Kagura versus Yomi: o Bem e o Mal se enfrentam em GA-REI
Por Miguel Carqueija Em: 07/06/2011, às 11H03
(Miguel Carqueija)
O emblemático confronto entre o Bem e o Mal, personificados em Kagura e Yomi.
Kagura versus Yomi: o Bem e o Mal se enfrentam em GA-REI
O eterno confronto entre o Bem e o Mal perpassa o genial mangá “Ga-Rei”, de Hajime Segawa, personificado na heroína Tsuchimya Kagura e na vilã Isayama Yomi. No volume 3, que já está nas bancas (edição da JBC), o conflito se intensifica. Yomi, no passado irmã de criação de Kagura e sua melhor amiga, hoje está transformada num espírito maligno e destruidor, pela ação da pedra da morte (ses-shozeki) que lhe foi entregue pelo Manipulador (Kazuhiro Mitogawa), responsável pelo desastre contado em prequela no seriado de animação (a perversão de Yomi e o extermínio de metade dos esquadrões dos escritórios de prevenção de eventos sobrenaturais de Tóquio). Agora, Yomi tenta cooptar Kenzuke, discípulo de Kagura, implantando-lhe parte da pedra da morte. Vendo que seu pupilo está prestes a ser possuído pela força maligna, em desespero de causa Kagura acerta-lhe um soco de arrebentar a cara, interrompendo o processo de possessão. Kenzuke passará a administrar um delicado problema, o de conviver com a pedra em seu corpo sem ser dominado por ela.
Pode-se supor que a própria Kagura é imune à ses-shozeki, já que carrega uma na orelha, domesticada, para controlar o Ga-Rei (fera espectral) da família, o Byakuei, que a auxilia nos combates sobrenaturais. O efeito da pedra da morte é potencializar os maus sentimentos, tipo ódio, ciúme, inveja, ressentimento, que a pessoa cultiva mesmo enrustidos. Ora, Kagura é santa, não nutre tais sentimentos negativos em seu coração.
Entretanto, Yomi, obcecada pelo desejo de insana vingança, tenta liberar um poderoso elemental de seu selo no subsolo, para com ele destruir a metrópóle. Assim, Kagura, Izuna, Kenzuke e outros sustentam um apoteótico combate com as forças do mal num dos distritos de Tóquio, numa das cenas mais dramáticas mostradas em mangá.
Talvez para aliviar a tensão, há também uma sequência hilariante: quando três mulheres (inclusive Kagura), dois homens e várias feras espectrais brigam dentro de um banheiro masculino (sic). Detalhe: Kagura encara a briga, mesmo com um dos braços na tipóia.
O grau de literariedade dos mangás, especialmente do tipo shojo, é tão grande que chega a ser como estivéssemos lendo romances densos. A fértil imaginação de Hajime Segawa criou um complexo universo ficcional, num mundo onde os humanos mortais têm de lutar pela sobrevivência (ao menos os iniciados nesses problemas) contra monstros e espíritos malignos invasores. E cristalizou em Kagura e Yomi o emblemático e eterno confronto entre o Bem e o Mal.