Jogo de damas: W. Bakumenko versus Geraldino Izidoro
Por Flávio Bittencourt Em: 20/12/2009, às 14H04
Jogo de damas: W. Bakumenko versus Geraldino Izidoro
Com Bakumenko, em São Paulo, e Izidoro, no Rio, o jogo de damas tomou um impulso fabuloso no Brasil.
"Abel Manta, Jogo de Damas, 1927, óleo sobre tela
106 x 116 cm
Museu do Chiado
Lisboa, Portugal"
Para Bakumenko e Izidoro, com admiração e respeito
Escapou ao eminente Dr. João Havelange, quando declarou que as damas são atividade meramente recreativa, a enorme importância social, cultural, científica, lúdica e até cognitivo-estética do jogo de damas - Na Coluna "Recontando..." não se consideram as damas como "escada" para o xadrez, jogo de dificuldade teórica evidentemente maior. Explica-se: muitas vezes, num jogo tão intrincadamente complexo - o xadrez -, o fator sorte pode interferir. Dessa forma, em suma, enquanto "o xadrez é uma arte", o "jogo de damas é uma ciência exata, vale dizer, é um subrramo da matemática", porque os parâmetros por assim dizer ficam sob controle dos jogadores. Esta "dica" sobre damas é dedicada aos infelizmente já falecidos W. Bakumenko e G. Izidoro, que não se preocupavam apenas em jogar - e muito menos apenas em vencer -, já que, para eles, o jogo de damas era uma causa. Artistas também eles foram, nos tabuleiros e em suas honradas trajetórias pessoais, que merecem linhas dos mais conceituados biógrafos que já se dedicaram a, por exemplo, grandes enxadristas mundiais. FB
UM POUCO DA HISTÓRIA DO JOGO DE DAMAS NO BRASIL
No portal XADREZ REGIONAL pode-se ler:
"A origem do jogo de damas é desconhecida. Pinturas e tabuleiros encontrados em túmos do antigo Egito, além de outros achados arqueológicos em diversos lugares do mundo, nos dão conta da existência de jogos bem semelhantes ao atual Jogo de Damas. Não existem, no entanto, indícios seguros que nos possam elucidar onde e quando ele surgiu.
No século XVI foram editados na Espanha os primeiros livros de que se tem notícia, contendo elementos teóricos já bastante desenvolvidos. Embora não exista nenhum exemplar, conhecido apenas por citação de outros autores, o primeiro livro editado deve ter sido "El ingénio ó juego de marro, de punto ó damas", de Anton Torquemada, 1547, Espanha. Hoje, estima-se em centenas de milhares os títulos publicados em todo o mundo.
Geraldino Izidoro |
O primeiro campeão mundial, homologado pela Federação Mundial de Jogo de Damas, foi o austríaco Isidore Weiss, em 1985. A Federação Mundial foi fundada em 1948, em Paris, França. O jogo de damas popularizou-se no mundo em dois tabuleiros: 64 casas, que se joga com 12 pedras de cada lado e 100 casas, que se joga com 20 pedras de cada lado. Tem-se como certo, considerando sua já grande popularidade na Europa antes da época dos descobrimentos, que o jogo de damas tenha sido introduzido no Brasil pelos primeiros colonizadores. |
O jogo de damas, como esporte, teve seu início no Brasil nos idos de 1935 a 1940, pelas mãos de Geraldino Izidoro. Grande parte das provas realizadas naquela época estão registradas no livro "Ciência e Técnica do Jogo de Damas", de autoria de G. Izidoro e J. Cardoso. Maiores detalhes a respeito deste surto damístico podem ser encontrados naquela publicação. O primeiro livro editado no Brasil foi "40 Golpes Clássicos", de autor desconhecido, publicado no Rio de Janeiro, em 1940.
A partir de 1940, a prática do jogo de damas de uma forma organizada, entrou em recesso. Não há registros de movimento damístico até 1954, quando, com o advento do mestre russo W. Bakumenko, um novo surto começou a surgir, no tabuleiro de 64 casas.
Radicado em São Paulo, W. Bakumenko, egresso de uma escola damística evoluída, campeão da URSS em 1927, deu início à criação de um núcleo damístico. Por sua vez, G. Izidoro, que sempre manteve seu interesse pelo jogo de damas, ao saber da presença de Bakumenko, o procurou. Isto gerou um encontro famoso entre as equipes de São Paulo e Rio de Janeiro, que praticamente marcou o reinício das atividades damísticas no país. Esta prova foi realizada no Rio de Janeiro, no dia 02 de maio de 1954.
