CAPA DO ALMANAQUE DA PARNAÍBA - registro: Jairo Nunes Leocádio
CAPA DO ALMANAQUE DA PARNAÍBA - registro: Jairo Nunes Leocádio

Senhor Presidente da Academia Parnaibana de Letras, jornalista José Luiz de Carvalho.

 

Excelentíssimo Senhor Prefeito da Parnaíba, Acadêmico Francisco de Assis de Moraes Souza, nesta solenidade representado por Arlindo Ferreira Gomes Neto, o Arlindo Leão, Superintendente Municipal de Cultura da Parnaíba.

 

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Municipal da Parnaíba, jornalista Carlson Pessoa.

 

Excelentíssimo Senhor Capitão de Mar e Guerra, Maxwell Denigres, nesta solenidade representado pela Primeira Tenente Maira Silva, da Capitania dos Portos do Piauí.

 

Excelentíssimo Senhor Acadêmico Claucio Ciarlini.

 

Excelentíssimo Senhor Acadêmico Antônio Gallas Pimentel.

 

Excelentíssimo Senhor Acadêmico Antônio de Pádua Marques Silva.

 

Excelentíssima Senhora Acadêmica Maria Dilma Ponte de Brito.

 

Excelentíssimo Senhor Acadêmico Roberto Cajubá da Costa Britto.

 

Excelentíssima Senhora Doutora Maria Fernanda Brito do Amaral, nesta solenidade representando a Ordem dos Advogados do Brasil do Piauí (OAB-PI), na pessoa de quem saúdo a nossa honrada plateia.

 

 

Belas damas e nobres cavalheiros,

Senhoras e senhores,

 

    

Esta noite é memorável! Noite de celebração do histórico Almanaque da Parnaíba. Noite de lembrarmos e de agradecermos a Benedicto dos Santos Lima (O Bembém) e a Ranulpho Torres Raposo. É um gesto de grandeza, de delicadeza e de reconhecimento pela valiosa herança que recebemos desses dois notáveis vultos, que preconizaram um tempo de cultura, de autoconhecimento e de saber.

O Almanaque da Parnaíba é assim, o mais forte símbolo de amor à terra natal, sendo único no editorial brasileiro e comparável ao Almanaque do Porto, em solo europeu, um verdadeiro motivo de disputa entre os seus contemporâneos.

O Almanaque da Parnaíba integra assim, o imaginário do nosso povo, por seu alto valor sociológico, que agrega ricamente uma cidade bela e próspera.

Em 2023, comemoraremos o centenário da idealização e da fundação do Almanaque da Parnaíba e, em 2024, os cem anos da sua primeira circulação entre nós.

Decerto, o Almanaque da Parnaíba, desde a sua criação, nunca deixou de ser a publicação mais esperada do ano pelo gentílico parnaibano. Isso porque, é no Almanaque da Parnaíba que o peagabê encontra: “um repositório precioso de informações úteis, passatempos, curiosidades e distrações, sendo, portanto, um livro de necessidade em toda casa”, valendo-me, aqui, das palavras do seu fundador, Benedicto dos Santos Lima, que complementou: “para o sertanejo é, às vezes, o livro único que guarda, cuidadosamente, para orientação da sua despreocupada vida, durante todo um ano.”.

Destaco que o Almanaque da Parnaíba sempre manteve um alto nível de colaboradores de primeira ordem, como Berilo Neves, Humberto de Campos, R. Peti, Jonas da Silva, Octaviano de Carvalho, Coelho Netto, Lívio Ferreira Castello Branco, Lili Pery, Da Costa e Silva, Jesus Martins, Alarico da Cunha, Raul Bopp, Renato Castelo Branco, nomes que flutuam nos tempos, para exemplificar a importância desse veículo para a nossa cidade, que outrora contou com a fina flor da inteligência brasileira e piauiense em suas páginas.

Ressalto que, para além do cunho literário, jornalístico e do enaltecimento do escritor, sobretudo, dos poetas, o Almanaque da Parnaíba também abastecia a nossa gente, com notícias sobre música, cinema, história, geografia, política, economia, comércio, turismo, crônica social, humor, beleza feminina, arquitetura e urbanismo, pintura e charge, universalidades e regionalismos, ideais e ações, ou seja, era um manancial atraente para a dita ‘cultura de almanaque’. Expressão usada comumente para indicar o alto saber de um vivente.

 

Senhoras e senhores,

Belas damas e nobres cavalheiros,

 

Eis que o Almanaque da Parnaíba chega a sua septuagésima terceira edição!

Em 1994, a Academia Parnaibana de Letras, liderada por Lauro Andrade Correia e por Alcenor Candeira Filho, responsáveis pela nova editoração do Almanaque da Parnaíba, captou o status de “Revista da Academia Parnaibana de Letras”.

Nesta edição de 2021, com circulação em 2022, o Almanaque da Parnaíba traz como destaque de capa, Francisco de Assis Almeida Brasil, o Assis Brasil, um dos homens mais eruditos de toda a história parnaibana!

