Fraternidade Espiritualista Universalista
Por Antônio Carlos Rocha Em: 23/05/2017, às 10H19
Campo Limpo
Antonio Rocha
Quem vai pela Estrada Brasília Anápoles, logo chega no Município de Santo Antonio do Rio Descoberto, mas em 1966, quando eu andava por lá, ainda não tinha esse município.
Chegávamos em uma localidade chamada Cidade Eclética, que vem a ser a Fraternidade Espiritualista, criada no Rio de Janeiro, nos anos 1950.
O fundador era chamado de Mestre Yokanaam e com a mudança da capital da República para Goiás, ele conseguiu com o presidente Juscelino, umas terras lá por aquelas paragens. E fez ali o seu recanto.
Vestia-se de branco como um antigo profeta, tinha cabelos e barbas longas e apoiava-se em um cajado. Morava em uma cabana, perto de uma torre de transmissão de rádio telegrafia. Ele era radio-telegrafista. Os demais membros da fraternidade moravam em casas comuns de alvenaria, mas bem distante de onde os visitantes passavam.
Os espiritualistas da época chamávamos de Campo Limpo, talvez por ser a proposta do lugar e limparmos os nossos campos astrais, isto é, a aura magnética em torno de nossos corpos físicos.
A rua principal tinha um pequeno hospital, uma delegacia, o templo, um armazém onde comíamos os quitutes. Mais adiante tinha uma cerca isolando a região dos moradores, onde visitantes não entravam.
Fui lá algumas vezes, numa dessas, assisti um diálogo interessante no templo. Um médium já idoso dava consultas, tinha outros médiuns e outras pessoas fazendo consultas. Mas vou me fixar nesse caso curioso:
O homem que ia iniciar a consulta estendeu as mãos para que o médium lesse as linhas e logo exclamou:
- Mas essas mãos estão sujas de sangue !
Visivelmente contrariado o visitante respondeu:
- E que eu sou policial aposentado e era essa a minha profissão.
- Mas não precisava matar, era só prender – respondeu o médium.
Então fiquei sabendo da história: o policial aposentado estava sendo atormentado pelos Espíritos de dois meliantes que ele matara, muitos anos atrás. E agora, na velhice, os espíritos o encontraram e estavam obsidiando o idoso, juntamente com uma gang de espíritos malévolos.
Acredite se quiser. Digamos, os Espíritos estavam se vingando e tornando a vida do velho aposentado em um inferno.
- Mas eu só cumpri a minha missão, eu pensava que matando eu estava agindo em nome da Lei.
- Mil vezes não, você deveria ter tentado uma outra solução – declarou o médium.
- Eu não tenho medo de morrer, sou espírita a vida toda, mas tenho essas duas manchas em meu currículo.
- Pois é, e agora temos que fazer um longo trabalho de doutrinação desses dois espíritos que chegam acompanhados de uma triste falange. Haja desobsessão.
- Na verdade, eu fico preocupado quando eu morrer, eles carregarem meu espírito e me aprisionarem na cidadela deles, os do mal, nas trevas.
- Você terá de vir aqui, durante muitos meses, uma sessão por semana.
A característica desses espíritas é que eles não cobram nada, Cada um paga uma taxa mensal, se puder, para a manutenção da cidadezinha.
Tinham um jornal mensal, que circulou durante décadas. Eu cheguei a escrever alguns artigos budistas. Falando da proximidade entre budistas e espíritas. O veículo chamava-se “O Nosso”.
Depois fui embora com a minha carona e assim não acompanhei o final do diálogo, mas fiquei pensativo.
Outro dia li na web que, muitos policiais na velhice tem inúmeros problemas em função dos espíritos negativos que eles prenderam ou mataram. Esses espíritos voltam para se vingar, das mais diversas formas. Pode-se pensar que são problemas psicólogos, existem sim, mas estou falando de uma dimensão que mais adiante será abordada.
Mais adiante a Ciência aceitará as enfermidades de natureza “oculta”. Que o Espiritismo já vem falando há muito tempo.
Ninguém é obrigado a aceitar, nem acreditar... o tempo é a melhor escola.