GREGÓRIO TAUMATURGO DE AZEVEDO (1853-1921) - UM OLHAR PARTICULAR - Crônica de Diego Mendes Sousa
Por Diego Mendes Sousa Em: 11/07/2021, às 10H46
GREGÓRIO TAUMATURGO DE AZEVEDO (1853-1921) - UM OLHAR PARTICULAR
Governador de dois estados brasileiros, do Piauí e do Amazonas, fundador e primeiro prefeito municipal da cidade de Cruzeiro do Sul, no estado do Acre, intelectual, autor de inúmeros artigos publicados sobre o Acre e os seus limites com a Bolívia, militar que protegeu a fronteira, na divisa Brasil/Peru, seu nome atualmente batiza uma cidade acreana chamada de Marechal Thaumaturgo, grafada com th.
Doutor, tenente, tenente-coronel, coronel, general, marechal, cavaleiro, comendador, Gregório Taumaturgo de Azevedo, piauiense de Barras, barrense histórico, filho ilustre da sua terra, protegida por Nossa Senhora da Conceição e banhada pelo Longá, curso do Parnaíba ou do Velho Monge, na imagética do poeta simbolista Da Costa e Silva, e principalmente, infiltrada pelo rio Marataoã.
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Estou há três anos na região do Vale do Juruá, em diálogo com o rio Juruá, que inunda uma cidade que me apresentou um dos céus mais encantadores do Brasil, com suas andorinhas migratórias matinais e de fim de tarde.
Céu de tonalidades múltiplas, peculiaridade da urbe Cruzeiro do Sul, encravada na Amazônia, na floresta que me habita, porque me sinto inscrito e identificado com as almas que dormem nas águas amazônicas.
Quando aterrissei no Acre, um piauiense do norte, do mar, filho da Parnaíba, encontrei-me.
Estava em solo ancestral com encantaria indígena, Cruzeiro do Sul, a cidade mais importante do Vale do Juruá.
Passei a residir na Avenida Coronel Mâncio Lima, onde está situada uma bela estátua de Gregório Taumaturgo de Azevedo.
Diariamente, tinha o privilégio de cruzar com o marechal e fazer-lhe as reverências devidas como conterrâneo.
A Avenida Coronel Mâncio Lima é uma espécie de rua Grande, nunca foi assim denominada por sua gente, porém, para mim, que venho da Parnaíba, menino que agora percorre a Rua Grande (hoje Avenida Getúlio Vargas), que desemboca no rio Igaraçu, geografia deltaica do meu tempo, a Avenida Coronel Mâncio Lima, em Cruzeiro do Sul, passou a ser o meu roteiro sentimental e o mais profundo corredor de imagens e de vivências.
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O piauiense barrense, Gregório Taumaturgo de Azevedo é dono de uma pátria acreana. Homem articulado e pioneiro, por seus feitos políticos e históricos, dominou o cenário das terras distantes, vencendo batalhas, definindo espaços brasileiros.
No centenário da fundação de Cruzeiro do Sul, ocorrido em 2004, o seu povo projetou Gregório Taumaturgo de Azevedo em praça pública, em retribuição e reconhecimento por suas realizações naquele território, de chão extremamente verde.
Antes, em 1992, foi fundada a cidade de Marechal Thaumaturgo, região na foz do Rio Amônia, que pertencia a Cruzeiro do Sul.
O batismo em homenagem ao marechal Gregório Taumaturgo de Azevedo é uma justa exaltação, pois, com a inteligência estratégica e militar do piauiense barrense, o Brasil assegurou a sua fronteira da invasão dos peruanos.
A cidade de Marechal Thaumaturgo é abençoada por São Sebastião e seus gentílicos são chamados de thaumaturguenses.
Cidade dos rincões do Acre, o acesso a Marechal Thaumaturgo é feito por via fluvial, pelo rio Juruá, e por via aérea, por não existir estrada ligando Cruzeiro do Sul a Marechal Thaumaturgo.
Crônica de Diego Mendes Sousa,
poeta e crítico brasileiro
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Texto lido por Diego Mendes Sousa no Círculo Virtual de Entretextos em homenagem à Rua Grande da cidade de Barras, berço natalício do marechal Gregório Taumaturgo de Azevedo.
Leituras compartilhadas da rua Grande em Crônica, Memória e Canção.