Este Almanaque da Parnaíba é também o mais volumoso da sua história! Elegante, cristalino e conceitual. A sua vastidão reside na qualidade da concepção.

Nele, o leitor encontrará Parnaíba! Trata-se de um duplo percurso, real e fictício. Verdadeiro, porque apreende os fatos e sabe dos usos e dos costumes da nossa gente. Figurado, porque mergulha na imaginação dos nossos poetas, contistas, cronistas e ensaístas.

A mim, particularmente, parece-me inenarrável a emoção e o privilégio de honrar a memória de Assis Brasil.

Assis Brasil nasceu na Parnaíba em 1929, viveu nesta Parnaíba banhada pelo Rio Igaraçu, ali no centro, na rua Francisco Correia, antiga Rua do Passeio, na casa de número 487, onde hoje reside o artista Zé de Maria. Menino sonhador, filho de Seu Milton e de Dona Rosa, casal que nomeava seus filhos com nomes de países, a exemplo de Araceli de Almeida França e Beroaldo de Almeida Portugal, irmãos de Assis Brasil.

Assis Brasil é um ícone da literatura brasileira. Nenhum outro escritor piauiense escreveu tanto e com tanta qualidade estética, quanto ele. É um caso raro de devoção ao ofício de escrever.

Assis Brasil foi um dos filhos mais ilustres da Parnaíba e era membro da Academia Parnaibana de Letras, essa Casa de notáveis, como Chagas Rodrigues, Alberto Silva, João Paulo dos Reis Velloso, Francisco de Assis Cajubá de Britto e Renato Araribóia de Britto Bacellar.

A homenagem de capa da atual edição do Almanaque da Parnaíba é um ato de justiça a sua memória, que agrega uma vida muito rica enquanto polígrafo e romancista da célebre “Tetralogia piauiense” e de mais outros cento e trinta e sete títulos escritos. Quem não leu Beira Rio Beira Vida? Título poético e por si só genial? Sua grandeza artística rendeu-lhe o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo conjunto da obra.

Nenhum outro parnaibano conseguiu esse mérito. Assis Brasil é um orgulho para todos nós.

Assis Brasil morreu em 28 de novembro de 2021. A ideia do Acadêmico José Luiz de Carvalho, atual presidente da Academia Parnaibana de Letras, era distinguir Assis Brasil em vida. Não tivemos tempo, pois o mistério etéreo o levou.

Na homenagem que escrevi com exclusividade para a septuagésima terceira edição do Almanaque da Parnaíba exaltei:

Assis Brasil é um testemunho do peso imortal da sua arte. É modelo para a sua geração e para as vindouras, homem que fez da palavra o seu destino, o seu caminhar pela perpetuidade. Ser extraordinário que tece o mundo com imagens e sonhos e recria, com a força da paixão atemporal, o mistério das narrativas e das invenções.

Considero Assis Brasil um rapsodo brilhante, homérico e arrebatador, portanto, inesquecível, consagrado e preservado nas páginas da história e da memória literárias deste país.

 

Senhoras e senhores,

Belas damas e nobre cavalheiros,

 

Neste mesmo Almanaque da Parnaíba em que festejamos a erudição, aplaudimos e conferimos a cultura popular.

Quero aqui exaltar outro notável parnaibano, Ageu Alves de Melo, carinhosamente conhecido como Mestre Ageu!

O leitor do Almanaque da Parnaíba terá contato com a sensibilidade de Mestre Ageu e constatará a sua elevação enquanto ser humano e artista.

Mestre Ageu estava muito comovido com sua presença no lendário Almanaque da Parnaíba. Segundo relatos da família, aqui representada pela doutora Maria Fernanda Brito do Amaral, ele só falava nisso para todo mundo que o visitava.

Era espiritualizado e inteligente. Sabia seus poemas de cor. Era também um repentista, desses raros cantadores populares nordestinos, que sabia tocar o coração da gente.

Mestre Ageu era um símbolo da riqueza da cultura popular entre nós. Poeta, pintor e escultor de reconhecido valor, suas belas esculturas correram o mundo, pela Europa e pelas Américas.

Mestre Ageu morreu em 25 de abril de 2022, deixando vasto legado para a cultura popular.

São versos de Mestre Ageu:

 

“De onde eu estiver vou ficar

De ôio na amplidão

Quando eu ouvir trovejar

Vou sentir satisfação”

 

Mestre Ageu e Assis Brasil não estão mais aqui para receber uma chuva torrencial de palmas, o que devemos fazer agora, com o coração cheio de gratidão por seus feitos, conquistas, lutas e glórias.

 

Ainda Mestre Ageu:

 

“As nuvens passavam longe

Deixando sombra no chão

Iam derramar suas águas

Em outra dimensão”

 

Muito obrigado!

 

Discurso de Diego Mendes Sousa.

Apresentação do lançamento do Almanaque da Parnaíba em homenagem ao escritor Assis Brasil e ao artista Mestre Ageu.

Parnaíba, costa do Piauí, sexta-feira, 27 de maio de 2022.