Com Bakumenko em São Paulo e G. Izidoro no Rio, o jogo de damas tomou um impulso fabuloso. Bakumenko, alicerçado em sólidos conhecimentos técnicos, incentivou a prática do jogo, principalmente pela publicação semanal de uma coluna damística no jornal "A Gazeta Esportiva". Manteve também outras colunas e incentivou a criação de outras (L. Engels, famoso jogador de xadrez, incentivado pelo mestre, manteve uma seção no jornal "O Estado de São Paulo"). Criou grupos damístico e foi a centelha da criação de muitos outros. Editou 2 livros: "Jóias do Jogo de Damas" e "Curso das Damas Brasileiras". Bakumenko faleceu em 13 de maio de 1969. |
W. Bakumenko x Geraldino Izidoro |
Por sua vez, G. Izidoro, realizando torneios, criando grupos damísticos e incentivando com simultâneas e prêmios a criação de outros, escrevendo diversas colunas em jornais e revistas, fez crescer o interesse pelo esporte no Rio e em todo o país. Todo este movimento resultou na criação das Federações Estaduais: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Minas Gerais criaram suas Federações. Em 5 de abril de 1963, na sede do Clube Estrela de Oliveira, à Rua do Gasômetro, na cidade de São Paulo, foi fundada a Federação Paulista de Jogo de Damas, a primeira federação no Brasil.
A década de 60 foi uma época de grande desenvolvimento para o jogo de damas. Em Belo Horizonte, em 1967, foi organizado o maior campeonato de jogo de dams até hoje do Brasil, reunindo 1009 participantes!
O grande obstáculo surgiu para o jogo de damas brasileiro em 1967, quando João Havelange, então presidente da Confederação Brasileira de Desportos, que na época englobava todos os esportes amadores, qualificou o jogo de damas como mera recreação, desfiliando-o da CBD. Foi um atraso irreparável para a modalidade, pois somente em 19/11/1988 (21 anos depois!!), é que o jogo de damas voltou à condição de esporte no Brasil. Foram 21 anos à margem do processo esportivo nacional.
Porém, muito se evoluiu nesses 21 anos. Alguns meses após a desfiliação da CBD, os damistas se reuniram em Niterói e fundaram a Confederação Brasileira de Jogo de Damas, sendo seu primeiro presidente o dr. Murilo Portugal.
E em 1967, aconteceu o I Campeonato Brasileiro de Jogo de Damas (64 casas), em São Pedro D'Aldeia, ficando na primeira colocação o paulista Humberto Olivarbo e o espirito-santense José Carlos Rabelo. Houve um match para decidir otítulo e a vitória coube a José Carlos Rabelo, que se tornou o primeiro campeão brasileiro individual.
Texto: Fundamentos da Combinação e Temas Básicos de Meio Jogo (Lélio 3)
de Lélio Marcos Luzes Sarcedo.
Fotos: Geraldino Izidoro - site www.idamas.com.br
W. Bakumenko x G. Izidoro - site www.jogodedamas.com.br".
(http://www.xadrezregional.com.br/damas_hist.html)
(Foto reproduzida em:
http://blogdofavre.ig.com.br/tag/jogo/,
onde consta:
"O Estado de São Paulo – Fernando Reinach
(Biólogo – [email protected])
Todos os anos os editores da revista Science escolhem o que consideram as grandes descobertas do ano. É uma oportunidade para ficar sabendo de descobertas importantes que não foram divulgadas pela imprensa.
Neste ano, em décimo colocado, elegeram o trabalho de matemáticos canadenses que, depois de 18 anos, ‘resolveram’ o problema do jogo de damas. A boa notícia é que essa descoberta não diminuirá em nada o prazer de jogar damas.
O jogo de damas é um jogo de complexidade média; muito mais complicado do que o jogo da velha, onde cada jogador coloca peças em um quadrado três por três tentando obter três peças alinhadas, mas muito mais simples do que o jogo de xadrez, onde diferentes peças têm movimentos peculiares e o número de posições possíveis em um tabuleiro é enorme.
