Lançamento: A borda do Mar de Riatla, de Diego Mendes Sousa

Diego Mendes Sousa imprime uma carga poética de altíssima densidade lírica às suas ‘transgressões’, no atravessar de suas fronteiras linguísticas e estéticas. Embora a poesia de Diego Mendes Sousa abra margem para inúmeros e fecundos estudos linguísticos e poéticos, é nas asas do maravilhoso, do encantado e do sublime que devemos navegar para nos banharmos de um novo humanismo que se delineia nas palavras dos grandes poetas que assinalam as transições civilizatórias. Como Diego Mendes Sousa. 

Com essas palavras, Ana Arguelho, doutora em Literatura, exprime o que individualiza a poética de Diego Mendes Sousa em novo livro: A BORDA DO MAR DE RIATLA.  Na obra, lê-se poemas como 

 

FIM DO MUNDO 

 

O coração foi a pique!
 
a pique derruíram o tempo 
caíram os silêncios despencaram as casas 
tombaram os sonhos cessaram as saudades 
a pique as ruínas das palavras alvas 
a pique o sangue sonolento 
e mais nada... 
abateram-se os desertos  
derribaram o ser ambíguo  
destruíram as mãos também vacilantes 
desmoronaram o destino 
ao fundo, os rios afundaram 
os navios 
a prumo, os navios naufragaram nos rios 
os rios a pique soçobraram 
as cidades 
sucumbiram a terra 
arrastaram o mar 
apagaram do mapa 
os oceanos 
declinaram as civilizações
pau a pique
soterraram os pássaros 
os horizontes 
a liberdade 
sepultaram os poetas e os loucos 
enterraram o que havia à vista  
a alma 
o amor 
e as gerações mudas 
foram a pique
calado ficou o mundo 

o coração a pique em outro abismo...


Poema de Diego Mendes Sousa 

Em breve, numa livraria perto de você.