JAPÃO
Por Miguel Carqueija Em: 16/03/2011, às 10H39
(Miguel Carqueija)
Nós amamos o Japão. No Brasil e pelo mundo afora, milhões de pessoas aficcionaram-se à arte japonesa dos mangás e animês o que nos levou a desenvolver um amor especial áquela nação e à sensibilidade e criatividade de seu povo. Acostumamo-nos aos nomes de mangakás e cineastas como Naoko Takeushi, Hayao Miyazaki, Arina Tanemura, Osamu Tezuka, a equipe CLAMP e tantos outros. A doçura de uma Kobato, a fiel e comovente amizade que une Hikaru, Fuu e Umi, o amor dedicado e leal de Kagome por Inuyasha, a meiguice inocente de uma Chil, o grandioso desenho da saga de Cowboy Bebop, onde em meio ao humor e à ação paira a tragédia anunciada, o inevitável desfecho mortal. A fantasia, a exaltação de valores, a profundeza e densidade dessas histórias, a qualidade significativa dos diálogos, o carisma dos personagens, tudo isso vem fascinando multidões de admiradores, inclusive legiões de jovens e adolescentes.
“Arjuna”, grandioso seriado de animação, de 2001, prefigurava já a destruição do Japão pelo desrespeito às regras básicas da ecologia (respeito ao meio ambiente).
Todos os otakus (isto é, fãs dos desenhos e quadrinhos nipônicos) estão particularmente sensibilizados diante da imensa tragédia que se abateu sobre a terra japonesa, combinando terremoto, tsunami e vazamento nuclear. Uma tragédia inédita, que precisa fazer pensar esta humanidade cheia de inércia (notadamente nas classes governantes) em mudar para melhor, em operar as necessárias reformas. O mundo está em perigo, isto é um fato cada vez mais ostensivo. A cadeia ecológica do planeta está rompida.
Nesta hora de dor, desejaríamos que Sailor Moon não fosse apenas uma figura fictícia e que pudesse deter o tsunami com seu cetro lunar, eis que nem Godzila com sua força bruta seria capaz de tal façanha. Diante da força da natureza descontrolada, o homem tem que reconhecer a sua insignificância, tem que pensar mais em Deus.
Está na hora de tratar seriamente de estabelecer no mundo as formas de energia limpas e inesgotáveis que são as marés, o vento, o Sol, os cursos d’água e outras que puderem ser utilizadas. Há cem ou mais anos podia-se estar trabalhando prioritariamente nisto, para podermos abandonar o combustível fóssil sem recorrer à Caixa de Pandora que é a energia nuclear, sobre a qual não há garantias seguras (preciso provar esta assertiva?). Como no romance “Os parias do átomo”, de Max-André Rayjean (Grande Prêmio de Ficção Científica na França em 1957), a energia nuclear deve ser banida deste mundo.