No jogo de damas, o tabuleiro é o mesmo do xadrez, com oito quadrados de cada lado. O jogo só ocorre nos quadrados de uma mesma cor e cada jogador inicia com 12 peças idênticas organizadas em três fileiras. Os movimentos ocorrem na diagonal e as peças do adversário podem ser ‘comidas’ se for possível saltá-las, aterrissando no quadrado seguinte. O jogo é complexo. Foi calculado que o número total de possíveis configurações no tablado é de 500 bilhões de bilhões (500 quintilhões).
No caso do jogo da velha, qualquer criança aprende, após alguns meses de prática, que jogando corretamente é sempre possível forçar um empate. Em outras palavras, é impossível ganhar de um jogador habilidoso. A vitória só ocorre se um jogador errar. Quando uma criança aprende que isso é possível, a felicidade é enorme. A descoberta significa que o jogo está resolvido, ou seja, a receita para a vitória (ou empate) é conhecida. No caso do xadrez, os matemáticos ainda estão longe de saber se será possível um dia resolver o jogo. No máximo, conseguem programar computadores que jogam um pouco melhor que os melhores humanos. Nesse caso, o computador simplesmente ‘imita’ os mecanismos mentais dos jogadores e não é programado a partir da solução para o problema do jogo.
O que os cientistas canadenses conseguiram demonstrar é que, no caso do jogo de damas, existe uma solução para o problema e, se um dos jogadores for programado para jogar de acordo com essa solução, o máximo que o outro jogador pode obter é um empate.
Em outras palavras, é impossível vencer o programa que eles desenvolveram: o jogo de damas foi reduzido a uma versão complexa do jogo da velha.
Para isso, eles estudaram os 39 trilhões de configurações possíveis com dez peças ou menos. Analisar todas as possibilidades teóricas ainda está fora da capacidade dos maiores computadores atuais. Com esses dados e algumas deduções sobre os possíveis movimentos iniciais, eles conseguiram demonstrar que sempre é possível forçar um empate. Na prática, nenhum humano vai conseguir empatar com o computador, pois, para isso, é necessário não cometer nenhum erro. Dada a complexidade do jogo, vamos sempre cometer erros e o jogo vai sempre terminar em vitória do computador. Empate, somente quando um computador jogar contra outro.
Mas a grande descoberta é que, ao contrário do que ocorre com o jogo da velha, a solução do problema é tão complexa que nunca nenhum de nós vai se deparar com outro ser humano capaz de jogar utilizando a solução descoberta pelos canadenses. Portanto nada muda nas calçadas, nas praças e nos botequins.
Mais informações em: Game over. Science, vol. 318, pág. 1.848, 2007.
COMENTÁRIOS
Comentado por luciano em 30/07/2008 - 15:37h:
essa descoberta foi feita com a regrade damas americana,onde a peça não toma para trás e a dama anda somente de casa em casa,já na regra brasileira a peçatoma para trás, e a dama corre o carreirão todo se estiver livre ou com peças para tomar,a dama americana toma para trás tambem,mas toma igual a uma peça da regra brasileira,mas esta dama americana pode andar para trás tambem,só que de casa em casa.
ainda existe tambem uma dama mais complexa que a de 64 casas, é a dama internacional(de 100 casas)com tabuleiro 10×10 jogado muito na europa,utiliza 20 pedras de cada lado,existe até campeonato mundial só de 100 casas,e ainda para finalizar existe a dama canadense com tabuleiro 12×12 com 24 pedras,o que aumenta muito a complexidade,se aproximando mais do xadrez,esta dama internacional de 100 casas utiliza a mesma regra da brasileira..
existe até um site bom para jogar online a dama de 64 brasileira,americana e internacional:
HTTP://WWW.PLAYOK.COM
espero ter contribuido em algo :)
queria saber como é que o jogo das damas apareceu…respondam por favor
o jogo de damas deveria ser obrigatorio nos colegio,pois e de grande valor para todas as pessoas inclusivos os jovens
adorei,mas quero que vc descubra essa estrategia
Parabéns, boa matéria". (http://blogdofavre.ig.com.br/2008/03/game-over-jogo-de-damas-foi-resolvido/)
Completando ainda mais esse nobre jogo, os russos criaram a tablita de aberturas, o que aumentou em aproximadamente mais seiscentos novas aberturas de jogo, o que o tornará ainda muito mais interessante.