em 20 anos o Brasil faz uma legislação que só foi possível em outros país em milhares de anos. Logo, nós demos um salto qualitativo significativo. Qual é o desafio que está posto e segue em disputa agora? É que tem um grupo que no lugar de passar no teste e criar as ferramentas corretas para cumprir a legislação quer mudar o teste. Ou seja, já que eu não consigo passar na prova então eu vou mudar a prova, facilitando a vida para continuar sem aprender a lição de casa.

Os ruralistas?

Essa disputa está colocada aqui dentro. Só que ela não pode ser mais uma disputa que vai ser contabilizada apenas na conta de ruralistas e ambientalistas. Ela agora tem que ser contabilizada, precificada politicamente, na conta de todos os partidos. Tanto é que a mudança no Código Florestal foi adiada.

Como é que foi adiada?

Porque tiveram que entrar em cena todos os partidos, porque a sociedade começou a cobrar isso do PSDB, a cobrar do governo, que antes foi fazendo política de vista grossa - 'não, os ruralistas...' - e aprovando e deixando. Agora não, a opinião pública começa a cobrar dos partidos que têm responsabilidade política o que eles vão fazer para que possamos sair da agenda apenas da preservação em si para a agenda do uso sustentável. Durante minha gestão no ministério trabalhamos muito a agenda do uso sustentável e conseguimos aprovar sim. Aprovamos Instituto Chico Mendes, a limitação administrativa provisória, a criação do serviço florestal brasileiro, a lei de gestão das florestas públicas. Não houve lei que tivéssemos mandado para cá que não tivesse sido aprovada. Isso numa negociação difícil, com todos os partidos. Obviamente que, na hora da aprovação, tive que conversar com o PSDB. Conversei com o PSDB, além do PT, que era o partido que dava sustentação (ao governo). A outra parte da base ficava bastante dividida. Nessas questões estratégicas que mencionei eu conversei com o Arthur Virgílio (PSDB-AM), com o Tasso Jereissati (PSDB-CE), e com o próprio Fernando Henrique Cardoso.

PT e PSDB têm de convergir para uma agenda estratégica?

E é isso que eu tenho dito: enquanto o PSDB e o PT não conversarem sobre aquilo que é estratégico para o Brasil e criarem uma governabilidade mínima, uma cesta básica de governabilidade para esse país, nós vamos continuar reféns do fisiologismo dentro do Congresso. Se eles forem capazes de fazer essa cesta básica de governabilidade, nós vamos qualificar a oposição no Congresso. A oposição e a situação. Porque cada governo saberá que, naquilo que for essencial e estratégico, não haverá aventura. Não haverá política do quanto pior melhor. E ele vai poder constituir uma base com mais tranquilidade, sem depender do fisiologismo exacerbado.

Uma candidatura do PV pode liderar esse processo?

Eu não tenho nenhum problema em reconhecer os avanços dos últimos 16 anos e o PV também não tem. E acho que o desafio diante do qual nós estamos vai exigir um realinhamento histórico sim. Conquistamos e estabilizamos a democracia; tivemos um sociólogo; agora, tivemos um presidente operário; e conquistas significativas e erros nas agendas de ambos os governos. O Brasil precisa agora apostar na qualidade política. Não basta ter a democracia consolidada. É preciso que as instituições políticas sejam revisitadas e reformadas. Os partidos viraram máquinas de ganhar poder. Onde é que está o lugar do debate das ideias, das propostas, se vira tudo um cálculo pragmático de quem tem mais máquina para ganhar poder? É o momento de um grande debate político no Brasil que possibilite esse realinhamento histórico. Você pergunta se é o PV que vai fazer isso, eu respondo que talvez o PV seja o primeiro que está se dispondo a fazer esse debate.

Setores do PV reclamam a sua presença em eventos que poderiam ajudar o partido a arrecadar recursos para a campanha.

É, mas ainda não tem financiamento de campanha porque não tem campanha.

Como a senhora pretende enfrentar essa questão do financiamento de campanha?

Com transparência total e buscando criar mecanismos que em lugar da lógica de poucos contribuindo com muito a gente possa ter muitos contribuindo com pouco. E fazer um processo mais horizontalizado.

O empresariado também está mudando de visão em relação às questões ambientais?

Mudança de visão e de atitude. Tem um setor de vanguarda que se coloca no topo dessa discussão, com pensamento estratégico, acompanhando o que há na ponta do empresariado global e que vem de muito tempo nessa discussão. Os que começaram no movimento movidos pelo coração, por princípios éticos, foram fundamentais para mostrar em três dimensões que era possível ter investimentos prósperos com qualidade social e ambiental. E hoje há uma boa parte que está se movimentando pela razão. E existe um grupo que ainda não percebeu o que está acontecendo e tem uma visão atrasada. Essas pessoas não podem ser os protagonistas, os representantes do empresariado brasileiro. O Brasil tem que criar uma nova narrativa para seus produtos. Até bem pouco tempo as pessoas davam preferência ao produto que tivesse uma boa apresentação estética, custo baixo e qualidade técnica. Agora, além desses três, tem também o conteúdo ético desse produto. O Brasil pode se colocar na vanguarda, diferente da China e da Índia e de outros que não têm como fazer isso porque é muito difícil. Nós temos água, terras fêrteis, potencial de fazer uma matriz energética renovável. E existe uma quantidade enorme de pessoas no mundo inteiro que estão ávidas por esses produtos de conteúdo ético.

Como é possível mensurar esse mercado ético?

Primeiro pelo apelo das pessoas que querem se comprometer, do ponto de vista prático, com as mudanças. As pessoas estão percebendo que elas podem eleger muito mais do que deputado, senador e presidente da República. Elas podem eleger produtos. E essa eleição vem sendo feita. Recentemente o Greenpeace fez uma denúncia associando a atividade pecuária à destruição da Amazônia. Fez um levantamento em toda a cadeia produtiva. Da Prada, grife de marca chiquérrima, à produção lá no campo. Isso fez com que as redes de supermercados e todos os que usam esses produtos passassem a exigir o cumprimento da legislação. Recentemente a Serasa apresentou uma espécie de "conformidade ambiental" para o crédito do sistema financeiro. Os bancos pediram ao Serasa. Eles (os bancos) poderiam ter uma atitude reativa. O que eles estão tendo? Uma atitude proativa.




Fonte: Jornal Valor Econômico".

(http://blogdofigueira.blogspot.com/2009_11_01_archive.html)